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segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Artista indígena amazonense se torna a primeira a ter obra em exposição no Museu de Arte de São Paulo

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Obras de Duhigó representam tradições indígenas da etnia Tukano com lembranças da própria vivência da artista. O intuito é de representar e preservar a cultura indígena através da arte.
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Por Patrick Marques, G1 AM

Postado em 06 de setembro de 2021 às 10h25m


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Artista amazonense Duhigó se tornou primeira indígena do estado a ter uma obra em exposição no Museu de Arte de São Paulo. — Foto: Patrick Marques/G1 AM
Artista amazonense Duhigó se tornou primeira indígena do estado a ter uma obra em exposição no Museu de Arte de São Paulo. — Foto: Patrick Marques/G1 AM

A artista visual Duhigó se tornou a primeira indígena amazonense a ter uma obra em exposição no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Formada em artes visuais desde 2005, ela produz quadros que representam tradições indígenas da etnia Tukano com lembranças da própria vivência da artista. O intuito é de representar e preservar a cultura através da arte.

Duhigó contou ao G1 que viveu uma parte da vida em uma aldeia e se mudou para Manaus após morar em São Gabriel da Cachoeira com o marido. O relacionamento não deu certo e ela lembrou que precisou buscar meios para sobreviver e cuidar dos filhos na cidade.

Fiquei passando dificuldades com meus filhos. Fomos morar com minha tia, quando surgiu o Instituto Dirson Costa. Chegou um conhecido avisando que surgiu uma escola de artes para as pessoas indígenas que moravam aqui em Manaus. Eu falei para ele que queria participar. Eu fiz esse curso, mas nunca imaginei que chegaríamos a esse sucesso que estamos fazendo, contou.

Enquanto ainda aprendia as técnicas das artes visuais, Duhigó lembrou que leu livros em uma biblioteca sobre arte que mostravam pinturas de outros artistas. Foi quando ela soube sobre o que iria representar em suas obras. A cultura de seu povo através das próprias lembranças.

Artes de Duhigó representam tradições de seu povo através de lembranças da artista. — Foto: João Floriano/Rede Amazônica
Artes de Duhigó representam tradições de seu povo através de lembranças da artista. — Foto: João Floriano/Rede Amazônica

Com os quadros que representam momentos e tradições indígenas que ela viveu quando jovem, a artista explicou que o intuito é de mostrar para as outras pessoas e eternizar os momentos e tradições através da arte.

Hoje em dia as pessoas falam tanto, mas não sabem o que pode acontecer no futuro. Vai ser esquecido. Eu quero deixar essas coisas para as pessoas terem ideia para a continuação dos novos trabalhos indígenas". 
"Rede Macaco"

Um dos últimos quadros feitos por Duhigó se chama Rede Macaco. A obra representa o parto de uma irmã da artista, que ela presenciou em uma aldeia quando ainda era criança.

A obra foi feita para participar de uma exposição itinerante que percorreu quatro estados do país e chamou a atenção do Museu de Arte de São Paulo (MASP). O museu entrou em contato com a Manaus Amazônia Galeria, que representa as obras da artista.

A diretoria do Masp tomou conhecimento da obra da Duhigó e achou que seria uma obra relevante para compor o acervo do museu. A partir daí, todo um caminhar foi feito para que pudéssemos sensibilizar colecionadores e mecenas de arte para doar essa obra ao MASP", explicou o diretor da Manaus Amazônia Galeria, Carlysson Sena.

Quadro de Duhigó "Rede Macaco" representa lembrança de como foi parto de sua irmã, quando ainda era criança. — Foto: Divulgação
Quadro de Duhigó "Rede Macaco" representa lembrança de como foi parto de sua irmã, quando ainda era criança. — Foto: Divulgação

Segundo Sena, o MASP não compra obras, mas aceita doações. Para que o quadro de Duhigó não fosse doado sem um retorno para a artista, a galeria encontrou um casal que se interessou em adquirir o quadro para doação ao museu.

"Felizmente encontramos o casal Mônica e Fábio Ulhoa que tiveram a sensibilidade não só de adquirir a obra para doação ao museu, mas por entender que a obra de Duhigó, que conta uma história da Amazônia, era relevante de estar no maior museu do país, explicou o diretor.

O quadro já está em exposição no MASP desde o dia 28 de agosto.

Quadro da artista indígena amazonense está em exposição no Museu de Arte de São Paulo desde o dia 28 de agosto. — Foto: Divulgação
Quadro da artista indígena amazonense está em exposição no Museu de Arte de São Paulo desde o dia 28 de agosto. — Foto: Divulgação

Representação da cultura

Duhigó se tornou a primeira mulher indígena a ter uma obra em exposição no MASP. Para ela, ter o quadro exposto no museu traz a oportunidade de levar a memória do povo indígena e da geração vivida por ela para o mundo.

Ela lembrou dos tempos antes de conhecer a arte, quando não sabia o que faria para sobreviver, e da trajetória que a levou a se tornar a primeira mulher indígena a ter um quadro em exposição no MASP.

