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terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Como é o chip cerebral implantado pela empresa de Elon Musk em uma pessoa

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Primeira experiência do tipo pela Neuralink começou a ser realizada no último domingo (28). Segundo a empresa, o implante Telepatia vai processar ondas cerebrais para pacientes sem mobilidade controlarem celulares, computadores, etc, com o pensamento.
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Por Murillo Otavio, Paula Salati, g1

Postado em 30 de janeiro de 2024 às 17h45m

#.*Post. - N.\ 11.098*.#

Chip (ou Interface Cérebro Computador) da Neuralink. — Foto: Divulgação/Neuralink
Chip (ou Interface Cérebro Computador) da Neuralink. — Foto: Divulgação/Neuralink

A empresa Neuralink, do bilionário Elon Musk, realizou no domingo (28) o seu primeiro implante de chip em um cérebro humano. O objetivo é fazer com que, no futuro, pessoas com limitações motoras possam controlar dispositivos eletrônicos, como computadores e celulares, apenas com o pensamento.

🧠Mas como isso é possível? Segundo a empresa, o chip, chamado de Telepathy ("Telepatia"), processa ondas cerebrais que são decodificadas por um aplicativo da Neuralink que, por sua vez, conseguiria comandar aparelhos eletrônicos de acordo com os desejos dos pacientes.

A Neuralink não divulgou em qual parte do cérebro do paciente o Telepathy foi implantado. Especialistas consultados pelo g1 sugerem que ele pode ter sido inserido no cerebelo, que é a parte responsável pela coordenação motora (saiba mais abaixo).

Veja como funciona o chip cerebral da Neuralink — Foto: Luisa Rivas/Arte g1
Veja como funciona o chip cerebral da Neuralink — Foto: Luisa Rivas/Arte g1

➡️Quando foi feito o implante? No domingo (28), mas o anúncio aconteceu na noite de segunda-feira (29). O próprio Elon Musk fez a divulgação, em sua rede social X (antigo Twitter).

➡️Qual o objetivo? O primeiro estudo clínico com pacientes humanos deve durar seis anos. Inicialmente, a Neuralink quer avaliar a segurança do implante e do robô que fez o procedimento cirúrgico. Em alguma etapa futura, a ideia é que o implante seja usado, então, para controlar dispositivos como computadores e celulares.

Musk já disse que esses dispositivos também poderiam ajudar no tratamento de doenças, como a obesidade, e de transtornos mentais.

O bilionário também tem a ambição de, mais à frente, usar o chip para alcançar a telepatia. Ele diz que isso ajudaria a humanidade a prevalecer em uma suposta guerra contra a inteligência artificial, mas especialistas adiantam que a prática não é viável.

"Você poderá salvar e reprisar memórias...O futuro vai ser estranho", disse Musk, em 2020.

➡️Quem é o paciente? Essa informação também não foi divulgada, mas, de acordo com Musk, a pessoa está se recuperando bem. Resultados iniciais mostram uma detecção promissora de atividade dos neurônios, postou o bilionário, sem dar mais detalhes.

➡️Quem mais vai testar o chip? Quando a empresa abriu inscrições para voluntários, o recrutamento era voltado para pessoas com tetraplegia decorrente de lesão da medula espinhal cervical ou esclerose lateral amiotrófica (ELA).

"Os primeiros usuários serão aqueles que perderam o uso dos membros. Imagine se Stephen Hawking pudesse se comunicar mais rápido do que um digitador rápido ou um leiloeiro", disse Musk, no X.

➡️Implante cerebral é autorizado? Sim. Os estudos com implantes cerebrais em humanos pela Neuralink foram liberados pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla inglês) em maio de 2023. Quatro meses depois, a empresa abriu inscrições para voluntários.

➡️É algo inédito? Não, outras empresas já implantaram chips semelhantes, com o objetivo de ajudar pacientes com síndromes graves a se comunicar através das ondas cerebrais.

O nicho em que a Neuralink compete é chamado de BCI, sigla para "Brain computer interface" (interface em cérebro e computador).

