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segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Embraer revela 4 aviões movidos a energias alternativas, de células de combustível a hidrogênio

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Empresa prevê disponibilidade das tecnologias a partir de 2030, mas diz que ainda analisa viabilidade técnica e comercial de cada aeronave. Veja fotos de cada um dos modelos.
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Por g1

Postado em 08 de novembro de 2021 às 23h20m

Post.- N.\ 10.071

Aviões conceitos da Embraer que usam energia de fontes renováveis — Foto: Embraer
Aviões conceitos da Embraer que usam energia de fontes renováveis — Foto: Embraer

A Embraer anunciou nesta segunda-feira (8) um projeto para o desenvolvimento de aeronaves movidas com energias alternativas. De células de combustível a hidrogênio, os 4 conceitos fazem parte da família de aviões chamada de "Energia".

A empresa disse que o objetivo é ajudar a indústria a atingir a meta de zero emissões de carbono até 2050.

Para a criação dos conceitos consórcio internacional de universidades de engenharia, institutos de pesquisas aeronáutica e pequenas e médias empresas.

Ainda não há detalhes sobre uma produção dos modelos, mas a empresa prevê disponibilidade das tecnologias para a partir de 2030 e afirmou que cada aeronave está sendo analisada de acordo com sua viabilidade técnica e comercial.

Veja detalhes técnicos dos aviões da Embraer:

Energia Hybrid (E9-HE)

  • Propulsão híbrida-elétrica.
  • Até 90% de redução das emissões de CO2
  • 9 assentos
  • Motores montados na parte traseira
  • Disponibilidade da tecnologia –2030
Energia Hybrid — Foto: Embraer
Energia Hybrid — Foto: Embraer

Energia Electric (E9-FE)

  • Propulsão elétrica completa.
  • Emissões zero de CO2.
  • 9 assentos.
  • Hélices contra-rotativas traseiras (usando uma segunda hélice que gira no sentido contrário da primeira).
  • Disponibilidade da tecnologia - 2035.
Embraer Energia Electric — Foto: Embraer
Embraer Energia Electric — Foto: Embraer

Energia H2 Fuel Cell Gas Turbine (E19-H2FC)

  • Propulsão elétrica de hidrogênio.
  • Emissões zero de CO2.
  • 19 assentos.
  • Motores elétricos montados na parte traseira.
  • Disponibilidade da tecnologia – 2035.
Embraer Energia H2 Fuel Cell Gas Turbine  — Foto: Embraer
Embraer Energia H2 Fuel Cell Gas Turbine — Foto: Embraer

Energia Gas Turbine (E50-H2GT)

  • Propulsão de hidrogênio ou SAF / JetA.
  • Redução de emissões de CO2 em até 100%.
  • 35 a 50 assentos.
  • Motores montados na parte traseira.
  • Disponibilidade da tecnologia - 2040.
Embraer Energia H2 Fuel Cell Gas Turbine  — Foto: Embraer
Embraer Energia H2 Fuel Cell Gas Turbine — Foto: Embraer

Na corrida pelo 'carro voador'

A Embraer também anunciou recentemente planos envolvendo os chamados eVTOLs, veículos que muitas vezes são referidos como "carros voadores". O objetivo é entregar sua versão da aeronave para clientes a partir de 2026, diz a empresa.

Conceito do eVTOL da Embraer — Foto: Divulgação/Embraer
Conceito do eVTOL da Embraer — Foto: Divulgação/Embraer

Companhias aéreas Gol e Azul também estão nesta corrida e têm acordos para receber a partir de 2025 seus primeiros eVTOLs, que serão produzidos por empresas europeias.

