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domingo, 19 de junho de 2022

Por que há uma 'febre do ouro' dos combustíveis fósseis no mundo, apesar das mudanças climáticas

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Niklas Höhne, especialista do NewClimate Institute, comenta relatório que avalia o impacto da guerra na Ucrânia no combate às mudanças climáticas.
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TOPO
Por BBC, Ángel Bermúdez

Postado em 19 de junho de 2022 às 15h40m

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Gás natural liquefeito pode ser transportado em navio - e é uma das alternativas usadas pelos países europeus para substituir o gás russo — Foto: BBC/GETTY IMAGES
Gás natural liquefeito pode ser transportado em navio - e é uma das alternativas usadas pelos países europeus para substituir o gás russo — Foto: BBC/GETTY IMAGES

Alguns dos compromissos firmados por quase duzentos líderes durante a última Cúpula do Clima — a COP26, realizada em novembro de 2021 em Glasgow, na Escócia — para combater as mudanças climáticas estão em risco diante da guerra na Ucrânia.

Entre elas estão a atualização até 2022 das metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e a eliminação gradual dos subsídios que reduzem artificialmente o custo de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural.

Um relatório publicado na última semana sobre o impacto do conflito causado pela invasão russa ao território ucraniano no combate às mudanças climáticas aponta a existência de uma espécie de "febre do ouro" global para a construção de infraestruturas de produção, transporte e processamento de combustíveis fósseis, em especial gás natural liquefeito (GNL).

O documento foi elaborado pelo Climate Action Tracker (CAT, na sigla em inglês), projeto independente que monitora as ações dos governos para enfrentar as mudanças climáticas e as contextualiza com o objetivo estabelecido pelo acordo de Paris de "manter o aquecimento bem abaixo de 2°C e fazer esforços para limitar o aquecimento a 1,5°C".

O relatório destaca, por exemplo, os planos de construção de novas usinas de GNL na Alemanha, na Itália, na Grécia e na Holanda, enquanto países como Estados Unidos, Canadá, Catar, Egito e Argélia planejam aumentar suas exportações do combustível.

Em paralelo, muitos países produtores de combustíveis fósseis incrementaram a produção e governos em mais de uma dezena de países desenvolvidos estão reduzindo impostos sobre o consumo de combustível ou de energia, incentivando, assim, o consumo.

A ideia de aumentar o consumo de combustíveis fósseis para responder à atual crise energética foi questionada na terça-feira (14/6) pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que argumentou que investir recursos em carvão, petróleo ou gás para enfrentar as consequências da guerra na Ucrânia é "ilusório".

A BBC News Mundo (serviço em língua espanhola da BBC) conversou com Niklas Höhne, especialista do NewClimate Institute, organização sem fins lucrativos com sede em Berlim que é parte do consórcio que elabora o CAT, sobre os achados do estudo e sobre as necessidades que existem hoje no contexto do combate às mudanças climáticas.

BBC News Mundo - O Climate Action Tracker elaborou um estudo sobre a resposta global à guerra da Ucrânia na perspectiva do combate às mudanças climáticas. Quais as conclusões?

Niklas Höhne - No momento há governos que estão tratando de fazer as coisas de maneira diferente por causa da crise energética. Têm que responder à atual situação em que não podem seguir importando combustíveis fósseis da Rússia.

E eles podem fazer duas coisas: tentar obter combustível de outro lugar ou trabalhar para aumentar a eficiência e aproveitar melhor a energia renovável.

Infelizmente, descobrimos que a maioria dos países está passando por uma espécie de "febre do ouro" em busca de novas infraestruturas em torno dos combustíveis fósseis, novos gasodutos de gás natural liquefeito (GNL), novos portos de GNL e novos campos de óleo e gás.

Isso é muito contraproducente para a política de combate à mudança climática porque, uma vez construída essa infraestrutura, ela será usada por várias décadas e nos prenderá a um futuro com muito carbono.

BBC News Mundo - Por que as novas infraestruturas seriam usadas por várias décadas?

Höhne - A questão sobre as novas infraestruturas é que é caro construir um gasoduto, por exemplo, e isso significa que, uma vez que você o constrói, os investidores vão querer usá-lo por décadas.

O problema é que queremos reduzir o consumo de gás para zero globalmente até meados do século — e se agora construirmos uma nova infraestrutura, essa redução será muito difícil. Esses investimentos nos vincularão a altas emissões de gases de efeito estufa ou acabarão como ativos ociosos.