A Neuralink já tinha implementado um tipo semelhante de seu chip em animais. Um macaco conseguiu jogar games com o cérebro. Clique aqui para assistir o vídeo.

Onde o chip pode ter sido implantado?

Apesar de a Neuralink não ter divulgado essa informação, é possível deduzir que o Telepathy tenha sido inserido no cerebelo, justamente por ser uma região do cérebro responsável pela coordenação motora.

É o que afirma Fernanda Matias, professora de biotecnologia da Universidade de São Paulo (USP), que não teve contato com o estudo da Neuralink. Ela reitera que é uma suposição, levando em consideração aspectos técnicos.

Mas como ocorre a comunicação?

Luli Radfahrer, professor e diretor do laboratório de pesquisa acadêmica Interfaces Digitais, Experiências e Inteligências Artificiais (IDEIA), explica que o cérebro é um órgão que trabalha com impulsos elétricos.

Numa pessoa que tem mobilidade, o cérebro recebe, constantemente, informações sensoriais sobre a posição e o estado dos músculos, articulações e outros aspectos do corpo.

Para fazer algum movimento físico, o cérebro envia impulsos elétricos para os membros. Eles os recebem e os transformam em informações sensoriais, executando algum movimento. Segundo Radfahrer, a troca de impulsos elétricos e informações sensoriais é constante.

Mesmo em pessoas que perdem algum movimento físico (e cujos membros pararam de mandar informações para o cérebro), os impulsos elétricos podem continuar, em alguns casos.

o chip, implementado numa pessoa com alguma paralisia física, "" as ondas cerebrais.

Isso aconteceria por meio de eletrodos que penetram o cérebro ou se posicionam na superfície dele, para promover a comunicação direta com computadores (a tal BCI, interface cérebro-computador).

No caso do implante da Neuralink, mais de mil eletrodos estão nos fios que fazem parte do implante. De tão finos, eles não podem ser colocados no cérebro mãos humanas: esta parte da cirurgia fica a cargo de um robô, que usa uma agulha com espessura inferior a de um fio de cabelo.

Na prática, a ideia é que o implante transforme pensamentos em comandos para o celular, o computador, etc, por meio desse aplicativo/interface.

Especialistas apontam que implementar aparelhos eletrônicos para ajudar humanos não é algo novo. Um grupo pequeno de empresas já conseguiu fazer isso com sucesso.

O que é a Neuralink?

A Neuralink é uma empresa de dispositivos para uso na medicina fundada em 2016, nos Estados Unidos, por Elon Musk e um grupo de cientistas e engenheiros.

A companhia tentou autorização para testar seu chip em humanos em 2022, mas o pedido foi rejeitado por questões de segurança.

Segundo reportagem da agência Reuters, fontes internas disseram que a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla inglês) citou preocupação com o fato de que a bateria do implante é de lítio, além do risco de que os fios dos implante, finíssimos, pudessem migrar para outras partes do cérebro, e questionou como e se o dispositivo poderia ser retirado sem causar danos ao tecido cerebral.

Em maio de 2023, o FDA decidiu liberar os testes da Neuralink em pessoas.

Antes, porém, o dispositivo foi testado em animais. Em 2019, Musk afirmou que a Neuralink conseguiu usar o chip para conectar o cérebro de um porco a um computador e acompanhar a atividade cerebral do animal durante dois meses.

Em um experimento de 2021, a empresa divulgou um vídeo em que um macaco joga videogame usando a mente. O animal recebeu o implante seis semanas antes da gravação, onde apareceu controlando o jogo "Pongo" mesmo com o controle desligado.

Empresa de Elon Musk mostra vídeo de macaco jogando videogame com a mente

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Criação de empregos formais desacelera pelo segundo ano seguido e soma 1,48 milhão em 2023

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Números do Caged foram divulgados pelo Ministério do Trabalho, nesta terça-feira (30). Na comparação com 2022, houve queda de 26,3% na criação de postos de trabalho com carteira assinada.
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Por Alexandro Martello, Lais Carregosa, g1 — Brasília

Postado em 30 de janeiro de 2024 às 14h45m

#.*Post. - N.\ 11.097*.#

A economia brasileira gerou 1,48 milhão de empregos com carteira assinada em 2023, informou nesta terça-feira (30) o Ministério do Trabalho.

