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Para superar revés financeiro, 37% disseram que cortaram orçamento e 23% buscaram renda extra, de acordo com pesquisa da Serasa Experian.
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Por Gabriela Sarmento*, G1
Em novembro do ano passado, 61,1 milhões de pessoas estavam com dívidas atrasadas no país. Com a inadimplência em recorde histórico, segundo o órgão, os brasileiros precisaram de jogo de cintura para conseguir pagar suas contas em 2017. Segundo a pesquisa:
- 62% das pessoas sentiram que suas despesas eram maiores que seus rendimentos ao menos uma vez nos últimos doze meses;
- 37% tiveram que fazer cortes;
- 23% tentaram uma renda extra;
- 11% atrasaram ou deixaram de pagar alguma dívida;
- 10% pediram emprestado para amigos ou parentes;
- 7% renegociaram dívidas.
Educação financeira frágil
A pesquisa da Serasa também avaliou os conhecimentos dos brasileiros sobre finanças pessoais por meio do Indicador de Educação Financeira (IDEF). Nesse quesito, a nota do brasileiro em 2017 foi a mesma de 2015: 6,2.
A pesquisa da Serasa também avaliou os conhecimentos dos brasileiros sobre finanças pessoais por meio do Indicador de Educação Financeira (IDEF). Nesse quesito, a nota do brasileiro em 2017 foi a mesma de 2015: 6,2.
“Não há no país um conjunto de ações suficientes para impactar de forma significativa a educação financeira”, afirma Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.
O Indicador considera três subíndices: atitude, conhecimento e comportamento. Um pequeno crescimento aconteceu no primeiro que passou de 6,1 para 6,4. Já conhecimento caiu 0,1, chegando à nota 7,6, enquanto comportamento não teve alteração e permaneceu, como menor nota, em 5,4.
Este último subíndice representa 50% na média ponderada do IDEF e sua estabilidade pode ser a chave para muitas respostas. “O problema da educação financeira do brasileiro é que na prática, ele não se comporta de acordo com seu conhecimento e suas atitudes”, percebe Rabi.
"Apesar da crise que o país passou, com forte recessão, o fato do indicador de educação financeira não ter caído na questão comportamental é um alento. O brasileiro conseguiu contornar alguns efeitos nocivos da crise, como aumento da inflação e desemprego, apertou o cinto, tomou ações defensivas e acabou atravessando essa crise de forma razoável", afirmar o economista.
Quebra de estereótipos
No recorte por gênero, tanto homem como mulher apresentam praticamente a mesma nota em comportamento. “Aquele estereótipo famoso de que os homens, principalmente os casados, reclamam que as mulheres gastam demais é muito mais folclore do que realidade”, afirma o economista.
No recorte por gênero, tanto homem como mulher apresentam praticamente a mesma nota em comportamento. “Aquele estereótipo famoso de que os homens, principalmente os casados, reclamam que as mulheres gastam demais é muito mais folclore do que realidade”, afirma o economista.
Quanto maior o nível de escolaridade, maior a nota em conhecimento, no entanto no comportamento, a nota é mesma entre todos os níveis.
Caminhos para virar o jogo
Para mudar o cenário, o economista vê alguns caminhos possíveis. Um deles é inserir os conceitos de educação financeira desde a educação fundamental. Assim, novas gerações estarão cada vez mais familiarizadas com o assunto. “Isso é feito nos países desenvolvidos. Quanto mais cedo, mais eficiente vai ser a longo prazo”.
Para mudar o cenário, o economista vê alguns caminhos possíveis. Um deles é inserir os conceitos de educação financeira desde a educação fundamental. Assim, novas gerações estarão cada vez mais familiarizadas com o assunto. “Isso é feito nos países desenvolvidos. Quanto mais cedo, mais eficiente vai ser a longo prazo”.
Numa visão mais imediata, Rabi aposta na modificação da lei do cadastro positivo, que prevê a criação de um histórico financeiros dos bons pagadores - hoje isso existe para os inadimplentes, mas não há dados centralizados para quem está com as contas em dia.
“Isso vai forçar as pessoas a terem mais cuidado com seus pagamentos, já que a taxa de juros passa a ser compatível com seu comportamento financeiro”.
Rabi acredita que a questão é similar ao uso do cinto de segurança nas décadas passadas. Após uma grande campanha comportamental, que incluiu até penalidades (as multas), as pessoas passaram a usar o cinto.
“O comportamento pode ser modificado, mas leva tempo e é necessário um investimento muito grande do governo e dos órgãos ligados à questão”, finaliza o economista.
* Sob supervisão de Marina Gazzoni
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