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quarta-feira, 3 de março de 2021

Emma, uma rinoceronte taiwanesa, está em busca do amor no Japão

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Existem atualmente menos de 19 mil rinocerontes-brancos do sul, nativos do continente africano, em todo o mundo.
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TOPO
Por France Presse

Postado em 03 de março de 2021 às 18h00m


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Imagem da rinoceronte Emma no zoológico de Taiwan, em 2 de março de 2021 — Foto: Sam Yeh / AFP/
Imagem da rinoceronte Emma no zoológico de Taiwan, em 2 de março de 2021 — Foto: Sam Yeh / AFP/

Emma, uma rinoceronte-branca fêmea de cinco anos que vive em Taiwan, logo será transferida para o Japão para acasalar e expandir a reserva genética dos animais em seu parque.

Será a primeira vez, já que Taiwan nunca enviou um rinoceronte-branco ao exterior para procriar, daí o entusiasmo da equipe do Leofoo Safari Park, no norte da ilha.

Veja uma reportagem de 2019 sobre a fertilização de rinocerontes brancos.

Sete óvulos dos dois últimos exemplares de rinocerontes brancos do norte são fertilizados
Sete óvulos dos dois últimos exemplares de rinocerontes brancos do norte são fertilizados

"Emma foi escolhida por sua personalidade gentil e seu tamanho pequeno, o que tornará mais fácil transportá-la para o exterior", disse Sean Wu, responsável pelos animais do parque, à AFP. "Ela raramente luta com outros rinocerontes ou rouba comida dos demais".

Resolvidos os trâmites administrativos, Emma partirá para o Tobu Zoo, em Saitama, ao norte de Tóquio, onde "Moran", um macho de 10 anos, a espera.

E para se preparar para sua aclimatação, a equipe do zoológico começou a falar com ela em japonês.

"Adicionamos instruções em japonês aos nossos exercícios diários para que ela se adapte mais rapidamente ao chegar", diz Wu.

Ruídos de motores de aviões e caminhões foram até mesmo colocados para ajudá-la a se preparar para a viagem.

A mudança foi originalmente planejada para março, mas não sairá antes do final de abril devido às restrições relacionadas ao coronavírus na fronteira japonesa.

Um veterinário e um dos tratadores do zoológico partirão duas semanas antes de Emma para terminar a quarentena na chegada. Eles vão passar pelo menos uma semana com a rinoceronte no Japão para ajudá-la a se aclimatar.

Existem atualmente menos de 19 mil rinocerontes-brancos do sul, nativos do continente africano, em todo o mundo, de acordo com a organização Save the Rhino.

No final do século 19, eles quase desapareceram, mas os esforços de conservação aumentaram seu número.

A outra subespécie de rinoceronte-branco, a do norte, não teve tanta sorte, pois agora existem apenas dois indivíduos, duas fêmeas.

Os programas de reprodução em zoológicos têm desempenhado um papel crucial na salvação do rinoceronte branco do sul.

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Cientistas congelam sêmen de corais para tentar salvar espécie da extinção no Brasil

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Estima-se que 50% dos recifes de coral já desapareceram dos oceanos por causa da poluição e do aquecimento global. Recentemente, cientistas brasileiros decidiram congelar espermatozoides e óvulos dos animais presentes na costa brasileira. Além da biodiversidade, os corais são importantíssimos para a economia e para a produção de peixes que vão alimentar a população de países como o Brasil.
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TOPO
Por Leandro Machado, BBC

Postado em 03 de março de 2021 às 12h30m


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A Unesco projeta que os corais serão extintos da natureza até o fim deste século — Foto: ENRICO MARCOVALDI/DIVULGAÇÃO
A Unesco projeta que os corais serão extintos da natureza até o fim deste século — Foto: ENRICO MARCOVALDI/DIVULGAÇÃO

Estima-se que até 50% dos recifes de corais já desapareceram dos oceanos. A previsão para o futuro também não é animadora: uma projeção da Unesco apontou que, caso as mudanças climáticas não sejam revertidas, eles serão extintos até o final deste século.

Conforme a temperatura do oceano aumenta — uma consequência do aquecimento global —, os corais perdem suas cores, tornam-se esbranquiçados e, por fim, morrem.

