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quinta-feira, 15 de julho de 2021

Como brinquedos podem criar estereótipos de gênero no cérebro da própria criança

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A forma como lidamos com as crianças, mesmo antes de elas nascerem, podem ter impactos duradouros em suas vidas.
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TOPO
Por Melissa Hogenboom, BBC

Postado em 15 de julho de 2021 às 11h30m


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As crianças pequenas estão constantemente em busca de pistas sobre seu lugar no mundo — Foto: Javier Hirschfeld/Getty Images via BBC
As crianças pequenas estão constantemente em busca de pistas sobre seu lugar no mundo — Foto: Javier Hirschfeld/Getty Images via BBC

Minha filha é obcecada por tudo que é "de menina". Antes mesmo de completar 2 anos, ela só queria saber de usar vestidos floridos rosa.

Quando tinha 3 anos e vimos um grupo de crianças jogando futebol, sugeri que ela poderia jogar quando fosse um pouco mais velha.

"Futebol não é para meninas", ela respondeu com firmeza.

Observei cuidadosamente que as meninas, embora em minoria, também estavam jogando. Ela não se convenceu.

No entanto, ela também é barulhenta, adora subir nas coisas e pular, atributos muitas vezes descritos como "masculinos".

Foi um tanto inesperado ouvir suas ideias sobre o que meninas e meninos deveriam fazer tão cedo, mas considerando o quanto os mundos de muitas crianças condicionados pelo gênero desde o início, é fácil entender por que isso acontece.

Essas divisões iniciais podem parecer inocentes, mas com o tempo nossos mundos de gênero têm efeitos duradouros sobre como as crianças crescem para compreender a si mesmas e as escolhas que fazem — assim como sobre como se comportam na sociedade em que vivem.

Mais tarde, as ideias de gênero continuam a influenciar e perpetuar uma sociedade que, sem saber, promove valores ligados à masculinidade tóxica, o que é uma má notícia para todos nós, independentemente de como nos identificamos. Então, como exatamente nossa obsessão pelo gênero tem um impacto tão duradouro em nosso mundo?

A ideia de que as mulheres eram intelectualmente inferiores aos homens era considerada um fato há vários séculos.

A ciência tentou por muito tempo encontrar as diferenças subjacentes a essa suposição.

Aos poucos, vários estudos foram contestando muitas dessas diferenças propostas e, ainda assim, nosso mundo continua teimosamente marcado pelo gênero.

Pensando bem, não deveria ser nenhuma surpresa, dada a forma como somos socializados quando crianças. Os pais e cuidadores ​​não têm a intenção de tratar meninos e meninas de maneira diferente, mas as evidências mostram que claramente tratam.

Começa antes do nascimento, com as mães descrevendo os movimentos do bebê de maneira diferente, se sabem que vão ter um menino. Bebês do sexo masculino são mais propensos a serem descritos como "enérgicos" e "fortes", mas essa diferença não existe quando as mães não sabem o sexo.

Desde que foi possível identificar o sexo biológico por meio de uma ultrassonografia, uma das primeiras perguntas feitas aos futuros pais é se eles vão ter um menino ou uma menina. Antes disso, a forma e o tamanho da barriga eram usados ​​para adivinhar o sexo, embora não haja evidências de que isso funcione.

Apesar do fato de muitas meninas jogarem futebol — e do recente sucesso do futebol profissional feminino —, o esporte ainda é visto como predominantemente masculino — Foto: Javier Hirschfeld/Getty Images via BBC
Apesar do fato de muitas meninas jogarem futebol — e do recente sucesso do futebol profissional feminino —, o esporte ainda é visto como predominantemente masculino — Foto: Javier Hirschfeld/Getty Images via BBC

Mais sutis são as diferentes palavras que usamos para descrever meninos e meninas, mesmo quando o comportamento é exatamente o mesmo. Se adicionarmos os brinquedos baseados em estereótipos de gênero a isso, reforçamos os traços sutis e hobbies que são atribuídos ao sexo masculino e feminino.