Para importar GNL, os países precisam de terminais portuários construídos especificamente para este fim — Foto: BBC/GETTY IMAGES
Para importar GNL, os países precisam de terminais portuários construídos especificamente para este fim — Foto: BBC/GETTY IMAGES

BBC News Mundo - O senhor se mostra preocupado com a construção dessas novas infraestruturas. Mas de que outras maneiras os governos estão trabalhando contra as metas climáticas em meio à crise atual?

Höhne - O principal problema é a infraestrutura, mas há outra questão - quase todos os governos que avaliamos têm acenado aos consumidores com reduções de impostos sobre combustíveis fósseis. Isso não é uma boa ideia.

Entendo que os governos queiram ajudar os consumidores e a indústria, mas devem apoiar apenas aqueles que realmente necessitam, mais para a população pobre ou para a indústria que está realmente em perigo.

Mas o que estão fazendo é reduzir os impostos sobre os combustíveis fósseis [de maneira ampla], reduzindo assim os custos para todos os cidadãos e empresas petrolíferas, mesmo aqueles que podem pagar e que podem abandonar os combustíveis fósseis. Isso também não é uma boa ideia.

BBC News Mundo - Mas no contexto atual, em que a inflação e os preços da energia estão tão altos, quais são as alternativas para os governos? Muitas pessoas hoje têm dificuldade de encher o tanque para ir trabalhar. Existe alguma solução viável?

Höhne - Sim, se a ideia é compensar o aumento dos preços de energia, então deve-se compensar as famílias mais pobres, e não as mais ricas.

Alguns sugeriram uma política de compensação com base per capita, para que cada pessoa recebesse a mesma quantia. Outros dizem que é melhor passar pelo sistema tributário, para que a população pobre receba um incentivo fiscal adicional ou dinheiro extra no bolso, o que definitivamente seria possível e seria uma opção melhor.

A verdadeira solução a longo prazo, entretanto, é economizar energia e usar mais energia renovável. Economizar energia é sempre uma opção lucrativa.

Por exemplo, dirigir mais devagar, diminuir um pouco o aquecimento no inverno, restringir o acesso de carros às cidades para que as pessoas usem o transporte público. Subsidiar mais o transporte público para que as pessoas não usem carros, mas sim transporte coletivo — são muitas as opções para os governos ajudarem seus cidadãos e empresas nesta crise.

BBC News Mundo - No relatório, o senhor aponta que a maioria dos países ocidentais procurou reduzir ou parar completamente de comprar combustíveis fósseis da Rússia, e muitos anunciaram metas ambiciosas para a transição para fontes de energia renováveis, como eólica e solar. Isso não é bom para a luta contra as mudanças climáticas?

Höhne - Sim, há coisas que alguns países estão fazendo bem. Vários aumentaram suas metas para energia renovável e alguns também introduziram subsídios para o transporte público.

Tudo bem, mas estamos tão atrasados ​​na política climática e precisamos cortar as emissões tão drasticamente que não temos tempo para cometer erros.

A Agência Internacional de Energia diz que, a partir de agora, não devemos investir em nenhuma nova infraestrutura de combustíveis fósseis. E se agora vemos uma "corrida do ouro" em investimentos em infraestrutura de energia de combustíveis fósseis, isso seria um problema sério nesse sentido.

Neste momento, devemos usar o mesmo dinheiro, esforço e tempo para impulsionar a eficiência energética e energia renovável, e não expandir a infraestrutura de combustíveis fósseis.

BBC News Mundo - Mas é realmente possível aproveitar no curto prazo as fontes renováveis ​​para resolver a crise atual?

Höhne - Bom, a expansão das energias renováveis ​​não é rápida, mas a construção de um novo gasoduto ou a construção de um novo terminal de GNL também não. Na essência, é o mesmo problema.

O mais rápido é reduzir o consumo de energia — dirigindo mais devagar ou diminuindo o aquecimento. Isso seria muito rápido, mas infelizmente muitos governos não estão usando essa opção.

BBC News Mundo - O relatório do CAT não menciona a China, o maior consumidor de energia do mundo. Qual sua opinião sobre a resposta de Pequim a esta crise?

Höhne - Acho que a China tem sido um pouco menos afetada pela crise. O país tem algum comércio de energia com a Rússia, mas não é tão dependente quanto a Europa.

A China também está pensando em aumentar suas metas para energia renovável. Isso seria bom. Mas, ao mesmo tempo, tem considerado comprar petróleo e gás mais baratos da Rússia. Em condições de mercado, até poderia ser, mas por outras razões isso não seria um bom sinal.