Esse cenário desastroso levou pesquisadores brasileiros a utilizar uma estratégia nova para tentar conservar a espécie: o congelamento dos gametas — células sexuais dos corais que conjugam espermatozoides e óvulos dentro de uma mesma estrutura.

A ideia é que, no futuro próximo, o material genético possa ser descongelado e usado para repovoar algumas regiões da costa onde a incidência de recifes diminuiu nos últimos anos, como Porto de Galinhas, no litoral de Pernambuco. Ou seja, o objetivo é que, em breve, o Brasil consiga produzir "corais de proveta", animais reproduzidos em laboratório e que, depois, poderão ser transportados para algum ponto do mar.

"O aquecimento do oceano e o rápido desaparecimento dos recifes acenderam uma luz vermelha de que precisávamos fazer algo para tentar conservar a espécie. Estamos usando uma tecnologia conhecida como criobiologia (área nova da ciência que estuda os efeitos de baixas temperaturas em células, tecidos e organismos vivos)", explica Leandro Godoy, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenador técnico do projeto.

O programa é encabeçado pelo Instituto Coral Vivo e financiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Como congelar o sêmen de coral?

O aquecimento do oceano faz com que os corais sofram um processo de branqueamento — Foto: Mari Lopes/Divulgação
O aquecimento do oceano faz com que os corais sofram um processo de branqueamento — Foto: Mari Lopes/Divulgação

A Mussismilia harttii, uma das espécies endêmicas de coral na costa brasileira, é um animal hermafrodita, ou seja, um mesmo indivíduo produz e expele tanto o espermatozoide quanto o óvulo necessários à reprodução.

Esse material é lançado dentro de um invólucro (uma espécie de cápsula) de cerca de 1,5 centímetro de diâmetro, os gametas. Cada um desses "pacotinhos" jogados na água, como explica Godoy, contém bilhões de espermatozoides e centenas de óvulos.

O sêmen dos corais pode sobreviver na água por até 22 horas — o de muitos peixes marinhos, por exemplo, vivem de 15 a 20 minutos, apenas. O espermatozoide precisa então encontrar um óvulo da mesma espécie para fecundá-lo, como na reprodução humana.

Quando isso ocorre, eles se transformam em minúsculas larvas, que flutuam no oceano por alguns dias até encontrar uma superfície sólida para se fixar — local onde o coral vai se desenvolver e se espalhar ao longo da vida.

O pico reprodutivo da Mussismilia harttii acontece entre setembro e novembro, quando pesquisadores estão indo a campo para coletar algumas colônias de coral no Parque Municipal Marinho do Recife de Fora, em Porto Seguro, litoral sul da Bahia.

A reprodução dos animais está associada à fase da lua nova. "Esse é um mistério da natureza: para a maioria das espécies de corais do Oceano Pacífico e do Caribe, a desova acontece na fase da lua cheia. No hemisfério sul, ocorre na lua nova. Uma das possibilidades para explicar esse fenômeno é uma relação entre a desova e a amplitude e a oscilação da maré, o que facilitaria a dispersão das gametas.

Os corais coletados são levados para a base de pesquisas do Instituto Coral Vivo, também em Porto Seguro, e mantidos em tanques com água do mar. Além da Mussismilia harttii, o projeto trabalha com outras duas espécies da costa brasileira — depois eles são devolvidos à natureza.

Os gametas dos corais reúnem bilhões de espermatozoides e algumas centenas de óvulos, como mostra a imagem — Foto: Leandro Godoy
Os gametas dos corais reúnem bilhões de espermatozoides e algumas centenas de óvulos, como mostra a imagem — Foto: Leandro Godoy 

A equipe de Godoy inicia o processo de congelamento dos gametas em nitrogênio líquido, a uma temperatura de -196°C. Não é algo simples. "Não é só resfriar o material como quando a gente coloca alguma coisa no freezer. É preciso retirar toda a água dos espermatozoides e dos óvulos, porque, em caso contrário, os cristais de gelo que se formam podem destruir as células", explica Godoy.

Por ora, o sêmen congelado é enviado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde está sendo armazenado para posterior reprodução in vitro. Estudos preliminares apontaram que cerca de 30% dos espermatozoides sobreviveram ao descongelamento, uma taxa considerada alta.