A forma como as crianças brincam é uma parte extremamente importante do desenvolvimento. É assim que as crianças desenvolvem habilidades e interesses. Os blocos encorajam a construção, enquanto as bonecas podem incentivar a tomada de perspectiva e cuidados.

Uma variedade de experiências lúdicas é claramente importante.

"Quando você canaliza apenas um tipo de brinquedo que desenvolve a habilidade de construção para metade da população, isso significa que metade da população vai desenvolver um determinado conjunto de habilidades ou desenvolver um determinado conjunto de interesses", diz Christia Brown, professora de psicologia da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos.

As crianças também são como pequenos detetives, descobrindo a que categoria pertencem, aprendendo constantemente com as pessoas ao seu redor. Assim que entenderem em que gênero se encaixam, vão naturalmente gravitar em torno das categorias que foram impostas a ela desde o nascimento.

Crianças checam a temperatura em um robô em uma demonstração em uma escola primária em Madri, no dia 4 de setembro, em meio à pandemia da Covid-19. — Foto: Paul White/AP
Crianças checam a temperatura em um robô em uma demonstração em uma escola primária em Madri, no dia 4 de setembro, em meio à pandemia da Covid-19. — Foto: Paul White/AP

É por isso que, a partir dos dois anos, as meninas tendem a buscar coisas cor de rosa, enquanto os meninos as evitam. Eu vivi isso na pele quando minha filha aos dois anos se recusou teimosamente a usar qualquer coisa que parecesse um pouco "de menino", apesar das minhas tentativas inúteis de não definir claramente o gênero de suas roupas desde o início. 

Não é nenhuma surpresa, então, que crianças em idade pré-escolar aprendam a se identificar com seu gênero tão cedo, especialmente porque os pais e amigos costumam dar brinquedos associados a ao seu gênero desde o início.

Uma vez que as crianças entendem a qual "tribo de gênero" pertencem, elas se tornam mais receptivas aos rótulos de gênero, explica Cordelia Fine, psicóloga da Universidade de Melbourne, na Austrália. Isso, então, influencia seu comportamento.

Por exemplo, até mesmo a forma como um brinquedo é apresentado pode mudar o interesse de uma criança por ele. Descobriu-se que as meninas se interessam mais por brinquedos tipicamente de menino se eles forem cor de rosa, por exemplo.

No entanto, isso tem consequências. Se dermos apenas bonecas ou kits de beleza às meninas e não aos meninos, estamos estimulando elas a se associarem a esses interesses. Os meninos podem ser incentivados a gostar de atividades mais ativas por meio de ferramentas de brinquedo e carrinhos.

Ainda assim, os meninos também gostam claramente de brincar de boneca, embora não seja o tipo de brinquedo que normalmente seja comprado para eles. Meu filho embala um bebê de brinquedo assim como a irmã fazia, e gosta de empurrá-lo em um carrinho de bebê.

Embora os meninos não costumem ganhar bonecas de presente para brincar, eles podem gostar de cuidar delas tanto quanto as meninas — Foto: Javier Hirschfeld/Getty Images via BBC
Embora os meninos não costumem ganhar bonecas de presente para brincar, eles podem gostar de cuidar delas tanto quanto as meninas — Foto: Javier Hirschfeld/Getty Images via BBC 

"Os meninos nos primeiros anos de vida também são carinhosos e cuidadosos. Nós apenas os ensinamos bem cedo que essa é uma 'habilidade feminina' e punimos os meninos por isso", diz Brown.

Se, desde a infância, os meninos são desencorajados a brincar com brinquedos que podemos associar como femininos, eles podem não desenvolver um conjunto de habilidades que podem ser necessárias mais tarde na vida.

Se eles são desencorajados por seus colegas a brincar de boneca e, ao mesmo tempo, veem a mãe cuidando a maior parte do tempo dos filhos, o que isso quer dizer sobre de quem é o papel de cuidar? E assim entramos no reino do "essencialismo biológico", em que atribuímos uma base inata a um comportamento que é, quando você se aprofunda, altamente provável de ser aprendido.