O que é isso no céu? Veja 'kart voador' em ação:

'Kart voador'? Conheça modelo elétrico de R$ 520.00 que já foi comprado por brasileiro
'Kart voador'? Conheça modelo elétrico de R$ 520.00 que já foi comprado por brasileiro

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Homo bodoensis: a nova espécie que alguns cientistas consideram ancestral direto dos humanos

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Depois de analisar fósseis encontrados anteriormente, um grupo de cientistas acredita que é necessário nomear uma nova espécie que, segundo eles, ajudaria a esclarecer um período confuso da evolução humana.
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TOPO
Por BBC

Postado em 08 de novembro de 2021 às 09h30m

  • Post.- N.\ 10.070

Ilustração do Homo bodoensis — Foto: ETTORE MAZZA / BBC
Ilustração do Homo bodoensis — Foto: ETTORE MAZZA / BBC

Há um período na história da evolução humana que os cientistas ainda não entendem muito bem.

Se sabe muito pouco sobre essa época que é conhecida como "a confusão", porque os especialistas ainda não concordam sobre as espécies que nela existiam. Trata-se de uma época entre o surgimento do Homo erectus e o do homem moderno, o Homo sapiens.

Um grupo de pesquisadores nomeou uma nova espécie que poderia esclarecer essa confusão e que, segundo suas análises, seria o ancestral direto dos humanos.

Trata-se do Homo bodoensis, que viveu na África há cerca de 500 mil anos e que, segundo os autores do estudo, ajuda a resolver o quebra-cabeça de um período-chave da evolução humana.

O Homo bodoensis pertence ao período chibaniano — Foto: ETTORE MAZZA / BBC
O Homo bodoensis pertence ao período chibaniano — Foto: ETTORE MAZZA / BBC

Novos rótulos

O período de confusão corresponde ao Pleistoceno Médio, que desde 2020 é conhecido como chibaniano, e que ocorreu entre 774 mil e 129 mil anos atrás.

Os especialistas, entretanto, não estão têm certeza sobre a quais espécies pertencem os vários fósseis daquele período. E, ligado a isso, não está muito claro quais espécies deram origem a quais.

O período chibano é importante porque foi nele que o Homo sapiens surgiu na África e os neandertais na Europa.

O problema é que os fósseis da época que antecederam o Homo sapiens e os neandertais, "são mal definidos e são entendidos de várias maneiras", segundo os autores da pesquisa.

Os fósseis existentes no período chibaniano têm sido tradicionalmente chamados de Homo heidelbergensis ou Homo rhodesiensis, duas categorias que, segundo alguns especialistas, muitas vezes têm sido descritas de formas contraditórias.

Os autores do estudo dizem que o Homo bodoensis pode ajudar a esclarecer aspectos da evolução dos humanos — Foto: Getty
Os autores do estudo dizem que o Homo bodoensis pode ajudar a esclarecer aspectos da evolução dos humanos — Foto: Getty

"Falar sobre a evolução humana durante este período tornou-se impossível devido à falta de uma terminologia adequada que reconheça a variação geográfica humana", diz Mirjana Roksandic, paleoantropóloga da Universidade de Winnipeg, no Canadá, e principal autora de um novo estudo.

Com esse argumento, Roksandic e sua equipe reanalisaram um conjunto de fósseis chibanianos encontrados na África e na Eurásia, e concluíram que as categorias Homo heidelbergensis ou Homo rhodesiensis deveriam ser descontinuadas e agrupadas sob um novo rótulo exclusivo: o Homo bodoensis.

Os pesquisadores também mencionam que alguns fósseis que foram identificados como Homo heidelbergensis são na verdade neandertais.

Em relação à categoria Homo rhodesiensis, acrescentam que tem sido um rótulo pouco aceito, em parte porque seu nome está associado a Cecil Rhodes, símbolo do imperialismo britânico na África.

Existem muitas questões não resolvidas sobre o período Pleistoceno ou Chibaniano — Foto: Getty
Existem muitas questões não resolvidas sobre o período Pleistoceno ou Chibaniano — Foto: Getty

Clareza

O Homo bodoensis leva o nome de um crânio encontrado em Bodo D'ar, na Etiópia.

