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quarta-feira, 24 de junho de 2020

O que é a 'nuvem de poeira Godzilla', que viaja 10 mil km do Saara para as Américas

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Poeira chega a cobrir um território maior que Estados Unidos e Canadá juntos e tem efeitos no clima e na saúde das pessoas.
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Por BBC

Postado em 24 de junho de 2020 às 12h30m
                     Post.N.\9.357                
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Nuvem se formou no continente africano e atravessou o oceano — Foto: NOAA/ BBC
Nuvem se formou no continente africano e atravessou o oceano — Foto: NOAA/ BBC

Uma gigantesca mancha opaca encobre há dias parte do Oceano Atlântico. Nas imagens capturadas por satélites, uma nuvem marrom que vai da África até o Caribe cobre os tradicionais azul e branco vistos por satélite.

Esse é um sinal inequívoco de que uma nuvem de ar do Saara — uma massa de ar muito seco e com poeira do deserto africano — se move em direção às Américas. Alguns especialistas chamam ela de "nuvem de poeira Godzilla". Se trata de um fenômeno recorrente a cada ano, mas que parece ter se intensificado em 2020.
Grande nuvem de poeira do Saara atinge o Caribe e segue em direção aos Estados Unidos
Grande nuvem de poeira do Saara atinge o Caribe e segue em direção aos Estados Unidos

No Caribe, os efeitos já são sentidos. Em vários países existe a recomendação para que os cidadãos usem máscaras e evitem atividades ao ar livre, dada a alta concentração de partículas no ar.

Navios também foram advertidos sobre a baixa visibilidade para navegação.
De acordo com Olga Mayol, especialista do Instituto de Estudos de Ecossistemas Tropicais da Universidade de Porto Rico, a atual nuvem tem uma concentração mais alta de partículas de poeira observadas na região em comparação com os últimos 50 anos.

O fenômeno começou a ser observado em uma área do oeste da África há uma semana e agora já percorreu mais de 5 mil km pelo mar até o Caribe, passando por terra em partes dos continentes americanos, como a Venezuela.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) prevê que a coluna de poeira do Saara continuará se movendo rumo ao oeste pelo Mar do Caribe, alcançando áreas do norte da América do Sul, América Central e da Costa do Golfo dos Estados Unidos nos próximos dias.

Vários países da área registraram a presença da poeira do Saara e usuários das redes sociais compartilharam imagens de paisagens alteradas pela nuvem, algumas com intensas cores diferentes no amanhecer e no entardecer.

De que se trata?
Essa massa de ar seco e carregada de partículas de areia se forma sobre o deserto do Saara no final da primavera, no verão e no começo do outono no Hemisfério Norte, e geralmente se desloca em direção ao Oeste sobre o Oceano Atlântico a cada três ou cinco dias.

Quando ocorre, costuma ser de curta duração, não superior a uma semana. Porém a presença de ventos suaves em certas épocas do ano a tornam mais propensa a cruzar o Atlântico e percorrer mais de dez mil quilômetros.
A chegada à América da nuvem de poeira do Saara não é incomum e ocorre várias vezes ao ano. No entanto, segundo os meteorologistas, a nuvem atual é uma das mais densas em meio século.

Tradicionalmente, a atividade da camada de ar do Saara aumenta em meados de junho, alcançando seu ponto máximo do final deste mês até meados de agosto, quando começa a diminuir rapidamente.
Durante seu período de maior atividade, a camada de ar saariana chega até a Flórida, América Central e Texas, cobrindo uma área enorme que, incluindo as partes do Atlântico, é superior ao território dos Estados Unidos e do Canadá juntos.

De acordo com a NOAA, a cada ano, mais de cem milhões de toneladas de poeira saariana sopram da África — e algumas partículas já chegaram até o Rio Amazonas.

A camada geralmente tem entre três e cinco quilômetros de espessura, e e encontra a uma altura de um a dois quilômetros na atmosfera. 

Quais são seus efeitos?
Poeira está composta de diferentes elementos químicos que fertilizam o solo e o mar — Foto: Nasa/BBC
Poeira está composta de diferentes elementos químicos que fertilizam o solo e o mar — Foto: Nasa/BBC

Como todo fenômeno natural, as nuvens de poeira contribuem de diversas formas para os ciclos da natureza no planeta.

Em primeiro lugar, o calor da camada ajuda a estabilizar a atmosfera quando o ar quente da nuvem passa por cima de ares mais frios e densos.

A poeira mineral absorve luz solar, o que contribui para regular a temperatura do planeta.

Os minerais contidos na poeira também repõem nutrientes nos solos das zonas tropicais, que são afetados por chuvas.

Alguns dos químicos podem ajudar a vida nos oceanos. Mas especialistas também alertaram para a presença de alguns elementos tóxicos que podem ser nocivos para algumas espécies, como os corais.

Segundo a NOAA, o calor, a secura e os fortes ventos associados a esta camada de ar saariana suprimem também a formação e intensificação de ciclones e furacões.

O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos projetou para 2020 uma temporada mais intensa do que o habitual, mas se nuvens como essas se formarem nos próximos meses elas podem contribuir para que os furacões sejam enfraquecidos.