"Fiquei dentro do Instituto Dirson Costa 13 anos. Nunca imaginei que poderia ter chegado nesse sucesso que está acontecendo pelas minhas obras de arte e sendo colocada em São Paulo para todo mundo ver. Para que o mundo conheça as minhas obras de arte da região amazônica, do meu grupo Tukano, do Alto Rio Negro, expondo minhas obras para as pessoas conhecerem como o grupo Tukano vivia", finalizou Duhigó.

Para Duhigó, ter um quadro exposto no MASP trás uma oportunidade de levar a memória do povo indígena e a geração vivida por ela para o mundo.  — Foto: João Floriano/Rede Amazônica
Para Duhigó, ter um quadro exposto no MASP trás uma oportunidade de levar a memória do povo indígena e a geração vivida por ela para o mundo. — Foto: João Floriano/Rede Amazônica

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Por que visão de investidores estrangeiros sobre o Brasil piorou no último mês

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Possibilidade de que governo não cumpra teto de gastos ou não quite dívidas e tensão entre Bolsonaro e demais poderes explicam retirada de recursos do Brasil
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TOPO
Por BBC

Postado em 06 de setembro de 2021 às 09h40m


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Jair Bolsonaro e Paulo Guedes: risco fiscal e crise entre poderes afugentam investidor — Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Jair Bolsonaro e Paulo Guedes: risco fiscal e crise entre poderes afugentam investidor — Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

"Se depois dessa semana você não entendeu o benefício de ter parte dos seus investimentos no exterior, eu desisto de você", postou, no último dia 21, o perfil de twitter Faria Lima Elevator, que se autodenomina "mercado financeiro raiz" e distribui sinceridades ácidas sobre motivações e decisões de investidores no Brasil aos mais de 150 mil seguidores da conta.

Os dados da economia brasileira e as avaliações de analistas ouvidos pela BBC News Brasil, no entanto, indicam que o perfil não precisará "desistir" de muitos. Isso porque a atual tendência é de que o brasileiro dono de reservas envie ao menos parte de seu dinheiro ao exterior. 

"Os brasileiros estão incrivelmente negativos sobre seu próprio país. A última vez que os brasileiros trouxeram dinheiro de volta para o Brasil foi em dezembro de 2019! Desde então - com a pandemia de covid-19 - tem sido uma debandada para fora do Brasil", apontou, em 25 de agosto, o economista Robin Brooks, chefe do Institute of International Finance (IIF).

E o pessimismo não aparece só entre os brasileiros. Brooks também notou que, na última década, o Brasil foi o único país da América Latina que não viu crescerem os investimentos estrangeiros em nenhum momento. Recursos de fora foram responsáveis por apenas 17% do Produto Interno Bruto (PIB) no período, o patamar mais baixo em 50 anos.

E não há tendência de reversão do fenômeno. De acordo com dados do IBRE, da Fundação Getúlio Vargas, entre julho de 2020 e o mesmo mês de 2021, o investimento estrangeiro recuou de US$ 67,2 bilhões para US$ 23,8 bilhões.

"A imagem do Brasil no exterior piorou estruturalmente nos últimos dois anos. E, num ambiente já ruim, houve uma piora de expectativa nesse último mês ou 45 dias", afirmou à BBC News Brasil Christopher Garman, direto para Américas da consultoria Eurasia Group.

Avanço das queimadas afasta investidores estrangeiros, alertam especialistas
Avanço das queimadas afasta investidores estrangeiros, alertam especialistas

'É o fiscal, estúpido'

Foi mais ou menos nesse período em que ficou claro para o mercado que o governo abriria uma nova "caixa de pandora" no Orçamento. Em 29 de julho, o ministro da Economia Paulo Guedes afirmou que estava diante de um "meteoro": R$89 bilhões de precatórios que a União terá que pagar em 2022 e que Guedes, até então, não incluíra em sua conta para o orçamento do ano que vem.

O valor praticamente inviabilizaria o cumprimento de um plano que, há pouco mais de um ano das eleições, o presidente Jair Bolsonaro quer colocar em prática: criar um novo benefício social pelo menos 50% maior que o atual Bolsa Família, cujo valor médio é de R$192. A proposta já foi inclusive enviada ao Congresso.

Diante do impasse, Guedes sugeriu um parcelamento dos precatórios em até dez anos, e ameaçou com a paralisação do governo caso tivesse que quitar integralmente os papéis. "Devo, não nego, pagarei assim que puder", disse o ministro, apelando ao dito popular para tentar descaracterizar o calote.

"O mercado entende esse tipo de fala como uma moratória porque é uma moratória. O Guedes deveria fechar a boca, em vez de falar de empregada, de filho de porteiro, de precatório", afirma Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial e economista da Brookings Institution.

Para Christopher Garman, da Eurasia, o destino do pagamento dos precatórios servirá como uma espécie de teste final para a regra do teto de gastos. Instituída na gestão Michel Temer como um anteparo no avanço da dívida pública brasileira, a regra criou um limite de crescimento para o orçamento da União, já que o total a ser gasto pelo governo a cada ano só pode aumentar o equivalente à inflação do ano anterior.

