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sexta-feira, 8 de abril de 2022

Cientistas rejuvenescem em 30 anos células de pele humana

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Tecido usado em laboratório, de uma mulher de 53 anos, se parece e se comporta como se fosse de alguém com 23 anos; objetivo de equipe de Cambridge é prevenir doenças associadas ao envelhecimento, mas as aplicações clínicas desse avanço ainda são distantes.
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TOPO
Por BBC

Postado em 08 de abril de 2022 às 14h10m

Post.- N.\ 10.284

Esta célula da pele ampliada é de uma mulher de 53 anos, mas parece e se comporta como uma que é 30 anos mais jovem — Foto: Fátima Santos
Esta célula da pele ampliada é de uma mulher de 53 anos, mas parece e se comporta como uma que é 30 anos mais jovem — Foto: Fátima Santos

Pesquisadores rejuvenesceram as células da pele de uma mulher de 53 anos, fazendo com que sejam equivalentes às de uma mulher de 23 anos.

Os cientistas de Cambridge, no Reino Unido, acreditam que podem fazer a mesma coisa com outros tecidos do corpo.

O objetivo final é desenvolver tratamentos para doenças relacionadas à idade, como diabetes, doenças cardíacas e distúrbios neurológicos.

A tecnologia se baseia nas técnicas usadas para criar a ovelha Dolly, clonada há mais de 25 anos.

Wolf Reik, chefe da equipe do Instituto Babraham, em Cambridge, diz à BBC News que espera que a técnica possa um dia ser usada para manter as pessoas mais saudáveis ​​por mais tempo à medida que envelhecem.

"Temos sonhado com esse tipo de coisa. Muitas doenças comuns pioram com a idade, e pensar em ajudar as pessoas desta forma é superemocionante", afirma.

Reich enfatiza que o estudo, que foi publicado na revista científica "eLife", está em um estágio bem inicial. E há várias questões científicas a serem superadas antes de poder sair de seu laboratório e entrar na fase clínica.

Mas, segundo ele, demonstrar pela primeira vez que o rejuvenescimento celular é possível foi um avanço fundamental.

A ovelha Dolly foi clonada para encontrar a cura para doenças relacionadas ao envelhecimento — Foto: BBC
A ovelha Dolly foi clonada para encontrar a cura para doenças relacionadas ao envelhecimento — Foto: BBC

As origens da técnica remontam à década de 1990, quando pesquisadores do Instituto Roslin, nos arredores de Edimburgo, na Escócia, desenvolveram um método para transformar uma célula da glândula mamária retirada de uma ovelha adulta em um embrião. Isso levou à criação de Dolly, a ovelha clonada.

O objetivo da equipe de Roslin não era gerar clones de ovelhas nem sequer de humanos, mas usar a técnica para criar as chamadas células-tronco embrionárias humanas. Estas, eles esperavam, poderiam ser transformadas em tecidos específicos, como músculos, cartilagens e células nervosas para substituir partes do corpo desgastadas.

A técnica Dolly foi simplificada em 2006 por Shinya Yamanaka, então professor na Universidade de Kyoto, no Japão. O novo método, chamado IPS, envolveu a adição de substâncias químicas a células adultas por cerca de 50 dias. Isso resultou em mudanças genéticas que transformaram as células adultas em células-tronco.

Nas técnicas Dolly e IPS, as células-tronco criadas precisam dar origem a células e tecidos que o paciente necessita. Isso se mostrou difícil e, apesar de décadas de esforço, o uso de células-tronco para tratar doenças é atualmente extremamente limitado.

A equipe de Reik usou a técnica IPS em células da pele de uma mulher de 53 anos. Mas reduziu o banho químico de 50 dias para cerca de 12. Dilgeet Gill, integrante da equipe, ficou surpreso ao descobrir que as células não haviam se transformado em células-tronco embrionárias — mas tinham rejuvenescido, se pareciam e se comportavam como as células da pele de alguém de 23 anos. Ou seja, alguns biomarcadores foram restaurados a "níveis mais jovens".

"Me lembro do dia em que recebi os resultados e não acreditei que algumas das células estavam 30 anos mais jovens do que deveriam ser. Foi um dia muito emocionante!", diz ele.

