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sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Sucesso nos rankings de educação: por que Goiás, Pará, Espírito Santo, Ceará e Paraná têm destaque no Ideb?

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Investimentos em escolas de tempo integral, valorização dos professores e programas de recuperação de aprendizagem estão entre os fatores decisivos para o 'sucesso'. Secretários de Educação e especialistas analisam estratégias pedagógicas e administrativas que mais deram certo.
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Por Luiza Tenente, g1

Postado em 16 de agosto de 2024 às 08h00m

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Estudantes de escola pública no Pará. — Foto: Reprodução / Agência Pará
Estudantes de escola pública no Pará. — Foto: Reprodução / Agência Pará

O que explica que determinados estados brasileiros tenham dado saltos enormes no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) entre 2019 e 2023? E como outros vêm conseguindo se se manter no topo dos rankings nacionais?

Para conhecer as "receitas" de sucesso, o g1 analisou dados e entrevistou secretários de educação e especialistas da área para descobrir quais estratégias pedagógicas e administrativas mais deram certo nos seguintes estados:

  • Pará: saiu da penúltima colocação (26ª) no ensino médio em 2021 e, dois anos depois, pulou para 6º lugar. Nesse período, o Ideb da rede estadual aumentou de 3 pontos para 4,3 pontos (a escala vai de 0 a 10).
  • Goiás: teve o melhor desempenho do país no ensino médio (Ideb de 4,8) na rede estadual.
  • Paraná e Espírito Santo: apresentaram o 1º e 2º maiores índices totais no ensino médio (4,9 e 4,8, respectivamente, considerando escolas públicas e privadas).
  • Ceará: registrou o Ideb mais alto (7,7) entre as redes estaduais nos anos iniciais do ensino fundamental (1º a 5º ano).

📝Antes de ver os diferenciais de cada rede (leia mais abaixo), confira um resumo do que mais impulsionou a aprendizagem nesses estados:

  • valorização da carreira de professor, com aumento de salários;
  • programas de recuperação de aprendizagem;
  • investimentos em infraestrutura e em materiais didáticos;
  • regimes de colaboração com os municípios;
  • programas de educação integral;
  • avaliações diagnósticas constantes.

Ideb mostra que valorização do professor e foco nos alunos geram melhores resultados

📈Contexto: Os dados do Ideb, divulgados nesta quarta-feira (14), levam em conta o aprendizado dos alunos em matemática e português (na prova chamada Saeb) e o fluxo de aprovação (quantos passam de ano e quantos ficam retidos) em escolas públicas e privadas.

Os resultados nacionais foram preocupantes: nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, as metas não foram atingidas. Em 20% dos municípios do país, os alunos do 5º ano da rede pública sequer conseguem somar moedas de R$ 0,25.

✏️Pará: valorização dos professores, avaliações e investimentos

"Não existe uma bala de prata, e sim um conjunto de ações que influenciaram muito o resultado", afirma ao g1 Rossieli Soares, secretário de Educação do Pará e ex-ministro da Educação.

Veja os principais elementos apontados:

➡️Remuneração dos professores: Segundo o Movimento Profissão Docente, o estado paga um dos maiores salários do Brasil para professores da rede pública.

➡️Investimentos em infraestrutura: Segundo a Secretaria de Educação, 150 escolas foram reconstruídas"Também demos condições melhores de merenda e de transporte, porque, se os alunos não se alimentarem e não tiverem como chegar à escola, não vão aprender nada. Aumentamos o gasto diário com alimentação de R$ 0,36 por aluno para R$ 1,50, mais R$ 0,50 do governo federal", afirma Soares.

➡️Monitoramento de aprendizagem: Claudia Costin, fundadora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (CEIPE), afirma que o estado destacou-se na estratégia de recomposição dos conteúdos que não haviam sido absorvidos pelos alunos. "Não adianta esperar chegar o fim do ano para constatar que o aluno não aprendeu", diz. "A rede conseguiu montar provas e monitorar os alunos com frequência. Foi fantástico."

Rossieli Soares explica que o estado aumentou o número de aulas de português e de matemática de 3 para 5 por semana. Dessa forma, parte da carga horária pôde ser dedicada à recuperação das matérias que não haviam sido compreendidas pelos estudantes.

