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BRASÍLIA - Um grupo de países com potencial para se tornarem economias dominantes no mundo em 2050. Foi assim que o ex-presidente do Goldman Sachs Asset Management Jim O’Neill, definiu Brasil, Rússia, Índia e China em 2001, quando cunhou o termo Bric.
Mas uma análise dos principais indicadores dessas economias nos últimos cinco anos mostra que a maioria delas sofreu com a crise mundial iniciada em 2008 e hoje possui alguma fragilidade, seja no campo fiscal, monetário ou externo, o que aumenta o risco de rebaixamento pelas agências de rating em 2014.
— Na realidade, há um desencanto geral com os Brics. A China ainda é forte e parece ter conseguido fazer um pouso suave depois da crise. Mas o fato é que o resto do mundo começou a olhar para outros mercados emergentes com mais atenção — afirma o diretor de pesquisa da Brasil Investimentos e Negócios (Brain), André Sacconato, lembrando que o próprio Jim O’Neill agora vem destacando a sigla Mint, de México, Indonésia, Nigéria e Turquia.
Dados reunidos pela agência Austin Rating, a pedido do GLOBO, apontam Brasil e Índia como os candidatos com maior chance de terem o rating revisto para baixo pelas grandes agências, pois já estão com perspectiva negativa em pelo menos uma delas, a Standard & Poor’s (S&P).
A situação de ambos só não é pior que a da África do Sul, país que foi agregado ao Bric posteriormente, mudando seu nome para Bricas. Neste caso, há perspectiva negativa com duas agências: a Moody’s e a S&P. Rússia e China, por sua vez, são os que possuem notas mais altas junto às agências e perspectiva estável em todas.
— Brasil e Índia têm um risco claro de downgrade em 2014, assim como a África do Sul. Os mais protegidos neste momento ainda são Rússia e China — afirma o economista-chefe da Austin, Alex Agostini.
O diretor da S&P responsável pelo Brasil, Sebastian Briozzo, afirma que o país tem como maior ponto negativo hoje a dificuldades de gerir as contas públicas. Esse quadro se agrava pelo fraco desempenho da economia e pela baixa taxa de investimento. Nos últimos cinco anos, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) brasileiro cresceu, em média, 3,2%, enquanto a taxa de investimento ficou em 18,8% do PIB. Já a Índia registrou um crescimento médio de 6,5% e o investimento, 35,6% do PIB.
— O Brasil tem que fazer algo crível do lado fiscal logo — destaca Briozzo.
O economista, observa, por outro lado, que um rebaixamento seria mais desfavorável para a Índia do que para o Brasil. Isso porque a economia indiana tem hoje uma nota um pouco mais baixa que a brasileira e, se fosse rebaixada pela S&P, perderia o grau de investimento, selo de garantia dado às economias consideradas mais seguras pelas agências. O Brasil, por sua vez, manteria o grau de investimento mesmo com o rebaixamento.
A avaliação mais desfavorável da Índia em relação ao Brasil hoje se explica por indicadores como inflação e endividamento. O país registrou a maior taxa de inflação dos Brics nos últimos cinco anos, 10,4%, assim como a maior dívida bruta, de 69,4% do PIB. O déficit em transações correntes também foi elevado, 3,3% do PIB, indicador melhor apenas que o da África do Sul, de 4,7%.
A Rússia também possui uma inflação elevada, de 8,7% nos últimos cinco anos e um crescimento baixo, de 1,9%. Por outro lado, a dívida bruta russa é baixa (10,8% em média) e o país tem um superávit em transações correntes de nada menos que 4,7% do PIB. Já a China, que tem o maior rating entre as agências de classificação de risco, registrou crescimento alto (9,3%), inflação baixa (2,9%) e uma taxa de investimento de 47,5% do PIB.
Para o ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas, Carlos Langoni, o Brasil precisa tomar cuidado para que a atual crise de credibilidade fiscal não se agrave em 2014, com o ano eleitoral e com as mudanças que os Estados Unidos farão em sua política monetária. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) estuda retirar ainda mais os estímulos dados à economia durante a crise. Assim, poderia haver uma fuga de capitais de economias emergentes para o mercado americano em busca de investimentos mais seguros.
— Essa é uma ameaça real que é muito preocupante. O governo precisa agir logo para reverter a imagem negativa da política fiscal, anunciando uma meta para a dívida bruta nos próximos anos. É uma medida simples para resgatar a credibilidade e evitar um rebaixamento — destaca Langoni.