Roksandic e seus colegas argumentam que o Homo bodoensis é o ancestral direto dos humanos e inclui a maioria dos primeiros humanos chibanianos na África e alguns do sudeste da Europa.

Os autores do estudo esperam que o uso da categoria Homo bodoensis ajude a facilitar a comunicação e a clareza sobre o período chibaniano.

Segundo Roksandic disse à BBC News Mundo (serviço de notícias em espanhol da BBC), a taxonomia do Homo bodoensis já foi aceita pela Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica, órgão responsável por garantir o uso correto dos nomes científicos dos animais.

O Homo bodoensis é o ancestral direto dos humanos e inclui a maioria dos primeiros humanos chibanianos na África e alguns do sudeste da Europa. — Foto: Getty
O Homo bodoensis é o ancestral direto dos humanos e inclui a maioria dos primeiros humanos chibanianos na África e alguns do sudeste da Europa. — Foto: Getty

Cautela

Dois especialistas consultados pela BBC News Mundo que não estiveram envolvidos na pesquisa expressaram suas reservas sobre as conclusões.

"Acho que os autores levantam um importante problema paleoantropológico de longa data que nos assombra a todos, mas eles não oferecem uma solução convincente", disse o paleoantropólogo Zeray Alemseged, professor de biologia e anatomia de organismos da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.

Alemseged refere-se ao fato de que, para resolver a confusão em torno do Homo heidelbergensis, não basta nomear uma nova espécie a partir de um crânio.

"Isso não vai nos ajudar, o que nós queremos, eu acho, é encontrar mais fósseis da Europa e da África para que possamos ter um melhor entendimento", diz Alemseged.

Jeff McKee, professor do Departamento de Antropologia da Ohio State University, também é cético.

"A espécie Homo heidelbergensis tem sido uma designação que ficou sem solução por algum tempo, pois ninguém conseguia chegar a um consenso sobre quais fósseis pertenciam a esse táxon", diz McKee.

"Suspeito que, da mesma forma, a nova proposta do Homo bodoensis será como um depósito taxonômico fóssil que não se sustentará no longo prazo."

McKee argumenta que não é a favor de tentar "impor artificialmente" uma taxonomia às subpopulações humanas emergentes.

Posições como as de Alemseged e McKee representam um desafio à proposta de Roksandic, que argumenta que o conceito de Homo bodoensis "vai durar muito tempo".

"Um novo nome de táxon só existirá se outros pesquisadores o usarem", diz a pesquisadora.

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O verme que ajudou a explicar o desenvolvimento do corpo humano

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Essa celebridade dos laboratórios tem um mecanismo biológico que pode ser observado em tempo real sob o microscópio através de sua pele transparente.
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TOPO
Por BBC

Postado em 08 de novembro de 2021 às 08h25m

  • Post.- N.\ 10.069

O DNA está no centro de descobertas extraordinárias sobre como nossos corpos funcionam (e falham) — Foto: SPL via BBC
O DNA está no centro de descobertas extraordinárias sobre como nossos corpos funcionam (e falham) — Foto: SPL via BBC

Você já ouviu falar do Caenorhabditis elegans? É um ser excepcional, uma celebridade em laboratórios, que foi indispensável para várias descobertas e contribuiu para o sucesso de seis ganhadores do prêmio Nobel.

Seu nome é uma mistura das palavras gregas (caeno, que significa "novo" ou "recente", e rhabditis, algo como "bastão") e em latim (elegans, que quer dizer elegante). Mas, para abreviar, é chamado de C. elegans.

Em seu ambiente natural, esse minúsculo verme vive no espaço entre os grãos de terra, e foi no solo da Argélia que o zoólogo francês Émile Maupas o encontrou — ele foi o primeiro a isolá-lo, descrevê-lo e selecioná-lo como sua espécie de referência em 1900.

Vários cientistas seguiram seus passos, particularmente o biólogo francês Victor Nigon e a bióloga americana Ellsworth Dougherty.