"Depois do diagnóstico do aprendizado das turmas, retomamos alguns conteúdos. Não adianta ensinar algo novo se ainda existe um déficit lá atrás", afirma. "É um grande programa de reforço escolar."

➡️Revisão na gestão das escolas: A maior parte dos colégios passou a ter dois vice-diretores — um mais focado nas questões administrativas, e outro, nas pedagógicas.

➡️ Regime de colaboração: A rede estadual auxiliou os municípios principalmente nas turmas de 2º ano do ensino fundamental, para fortalecer o processo de alfabetização.

➡️Valorização dos alunos e dos professores que se destacam: No programa "Bora Estudar", a família do melhor aluno de cada turma ganha R$ 10 mil em materiais de construção para fazer reformas na própria casa. E os docentes com melhor desempenho ganham bonificações, afirma Soares.

Ideb: Helder Barbalho comenta como o Pará mudou a realidade da educação pública

✏️Goiás: formação de professores na prática e bolsa-permanência

Priscila Cruz, presidente-executiva da ONG Todos Pela Educação, explica que Goiás entra em uma categoria diferente da do Pará: o destaque do estado é manter um bom desempenho no Ideb ao longo dos anos.

"Assim como o Espírito Santo, o Ceará e o Paraná, é uma rede que nunca sofreu grandes retrocessos. Consegue manter políticas essenciais e implementá-las de forma consistente", diz.

Para a secretária de Educação de Goiás, Fátima Gavioli, a questão central para o desempenho do estado são os investimentos. "Só assim que é possível melhorar a infraestrutura das escolas, os materiais didáticos e a distribuição de bolsas que ajudam no combate à evasão", afirma ao g1.

Veja outros destaques:

➡️Formação de professores: Por meio de parcerias com ONGs e instituições, o estado manteve uma política de investimento nos docentes com ênfase na prática.

"Eles já sabem a teoria. Precisamos focar no dia a dia: em como preencher o diário corretamente, ministrar os conteúdos... Quando têm dúvidas, eles podem entrar em contato com o centro de formação de professores para compartilhar experiências. E são turmas pequenas: não adianta colocar mil docentes assistindo a uma palestra de duas pessoas", afirma Gavioli.

Costin acrescenta a importância do cuidado tomado pela rede de Goiás na contratação de novos professores. "São seleções bem-feitas. E, (depois de começarem a dar aula), eles recebem um bom material de apoio ao livro didático."

➡️Políticas de incentivo à permanência escolar: Pelo "Bolsa Estudo", todos os alunos, independentemente da renda, ganham R$ 112 por mês se frequentarem a escola e tirarem boas notas. O programa abrange o 9º ano e o ensino médio.

➡️Monitoramento de aprendizagem: Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social, conta que Goiás "vem conseguindo manter um padrão consistente no acompanhamento pedagógico dos alunos".

Observação:

  • Em 2023, estudantes do ensino médio regular da rede estadual foram transferidos para a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), mesmo sem terem completado 18 anos ainda. Com isso, eles não participaram da prova do Saeb.
  • Segundo o Censo Escolar, do Inep, eram 60.832 alunos no 3º ano do ensino médio comum em 2022. Em 2023, depois desse processo, 49.380. Na EJA estadual, considerando a etapa de ensino inteira, o número de estudantes dobrou de 2022 para 2023 (de 21.856 para 42.641).
  • A Secretaria de Educação foi notificada pelo Ministério Público do Estado de Goiás em junho de 2023. Em março de 2024, o Tribunal de Contas do Estado de Goiás também constatou que turmas do ensino médio noturno haviam sido fechadas e que "uma parcela considerável de alunos" teria migrado para a EJA.
  • Diante da possibilidade de essa transferência ter comprometido os dados que levaram o estado à liderança do Ideb 2023, a Secretaria de Educação afirma que a mudança aconteceu a pedido dos próprios jovens, já que começaram a trabalhar na pandemia e precisariam de uma carga horária reduzida na escola para não abandonarem os estudos.
  • O órgão alega também que, mesmo antes desse episódio, Goiás já ocupava as primeiras posições nos rankings do Ideb (em 2019, o estado foi líder, e em 2021, ficou na 2ª colocação).

"Considero fundamental que a gente pare de colocar aluno com menos de 18 anos na EJA, principalmente no período noturno. Pode ser que a nota tenha sido impactada por isso em Goiás, mesmo sem essa intenção? Um pouco, talvez, mas não é o que explica o sucesso da rede. Foram muitas iniciativas positivas no estado", afirma Costin.