"Estamos paralisando essas células no tempo. Nós conseguimos mantê-las vivas por até 50 anos. No momento oportuno, podemos trazê-las de volta à vida para auxiliar na conservação dos corais", diz Godoy.

A recuperação dos corais em Fernando de Noronha
A recuperação dos corais em Fernando de Noronha

Por que os corais são importantes?

Os recifes de coral são conhecidos como "pequenas florestas tropicais do oceano", em virtude de sua beleza multicolorida e e importância vital para o meio ambiente.

Os recifes são um dos ecossistemas mais produtivos e biologicamente ricos da Terra. Segundo estudo do World Resources Institute (WRI), instituição global de pesquisa científica, eles se estendem por cerca de 250 mil quilômetros quadrados, uma porção minúscula do oceano. Porém, estima-se que 25% de todas as espécies marinhas conhecidas usam os recifes como abrigo em algum momento da vida.

"Onde existem recifes há uma biodiversidade imensa. Quando eles estão doentes, muitas espécies desaparecem junto", explica a bióloga Janaína Bumbeer, especialista em ciência e conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

"Eles têm a função de engenheiros, pois aumentam a complexidade do ambiente. Servem de abrigo para muitas espécies, que se escondem de predadores, se alimentam e até se reproduzem dentro das estruturas dos recifes", diz Bumbeer.

A sobrevivência dos corais não é importante apenas para a biodiversidade do planeta, mas também para a economia e sobrevivência da população de muitos países, inclusive o Brasil.

Segundo o WRI, 850 milhões de pessoas no mundo vivem a menos de 100 km de um recife de coral e são suscetíveis de "obter benefícios dos serviços ecossistêmicos" produzidos por eles. Entre esses benefícios está a alimentação.

"As espécies de peixes associadas a recifes são importantes fonte de proteína (para a população), contribuindo com cerca de um quarto do pesca total nos países em desenvolvimento, em média", diz o estudo.

Além disso, os recifes são vitais para movimentar o turismo em muitos países tropicais, como o Brasil, atraindo mergulhadores, praticantes de snorkel e pescadores recreativos. "Mais de 100 países e territórios se beneficiam do turismo associado aos recifes de coral", aponta o WRI.


Por que os corais estão morrendo?

Uma série de problemas afeta a sobrevivência dos corais. Para a maioria, o principal algoz é o aquecimento global.

Os corais são coloridos porque abrigam as zooxantelas, microalgas que grudam na superfície do animal em uma relação de simbiose (ambos se beneficiam desse encontro).

"Essas microalgas fazem fotossíntese, e o material químico produzido por esse processo serve de alimento para os corais", explica Leandro Godoy.

Com o aquecimento acentuado do oceano nos últimos anos, o processo de fotossíntese fica desregulado.

"Com a água mais quente, as algas passam a produzir um elemento tóxico para os corais. Então os corais 'expulsam' as algas de sua superfície. É por isso que eles ficam brancos: a gente passa a enxergar o esqueleto branco do coral, pois o tecido dele, sem as algas, é transparente. Sem essa relação de simbiose com as algas, eles acabam morrendo", diz Godoy.

Aumento da temperatura do mar eleva índice de branqueamento dos corais, em AL
Aumento da temperatura do mar eleva índice de branqueamento dos corais, em AL

Há inúmeras outras ameaças aos recifes, e elas podem variar dependendo da região. A pesca predatória, por exemplo, ameaça 55% dos corais do mundo, segundo estudo do WRI.

"O corais sofrem muito quando a pesca é de arrasto, aquela com uma grande rede que chega ao fundo do mar arrastando tudo. Muitos são destruídos em segundos", explica a bióloga Janaína Bumbeer.

Há outros problemas apontados pelos cientistas, como vazamentos de petróleo, pisoteamento dos recifes por turistas, sujeira despejada por navios e a poluição da água do mar por falta de saneamento básico nas cidades.

Política pública

Os pesquisadores envolvidos no congelamento do sêmen dos corais acreditam que o projeto pode ajudar a desacelerar a extinção dos recifes, além de ser uma espécie de "reserva de emergência" caso a situação piore no futuro, como indicam as projeções.

"Provavelmente, algumas espécies de coral serão extintas pois existem danos que não podem mais ser revertidos... Temos que aceitar que isso vai acontecer", diz Godoy. "Mas acredito que criar esse banco de gametas pode ser muito importante para ajudar a repovoar algumas regiões. É um empurrãozinho que a ciência dá para conservar a espécie."