Mas foi graças à busca do biólogo sul-africano Sydney Brenner por um novo modelo animal que pudesse ajudá-lo a explorar os mistérios do desenvolvimento e do comportamento humano que o verme ficou famoso, em 1963.

"Precisávamos de um organismo com o qual pudéssemos estudar genética de maneira adequada", afirmou Brenner na época.

"Como era preciso ver onde uma célula terminava e outra começava, tinha que ser com o microscópio eletrônico, então, eu precisava de um organismo pequeno que caberia na janela desses microscópios. Finalmente, decidi por esses pequenos vermes nematódeos, C. Elegans, e comecei a trabalhar com eles."

"Sydney Brenner é um deus na comunidade de vermes por ter escolhido este organismo modelo", diz Gordon Lithgow, vice-presidente do Instituto Buck de Pesquisa sobre o Envelhecimento, nos Estados Unidos.

"O que ele realmente fez foi tomar uma decisão muito sábia que permite estudar biologia realmente complexa em um sistema simples. E essa foi a verdadeira genialidade. Trata-se de uma biologia básica, sem dúvida, mas é incrível como essa biologia básica agora se traduziu para os humanos e a compreensão das doenças."

As aparências não enganam

O C. elegans produz mais de 1.000 ovos por dia — eles podem ser cultivados em grande número, e culturas saudáveis ​​podem ser congeladas e depois descongeladas e revividas quando necessário — Foto: SPL via BBC
O C. elegans produz mais de 1.000 ovos por dia — eles podem ser cultivados em grande número, e culturas saudáveis ​​podem ser congeladas e depois descongeladas e revividas quando necessário — Foto: SPL via BBC

Na verdade, a aparência do C. elegans é um dos seus muitos atrativos para se tornar um modelo.

"A grande vantagem é o fato de ser transparente. Dá para ver através de sua pele!", exclama Lithgow.

"Você pode realmente ver células e processos biológicos acontecendo, apenas olhando por um microscópio."

"Além disso, é pequeno. Tem menos de um milímetro de tamanho, então você pode cultivar centenas de milhares desses vermes em laboratório, e isso é muito importante se você estiver buscando um gene raro ou algo parecido."

"A genialidade de Sydney Brenner foi perceber que, embora tenhamos centenas de bilhões de células em nosso cérebro, o verme tem apenas 302 neurônios, e você pode observá-los através de sua pele transparente e estudá-los."

Verme — Foto: BBC
Verme — Foto: BBC

Por que é tão ideal?

  • O verme nematoide C. elegans é muito mais simples do que os humanos — não tem, por exemplo, ossos, coração ou sistema circulatório — mas compartilha muitos genes e vias moleculares conosco;
  • Além disso, muitos dos sinais moleculares que controlam seu desenvolvimento também são encontrados em organismos mais complexos, como os humanos;
  • Muitos dos genes no genoma do C. elegans têm equivalentes funcionais em humanos, fazendo dele um modelo extremamente útil para explorar doenças humanas;
  • Formas de C. elegans nas quais genes específicos são alterados podem ser produzidas com muita facilidade para estudar de perto a função dos genes;
  • Essas mutações fornecem modelos para muitas doenças humanas, incluindo distúrbios neurológicos, doenças cardíacas congênitas e doenças renais;
  • Podem ser usados para testar milhares de drogas em potencial para doenças importantes.

"O verme é espetacular como organismo modelo por uma série de razões", diz à BBC Bob Waterston, professor de Ciências do Genoma da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

"Tem menos de 1 mil células na idade adulta e sabemos quais são todas essas células e o que fazem. É pequeno, então, é possível obter uma grande quantidade delas, e isso é importante para a genética, porque permite observar vários eventos raros. É difícil fazer a genética de um rinoceronte, como Sydney costumava dizer!", acrescenta Waterson, que ingressou no laboratório de Sydney Brenner em Cambridge, no Reino Unido, no início dos anos 1980 e é mais conhecido por seu trabalho no Projeto Genoma Humano.