✏️Espírito Santo: aulas em tempo integral e apoio aos municípios

Entre as capitais, Vitória foi o maior destaque nos anos iniciais do ensino fundamental. A maior explicação para isso, na visão de Claudia Costin, é a implementação do programa de ensino integral.

"Havia antes um modelo de contraturno com aulas de arte e de esportes, além de oficinas de recuperação. Já era algo melhor do que só as 4 horas de aula por dia. Mas a rede avançou para o tempo integral, com aulas dialogadas, mais tempo em laboratórios e educação mão na massa. Deu muito certo, fiquei impressionada", afirma.

➡️Em números, a ampliação da rede integral: Segundo a Secretaria de Educação, no fim de 2019, o Espirito Santo tinha 36 escolas nesse regime de carga horária ampliada. Em 2024, já são 184 só na rede estadual, afirma o órgão.

➡️Apoio aos municípios por meio de um regime de colaboração: Foram direcionados mais de R$ 1 bilhão em investimentos nas redes municipais, principalmente para obras e compra de materiais didáticos.

"Uma das frentes de trabalho neste sentido é por meio do Pacto pela Aprendizagem do ES (Paes), uma iniciativa do governo do Estado cujo objetivo é fortalecer a aprendizagem das crianças desde a educação Infantil até as séries finais do ensino fundamental", afirma a Secretaria.

✏️Paraná: material de apoio ao professor e avaliações diagnósticas

Roni Miranda, secretário de Educação do Paraná, afirma que os "resultados do Ideb 2023 consolidam a boa qualidade na educação do Paraná".

"A gente vem avançando ano a ano, de forma sólida e constante", diz.

De fato, o estado se manteve entre os primeiros colocados nos rankings das últimas edições do Ideb.

Um dos destaques de 2023 foi justamente em matemática, disciplina em que historicamente o Brasil não se sai bem.

"O monitoramento da aprendizagem, a comunicação com a rede e os materiais de apoio ao professor muito bem-feitos explicam esse desempenho", afirma Claudia Costin. 
Veja os detalhes:

➡️Aprimoramento na seleção de gestores: A rede pública passou a selecionar os diretores de escolas por meio de avaliações de capacidade técnica, provas e entrevistas.

➡️Formação continuada de professores: "Temos 33 mil docentes fazendo semanalmente esses programas. Os que se destacam ajudam a formar seus pares", afirma Miranda.

➡️Avaliação diagnóstica: "[As provas] são aplicadas trimestralmente, para entregar ao professor e à escola em quais conteúdos os alunos têm maior dificuldade. Assim, conseguem trabalhar de forma mais direcionada", explica Miranda.

➡️Combate ao abandono: Segundo a Secretaria de Educação, a rede investiu em alimentação escolar, oferecendo três refeições por dia aos alunos. Também aumentou a conectividade das escolas, para "dialogar com os interesses dos estudantes".

➡️Compra de material didático: O secretário afirma que comprou livros direcionados para a recomposição da aprendizagem dos alunos. E, para os professores, foram adquiridos materiais de apoio ajustados em parceria com eles próprios, para que se organizem mais facilmente no planejamento dos conteúdos.

✏️Ceará: educação em tempo integral e foco na alfabetização

Costin, do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, afirma que o Ceará avançou rapidamente em direção ao modelo de ensino integral.

A própria Secretaria de Educação ressaltou os seguintes elementos decisivos:

➡️Busca pela equidade: "Na prática, isso significa direcionar atenções de forma individualizada a cada aluno, para que todos tenham suas necessidades de aprendizagem específicas atendidas", afirma o órgão. O combate ao abandono escolar e o fortalecimento de vínculo com os alunos também contribuíram para o crescimento do Ideb.

➡️Programa Aprendizagem na Idade Certa (Paic): Desde 2007, o estado firma uma parceria com as redes municipais para dar suporte pedagógico, fornecer material estruturado, apoiar a gestão e aprimorar os sistemas de avaliação dos alunos.

➡️Educação profissional e integral: Segundo a Secretaria, são mais de 512 escolas com carga horária ampliada, sendo 367 delas focadas na profissionalização dos jovens do ensino médio.

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Ibovespa atinge maior nível no ano: como voltamos ao bom momento na bolsa?