Os brinquedos são uma coisa, mas características também são propensas a estereótipos de gênero. Os pais de meninos costumam falar sobre como eles são mais barulhentos e gostam de brincadeiras mais brutas, enquanto as meninas são mais gentis e dóceis. As evidências sugerem o contrário.

Na verdade, estudos mostram que nossas próprias expectativas tendem a moldar a forma como vemos os outros e a nós mesmos. Pais atribuíram rostos zangados de gênero neutro como sendo de meninos, enquanto rostos felizes e tristes foram rotulados como de meninas.

As mães são mais propensas a enfatizar os atributos físicos dos filhos homens — até mesmo estabelecendo objetivos mais aventureiros para os meninos do que para as meninas. Também superestimam a habilidade de engatinhar dos filhos homens em comparação com a das filhas mulheres, apesar de não haver diferenças físicas.

Portanto, os vieses das próprias pessoas podem estar influenciando seus filhos e, portanto, reforçando esses estereótipos.

A linguagem também desempenha um papel poderoso — as meninas supostamente falam mais cedo, um efeito pequeno, mas identificável, e isso pode ser devido ao fato de que pesquisas mostram que as mães conversam mais com as meninas do que com os meninos.

Há algumas evidências que sugerem que as mães conversam mais com as filhas mulheres, o que melhora o desenvolvimento da linguagem — Foto: Javier Hirschfeld/Getty Images via BBC
Há algumas evidências que sugerem que as mães conversam mais com as filhas mulheres, o que melhora o desenvolvimento da linguagem — Foto: Javier Hirschfeld/Getty Images via BBC

Elas também falam mais sobre emoções com as meninas.

Em outras palavras, inconscientemente, socializamos as meninas para acreditar que são mais falantes e emotivas, e os meninos agressivos e físicos.

Brown explica que é claro por que essas concepções equivocadas continuam mais tarde na vida. Desprezamos os comportamentos que não estão de acordo com os estereótipos que esperamos.

"Então você ignora todas as vezes que os meninos estão sentados em silêncio lendo um livro ou todas as vezes que as meninas estão correndo pela casa gritando", diz ela.

"Nossos cérebros parecem 'pular' o que consideramos informação estereotipada inconsistente."

Ignorar certos comportamentos de meninas e meninos pode contribuir para a percepção dos estereótipos de gênero — Foto: Javier Hirschfeld/Getty Images via BBC
Ignorar certos comportamentos de meninas e meninos pode contribuir para a percepção dos estereótipos de gênero — Foto: Javier Hirschfeld/Getty Images via BBC

Os pais também compram para as meninas brinquedos e roupas normalmente vendidos para meninos, mas raramente o contrário, muitas vezes na tentativa de serem neutros em relação ao gênero.

Isso por si só oferece uma perspectiva interessante de como vemos o gênero. Os homens sempre foram vistos como o sexo dominante e poderoso, o que significa que os pais, abertamente ou não, desencorajam os meninos a gostarem de coisas "de menina".

Como Fine explica, "começamos a ver manifestações da hierarquia de gênero — meninos começando aparentemente a responder ao 'estigma' da feminilidade, mesmo neste período inicial [da infância]."

Isso revela por que os pais se sentem muito mais confortáveis ​​com meninas usando roupas "de menino" do que com meninos vestindo roupas "de menina". Ou por que crescer como uma moleca rendeu comentários positivos para mim — nunca gostei de bonecas e adorava subir em árvores.

O oposto ocorre com os meninos que se vestem ou agem de maneira feminina. Ser visto como "uma menina" ou exibir traços femininos rebaixa o status dos homens — que ainda acabam com uma renda menor.

Especialistas em estudo de gênero concordam que essas preferências são altamente condicionadas socialmente — mas ainda há falta de consenso sobre se algum comportamento de gênero é inato — por exemplo, há evidências de que meninas que foram expostas a níveis mais elevados de andrógenos no útero preferem brinquedos que normalmente são classificados como "de meninos".