Ao todo, segundo o governo federal, no ano passado foram registradas:

  • 23,257 milhões de contratações;
  • 21,774 milhões de demissões.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os números representam uma queda de 26,3% em relação ao ano de 2022, quando foram gerados 2,01 milhões de postos de trabalho.

Criação de empregos formais
-191.943-191.9432.780.1552.780.1552.013.2612.013.2611.483.5981.483.5982020202120222023-500k0500k1.000k1.500k2.000k2.500k3.000k
Fonte: Ministério do Trabalho

Segundo o ministro, a meta não se concretizou por um saldo menor que o esperado nos meses de setembro, outubro e novembro.

"Relutei muito ano passado em projetar quanto que seria o número de empregos e, do jeito que vinha, os juros e tal, temia que que a gente não chegasse no patamar que chegamos. Acabamos falando na ordem de 2 milhões um pouco para mostrar: 'vamos vender boas notícias para estimular o conjunto da população, o empresariado enfim'", declarou.

O ministro, contudo, disse considerar o resultado de 2023 como "razoável". De acordo com Marinho, o nível da taxa básica de juros na economia, a taxa Selic, e o endividamento são fatores que afetaram a criação de empregos no ano.

A comparação dos números com anos anteriores a 2020, segundo analistas, não é mais adequada porque o governo mudou a metodologia.

Os números oficiais mostram que, somente em dezembro do ano passado, as demissões superaram as contratações em 430.159 vagas formais.

Normalmente, há demissões no último mês de cada ano por causa da sazonalidade do comércio. O governo também tem observado demissões no setor público, principalmente nas áreas de educação e saúde, com o encerramento de contratos temporários.

  • Ao final de 2023, ainda conforme os dados oficiais, o Brasil tinha saldo de 43,92 milhões de empregos com carteira assinada.
  • O resultado representa alta na comparação com dezembro do ano anterior (42,44 milhões).
Empregos por setor

Os números do Caged de 2023 mostram que foram criados empregos formais nos cinco setores da economia.

Empregos por setor
Abertura de vagas em em 2023
Total

886.223886.223127.145127.145158.940158.940276.528276.52834.76234.762ServiçosIndústriaConstruçãoComércioAgropecuária0200k400k600k800k1.000k
Fonte: Ministério do Trabalho

Regiões do país

Os dados também revelam que foram abertas vagas em todas regiões do país no ano passado.

Empregos por região
Vagas criadas em 2023
Em milhares

726.327726.327298.188298.188197.659197.659155.956155.956106.375106.375SudesteNordesteSulCentro-OesteNorte0200k400k600k800k
Fonte: Ministério do Trabalho

Salário médio de admissão

O governo também informou que o salário médio de admissão foi de R$ 2.026,33 em dezembro do ano passado, o que representa redução em relação a novembro (R$ 2.032,85).

Na comparação com dezembro de 2022, também houve aumento no salário médio de admissão. Naquele mês, o valor foi de R$ 1.986,15.

Caged x Pnad

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados consideram os trabalhadores com carteira assinada, e não incluem os informais.

Com isso, os resultados não são comparáveis com os números do desemprego divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), coletados por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (Pnad).

Os números do Caged são coletados das empresas e abarcam o setor privado com carteira assinada, enquanto os dados da Pnad são obtidos por meio de pesquisa domiciliar e abrangem também o setor informal da economia.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada no fim do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil foi de 7,5% no trimestre móvel terminado em novembro. Foi a menor desde fevereiro de 2015.

Desemprego cai para 7,5% no trimestre encerrado em novembro

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O primeiro computador Mac faz 40 anos – e continua em uso

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Em 24 de janeiro de 1984, o computador pessoal Apple Macintosh 12
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TOPO
Por Chris Baraniuk

Postado em 30 de janeiro de 2024 às 06h00m

#.*Post. - N.\ 11.096*.#

O lançamento do Macintosh 128K acaba de completar 40 anos — Foto: Alamy via BBC
O lançamento do Macintosh 128K acaba de completar 40 anos — Foto: Alamy via BBC

David Blatner preserva até hoje praticamente todos os computadores Macintosh que já comprou. Mas um deles merece destaque: o primeiro.