A técnica não pode ser testada clinicamente imediatamente porque o método IPS aumenta o risco de câncer. Mas Reik está confiante de que agora que se sabe que é possível rejuvenescer as células, sua equipe será capaz de encontrar um método alternativo e mais seguro.

"O objetivo de longo prazo é estender a saúde humana, em vez de (estender apenas a duração da) vida, para que as pessoas possam envelhecer de maneira mais saudável", afirma.

Segundo ele, algumas das primeiras aplicações podem ser o desenvolvimento de medicamentos para rejuvenescer a pele de pessoas idosas em partes do corpo que foram cortadas ou queimadas — como forma de acelerar a cicatrização.

Os pesquisadores demonstraram que isso a princípio é possível, mostrando que as células rejuvenescidas da pele se movem mais rapidamente em experimentos que simulam uma ferida.

O próximo passo é ver se a tecnologia vai funcionar em outros tecidos, como músculo, fígado e células sanguíneas.

Melanie Welham, presidente-executiva do Conselho de Pesquisa em Biotecnologia e Ciências Biológicas, que financiou parte da pesquisa que levou à ovelha Dolly, disse à BBC News que os benefícios clínicos da tecnologia podem não estar tão distantes.

"Se abordagens semelhantes ou novas terapias puderem rejuvenescer as células imunológicas, que sabemos que se tornam menos responsivas à medida que envelhecemos, no futuro poderá ser possível aumentar a resposta das pessoas à vacinação, assim como sua capacidade de combater infecções."

A grande questão é se os esforços de pesquisa nessa área levariam a um método de regeneração do corpo como um todo, um elixir da juventude ou uma pílula antienvelhecimento. De acordo com Reik, essa ideia não é completamente absurda.

"A técnica foi aplicada em camundongos geneticamente modificados, e há alguns sinais de rejuvenescimento. Um estudo mostrou sinais de um pâncreas rejuvenescido, o que é interessante pelo potencial para combater o diabetes".

Mas Robin Lovell-Badge, do Crick Institute, em Londres, acredita que são consideráveis os obstáculos científicos entre o resultado que Reik obteve em laboratório e as aplicações clínicas mais simples.

Ele tampouco acha que será trivial reproduzir o processo de rejuvenescimento para outros tipos de tecidos ou para uma pílula antienvelhecimento.

"Seria bom encontrar outras substâncias químicas para fazer a mesma coisa, mas elas podem ser igualmente nocivas. Portanto, é ambicioso pensar que você encontrará essas substâncias químicas facilmente e que serão mais seguras."

"Também é bem possível que outros tipos de células exijam condições diferentes que podem ser difíceis de se controlar. E se você vai poder fazer isso com o corpo inteiro com segurança, é algo tão distante, que eu diria que é pura especulação."

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A descoberta que pode desencadear 'maior revolução na Física desde as teorias de Einstein'

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Cientistas descobrem que massa de partícula subatômica está em desacordo com teoria em que se baseia Física moderna, suscitando questionamentos ao Modelo Padrão vigente e a busca por uma teoria mais completa sobre o funcionamento do Universo.
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TOPO
Por Pallab Ghosh, BBC

Postado em 08 de abril de 2022 às 13h45m

Post.- N.\ 10.283

Detector do Colisor no Fermilab obteve resultado que pode revolucionar Física moderna — Foto: Fermilab
Detector do Colisor no Fermilab obteve resultado que pode revolucionar Física moderna — Foto: Fermilab

Cientistas nos arredores de Chicago, nos Estados Unidos, descobriram que a massa de uma partícula subatômica não é o que deveria ser — uma descoberta surpreendente que pode revolucionar a Física e nossa compreensão sobre o Universo.

A medição é o primeiro resultado conclusivo de um experimento que está em desacordo com uma das teorias mais importantes e bem-sucedidas da Física moderna.

A equipe descobriu que a partícula, conhecida como bóson W, tem mais massa do que o que as teorias previam.

O resultado foi descrito como "chocante" pelo professor David Toback, co-porta-voz do projeto.

A descoberta pode levar ao desenvolvimento de uma nova e mais completa teoria de como o Universo funciona.

