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terça-feira, 8 de março de 2022

Como PIB e cenário econômico ajudam a entender o futuro dos negócios

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Especialistas contam o que pode acontecer na agropecuária, na indústria e nos serviços. Previsão para 2022 é de crescimento pequeno.
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Por Thaís Matos, g1

Postado em 08 de março de 2022 às 10h05m

Post.- N.\ 10.239

O PIB brasileiro de 2021 recuperou as perdas durante a pandemia e teve um resultado que, à primeira vista, enche os olhos: crescimento de 4,6%, R$ 8,7 trilhões em valores correntes. Mas as previsões para a atividade econômica em 2022 não são animadoras.

Para este ano, a pesquisa Focus, do Banco Central, prevê que a economia brasileira deve crescer só 0,3%. E um levantamento do Monitor do PIB, da Fundação Getúlio Vargas, mostrou que a economia caminha para uma nova estagnação.

"Naturalmente, esse número é apenas uma projeção e muitos fatores ao longo do ano podem elevar ou contrair essa taxa de variação. Essa projeção sugere que não devemos ter forte expansão de renda em 2022", explica ao g1 Felippe Serigati, professor de economia da FGV.

"Na realidade, no momento, devido principalmente aos conflitos externos, não podemos descartar o cenário de registrarmos uma leve contração em 2022 (ou seja, que a sociedade brasileira consiga gerar em 2022 um volume de renda ligeiramente inferior àquele que foi gerado em 2021)."

Para completar, vivemos um aumento grande dos preços acompanhado de aumento dos juros para tentar contê-lo. Brasileiros de diversos setores podem levar em conta esses fatores para entender como lidar com seus negócios e investimentos este ano.

Evolução anual do PIB do Brasil — Foto: Economia g1
Evolução anual do PIB do Brasil — Foto: Economia g1


... Agropecuária

O setor se beneficia dos preços altos das commodities, principalmente pela menor oferta devido à invasão da Ucrânia, já que Rússia e Ucrânia são dois importantes fornecedores de grãos para o mercado internacional, explica Serigati.

Mas a alta na cotação das commodities agrícolas também deve elevar os custos de produção, complementa. Ou seja, dá pra ganhar mais na venda do produto, mas produzi-lo também vai ficar mais caro.

"Não está claro para quais culturas e em quais regiões a elevação do preço recebido compensará o forte aumento nos custos de produção. Na realidade, há incerteza a respeito do acesso a alguns insumos de produção, independente do seu preço", avalia o professor.

Além da guerra, o agro também pode sofrer com efeitos do clima – esse, aliás, foi um dos grandes vilões do setor em 2021. "Como ainda estamos operando sob uma La Niña clássica, provavelmente atravessaremos o 1º, o 2º e parte do 3º trimestres com escassez hídrica (notadamente na Região Sul) e risco de geadas (principalmente durante o inverno)", diz.

O que é o PIB e quais os impactos dele?
O que é o PIB e quais os impactos dele?

E a indústria?

A indústria passa por três décadas de "não atualização e grande defasagem em relação a tecnologias", analisa Fernando Ribeiro, professor de economia do Insper. A tendência, segundo o professor, é que esse cenário até piore em 2022 "agravado por créditos mais severos, negócios com menos oportunidades e confiança de consumidor e comerciantes abalada", diz.

Os problemas nas cadeias de suprimentos que vivemos durante a pandemia também jogam contra.

"A indústria de Construção Civil deve apresentar um desempenho menos acelerado que aquele observado em 2021, seja devido à elevação da taxa de juros (que encarece o crédito), seja devido às incertezas da economia brasileira, ou por causa da elevação dos seus custos de produção (commodities minerais e metálicas)", diz Serigati.

Já o setor de transformações deve ter um 2022 com "dinamismo limitado", explica, por conta também dos custos de produção e da contração do poder de compra do mercado doméstico.

Mas nem todo mundo vai sofrer. Para Serigati, a indústria mais associada às commodities (como os setores de óleo e gás, e de minerais e metais) pode ter um 2022 "mais razoável". "Naturalmente, depende da situação dos seus custos de produção", pondera.

E nos serviços? É hora de abrir ou expandir negócio?

O setor de serviços, que teve a maior recuperação em 2021, deve crescer com menos intensidade neste ano devido à queda do poder de compra da população, avalia Serigati.

Abrir um negócio – ou expandir o que já tem – é sempre um desafio, pois envolve questões logísticas e financeiras próprias do negócio, como fidelização de clientes. Além disso, quem pensa em abrir ou aumentar precisa também olhar para o cenário macroeconômico do país, alerta Fernando Ribeiro.

"De maneira geral, está altamente desafiador por vários motivos: o crédito está caro, a logística travada por causa da produção, a atividade está mais baixa, a confiança mais abalada e inflação mais rígida do que anteriormente previsto", analisa.
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