Ele se lembra da forma da disposição da tela; do volumoso manual; e dos tutoriais em fitas cassete, ensinando como usar a máquina. Era tudo o que ele achava que um computador devia ser.

Ele já havia observado versões anteriores de computadores pessoais quando era criança.

Blatner costumava ir de bicicleta até o Centro de Pesquisa da Xerox em Palo Alto, na Califórnia (Estados Unidos), onde seu padrasto trabalhava nos anos 1970. Ali, ele conseguiu operar os primeiros computadores pessoais, como o Alto, que tinha uma interface gráfica e um mouse.

"Um computador que funcionaria para uma única pessoa — a própria ideia era extraordinária", lembra Blatner.

Hoje, ele é presidente do portal CreativePro Network, dedicado a profissionais da área de criação.

Mas Blatner precisou esperar ainda mais uma década até conseguir seu próprio computador, com a chegada do Macintosh da Apple.

No dia 24 de janeiro de 1984, um homem chamado Steve Jobs (1955-2011) subiu em um palco e retirou uma caixa bege de uma maleta de transporte. Ele introduziu um disco flexível na caixa e ficou esperando.

Ao som da música-tema de Carruagens de Fogo, a palavra Macintosh varreu a minúscula tela daquele computador e surgiu uma série de imagens monocromáticas. A plateia formada por acionistas da Apple ficou encantada e enlouquecida.

Pelos padrões da tecnologia atual, a tela minúscula, o formato de caixa e os elementos gráficos rudimentares do Macintosh original parecem ridículos.

Aquele aparelho não foi nem mesmo o primeiro computador pessoal. Mas, sem dúvida, foi o primeiro a mudar o mundo.

O pomposo lançamento feito por Steve Jobs no Centro Flint em Cupertino, na Califórnia, passou a servir de modelo para suas muitas apresentações posteriores de aparelhos da Apple, incluindo o iMac e o iPhone.

Hoje, o Mac 128K — assim chamado porque vinha com 128 KB de RAM (na sigla em inglês, memória de acesso aleatório) — é uma peça de museu. A Apple deixou de produzir o aparelho em outubro de 1985 e suspendeu sua assistência de software em 1998.

Mas um punhado de obstinados admiradores ainda usa seus computadores Mac 128K até hoje, apesar das frustrações. Afinal, essas máquinas são extremamente limitadas devido à sua pouca capacidade de memória.

Steve Jobs queria que o Macintosh fosse um computador pessoal acessível, usado por qualquer pessoa — Foto: Getty Images via BBC
Steve Jobs queria que o Macintosh fosse um computador pessoal acessível, usado por qualquer pessoa — Foto: Getty Images via BBC

Criativo e duradouro

Mesmo com sua memória diminuta, gráficos rudimentares, ausência de modem e sem possibilidade de conexão à internet, existe uma comunidade de ávidos fãs que se divertem operando esse equipamento aparentemente antiquado.

O historiador da computação David Greelish, da Flórida (EUA), lançou em janeiro um documentário sobre o predecessor do 128K, o Apple Lisa.

Ele destaca a criatividade da placa-mãe original do 128K.

"Ela tem tudo: ROM, RAM, processador e todas as entradas e saídas", conta.

"Tudo está ali em uma pequena e bela placa quadrada integrada. Para 1984, era incrível."

E, para os colecionadores, ele é uma parte da história da computação, com as assinaturas da equipe que o construiu inscritas na parte de trás do gabinete de plástico, no lado interno.

Mas alguns donos de Mac 128K usam suas valiosas máquinas para jogar games curiosos, como Frogger ou Lode Runner — tudo em preto e branco. O Macintosh II, primeiro Macintosh com tela colorida, só foi lançado em 1987.

O Centro da História da Computação de Cambridge, no Reino Unido, é uma das muitas coleções que apresentam um 128K funcionando.