"Se esses resultados forem comprovados por outros experimentos, o mundo parecerá diferente", diz ele à BBC News. "Tem que haver uma mudança de paradigma. A esperança é que talvez esse resultado seja o que causará uma ruptura".

"O famoso astrônomo Carl Sagan disse que 'afirmações extraordinárias exigem evidências extraordinárias'. Acreditamos que temos isso."

Os cientistas do CDF (Fermilab Collider Detector, ou Detector do Colisor no Fermilab), no Estado americano de Illinois, encontraram apenas uma pequena diferença na massa do bóson W em comparação com o que a teoria diz que deveria ser — apenas 0,1%.

Mas, se isso for confirmado por outros experimentos, as implicações são enormes. O chamado Modelo Padrão da física de partículas previu o comportamento e as propriedades das partículas subatômicas sem qualquer discrepância por 50 anos. Até agora.

O outro co-porta-voz da CDF, professor Giorgio Chiarelli, do INFN Sezione di Pisa, na Itália, diz à BBC News que a equipe de pesquisa mal pôde acreditar quando viu os resultados.

"Ninguém estava esperando por isso. Achamos que talvez tivéssemos algo errado."

Mas os pesquisadores analisaram meticulosamente os resultados e tentaram procurar erros. E não encontraram nenhum.

A conclusão, publicada na prestigiosa revista científica Science, pode estar relacionada a pistas de outros experimentos no Fermilab e no Grande Colisor de Hádrons, na fronteira suíço-francesa. Essas conclusões, ainda não confirmadas, também sugerem desvios do Modelo Padrão, possivelmente como resultado de uma quinta força da natureza em jogo ainda não descoberta.

Os físicos sabem há algum tempo que a teoria precisa ser atualizada. O conceito não é capaz de explicar a presença de material invisível no espaço, chamado Matéria Escura, nem a contínua expansão acelerada do Universo por uma força chamada Energia Escura. Tampouco a gravidade.

Mitesh Patel, da Universidade Imperial College de Londres, no Reino Unido, que trabalha no LHC, diz acreditar que, se o resultado do Fermilab for comprovado, pode ser o primeiro de muitos novos resultados capazes de provocar a maior mudança em nossa compreensão do Universo desde as teorias da relatividade de Einstein, mais de cem anos atrás.

"A esperança é que essas rachaduras se transformem em abismos e, eventualmente, veremos algum sinal espetacular que não apenas confirma que o Modelo Padrão caiu por terra como uma descrição da natureza, mas também nos dá uma nova direção para nos ajudar a entender o que estamos vendo e como é a nova teoria da física".

"Se isso for verdade, deve haver novas partículas e novas forças para explicar como tornar esses dados consistentes".

Sediado em um terreno de 2,7 mil hectares perto de Chicago, Fermilab é o principal laboratório de física de partículas dos Estados Unidos — Foto: Fermilab
Sediado em um terreno de 2,7 mil hectares perto de Chicago, Fermilab é o principal laboratório de física de partículas dos Estados Unidos — Foto: Fermilab 

Mas, apesar do entusiasmo, a comunidade física permanece cautelosa. Embora o resultado do Fermilab seja a medida mais precisa da massa do bóson W até hoje, ele está em desacordo com duas das próximas medidas mais precisas de dois experimentos separados que estão de acordo com o Modelo Padrão.

"Isso vai desagradar algumas pessoas", diz o professor Ben Allanach, físico teórico da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

"Precisamos saber o que está acontecendo com a medição. O fato de termos dois outros experimentos que concordam entre si e com o Modelo Padrão e discordam fortemente desse experimento me preocupa".

Todas as atenções estão agora voltadas para o Grande Colisor de Hádrons, que deve reiniciar seus experimentos após uma reforma de três anos. A esperança é que esses testes forneçam os resultados que estabelecerão as bases para uma nova teoria da física mais completa.

"A maioria dos cientistas vai estar um pouco cautelosa", diz Patel.

"Já passamos por situações parecidas antes e ficamos desapontados, mas todos esperamos secretamente que seja realmente isso, e que em nossa vida possamos ver o tipo de transformação sobre a qual lemos nos livros de história".

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