A China é muito importante do ponto de vista climático. É responsável por um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa, e o que acontece lá é muito importante para as emissões globais e o clima do planeta.

BBC News Mundo - E a América Latina? Não há menção a países latino-americanos no relatório.

Höhne - Não. Atualmente, as exportações de GNL e gás estão mais concentradas na América do Norte, África e Ásia.

Mas há outra coisa positiva que vimos: alguns governos estão fazendo acordos para fornecer ou comprar hidrogênio verde. Acho que é uma nova oportunidade. Pensávamos que isso aconteceria em cinco anos ou mais, mas já está acontecendo agora. Portanto, há uma aceleração que é boa.

A América Latina tem muito potencial para energia renovável. Poderia pensar em exportar hidrogênio verde feito a partir de energia renovável e vendê-lo para a Europa ou outras regiões, e acho que seria uma boa oportunidade de negócio.

BBC News Mundo - O senhor tem outras recomendações ou soluções alternativas para esta crise?

Höhne - Tem mais uma coisa. Muitas empresas de combustíveis fósseis estão tendo lucros recordes porque os preços da energia estão altos, enquanto os custos de produção permanecem os mesmos.

Alguns governos começaram a tributar esses lucros adicionais e investir os recursos arrecadados em energias renováveis. Apenas alguns, entretanto, o fizeram — e essa poderia ser outra medida tomada pelos governos neste momento.

- Este texto foi originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-61805434

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Comida da 'felicidade'? Entenda como o triptofano atua e saiba onde achar o aminoácido que ajuda no bem-estar

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Especialistas explicam que embora não exista um alimento ‘perfeito’ que vai induzir essa sensação no corpo, práticas saudáveis quando associadas com um melhor relacionamento com a comida estimulam o sentimento. Veja como isso é possível.
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 19 de junho de 2022 às 12h15m

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Atum, peru, castanha, cacau e muitos outros alimentos contêm triptofano. — Foto: Celso Tavares/g1
Atum, peru, castanha, cacau e muitos outros alimentos contêm triptofano. — Foto: Celso Tavares/g1

Existe alimento que traz felicidade, tal como numa poção mágica? Por que associamos o cacau e comidas calóricas de fast-food a essa sensação de bem-estar? Mas e outras comidas mais caseiras, como o típico arroz e feijão do brasileiro, são capazes de induzir esse sentimento? Isso realmente acontece?

Para responder essas e outras perguntas que explicam quais são os processos químicos que ajudam nessa sensação o g1 ouviu especialistas no tema.

Todos são claros: embora alimentos como os ricos em triptofano sejam importantes para o nosso bem-estar, não existe uma única comida perfeita e ideal que vai induzir sozinha essa sensação no corpo. Os especialistas defendem a prática de hábitos saudáveis associada ao melhor entendimento do que estamos comendo para que o alimento nos ajude a sermos de fato mais "felizes".

Abaixo, entenda o por quê.

O papel do triptofano e da serotonina

Neiva Souza, nutricionista e doutoranda em Neurologia e Neurociências pela UNIFESP explica que nenhum alimento, isoladamente, passará a sensação de felicidade.

O que acontece é que algumas comidas possuem certos nutrientes que estão envolvidos no processo que regula o humor no nosso cérebro e o triptofano é um deles.

Para entender como ele funciona, precisamos lembrar que os nossos neurônios, as células nervosas do corpo, se comunicam uns com os outros e esse processo todo de troca de informações acontece por meio dos chamados neurotransmissores, moléculas mensageiras que são liberadas de um neurônio para outro.

Como age o triptofano — Foto: Editoria de arte/g1
Como age o triptofano — Foto: Editoria de arte/g1

E é no intestino que fica o maior conjunto de neurônios fora do cérebro. São mais de 100 milhões de células nervosas que falam com o cérebro e informam o que está acontecendo no nosso estômago e intestino.

Por isso, ao consumirmos alimentos que possuem boas quantidades de triptofano, um aminoácido que estimula a síntese da serotonina (neurotransmissor que está associado a sensação de bem-estar), mandamos uma mensagem para o cérebro que incita o sentimento da felicidade.

Mas se a prática for isolada de uma alimentação equilibrada e hábitos saudáveis, ela não irá trazer os resultados esperados (entenda mais abaixo).