Quando consideramos as respostas fisiológicas a situações que podem invocar empatia, mulheres e homens reagem da mesma forma, só que desde cedo as mulheres foram socializadas para agir mais de acordo com essa emoção aparentemente feminina. — Foto: Javier Hirschfeld/Getty Images via BBC
Quando consideramos as respostas fisiológicas a situações que podem invocar empatia, mulheres e homens reagem da mesma forma, só que desde cedo as mulheres foram socializadas para agir mais de acordo com essa emoção aparentemente feminina. — Foto: Javier Hirschfeld/Getty Images via BBC

Mesmo neste caso, Fine indica que pode ser o ambiente moldando suas preferências. Essas meninas tampouco apresentam consistentemente melhor capacidade espacial — habilidade que costuma ser considerada melhor nos homens.

Também sabemos que os bebês são extremamente sensíveis aos sinais sociais ao seu redor, eles podem detectar diferenças desde cedo. Independentemente de como essas preferências se desenvolvam, são os adultos e também seus colegas que continuam a condicionar e a esperar determinados comportamentos, criando um mundo de gênero com consequências preocupantes.

Por exemplo, quando as meninas entram na escola — não existe uma lacuna de gênero em matemática, mas mais tarde ela começa a aumentar à medida que suas expectativas de si mesma e do professor entram em cena.

Menina assiste a aula em escola primária em Beckum, oeste da Alemanha, no dia 6 de julho. — Foto: Ina Fassbender / AFP
Menina assiste a aula em escola primária em Beckum, oeste da Alemanha, no dia 6 de julho. — Foto: Ina Fassbender / AFP

Isso é especialmente problemático porque o reforço desses estereótipos de gênero "está em desacordo com o princípio igualitário de gênero contemporâneo de que seu sexo não deve determinar seus interesses ou futuro", diz Fine.

Quando brinquedos específicos são vendidos para meninos, isso também pode estar mudando o cérebro para fortalecer as conexões envolvidas, por exemplo, no reconhecimento espacial.

De fato, quando um grupo de meninas jogou Tetris por três meses, a área do cérebro delas envolvida no processamento visual se revelou maior do que daquelas que não jogaram. Se meninos e meninas são apresentados a diferentes tipos de hobbies, as mudanças cerebrais podem ocorrer naturalmente.

Como explica a neurocientista Gina Rippon, da Aston University, no Reino Unido, o próprio fato de vivermos em um mundo de gênero cria um cérebro de gênero. Isso gera uma cultura de meninos que se sentem condicionados a se comportar de acordo com traços tipicamente masculinos — eles podem ser excluídos pelos colegas se não agirem assim.

Se nos concentrarmos nas diferenças, isso também significa, como diz Rippon, que começamos a aceitar certos mitos, como que meninos são melhores em ciências e meninas em cuidar.

Isso continua na vida adulta. Foi demonstrado que as mulheres subestimam suas habilidades quando questionadas sobre o quão bem se saíram em exercícios de matemática, enquanto os homens superestimam suas notas. As mulheres também vão se sair pior em um teste se forem informadas antes de que seu sexo normalmente vai mal. É claro que isso pode e afeta as escolhas de escola, universidade e carreira.

Ainda mais preocupante é a ideia de que a forma como alguns traços masculinos são enfatizados desde o início e depois condicionados está ligada à violência sexual masculina contra a mulher.

Sabemos, por exemplo, que indivíduos que cometem violência sexual tendem a ter uma alta "masculinidade hostil", diz a psicóloga Megan Maas, da Michigan State University, nos Estados Unidos. Essas são as crenças de que os homens são naturalmente violentos, precisam ter satisfação sexual e que as mulheres são naturalmente submissas.

Estudos também mostram que as meninas que gostam muito de princesas estão mais preocupadas com sua aparência e são mais propensas a "se auto-objetivar — então elas se veem como um objeto sexual", diz Maas.