"Ele tem 40 anos de idade e ainda funciona", conta a diretora do centro, Lisa McGerty.

Ela se lembra do lançamento dos computadores Macintosh como um desenvolvimento "de massa" para pessoas do setor editorial e gráfico. A impressora gráfica da Apple, ImageWriter, foi lançada pouco antes do 128K.

Adrian Page-Mitchell, colega de McGerty e responsável pelas coleções, afirma que nem sempre é fácil manter esses antigos Macintoshes funcionando.

Ele conta que um outro 128K que ficou em exibição por muito tempo no Centro da História da Computação acabou quebrando e "não pôde ser consertado".

Às vezes, os Macs demonstram sua idade de formas estranhas.

O YouTuber e colecionador de computadores Steven Matarazzo conta que um dos capacitores da máquina, às vezes, pode se degradar com o tempo. Com isso, a tela do 128K não irá funcionar corretamente — ela irá parecer levemente comprimida.

Em 2023, ele postou um vídeo no YouTube sobre um aparente protótipo do 128K. Ele não estava funcionando e seu dono pediu a Matarazzo que desse uma olhada no aparelho. Em pouco tempo, Matarazzo fez o computador voltar a funcionar.

Ele estudou detalhadamente cada centímetro daquele Mac. E ficou entusiasmado com as minúsculas diferenças entre aquele aparelho e a versão que chegou ao mercado.

Havia no protótipo, por exemplo, pequenos logos da Apple impressos sobre os pés de borracha, que não estavam presentes no design final. Essas descobertas são um pouco como uma arqueologia dos aparelhos eletrônicos.

"Você tenta juntar as peças: qual era o processo aqui, qual a idade disso, qual a idade daquilo", explica ele. "É isso que, especialmente para mim, é realmente interessante."

O Apple II e o Apple Lisa, lançados antes do 128K, também pretendiam ser aparelhos intuitivos com alta capacidade. Mas cada um deles tinha suas próprias falhas ou limitações.

O Apple II, por exemplo, não tinha uma interface gráfica de usuário ou mouse. Já o Lisa era muito mais caro que o 128K.

Na época do lançamento do 128K, Blatner estava no final do ensino médio. Ele procurava um computador para levar para a faculdade que tivesse a mesma capacidade das máquinas que ele havia visto na Xerox anos antes.

Seus pais o levaram às compras e eles logo encontraram um 128K à venda em uma loja no centro de Palo Alto.

"Ele tinha menus, tinha pastas, tinha uma interface gráfica de usuário, tinha um mouse", relembra ele. "Era tudo o que eu achava que um computador deveria ser."

Blatner ainda guarda a nota fiscal da compra. Seus pais pagaram pelo aparelho, em 1984, US$ 2.495.

Na faculdade, Blatner logo estaria mostrando o aparelho para seus colegas. Eles costumavam formar filas atrás dele no dormitório, aguardando uma chance de usar o computador.

"Tenho um arquivo com todas aquelas coisas malucas que imprimíamos na faculdade", ele conta. "As pessoas simplesmente adoravam."

Não foi por coincidência que aquela tecnologia refletiu as experiências anteriores de Blatner com computadores na Xerox.

Jef Raskin, que começou o projeto do Macintosh — e deu ao computador o nome da sua variedade preferida de maçã —, também havia observado a mesma tecnologia da Xerox, que serviu de inspiração.

Mais do que isso: em dezembro de 1979, Jobs e um grupo de engenheiros da Apple visitaram diversas vezes a Xerox. Eles conseguiram ideias que, mais tarde, seriam usadas no Lisa e no Macintosh.

Em troca dessas importantes demonstrações, a Xerox recebeu uma grande quantidade de ações da Apple, que foram rapidamente vendidas. A empresa perdeu a possibilidade de ganhar bilhões de dólares se tivesse mantido as ações em seu poder.

Como se sabe, Jobs acabou assumindo o projeto do Macintosh iniciado por Raskin, depois de ser excluído da equipe do Lisa. Naquela época, ele já havia desenvolvido a visão do computador pessoal acessível e decidiu que o Macintosh o ajudaria a tornar esse aparelho uma realidade.

