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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Trump x Biden: as disputas e polêmicas de outras eleições presidenciais nos EUA

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TOPO
Por BBC  
05/11/2020 12h53 Atualizado há 41 minutos
Postado em 05 de novembro de 2020 às 13h45m


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Em 1960, Richard Nixon perdeu a eleição para o senador democrata John F. Kennedy — Foto: Getty Images/BBC
Em 1960, Richard Nixon perdeu a eleição para o senador democrata John F. Kennedy — Foto: Getty Images/BBC

Independentemente do resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos, parece provável que o pleito entre democratas e republicanos acabe no tribunal.

Ao se declarar vencedor em um discurso durante a madrugada, ainda sem o resultado oficial das urnas, o presidente Donald Trump disse que vai contestar os resultados das eleições. Também afirmou que está convencido de que a Suprema Corte americana tomará a decisão final. Enquanto isso, o candidato presidencial democrata, Joe Biden, tem uma equipe de advogados preparada para travar uma possível batalha judicial.

As mudanças sem precedentes nos procedimentos de votação devido à pandemia do coronavírus criaram oportunidades para os candidatos suspeitarem de fraudes. Os republicanos argumentaram que estender os prazos para recebimento e contagem das cédulas levará a uma confusão e fraude, enquanto os democratas acreditam que os republicanos estão trabalhando ativamente para privar os eleitores do direito de votar.

Se algum dos candidatos se recusar a aceitar os resultados, não será a primeira vez que confusão e alegações de fraude dominam os dias e semanas subsequentes às eleições dos Estados Unidos.

Os pleitos de 1876, 1888, 1960 e 2000 estão entre os mais disputadas da história do país. Em cada caso, o candidato e o partido perdedores reagiram aos resultados de maneira diferente.

1876: um acordo que teve um preço

Em 1876, onze anos após o fim da Guerra Civil americana, todos os Estados confederados foram readmitidos na União e a reconstrução do país estava em pleno andamento. Os republicanos tinham mais apoio nas áreas sindicalizadas do norte e nas regiões afro-americanas do sul, enquanto a força democrata se concentrava nos Estados brancos do sul e nas áreas do norte que não apoiaram a guerra civil.

Naquele ano, os republicanos escolheram como candidato à presidência o então governador de Ohio, Rutherford B. Hayes, e os democratas nomearam o governador de Nova York, Samuel Tilden, como seu candidato presidencial.

Mas no dia da eleição houve episódios generalizados de intimidação contra eleitores republicanos afro-americanos no sul. Três Estados do sul, Flórida, Louisiana e Carolina do Sul, tinham conselhos eleitorais dominados pelos republicanos. Nesses três Estados, alguns resultados iniciais pareciam indicar vitórias do candidato democrata Tilden.

Porém, por causa de acusações generalizadas de intimidação e fraude, as juntas eleitorais invalidaram votos suficientes para dar os Estados — e seus votos — a Hayes. Com votos de todos os três Estados, Hayes conquistaria a maioria do Colégio Eleitoral.

Rutherford B. Hayes venceu as eleições depois de uma disputa mediada pelo Congresso — Foto: Getty Images/BBC
Rutherford B. Hayes venceu as eleições depois de uma disputa mediada pelo Congresso — Foto: Getty Images/BBC

Assim, em janeiro de 1877, o Congresso recebeu duas contagens diferentes, com resultados opostos, de modo que a Câmara votou pela criação de uma comissão bipartidária: 15 membros do Congresso e magistrados do Supremo Tribunal Federal determinariam como atribuir os votos eleitorais dos três Estados em disputa. Sete comissários seriam republicanos, sete democratas e haveria um juiz independente, David Davis, de Illinois.

Davis, que havia sido escolhido pelos democratas de Illinois para servir no Senado (na época, os senadores ainda não eram eleitos diretamente pelos eleitores), renunciou à comissão. Ele foi substituído pelo juiz republicano Joseph Bradley, que se juntou a uma maioria republicana de 8-7 que concedeu todos os votos disputados a Hayes.

Os democratas optaram por não lutar contra esse resultado final por causa do "Compromisso de 1877". Esse acordo permitia que, em troca da entrega da Casa Branca a Hayes, fosse finalizada a reconstrução e a ocupação militar do Sul.

O resultado final foi um único mandato presidencial de Hayes, considerado ineficaz, enquanto qualquer possibilidade de influência política afro-americana no Sul foi destruída. No século seguinte, os Estados do Sul, livres da supervisão do Norte, promulgariam leis que discriminavam os negros e restringiam sua capacidade de votar.

1888: Suborno cinco por cinco

Em 1888, o presidente democrata Grover Cleveland, de Nova York, concorreu à reeleição contra o ex-senador de Indiana Benjamin Harrison.

Naquela época, os boletins de voto eram impressos na maioria dos Estados, distribuídos por partidos políticos, e a votação era pública. Certos eleitores (chamados de "flutuantes") eram conhecidos por vender seus votos a quem desse o lance mais alto.

