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segunda-feira, 4 de abril de 2022

IPCC alerta que é possível reduzir emissões em todos os setores e expõe desigualdade: 10% das casas liberam até 45% do carbono

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Nova edição de relatório foi publicada nesta segunda-feira (4). Ao menos 18 países do planeta já estão no rumo da descarbonização.
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Por Carolina Dantas, g1

Postado em 04 de abril de 2022 às 14h00m

Post.- N.\ 10.278

Ativistas climáticos participam de uma manifestação do lado de fora do local da Cúpula do Clima COP26 da ONU em Glasgow, em 12 de novembro de 2021 — Foto: AP/Scott Heppell, Arquivo
Ativistas climáticos participam de uma manifestação do lado de fora do local da Cúpula do Clima COP26 da ONU em Glasgow, em 12 de novembro de 2021 — Foto: AP/Scott Heppell, Arquivo

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) publicou nesta segunda-feira (4) uma nova edição de seu relatório. De acordo com os mais de 270 autores, de 65 países, é possível reduzir as emissões de gases em todos os setores da economia. O documento também apresenta um dado da desigualdade ligada ao problema: 10% das casas correspondem a até 45% do carbono liberado no planeta.

"Globalmente, 10% dos domicílios mais emissores do planeta contribuem de 34% a 45% das emissões dos gases do efeito estufa domésticos", aponta o IPCC.

"Já metade dos que menos emitem no planeta gastam menos de US$ 3 per capita por dia. Já os 10% que mais emitem gastam mais de US$ 23 per capita por dia", complementa.

Esta é a terceira e última edição do 6º Relatório de Avaliação do IPCC. A primeira delas foi publicada em agosto de 2021 e apontou que parte das ações diretas do homem em relação ao planeta têm consequências irreversíveis. Já a segunda parte, de março de 2022, foi voltada para os impactos da crise do clima, os possíveis caminhos de adaptação e as vulnerabilidades globais.

Enquanto o painel chama atenção para o fato de a humanidade já ter consumido 80% do carbono que podia para ter a chance de barrar o aumento da temperatura, ele apresenta soluções e defende que todos os setores da economia são capazes de reduzir as emissões que causam o aquecimento global até 2030.

"Emissões líquidas cumulativas históricas de CO2 entre 1850 e 2019 equivalem a 80% do carbono total disponível para ter uma chance de 50% de limitar o aquecimento do planeta em 1,5ºC", disse o IPCC.

Ao menos 18 países do mundo já estão implementando medidas efetivas para a descarbonização nos últimos 10 anos. Os pesquisadores afirmam que "limitar o aquecimento global exigirá grandes transições no setor de energia", com uma redução nos combustíveis fósseis, um nível mais alto de eficiência energética e a implementação de alternativas para a geração de energia limpa.

"Ter a política, a infraestrutura e a tecnologia certas para permitir mudanças no nosso estilo de vida e comportamento podem resultar em até 70% de redução nas emissões de gases de efeito estufa até 2050", disse Priyadarshi Shukla, presidente do grupo de trabalho da terceira edição do relatório.

Na última conferência do clima da ONU, a COP26, o documento final assinado pelos mais de 200 países-membros contemplou pela primeira vez a redução gradativa dos subsídios aos combustíveis fósseis e do uso do carvão. Por outro lado, países já afetados pelas mudanças climáticas, como Ilhas Marshall, Tuvalu e África do Sul, ainda defendem o financiamento de países ricos pelos problemas causados — medida que não saiu do papel.

Além disso, o relatório desta segunda-feira faz uma defesa às novas "oportunidades" para as cidades e áreas urbanas. Segundo o documento, os grandes e médios centros podem ter um menor consumo de energia com a criação de cidades mais compactas e caminháveis, uso de eletricidade para o transporte e novas fontes de geração de energia.

"As áreas urbanas podem criar oportunidades para aumentar a eficiência no uso de recursos e reduzir significativamente as emissões . Isso pode ocorrer por meio da transição sistêmica da infraestrutura e da urbanização que leve a um desenvolvimento de baixas emissões, em direção a emissões líquidas zero", disse Mercedes Bustamante, cientista e professora da Universidade de Brasília, uma das autoras da nova edição do IPCC.

"Esforços ambiciosos de mitigação, tanto para cidades já estabelecidas, como para aquelas em rápido crescimento e emergentes, abrangerão redução ou mudança no consumo de energia e materiais, eletrificação, e aumento na absorção e armazenamento de carbono no ambiente urbano", disse.

A pesquisadora afirma, ainda, que é importante considerar "as emissões fora das fronteiras administrativas das cidades", por meio das cadeias de fornecimento. Segundo ela, tais medidas terão efeitos benéficos em cascata em outros setores da economia.

Metas do Brasil

Na COP26, o governo brasileiro assumiu o compromisso de zerar o desmatamento ilegal em 2028, reduzindo progressivamente a prática: 15% ao ano até 2024; 40% ao ano em 2025 e em 2026; 50% em 2027; até finalmente, em 2028, desmatamento ilegal zero.

Apesar desse comprometimento, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o desmatamento na Amazônia em 2021 foi o pior em dez anos.

Já de acordo com números mais recentes, compilados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), os alertas de desmatamento na Amazônia Legal em janeiro e fevereiro foram os maiores já registrados para esses dois meses desde o começo desse monitoramento pelo instituto, em 2016.

Em entrevista ao g1 durante visita a São Paulo, o presidente da COP 26, Alok Sharma, cobrou que os compromissos assumidos pelo país sejam cumpridos.

Se você quer ter investimento privado, se você quer garantir o progresso, aqueles compromissos que foram feitos definitivamente precisam ser cumpridos, destacou.

Presidente da COP26, Alok Sharma, discursa em evento em São Paulo nesta segunda-feira (28). — Foto: Embaixada Britânica/Divulgação
Presidente da COP26, Alok Sharma, discursa em evento em São Paulo nesta segunda-feira (28). — Foto: Embaixada Britânica/Divulgação 

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