Quais são as implicações disso para saúde humana?
A qualidade do ar é consideravelmente afetada e isso pode ter impacto sobre a saúde humana.
O ar seco e empoeirado tem aproximadamente 50% menos umidade do que a atmosfera tropical típica, o que pode afetar a pele e os pulmões.

O alto teor de partículas também pode ser nocivo para pessoas com problemas respiratórios, causando alergias e irritações nos olhos.
No contexto atual, com a epidemia do coronavírus, as autoridades sanitárias de alguns países têm alertado sobre o risco extra da nuvem de poeira para pessoas com problemas respiratórios.

No domingo, o departamento de Saúde de Porto Rico alertou que pessoas com asma, problemas respiratórios e alergias, assim como aqueles que foram contaminados com covid-19, deveriam tomar medidas extras de cautela e proteção.

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A preocupação de cientistas com recorde histórico de calor no Círculo Ártico

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Cidade da Sibéria atingiu 38 graus no sábado. Muitos estudiosos alertam que 2020 pode se tornar o ano mais quente da história.
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Por BBC

Postado em 24 de junho de 2020 às 09h35m
                     Post.N.\9.356                
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Cidade da Sibéria, no Circulo Polar Ártico, registra 38°C
Cidade da Sibéria, no Circulo Polar Ártico, registra 38°C

As temperaturas no Círculo Polar Ártico provavelmente atingiram no sábado a maior temperatura já registrada na história, com escaldantes 38 graus na cidade siberiana de Verkhoyansk, na Rússia.

O recorde ainda precisa ser confirmado, mas ele parece ser 18 graus maior do que a média de máximas para o mês de junho.

Verões quentes não são incomuns no Círculo Polar Ártico, mas os últimos meses têm tido temperaturas altas fora do normal.

O Ártico parece estar se aquecendo duas vezes mais rápido que a média global.
Verkhoyansk, que abriga cerca de 1,3 mil pessoas, está dentro do Círculo Polar Ártico, em um lugar remoto na Sibéria. O local tem temperaturas extremas, que podem ir de uma média de -42 graus em janeiro a uma média de 20 graus na estação quente.

Este ano, uma onda de calor persistente está preocupando os meteorologistas. Em março, abril e maio, o serviço de meteorologia Copernicus Climate Change noticiou que a temperatura média esteve 10 graus acima do normal.
Esse gráfico da BBC mostra as temperaturas altas no Ártico — Foto: BBC
Esse gráfico da BBC mostra as temperaturas altas no Ártico — Foto: BBC

Neste mês, partes da Sibéria chegaram a registrar 30 graus, enquanto no mês passado, a localidade de Khatanga, também no Círculo Ártico na Rússia, registrou o recorde de 25,4 graus.

"Os recordes de temperatura estão sendo quebrados em todo o mundo, mas o Ártico está se aquecendo mais aceleradamente do que em qualquer outra parte", diz Dann Mitchell, professor de ciências atmosféricas da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

"Então, não é surpreendente ver recordes sendo quebrados nesta região. Veremos mais disso no futuro próximo."

Por que devemos nos preocupar com aquecimento no Ártico?
O aquecimento no Ártico está provocando o derretimento da chamada permafrost - camada que antes ficava permanentemente congelada abaixo do solo.

Isso está preocupando os cientistas porque o derretimento da permafrost faz com que gases como dióxido de carbono e metano, que estavam presos ali, sejam liberados na atmosfera.
Esses gases do efeito estufa podem aquecer ainda mais o planeta e causar mais derretimento, em um círculo vicioso de retroalimentação.

As temperaturas altas também fazem com que o gelo na superfície derreta em um ritmo mais acelerado, fazendo com que o nível do mar cresça.

Também existe retroalimentação neste caso, porque a diminuição da superfície branca do gelo faz com que o mar absorva mais calor. Isso provoca ainda mais aquecimento.
O impacto de incêndios florestais também é um fator. No verão passado, houve incêndios no Ártico.

Apesar de comuns no verão, as altas temperaturas e os ventos fortes foram mais graves do que o normal.

Geralmente eles começam em maio e chegam ao seu ápice em julho e agosto, mas este ano já no final de abril esses fenômenos estavam dez vezes maiores na região de Krasnoyarsk, na Sibéria, comparado com o ano passado, segundo o ministro de Emergências da Rússia.

Este será o verão mais quente da história?
2020 certamente é um forte candidato para isso. A maior parte do norte da Europa e da Ásia teve uma primavera moderada e um verão com temperaturas até 10 graus acima do normal, em alguns lugares.

O ano mais quente já registrado foi 2016, que ainda está apenas levemente na frente de 2020.

Isso não deve surpreender ninguém.
"Nós perturbamos o equilíbrio de energia do planeta inteiro", alerta o professor Chris Rapley, da University College London (UCL).
Ano após ano vemos recordes de temperatura sendo quebrados, diz o cientista.

"Isso é uma mensagem de alerta da própria Terra. Nós a ignoramos por nossa conta e risco."

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