"A alimentação como um todo precisa estar equilibrada, com fontes vegetais, verduras, legumes, frutas, cereais integrais e sementes, para que essa alimentação como um todo entregue os nutrientes para a saúde cerebral", alerta a médica. 
Arroz e feijão já entregam boa quantidade

Como o triptofano é um aminoácido essencial (o corpo não o produz), precisamos ingerir alimentos ricos na substância (veja ilustração acima), e diversas comidas presentes no nosso dia a dia contêm triptofano. Não é preciso ir longe: cereais, carnes, frutas, peixes e até mesmo o leite contêm bons níveis da substância.

"A combinação arroz e feijão é muito interessante, por exemplo, pois entrega boa quantidade de triptofano", acrescenta Souza.

Cereais como o arroz e sementes como o feijão são boas fontes de triptofano. — Foto: Celso Tavares/g1
Cereais como o arroz e sementes como o feijão são boas fontes de triptofano. — Foto: Celso Tavares/g1

"Uma salada rica em vegetais, principalmente os verde escuros, auxilia a saúde cerebral, e se misturarmos oleaginosas [como castanhas] e sementes, agregaremos além de mais sabor, maior quantidade de triptofano e dos nutrientes importantes para formação de serotonina".

Entre a lista dos alimentos que são fontes desse aminoácido e possuem também outras vitaminas e minerais envolvidos na formação de serotonina, os especialistas ouvidos pelo g1 citam os principais grupos:

  1. Carnes, peixes, ovos, leite e seus derivados;
  2. Sementes oleaginosas (como amêndoas, macadâmia, castanha do Pará, castanha de caju, nozes, amendoim, pistache, pinhão);
  3. Sementes integrais (principalmente a de girassol e abóbora);
  4. Cereais (como o arroz, aveia, milho);
  5. Leguminosas (como o feijão, grão de bico, ervilha e lentilha);
  6. Vegetais como brócolis, tomate, rúcula e cogumelo (que tem ácido fólico, que interage com a noradrenalina e com a serotonina);
  7. Cacau;
  8. Frutas como a banana e kiwi

Mas também não adianta exagerar no consumo. A dose diária de triptofano recomendada pelos especialistas para a dieta de um adulto de cerca de 80kg vai de 278 a 476 mg (veja abaixo a concentração de alguns alimentos).

Assim como sua colega, a endocrinologista Paula Pires ressalta que, quando o assunto é comida, precisamos lembrar que ela não faz "mágica" e não é exagerando no consumo de alimentos ricos em triptofano que, instantaneamente, teremos um pico de felicidade. Pelo contrário.

"O kiwi, por exemplo, é bom porque ele aumenta o triptofano, mas não adianta comer um quilo de kiwi por dia", alerta a médica. 
Como estimular a produção de serotonina?

Simon Young, professor da McGill University no Canadá e especialista em neuroquímica comportamental ressalta que qualquer pessoa que esteja comendo uma dieta saudável estará recebendo triptofano suficiente através da alimentação, porém se o nível de triptofano no sangue for reduzido, como mostram alguns estudos, algumas pessoas, mas não todas, podem apresentar uma diminuição do humor.

"Da mesma forma, aumentar a serotonina dando triptofano tem um efeito antidepressivo em algumas pessoas deprimidas, mas não em todas", destaca.

Isso ocorre porque, conforme explica Lina Sant'Anna, mestre em Nutrição e Metabolismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, baixos níveis de serotonina estão frequentemente associados a muitos distúrbios comportamentais e emocionais que podem levar à problemas psicológicos como depressão, ansiedade, crises de raiva, insônia, comportamento suicida e transtorno obsessivo-compulsivo.

Por isso, além uma dieta contendo alimentos ricos em triptofano como carnes, tofu e aveia, Sant'Anna diz que uma boa estratégia que pode elevar a serotonina cerebral é a prática de exercícios físicos, principalmente os aeróbicos como caminhada, corrida e dança.

Praticar exercícios físicos também é fundamental para ajudar na sensação de bem-estar. — Foto: Caíque Cahon - UFJF/Divulgação
Praticar exercícios físicos também é fundamental para ajudar na sensação de bem-estar. — Foto: Caíque Cahon - UFJF/Divulgação

Além disso, ressalta a pesquisadora, cuidar da saúde do intestino também é muito importante nesse caso, tendo em vista que a maior parte da serotonina é produzida no órgão.

"Está cada vez mais evidente a relação da microbiota intestinal no comportamento, nas emoções e na imunidade e problemas intestinais como diarreia frequente ou prisão de ventre podem causar perturbações do sistema nervoso central", diz.