Mas, como preparação para essa tarefa gigantesca, ele fez parte da pequena equipe que mapeou o genoma do C. elegans, o primeiro animal a ter seu genoma totalmente sequenciado.

Dúvidas infundadas

O bioquímico sul-africano Sydney Brenner (1927-2019) em uma foto de 1963, quando começou a fazer pesquisas com 'C. elegans' (cuja cultura está na placa de Petri). No canto superior esquerdo, um mapa de seus genes — Foto: SPL via BBC
O bioquímico sul-africano Sydney Brenner (1927-2019) em uma foto de 1963, quando começou a fazer pesquisas com 'C. elegans' (cuja cultura está na placa de Petri). No canto superior esquerdo, um mapa de seus genes — Foto: SPL via BBC

"Na época, havia muito ceticismo", ele lembra.

"Primeiro, se perguntavam se valia a pena sequenciar um genoma inteiro, ou se deveriam fazer algo mais barato... ou nem sequer fazer nada, simplesmente estudar genes individuais."

"O segundo problema era que ninguém sabia como fazer isso. O que fizemos foi realmente um experimento para ver se as tecnologias da época poderiam ser adaptadas, refinadas o suficiente para sequenciar um genoma do tamanho do C. elegans. Se pudéssemos fazer isso com algo do tamanho de um cromossomo humano médio, provavelmente seria possível estender para todo o genoma humano."

Isso, como sabemos agora, acabou se mostrando possível.

E, apesar das dúvidas iniciais sobre se a missão valia a pena ou não, ter o mapa completo do genoma do verme acabou sendo mais útil do que qualquer um esperava, como diz Gordon Lithgow.

"Acontece que o verme e os humanos são muito semelhantes em sua biologia básica."

"Quando o genoma do C. elegans foi sequenciado, descobrimos que algo como 2/3 dos genes envolvidos nas doenças humanas estavam no verme. Isso significava que era possível estudar essa biologia que é de vital importância para as doenças humanas nessa pequena criatura."

Mais vida

Seu ciclo de vida é de apenas duas semanas e, como são transparentes, podem ser facilmente examinados — assim, o comportamento de células individuais pode ser acompanhado ao longo de seu rápido desenvolvimento — Foto: SPL via BBC
Seu ciclo de vida é de apenas duas semanas e, como são transparentes, podem ser facilmente examinados — assim, o comportamento de células individuais pode ser acompanhado ao longo de seu rápido desenvolvimento — Foto: SPL via BBC

Em 1988, cientistas que trabalhavam com vermes mutantes nos Estados Unidos descobriram por acaso uma mutação em um único gene que aumentava a vida útil do C. elegans em até 65%.

Cinco anos depois, o verme ganhou as manchetes quando encontraram outra mutação de um único gene que podia prolongar sua vida em até dez vezes. Além disso, os vermes permaneceram saudáveis ​​até o fim.

"De certa forma, mudou a maneira como as pessoas pensam sobre o envelhecimento", diz Lithgow.

"Achávamos que a vida útil era como uma quantidade fixa, mas o que o verme nos mostrou foi que a vida útil é plástica, que realmente podia ser alterada em uma dimensão dez vezes maior... É incrível!"

"Resulta que a nível molecular, a nível celular, os processos que impulsionam a vida útil de 20 dias do C. elegans são muito semelhantes aos processos que acreditamos que impulsionem o envelhecimento em seres humanos. E o mais importante é que não se trata apenas de envelhecer; trata-se das doenças do envelhecimento", enfatiza o especialista.

"Acreditamos que os mecanismos que estamos estudando no verme são os impulsionadores, até mesmo as causas, de doenças como Alzheimer, câncer, osteoporose, osteoartrite, Parkinson, etc."

"Então: o verme mudou a forma como as pessoas pensavam sobre o envelhecimento e a expectativa de vida. E depois, devido à conexão com as doenças, o verme mudou a maneira como pensamos sobre as doenças crônicas humanas."