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Índice acumulou avanço de 5,09% no mês e chegou aos 134.153 pontos. Entenda, em três fatores, o que impulsionou o mercado de ações brasileiro nos últimos dias.
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Por André Catto, g1

Postado em 16 de agosto de 2024 às 07h00m

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Vista do prédio da B3, Bolsa de valores de São Paulo, localizada na região central da capital paulista, nesta sexta-feira (12). O Ibovespa flertou com os 129 mil pontos na máxima do dia, encerrando aos 128.896,98 pontos, em alta de 0,47% na sessão. Foi o quarto avanço semanal consecutivo para o índice da B3, que sobe agora 4,03% no mês, cedendo ainda 3,94% no ano. — Foto: GABRIEL SILVA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Vista do prédio da B3, Bolsa de valores de São Paulo, localizada na região central da capital paulista, nesta sexta-feira (12). O Ibovespa flertou com os 129 mil pontos na máxima do dia, encerrando aos 128.896,98 pontos, em alta de 0,47% na sessão. Foi o quarto avanço semanal consecutivo para o índice da B3, que sobe agora 4,03% no mês, cedendo ainda 3,94% no ano. — Foto: GABRIEL SILVA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em alta nesta quinta-feira (15), pela oitava sessão consecutiva. Com o resultado, acumulou um avanço de 5,09% no mês, chegando aos 134.153 pontos — maior patamar no ano e muito próximo da máxima histórica.

Veja a evolução no gráfico abaixo.

O movimento foi impulsionado, principalmente, pelos ânimos dos investidores com a expectativa de corte de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Mas outros fatores importantes têm colaborado com o bom momento do Ibovespa.

Entenda cada um deles a partir dos tópicos abaixo:

  • A sinalização de corte de juros pelo Fed;
  • O tom do Banco Central do Brasil;
  • As declarações sobre o arcabouço fiscal.
A sinalização de corte de juros pelo Fed

Em 31 de julho, o Fed decidiu manter os juros do país inalterados na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. O movimento, que já era esperado pelo mercado, veio acompanhado de uma sinalização importante: um possível corte da taxa na próxima reunião, em setembro.

Na ocasião, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que um corte nos juros poderá "estar na mesa" caso os dados econômicos do país caminhem conforme o esperado.

As leituras de inflação do segundo trimestre aumentaram nossa confiança, e novos dados positivos fortaleceriam ainda mais essa confiança", afirmou Powell.

Desde julho de 2023, os juros dos Estados Unidos estão no maior patamar em mais de 22 anos. A taxa atingiu esse nível porque, a partir de 2022, o BC norte-americano promoveu sucessivas altas, em tentativa de conter a inflação causada pela pandemia de Covid-19.

O movimento se reflete em outros países — incluindo o Brasil. Juros mais altos nos EUA elevam a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos). Isso se reflete nos mercados de ações e no dólar, com a migração cada vez maior de investidores para o país, em busca de melhor remuneração.

Por isso, uma sinalização de queda nos juros dos Estados Unidos leva otimismo ao mercado de ações brasileiro: com uma possível redução da taxa, os rendimentos na economia mais segura do mundo tendem a diminuir, forçando os investidores a tomarem mais risco. Isso beneficia o mercado de ações por aqui.

"A probabilidade de corte nos EUA a partir de setembro é positiva para os ativos de risco globais e para mercados emergentes. E a bolsa brasileira navega bem nesse sentido", explica Frederico Nobre, líder de análise da Warren Investimentos.


Federal Reserve mantém juros inalterados nos EUA, mas sinaliza que pode cortar a taxa em setembro

Um novo fator elevou a confiança dos investidores em um corte dos juros pelo Fed em setembro: a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês), na última quarta-feira (14).

O índice subiu 0,2% em julho, acumulando uma alta de 2,9% em 12 meses. Excluindo os componentes voláteis da inflação — alimentos e energia —, o CPI subiu 0,2% em julho e 3,2% em 12 meses, no menor aumento anual desde abril de 2021.

Apesar de o resultado continuar acima da meta do Fed, de 2%, o mercado avalia que o comportamento mais benigno dos preços abre espaço para o primeiro corte nos juros desde 2020.

O tom do Banco Central do Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, em 31 de agosto, manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. O destaque, no entanto, foi para o tom duro da decisão.