Para Janaína Bumbeer, o congelamento de material genético pode se transformar em uma política pública no futuro.

"Acho que projetos como esse podem se traduzir em política pública pra tomada de decisões. Não há mais tempo de espera: os impactos ambientais são muito rápidos e visíveis. Temos potencial científico no Brasil, mas precisamos fazer nossa lição em casa e investir em conservação", diz.

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Serviços tiveram o pior desempenho do PIB em 2020; entenda o que aconteceu

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Descontrole da pandemia da Covid-19 impactou especialmente o setor, que tem mais necessidade de presença física de seus consumidores. Recuperação depende de maior adesão aos protocolos de prevenção e de aceleração da campanha de vacinação.  
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Por Raphael Martins, G1  
03/03/2021 09h10 Atualizado há 26 minutos
Postado em 03 de março de 2021 às 09h40m


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Restaurantes tradicionais do Rio fecharam as portas durante a pandemia — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Restaurantes tradicionais do Rio fecharam as portas durante a pandemia — Foto: Marcos Serra Lima/G1

O setor de serviços teve seu pior desempenho da história em 2020. A queda acumulada foi de 4,5%, destaque negativo pelo lado da oferta entre todos os segmentos do PIB do ano passado, divulgado nesta quarta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, o PIB recuou 4,1% em 2020.

Os serviços são especialmente importantes pelo peso que têm na economia do Brasil: representam mais de 70% de toda a atividade do país e empregam 55 milhões de brasileiros.

O resultado negativo registrado em 2020 é consequência direta do descontrole da pandemia da Covid-19, que impossibilitou o retorno à normalidade de atividades que demandem a presença física dos consumidores.

Dados da PMS

O confinamento para conter o vírus impactou principalmente os serviços prestados às famílias (restaurantes, bares e hotéis, entre outros), que tiveram queda de 35,6% no ano passado, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (que não inclui entre os serviços os dados do comércio, como acontece com o PIB).

Houve recuos significativos também em serviços profissionais, administrativos e complementares, de -11,4%, e em serviços de transporte, que recuaram 7,7% — com destaque para o subitem de transporte aéreo, que teve queda de 36,9% no período.

O G1, inclusive, acompanhou empresários do setor de serviços desde o início da crise, que descreveram os desafios que enfrentaram ao longo da pandemia.

Vazias, lojas são oferecidas para aluguel na zona sul de São Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1
Vazias, lojas são oferecidas para aluguel na zona sul de São Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1

Particularidade da pandemia

Em toda crise, o setor de serviços costuma sofrer. Pelo seu peso no resultado e por ter o consumo das famílias como motor, as quedas costumam ser próximas do resultado geral do PIB. Mas, em 2020, foi pior.

O caráter único da pandemia do coronavírus foi o impacto desigual sobre o PIB como um todo. A queda do comércio e indústria foram menores que o esperado por conta dos novos hábitos de consumo do brasileiro. E a necessidade de ficar em casa fez o gasto com serviços ser substituído pela compra de bens.

No ano passado, a queda de renda da população, esperada nas crises, foi atenuada pelo Auxílio Emergencial, pela liberação de saques emergenciais do FGTS e pelo programa de preservação de empregos (BEm).

Esse fenômeno possibilitou a existência de campeões da crise, como supermercados, comércio eletrônico, venda de materiais de construção, móveis e eletrônicos. São todas atividades que se beneficiam da permanência em casa. Do lado dos perdedores, estão atividades do setor de serviços entre as principais quedas.

Pior ano do setor

O Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV) tem um histórico desde os anos 1980 do PIB brasileiro que confirma 2020 como o pior ano para os serviços. Antes, o momento mais dramático foi a dupla queda do setor na crise de 2015 e 2016: perdas de 2,7% e 2,2%, respectivamente. A projeção da FGV era uma queda de 4,7% em 2020.

"Em crises passadas, o efeito era homogêneo. Agora, temos divisões que estão muito abaixo do que já estiveram na história e outras beneficiadas", diz Silvia Matos, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV e coordenadora do Monitor do PIB.

Nos cálculos do Monitor do PIB, com base nas pesquisas mensais do IBGE, serviços de Tecnologia da Informação tiveram alta de 8,3% no ano, enquanto transporte aéreo acumula queda de 36,9%.