Um dos pontos que diferenciava o Macintosh era sua apresentação. Ele não era apenas um computador pessoal — ele tinha personalidade.

A designer gráfica Susan Kare criou ícones que pareciam sair de desenhos animados e que praticamente qualquer pessoa conseguiria compreender. Ela também colaborou com a coleção de fontes digitais do Macintosh.

O Macintosh 128K ocupa até hoje um lugar especial no coração dos primeiros funcionários da Apple que trabalharam na época do seu desenvolvimento — Foto: Getty Images via BBC
O Macintosh 128K ocupa até hoje um lugar especial no coração dos primeiros funcionários da Apple que trabalharam na época do seu desenvolvimento — Foto: Getty Images via BBC

Mas grande parte do impacto causado pelo Mac foi alimentado pelo marketing e pela propaganda.

O cineasta e historiador Jason Scott trabalha no Internet Archive, uma plataforma de arquivo digital sem fins lucrativos. Ele se lembra de ter visto o anúncio original do Mac 128K na televisão quando era adolescente.

A estranha propaganda foi dirigida por Ridley Scott e ilustrava um futuro distópico inspirado pelo romance de George Orwell, 1984.

O que nos salvaria daquele futuro sombrio? O Mac 128K, é claro!

"Aquele comercial começou a passar e parecia algo totalmente vindo de Marte", relembra Scott. "Alguma coisa estava acontecendo, mas eu não entendia muito bem o quê."

Não muito tempo depois, Scott testou um Macintosh pela primeira vez e ficou maravilhado. Era, segundo ele, como observar outro mundo por um telescópio.

Ainda assim, o Mac não foi o sucesso de vendas que alguns esperavam.

"Ele não foi vendido para pessoas de negócios, como Steve acreditava que seria", relembra Andy Cunningham, que trabalhou na campanha de marketing do aparelho.

"Foi por isso, em última instância, que Steve acabou sendo despedido da Apple."

Jobs saiu da empresa em 1985, mas retornou no final dos anos 1990.

Foi apenas em 1988 que o total de vendas dos aparelhos Macintosh, incluindo diversas de suas versões posteriores, superou o do Apple II, lançado em 1977.

Macintosh SE usado entre 1988 e 1994 por Steve Jobs, cofundador da Apple — Foto: Reprodução
Macintosh SE usado entre 1988 e 1994 por Steve Jobs, cofundador da Apple — Foto: Reprodução

Mas os Macs realmente chamaram a atenção de muitas pessoas, especialmente jovens e profissionais de áreas criativas.

Cunningham e sua colega Jane Anderson ajudaram a impulsionar a publicidade do Macintosh original. Eles ofereceram seis horas com pessoas da Apple, incluindo Jobs, a jornalistas individualmente — e fizeram diversas demonstrações do aparelho para ter certeza de que eles compreenderiam o objeto das suas reportagens.

"Observei todos eles brincando com o computador e seus olhos simplesmente brilhavam", relembra Cunningham.

Seria errado afirmar que o Mac 128K era um computador perfeito. Na verdade, ele tinha sérias limitações e seu sucesso comercial inicialmente foi limitado. Mas ele deixou uma marca indelével.

A ascensão do computador pessoal, sem dúvida, foi um divisor de águas. Os computadores com gabinetes ridiculamente grandes, que você só conseguia conectar com um terminal desajeitado, agora parecem irremediavelmente antiquados.

Hoje em dia, temos máquinas portáteis, divertidas e acessíveis, que quase qualquer pessoa consegue usar.

Mas o engraçado é que a era dos computadores individuais iniciada pelo Macintosh original, de certa forma, está chegando ao fim.

No século 21, estamos ficando cada vez mais dependentes de fazendas de servidores, processamento em nuvem, grandes volumes de dados e sistemas em rede. Os computadores de outras pessoas são cada vez mais indispensáveis para podermos operar o nosso próprio equipamento.

"Estamos agora do outro lado", reflete Blatner. "Nós realmente precisamos desse período de 40 anos para capacitar e empoderar as pessoas."

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