Segundo André Sacconato, a China é o integrante dos Brics que está mais preparado para enfrentar as turbulências que as mudanças nos Estados Unidos vão provocar. Isso porque o país tem reservas internacionais em torno de US$ 3,5 trilhões. Já os demais integrantes do grupo serão bastante afetados:
— Todo mundo tem que ficar de olho no possível aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, pois, com exceção da China, que está um pouco mais protegida, todos vão sofrer.
Mas uma análise dos principais indicadores dessas economias nos últimos cinco anos mostra que a maioria delas sofreu com a crise mundial iniciada em 2008 e hoje possui alguma fragilidade, seja no campo fiscal, monetário ou externo, o que aumenta o risco de rebaixamento pelas agências de rating em 2014.
— Na realidade, há um desencanto geral com os Brics. A China ainda é forte e parece ter conseguido fazer um pouso suave depois da crise. Mas o fato é que o resto do mundo começou a olhar para outros mercados emergentes com mais atenção — afirma o diretor de pesquisa da Brasil Investimentos e Negócios (Brain), André Sacconato, lembrando que o próprio Jim O’Neill agora vem destacando a sigla Mint, de México, Indonésia, Nigéria e Turquia.
Dados reunidos pela agência Austin Rating, a pedido do GLOBO, apontam Brasil e Índia como os candidatos com maior chance de terem o rating revisto para baixo pelas grandes agências, pois já estão com perspectiva negativa em pelo menos uma delas, a Standard & Poor’s (S&P).
A situação de ambos só não é pior que a da África do Sul, país que foi agregado ao Bric posteriormente, mudando seu nome para Bricas. Neste caso, há perspectiva negativa com duas agências: a Moody’s e a S&P. Rússia e China, por sua vez, são os que possuem notas mais altas junto às agências e perspectiva estável em todas.
— Brasil e Índia têm um risco claro de downgrade em 2014, assim como a África do Sul. Os mais protegidos neste momento ainda são Rússia e China — afirma o economista-chefe da Austin, Alex Agostini.
Brasil: dificuldades com contas públicas
— O Brasil tem que fazer algo crível do lado fiscal logo — destaca Briozzo.
O economista, observa, por outro lado, que um rebaixamento seria mais desfavorável para a Índia do que para o Brasil. Isso porque a economia indiana tem hoje uma nota um pouco mais baixa que a brasileira e, se fosse rebaixada pela S&P, perderia o grau de investimento, selo de garantia dado às economias consideradas mais seguras pelas agências. O Brasil, por sua vez, manteria o grau de investimento mesmo com o rebaixamento.
A avaliação mais desfavorável da Índia em relação ao Brasil hoje se explica por indicadores como inflação e endividamento. O país registrou a maior taxa de inflação dos Brics nos últimos cinco anos, 10,4%, assim como a maior dívida bruta, de 69,4% do PIB. O déficit em transações correntes também foi elevado, 3,3% do PIB, indicador melhor apenas que o da África do Sul, de 4,7%.
A Rússia também possui uma inflação elevada, de 8,7% nos últimos cinco anos e um crescimento baixo, de 1,9%. Por outro lado, a dívida bruta russa é baixa (10,8% em média) e o país tem um superávit em transações correntes de nada menos que 4,7% do PIB. Já a China, que tem o maior rating entre as agências de classificação de risco, registrou crescimento alto (9,3%), inflação baixa (2,9%) e uma taxa de investimento de 47,5% do PIB.
Para o ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas, Carlos Langoni, o Brasil precisa tomar cuidado para que a atual crise de credibilidade fiscal não se agrave em 2014, com o ano eleitoral e com as mudanças que os Estados Unidos farão em sua política monetária. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) estuda retirar ainda mais os estímulos dados à economia durante a crise. Assim, poderia haver uma fuga de capitais de economias emergentes para o mercado americano em busca de investimentos mais seguros.
— Essa é uma ameaça real que é muito preocupante. O governo precisa agir logo para reverter a imagem negativa da política fiscal, anunciando uma meta para a dívida bruta nos próximos anos. É uma medida simples para resgatar a credibilidade e evitar um rebaixamento — destaca Langoni.
Segundo André Sacconato, a China é o integrante dos Brics que está mais preparado para enfrentar as turbulências que as mudanças nos Estados Unidos vão provocar. Isso porque o país tem reservas internacionais em torno de US$ 3,5 trilhões. Já os demais integrantes do grupo serão bastante afetados:
— Todo mundo tem que ficar de olho no possível aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, pois, com exceção da China, que está um pouco mais protegida, todos vão sofrer.
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