Por isso, aponta a especialista, consumir alimentos ricos em probióticos (bactérias que regulam a saúde intestinal) como kefir, kombucha, repolho azedo, iogurtes naturais, e alimentos ricos em prebióticos (fibras) como aveia, alho, cebola, banana e feijões também pode ser uma boa ideia para estimular a produção de serotonina no organismo.Suplementação é necessária?

"A suplementação de triptofano definitivamente não é necessária para a maioria das pessoas", revela Young.

O pesquisador destaca que a prática pode ser apropriada se um médico estiver, por exemplo, tratando um paciente com depressão e achar, por algum motivo, que o triptofano pode ser preferível a outros medicamentos antidepressivos.

Banana, ameixa e maçã também são frutas que contêm triptofano.  — Foto: Celso Tavares/g1
Banana, ameixa e maçã também são frutas que contêm triptofano. — Foto: Celso Tavares/g1

Sant'Anna esclarece que uma a avaliação da dieta caso a caso é fundamental para verificar a necessidade da prescrição desse aminoácido por um médico ou nutricionista, mas diversos estudos mostram que a suplementação dietética de triptofano para a regulação do sono e do humor é segura para adultos quando utilizada com uma dose de até 4,5 gramas por dia.

Doses maiores que isso podem trazer efeitos negativos como tontura, náuseas, sonolência excessiva e tremores.

"Pessoas que utilizam medicamentos antidepressivos também devem evitar a suplementação de triptofano, pois podem causar uma grave interação", alerta a especialista. 
Água também é fundamental

E não adianta também se alimentar bem e ter hábitos saudáveis e esquecer de beber água.

A doutoranda em Neurologia pela Unifesp, Neiva Souza, explica que a ingestão do líquido é fundamental para todas as reações e funções do corpo, incluindo o cérebro.

"Existem estudos mostrando que a desidratação só impacta negativamente nas funções cerebrais, dessa forma, a regulação de algumas funções, como o humor, prazer e bem estar, provavelmente possam ser afetadas", diz.

Beber água faz parte dos hábitos saudáveis — Foto: Shutterstock
Beber água faz parte dos hábitos saudáveis — Foto: Shutterstock

Outro fator importante, destaca Pires, é que às vezes o corpo confunde sede com fome.

"Então, na verdade, você tá com sede, mas tá achando que tá com fome às vezes. Come até mais porque, na verdade, você está desidratado".

Chave é adaptar com o que temos, não restringir

É só procurar pela internet pela palavra dieta que podemos encontrar uma lista de diferentes regimes alimentares que prometem de tudo e mais um pouco; desde secar o corpo em 7 dias até aquelas que com um simples shake ou suco garantem acelerar o nosso metabolismo.

Mas Pires garante que não é preciso irmos atrás dietas milagrosas que além de restringirem a seleção de alimentos a uma cesta de produtos que às vezes é díficil de encontrar fora das grandes das capitais do Brasil, como frutas silvestres e condimentos importados, termina muitas vezes frustrando mais do que satisfazendo quem as segue.

"Hoje em dia a gente orienta que as pessoas achem prazer em atividades mais saudáveis porque só fazer dieta e restringir libera hormônios do estresse", explica a médica.

Ela salienta que tudo o que é muito radical estressa o organismo. E estressar o organismo significa uma ativação do do chamado eixo hipotalamo-hipofise-adrenal que secreta o cortisol, o hormônio do estresse.

"E muito cortisol acaba aumentando o apetite, diminuindo o metabolismo. Por isso que chega uma hora que o corpo para de perder peso. Precisamos de outras atividades para regular esse estresse.

Na prática, a pesquisadora diz que a chave da questão é adaptarmos com o que temos, e não restringir nossa alimentação, através da busca por produtos regionais e mais acessíveis que nos sejam prazerosos e estimulem o hábito de cozinhar.

"Quanto mais comida caseira, feita em casa e mais próximo do natural, sem excesso de industrializados e ultraprocessados melhor", pontua Pires.

Esses últimos são, na verdade, os vilões do bem estar, explica a médica. Eles levam ao comportamento automático e repetitivo e, muitas vezes, um arrependimento pós consumo. Mas de novo, não adianta restringi-los 100% de nossa dieta.

Por isso, por mais clichê que pareça, a questão é o equilíbrio, pontua a endocrinologista.

"As pessoas precisam entender que essas dietas são muito parecidas e que na verdade a gente tem que encontrar o que a gente consegue seguir a longo prazo. Eu brinco no consultório: cada panela tem a sua tampa, vamos escolher a sua tampa.

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