A regra já foi contornada em 2020 e 2021. A possibilidade de que ela seja burlada em 2022 também é um fator central para a redução da confiança e para a falta de disposição do investidor com o Brasil.

Sem solução provisória, na última semana, o Ministério da Economia mandou ao Congresso um orçamento para o ano que vem tido como ficcional pelo mercado, já que nele há previsão de pagamento dos R$ 89 bilhões e zero reservado para custear o novo Bolsa Família.

"Nos próximos quatro meses vamos ver muito vai e vem no orçamento. É muito complicado conseguir encontrar espaço para aumentar o Bolsa Família e cumprir a regra do teto ao mesmo tempo. Então veremos discussões infinitas sobre como cortar. É claro que vai haver muita preocupação no mercado sobre como o país vai manter estabilidade social e responsabilidade fiscal e acreditamos que no fim haverá novamente algum gasto excepcional ao teto de gastos, mas menor do que o desse ano ou o de 2020. Esperamos que até dezembro haja uma solução que seja vista como razoável pelos investidores", afirmou à BBC Serji Lanau, vice-economista chefe do IFF.

O 'ruído' do presidente

Enquanto isso, Guedes tem tentado costurar uma solução com o Supremo Tribunal Federal (STF) que permita custear os gastos sociais sem deixar de pagar dívidas e sem extrapolar o teto.

O presidente do STF, Ministro Luiz Fux, sinalizou que seria possível obter uma mediação junto ao Conselho Nacional de Justiça que reduzisse o montante a ser pago a cerca de R$ 50 bilhões. Guedes já afirmou ser essa a melhor solução, mas as tratativas têm andado de modo lento por conta da dificuldade de relacionamento entre os três poderes.

Depois de pedir ao Senado o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e ameaçar Luís Roberto Barroso com medida semelhante, Bolsonaro convocou uma manifestação popular em defesa de seu governo para o próximo dia 7.

Uma das principais pautas de seus apoiadores é o ataque ao Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro já disse que membros da Corte agem "fora das quatro linhas da Constituição". Nesta sexta, 3/9, em discurso a apoiadores, ele repetiu que os protestos farão "um ou dois que nos desafiam a voltar para o seu lugar". O Tribunal está preparado até mesmo para uma tentativa de invasão no dia 7.

"O importante pra gente é a política econômica, e esses ruídos acabam tendo impacto forte na economia. Para o investidor, interessa saber se o país respeita as regras institucionais, se tem perspectiva estável. Com esse cenário político, fica difícil pensar que reformas importantes vão passar no Congresso, até porque sabemos que esse tipo de coisa não acontece durante o ciclo eleitoral. E o ciclo eleitoral do Brasil foi antecipado", disse à BBC News Brasil, chefe da S&P Global para a América Latina.

Todos os analistas consultados afirmam que seus cenários – que preveem entre 1,5% e 2,5% de crescimento do Brasil em 2022 – tomam como cenário-base a democracia. Uma ruptura institucional certamente forçaria a uma revisão – para pior – das expectativas. Mas a mera cogitação dessa ruptura já atrapalha, dizem os analistas.

"A questão fiscal está sendo exacerbada pelo ambiente de tensão institucional tão forte. As pessoas não sabem se no 7 de setembro vai ter violência ou não, se tem risco de ruptura. Se não tivesse o risco institucional, o estresse fiscal seria bem menor. Então, um alimenta o outro", afirma Garman. 
Oportunidades e perdas

Para os analistas, o baixo volume de investimentos ajuda a explicar, por exemplo, porque o dólar segue caro, apesar de um mercado de commodities aquecido, que normalmente aumentaria o valor do real frente à moeda americana.

Como há baixa circulação de dólar no mercado nacional, no entanto, o câmbio brasileiro segue depreciado, o que empurra ainda mais a inflação para cima. Inflação alta força aumento dos juros, que, se por um lado atraem o investidor, por outro aumentam o endividamento do país, e impulsionam o problema fiscal, em um ciclo difícil de quebrar.

No horizonte, há ainda a possibilidade de que a crise hidro-energética achate ainda mais o PIB, que os especialistas notam que acumula anos de crescimento fraco. Esse cenário não está precificado pelos investidores, o que implicaria em mais um abalo nas expectativas para a economia brasileira.

Os analistas, no entanto, ressaltam que nem sempre as previsões negativas se confirmam e que o Brasil tem mostrado desempenho relativamente bom, se comparado com o restante da América Latina.

Além disso, notam a tendência de continuidade dos princípios de política econômica desde os anos 1990. "Com diferenças em matizes, jamais vimos cavalos de pau, então há uma política econômica sólida, o que atrai o investidor", afirma Garman.

Briozzo concorda: "se por um lado as reformas emperram pela necessidade de consenso político grande pra mudar a constituição, por outro o país tem uma democracia consolidada, histórico de respeito às regras e não achamos que isso virá a mudar tão rapidamente".

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