As garotas com maior pontuação em "estereótipos sexualizados de gênero" também minimizaram características associadas à inteligência. Desde cedo, tanto meninas quanto meninos mostraram ver a atratividade como "incompatível com inteligência e competência", concluiu um estudo.

Brown e seus colegas também argumentaram em um artigo de 2020 que a agressão sexual de homens contra mulheres é tão comum precisamente por causa dos valores que condicionamos às crianças. Essa socialização vem de uma combinação dos pais, da escola, da mídia e dos colegas.

"A objetificação sexual para meninas começa muito cedo", afirma Brown.

Uma das razões pelas quais essas ideias e suposições de gênero continuam a existir é, em parte, porque ainda há relatos regulares de diferenças cerebrais inatas entre homens e mulheres.

No entanto, a maioria dos estudos de imagens cerebrais que não encontram diferenças de gênero nem sequer mencionam o gênero. Outros ainda não foram publicados. Isso é conhecido como viés de publicação — quando nenhum efeito é encontrado, eles simplesmente não são mencionados ou examinados.

E, para aqueles que encontram pequenas diferenças, é difícil realmente mostrar o quanto a cultura ou expectativas estereotipadas desempenham um papel nisso. Cérebros adultos tampouco podem ser categorizados nitidamente em cérebros masculinos e cérebros femininos.

Em um estudo que analisou 1,4 mil tomografias cerebrais, a neurocientista Daphna Joel e seus colegas descobriram uma "extensa sobreposição entre as distribuições de mulheres e homens para toda a massa cinzenta, massa branca e conexões avaliadas". Ou seja, em geral somos mais parecidos uns com os outros do que diferentes.

Um estudo mostrou até mesmo que as mulheres agiam tão agressivamente quanto os homens em um videogame quando era dito a elas que seu gênero não seria revelado, mas menos quando eram informadas que o pesquisador sabia se os participantes eram homens ou mulheres.

Conclui-se que as mulheres tendem a ser consideradas menos agressivas e mais empáticas.

Quando consideramos as respostas fisiológicas a situações que podem invocar empatia, mulheres e homens reagem da mesma forma, só que desde cedo as mulheres foram socializadas para agir mais de acordo com essa emoção aparentemente feminina.

Isso significa que, para que haja qualquer mudança significativa, as pessoas precisam primeiro entender seus vieses e estar atentas quando suas ideias preconcebidas não se encaixam nos comportamentos que veem. Mesmo pequenas diferenças em relação ao que elas esperam das meninas e dos meninos podem se acumular com o tempo.

Portanto, vale a pena lembrar por que as pessoas são condicionadas a pensar que os meninos são mais barulhentos e tomar nota das ocasiões em que isso não é verdade.

Minha filha certamente é tão barulhenta — ou até mais — quanto seu irmão, enquanto ele também adora fazer de conta que está cozinhando. Embora esses não sejam exemplos necessariamente representativos, eles também não se encaixam em nossas ideias sobre o que meninos e meninas gostam.

Por outro lado, seria fácil para mim ter destacado a disposição do meu filho de subir em tudo e a preferência da minha filha por cor de rosa, mascarando as inúmeras vezes que ela brinca de carrinho e ele de boneca.

Quando nossos filhos inevitavelmente começam a apontar as divisões de gênero, podemos ajudar revendo os estereótipos com outros exemplos, como explicando que as meninas podem e jogam futebol e que os meninos também podem ter cabelo comprido.

Podemos incentivar ainda uma ampla variedade de brinquedos, independentemente do gênero a que se destinam. Precisamos oferecer o máximo de oportunidades possível "para que eles tenham experiências que vão contra esse tipo de avalanche de brincadeiras de gênero", diz Maas.

Se não entendermos que somos mais parecidos do que diferentes desde o nascimento e tratarmos nossos filhos assim, nosso mundo continuará a ter gênero. Desfazer essas suposições não é fácil, mas talvez possamos todos pensar duas vezes antes de dizer a um menino como ele é corajoso, e a uma menina como ela é gentil ou perfeita.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

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