Comércio fechado na zona sul de São Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1
Comércio fechado na zona sul de São Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1

O mesmo aconteceu em outros setores. O comércio, por exemplo, tem alta de 10,6% nos resultados anuais de móveis e eletrodomésticos e de 10,8% em material de construção, mas também tem tombos de 22,7% em vestuário e calçados, e de 30,6% em livros, jornais, revistas e papelaria.

"Vai ser interessante observar a possível normalização da economia nos Estados Unidos, que estão com vacinação acelerada e com nova rodada de distribuição de renda. Aqui, enquanto esses segmentos prejudicados não decolarem, o PIB não decola", diz Silvia, do Ibre/FGV.

VÍDEO: Postos de vacinação drive-thru em SP registram filas de espera nesta segunda (1º)
VÍDEO: Postos de vacinação drive-thru em SP registram filas de espera nesta segunda (1º)

Vacinação lenta

Observar os EUA será interessante porque é o país de dimensões (e descontrole da pandemia) semelhantes ao Brasil. A meta de vacinação do presidente americano Joe Biden é aplicar 150 milhões de doses nos 100 primeiros dias de governo. Na semana passada, o país alcançou 50 milhões de vacinas aplicadas e observa queda vertiginosa de mortes e novos casos confirmados.

Segundo o levantamento do jornal "The New York Times", a média móvel de mortes caiu 21% e a de novos casos, 26% nos 14 dias até 28 de fevereiro, frente a duas semanas antes. A ideia do governo americano é imunizar toda a população até julho para que o verão (no hemisfério norte, inverno aqui) tenha ares de normalidade, o que empolga o setor de serviços por lá.

No Brasil, menos de 7 milhões de doses foram aplicadas até aqui e a média de mortes está nos mais altos níveis desde o início da pandemia. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, prometeu vacinar todo o grupo de risco até o fim do primeiro semestre, para iniciar os grupos não prioritários na segunda metade do ano. Mas a dependência de matérias-primas e insumos importados já atrasou o cronograma previsto.

Como mostrou o G1 em fevereiro, economistas já revisaram os cálculos do PIB de 2021 em virtude do passo lento das vacinações e da retirada de programas de distribuição de renda. O setor de serviços, o mais dependente da imunização e também do poder de consumo do brasileiro, deve continuar sofrendo bastante no primeiro semestre.

Para a equipe econômica da LCA Consultores, a divisão de perspectiva é clara de que a vacinação deve avançar para ter grandes efeitos apenas na segunda metade do ano, quando a população economicamente ativa passa a ser vacinada e retomar os antigos costumes.

Loja de produtos de beleza funciona com as portas semiabertas no Rio — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Loja de produtos de beleza funciona com as portas semiabertas no Rio — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Enquanto não a economia não reage, o mercado de trabalho segue devagar. Mesmo com três quedas seguidas no índice de desemprego, ainda havia 13,9 milhões de brasileiros sem trabalho no trimestre encerrado em dezembro. O número é 6,7% maior que o fim de 2019.

Há, portanto, três fatores na mesa que podem mudar o curso dos primeiros seis meses de 2021: a renovação do Auxílio Emergencial, a contenção da pandemia para que melhorem os níveis de confiança e o controle da inflação.

"Mesmo com nova rodada de estímulos, será em patamares menores. A inflação corrói o poder de compra da população e desestimula consumo. A boa notícia é que os choques parecem ter sido pontuais e estão arrefecendo", diz Lucas Rocca, economista da LCA Consultores.

Auxílio emergencial: o que pode vir por aí
Auxílio emergencial: o que pode vir por aí

A consultoria estima que o Auxílio Emergencial tenha mais que compensado a perda de renda no ano passado. Segundo o cálculo, a massa salarial do brasileiro — junção de renda do trabalho, benefícios previdenciários e assistenciais — teria caído 3,7% em 2020. Com o benefício, ela subiu 5,7%.

A nova ajuda não teria o mesmo efeito, mas pode segurar as pontas até que mais doses estejam disponíveis.

Auxílio Emergencial deve ficar em R$ 250,00 por quatro meses a partir de Março
Auxílio Emergencial deve ficar em R$ 250,00 por quatro meses a partir de Março

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