O presente da natureza

Ninguém ficou mais surpreso do que Sydney Brenner ao ver o quanto estava sendo revelado ao estudar o C. elegans.

"Foi muito surpreendente, porque na época era um campo completamente novo, e acho que decolou; agora é toda uma uma indústria", declarou, na época.

Vários prêmios Nobel foram provenientes do estudo do verme, incluindo o que Brenner recebeu.

"O título da minha palestra é 'o presente da natureza para a ciência' (...), e será sobre como a diversidade biológica pode ser — e tem sido — usada para o avanço da pesquisa científica. Gosto de pensar que o quarto vencedor do prêmio Nobel este ano é o Caenorhabditis elegans e acho que ele merece a maior parte da homenagem, embora é claro que ele não vai compartilhar a recompensa em dinheiro! (Risos)", afirmou Brenner em sua palestra no Nobel em 2002.

Esse pequeno "presente da natureza para a ciência" provou ser inestimável... e o que rendeu a Sydney Brenner e dois colegas o Prêmio Nobel foi a descoberta do programa de suicídio celular.

O suicídio celular é o processo que esculpe nossos corpos no útero, removendo a teia de pele entre os dedos das mãos e dos pés, esvaziando os tubos, moldando nossos órgãos e construindo nosso cérebro.

"No verme, as células se dividem e produzem mais células", explica Bob Waterston.

"Mas, às vezes, você não precisa de uma das células-filhas que são fabricadas. E, surpreendentemente, a biologia inventou um sistema basicamente para o suicídio celular. A célula é programada para decidir que não é necessária e ativa esse programa que a mata."

"Isso se mostrou ser muito importante em toda a biologia. No câncer, é incrivelmente importante: se você não tiver controle adequado da morte celular, se não tiver esse programa de suicídio ativado, isso pode levar a certos tipos de câncer."

Da terra ao céu

E não para por aí: o pequeno verme tem sido usado para testar os limites da biologia em ambientes mais extremos.

"C. elegans esteve no espaço", diz Lithgow entusiasmado.

"Foi parte de um dos experimentos biológicos inicialmente realizados em um ônibus espacial. E mais: foi possivelmente o primeiro organismo terrestre a se reproduzir no espaço. São hermafroditas, então se autofecundam, e esses vermes enviados ao espaço foram capazes de se reproduzir, o que foi muito emocionante."

Em 1º de fevereiro de 2003, a espaçonave se desintegrou sobre os estados do Texas e Louisiana ao reentrar na atmosfera da Terra — todos os 7 membros da tripulação morreram — Foto: Getty Images via BBC
Em 1º de fevereiro de 2003, a espaçonave se desintegrou sobre os estados do Texas e Louisiana ao reentrar na atmosfera da Terra — todos os 7 membros da tripulação morreram — Foto: Getty Images via BBC

Mas também foram parte de uma tragédia.

Em 2003, para o horror daqueles que controlavam a missão e de milhões de pessoas que ligaram suas televisões para assistir ao retorno do ônibus espacial, o Columbia se desintegrou ao entrar na atmosfera da Terra.

"Algum tempo depois do desastre, os vermes foram recuperados no recipiente em que o experimento estava sendo realizado e estavam vivos!"

"É incrível que eles estivessem ali, eles passaram por isso e voltaram à Terra", conta Lithgow.

Estes são os C. elegans que estavam a bordo do ônibus espacial e que, apesar de tudo, sobreviveram — Foto: Getty Images via BBC
Estes são os C. elegans que estavam a bordo do ônibus espacial e que, apesar de tudo, sobreviveram — Foto: Getty Images via BBC

"O C. elegans deu uma contribuição após a outra ao nosso conhecimento", diz Waterston.

E tudo parece indicar que continuará contribuindo.

Hoje, também são usados ​​para testar todos os tipos de drogas, incluindo aquelas que os cientistas esperam que possam retardar e melhorar os processos de envelhecimento.

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