O candidato republicano, Benjamin Harrison, indicou um advogado de Indiana, William Wade Dudley, para ser tesoureiro do Comitê Nacional Republicano. Pouco antes da eleição, Dudley enviou uma carta aos líderes republicanos locais em Indiana com os fundos prometidos e instruções sobre como dividir os eleitores receptivos em "blocos de cinco" para receber subornos em troca de votar em Harrison. As instruções descreviam como cada ativista republicano seria responsável por cinco desses "flutuadores".

Os democratas obtiveram uma cópia da carta e a divulgaram amplamente nos dias que antecederam a eleição. Harrison acabou vencendo Indiana por cerca de 2 mil votos. Ele teria vencido a eleição mesmo se tivesse perdido no Estado, pois já havia conquistado maioria no Colégio Eleitoral.

Na verdade, o candidato democrata Cleveland ganhou no voto popular em todo o país por quase 100 mil votos a mais. Mas ele perdeu seu Estado natal, Nova York, por cerca de 1% dos votos, colocando Harrison como o vencedor no Colégio Eleitoral. Acredita-se que a derrota de Cleveland em Nova York também pode estar relacionada à compra de votos.

Cleveland não contestou o resultado do Colégio Eleitoral e se vingou de Harrison quatro anos depois, tornando-se o único presidente a servir mandatos não consecutivos. Enquanto isso, o escândalo de cinco blocos levou à adoção do voto secreto em todo o país.

1960: Nixon x Kennedy

Em 1960, John Kennedy ganhou as eleições presidenciais, mas também enfrentou acusações de fraude eleitoral — Foto: Getty Images/BBC
Em 1960, John Kennedy ganhou as eleições presidenciais, mas também enfrentou acusações de fraude eleitoral — Foto: Getty Images/BBC

As eleições de 1960 foram disputadas entre o então vice-presidente republicano, Richard Nixon, e o senador democrata John F. Kennedy.

A votação popular foi a mais apertada do século 20, com Kennedy derrotando Nixon por cerca de 100 mil votos, uma diferença de menos de 0,2%.

Por causa dessa diferença estreita, quando Kennedy derrotou Nixon por menos de 1% em cinco estados (Havaí, Illinois, Missouri, Nova Jersey, Novo México) e por menos de 2% no Texas, muitos republicanos não aceitaram a derrota.

Eles se voltaram para dois locais em particular: O sul do Texas e a capital de Illinois, Chicago, onde a máquina política liderada pelo prefeito democrata Richard Daley teria produzido votos suficientes para dar a Kennedy a vitória no Estado. Se Nixon tivesse vencido no Texas e em Illinois, ele teria a maioria no Colégio Eleitoral.

Embora os jornais de tendência republicana tenham investigado o caso e concluído que ocorrera fraude eleitoral em ambos os Estados, Nixon não contestou os resultados. Seguindo o exemplo de Cleveland em 1892, ele concorreu novamente à presidência em 1968 e venceu.

2000: os votos perdidos na Flórida

Em 2000, muitos Estados ainda usavam a cédula perfurada, um sistema de votação criado na década de 1960. Apesar de essas cédulas terem uma longa história de mau funcionamento e de votos perdidos, os americanos de repente perceberam que a tecnologia desatualizada criou um problema na Flórida.

No dia da eleição, a mídia nacional descobriu que uma "cédula borboleta" (uma cédula de cartão perfurado com um desenho que violava a lei estadual da Flórida) confundiu milhares de eleitores no condado de Palm Beach.

George W. Bush e Al Gore disputaram voto a voto o colégio eleitoral da Flórida, e a eleição foi decidida na Justiça — Foto: Reuters/BBC
George W. Bush e Al Gore disputaram voto a voto o colégio eleitoral da Flórida, e a eleição foi decidida na Justiça — Foto: Reuters/BBC

O desenho da cédula em questão fez com que alguns eleitores escolhessem o candidato do Partido Reformista Pat Buchanan pensando que haviam votado no candidato democrata Al Gore. Estima-se que Pat Buchanan recebeu cerca de 3 mil votos de eleitores que provavelmente pretendiam votar em Gore.

O fato é que Gore acabou sendo derrotado na Flórida para George Bush por 537 votos e, ao perder este Estado, perdeu a eleição.

O processo para determinar o vencedor das eleições presidenciais durou um mês.

Na Flórida, os leitores de cédulas eletrônicas não registraram nenhum voto para presidente em mais de 60 mil cédulas. No entanto, em muitos dos cartões perfurados, os pequenos pedaços de papel que são jogados fora quando alguém vota com esses tipos de cartões, conhecidos como chads, ainda ficam pendurados em um, dois ou três cantos e não são contados.

Gore foi ao tribunal para que as cédulas fossem contadas manualmente para tentar determinar a intenção dos eleitores, conforme permitido pela lei estadual. Bush apelou contra o pedido de Gore. Embora Gore tenha vencido na Suprema Corte do Estado da Flórida, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu, no dia 12 de dezembro, que o Congresso havia estabelecido um prazo para os Estados escolherem eleitores, então não houve mais tempo para contar os votos.

Gore aceitou os resultados no dia seguinte. O drama nacional e o trauma que se seguiu ao dia da eleição em 1876 e 2000 podem se repetir neste ano. Claro, vai depender da diferença entre as votações dos candidatos e como ele reagem aos resultados.

A maioria dos olhos estará em Trump.

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