Na ata da reunião, o BC se mostrou mais preocupado com a alta do dólar — e seu impacto na inflação futura — e informou que "não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado".

Uma elevação da taxa, portanto, está na mesa dos decisores, e será levada em conta a depender dos dados econômicos até a próxima reunião.

Frederico Nobre, líder de análise da Warren, explica que o tom mais duro do BC trouxe uma credibilidade adicional à autoridade monetária no combate à inflação.

Isso gerou um movimento chamado "flattening" (achatamento da curva de juros), em que há uma alta nos vencimentos mais curtos e uma queda nos mais longos. "Esse movimento de flattening é positivo para ativos de risco e para a bolsa de forma geral. Ele mostra que o Banco Central está comprometido com o combate à inflação e que se for necessário subir juros no curto prazo, vai subir. Isso alivia as expectativas no médio e longo prazo", diz.

"Foi exatamente isso que nós vimos na curva de juros: os vencimentos mais curtos subindo e os mais longos caindo. A bolsa responde mais aos vencimentos mais longos. Então, as taxas de juros longas caindo são algo positivo para a bolsa de valores."


Copom mantém taxa básica de juros em 10,5% ao ano; Bruno Carazza comenta

Outra grande preocupação do mercado também está perto de se dissipar. Essa, envolvendo a sucessão do comando do Banco Central.

Desde que Lula assumiu a Presidência do Brasil, em 2023, cresceram os temores de interferência política dentro do BC. Foram inúmeras as críticas de Lula contra o atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.

Os receios aumentaram após Gabriel Galípolo, ex-número 2 de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, assumir o cargo de diretor de Política Monetária do BC. A dúvida do mercado era se Galípolo seria um voto do governo dentro da autoridade monetária.

Após um ano no cargo, no entanto, Galípolo parece ter conquistado, ao menos para boa parte dos agentes econômicos, a imagem de um decisor técnico — contrariando a vontade de Lula, que se manifesta a favor de cortes forçados na taxa de juros para aquecer a economia.

Nesse sentido, a confirmação pelo blog do Camarotti de que Lula irá indicar Galípolo para presidente da autoridade monetária segue em linha com o esperado pelo mercado — e pode representar um alívio em relação à condução da política monetária após Campos Neto deixar o cargo.

"É uma indicação que não traz uma surpresa negativa. Ou seja, Lula não vai indicar alguém com um pensamento mais populista", afirma Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.

"As últimas declarações e votos do Galípolo foram na direção técnica. Ele é do mercado financeiro (...) e já deu demonstrações muito claras de que tem uma biografia a ser preservada. Não colocaria isso em risco."

Para Agostini, a indicação de Galípolo "tira qualquer risco de uma volatilidade desnecessária".

As declarações sobre o arcabouço fiscal

O risco fiscal, marcado pela dificuldade do governo em cortar gastos, é um dos fatores que tem aquecido os receios no mercado brasileiro.

Conforme mostrou o g1, a previsão é que as contas do governo registrem um rombo de R$ 28,8 bilhões em 2024. O valor é o limite da meta das contas públicas, prevista no arcabouço fiscal — a regra de gastos aprovada em 2023.

Nesse sentido, para conseguir cumprir com a regra, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou no mês passado o congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento.

Especialistas apontaram que o valor ainda não é o suficiente para o déficit (despesas superiores à arrecadação) limite de R$ 28,8 bilhões em 2024, mas o aperto nas contas foi bem recebido pelo mercado.


Haddad: 'vamos ter que fazer uma contenção de R$ 15 bilhões'

Especialmente a partir de julho, o governo tem buscado endossar os esforços de Haddad para o cumprimento com o arcabouço — fator importante para confiança dos investidores e a credibilidade do controle fiscal.

A principal mudança de discurso foi do presidente Lula, que viu o dólar disparar no fim de junho após sucessivas declarações sobre os gastos públicos. Na visão do mercado, as falas do presidente vinham sendo justamente na contramão do controle das contas.

Após as turbulências, o presidente passou a adotar, então, um tom mais ameno. Ele chegou a afirmar que "responsabilidade fiscal é compromisso" e que o governo "não joga dinheiro fora".

Sem maiores ruídos em torno dos gastos públicos, a nova postura de Lula também têm ajudado para um período menos turbulento no mercado interno — com reflexos no Ibovespa.

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