Total de visualizações de página

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Produção industrial cai 2,4% em março e setor fecha 1º trimestre com retração

===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====


Nos 3 primeiros meses do ano, setor teve queda de 0,4%, na comparação com o 4º trimestre, interrompendo dois trimestres seguidos de recuperação. Resultado de março foi pressionado principalmente pelo tombo de 8,4% na produção de veículos automotores.
===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====
Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, G1

Postado em 05 de maio de 2021 às 10h00m


|       .      Post.- N.\ 9.794       .      |
|||.__-_____    _____ ____    ______    ____- _||

Produção de veículos na fábrica da Stellantis em Goiana (PE); segundo o IBGE, segmento teve queda de 8,4% em março — Foto: Divulgação/Stellantis
Produção de veículos na fábrica da Stellantis em Goiana (PE); segundo o IBGE, segmento teve queda de 8,4% em março — Foto: Divulgação/Stellantis

A produção industrial brasileira caiu 2,4% em março, na comparação com fevereiro, segundo divulgou nesta quarta-feira (5) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da segunda queda mensal seguida e de um recuo mais intenso do que o observado em fevereiro (-1%), quando houve a interrupção de uma trajetória de 9 meses consecutivos de recuperação.

Na comparação com março de 2020, porém, houve alta de 10,5% – sétima taxa positiva consecutiva nessa base de comparação.

Indústria registra, em março, segundo queda seguida — Foto: Economia/G1
Indústria registra, em março, segundo queda seguida — Foto: Economia/G1

Indústria perde o que ganhou em 9 meses

Com o resultado de março, o setor industrial encontra-se 16,5% abaixo do patamar recorde registrado em maio de 2011, voltando para o nível "exatamente igual ao pré-pandemia, ou seja, àquele observado em fevereiro de 2020", destacou o gerente da pesquisa, André Macedo.

O pesquisador lembrou que, de maio de 2020 a janeiro de 2021, houve ganho acumulado de 40,1%, o que fez a produção industrial superar o patamar pré-pandemia. "Com as perdas de fevereiro e março deste ano, nós zeramos esse acumulado que tinha até o mês de janeiro", explicou.

A interrupção da trajetória de recuperação da indústria acontece em meio à intensificação das medidas para frear o avanço da pandemia de coronavírus.

Esses dois resultados negativos têm como pano de fundo o próprio recrudescimento da pandemia. Isso faz com que haja maior restrição das pessoas, o que provoca a interrupção das jornadas de trabalho, paralisações de plantas industriais e atrapalha toda a cadeia produtiva, levando ao encarecimento e à falta de insumos para o processo produtivo. Isso afeta o processo de produção como um todo, destacou o gerente da pesquisa. 
Queda de 0,4% no 1º trimestre e perda de 3,1% em 12 meses

Com o resultado, a indústria encerrou o primeiro trimestre do ano com queda de 0,4% na comparação com o 4º trimestre de 2020.

Essa queda interrompe dois trimestres seguidos de crescimento, enfatizou Macedo.

Indústria encerra 1º trimestre de 2021 com queda na produção — Foto: Economia/G1
Indústria encerra 1º trimestre de 2021 com queda na produção — Foto: Economia/G1

Já na comparação com os 3 primeiros meses de 2020, houve alta de 4,4%. "Esse resultado acentua o crescimento observado no 4º trimestre de 2020, que teve alta de 3,4%. Estes dois trimestres de crescimento interromperam uma sequência de oito trimestres seguidos de taxas negativas nesta base de comparação [trimestre contra trimestre imediatamente anterior]", enfatizou o pesquisador.

Em 12 meses, o setor acumula uma perda de 3,1%, com taxas negativas em 11 das 26 atividades industriais. O IBGE destacou, porém, que a taxa nesta métrica foi a menos intensa desde abril de 2020 (-2,9%).

O desempenho da indústria em março, porém, foi melhor do que o esperado. As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de queda de 3,5% na variação mensal e de alta de 7,6% na base anual.

Produção de veículos recua 8,4%

A retração da indústria em março foi disseminado, alcançando 3 das 4 quatro das grandes categorias econômicas e 15 dos 26 ramos pesquisados.

15 dos 26 ramos industriais pesquisados pelo IBGE tiveram queda em março — Foto: Divulgação/IBGE
15 dos 26 ramos industriais pesquisados pelo IBGE tiveram queda em março — Foto: Divulgação/IBGE

Entre as atividades, a maior pressão negativa veio de veículos automotores, reboques e carrocerias (-8,4%), terceiro resultado negativo consecutivo nessa comparação, acumulando perda de 15,8% no período.

Outras quedas expressivas foram observadas na produção de artigos do vestuário e acessórios (-14,1%), de outros produtos químicos (-4,3%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,4%), de couro, artigos para viagem e calçados (-11,2%), de produtos de borracha e de material plástico (-4,5%), de bebidas (-3,4%), de móveis (-9,3%), e de produtos têxteis (-6,4%).

Na outra ponta, as altas com maior impacto no resultado do mês partiram do crescimento na produção, indústrias extrativas (5,5%), outros equipamentos de transporte (35,0%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,7%).

Análise por grandes categorias

Entre as grandes categorias econômicas, a queda mais intensa foi em bens de consumo semi e não duráveis (-10,2%), que inclui a produção de alimentos, bebidas, calçados e produtos têxteis e combustíveis.

Os segmentos de bens de consumo duráveis (-7,8%) e bens de capital (-6,9%) também recuaram em março. Já o setor produtor de bens intermediários (0,2%) foi o único a registrar avanço.

Das quatro grandes categorias da indústria, somente as de bens intermediários e bens de capital superaram em março o patamar pré-pandemia – estão, respectivamente, 4,2% e 9% acima do observado em fevereiro do ano passado. Já bens de consumo semiduráveis e não duráveis se encontra e bens de consumo duráveis ficaram com o patamar, respectivamente, 8,6% e 12,1% abaixo do pré-pandemia.

Repercussão e perspectivas

"Estes dados confirmam mais uma vez que o PIB do 1º trimestre deve recuar de fato, mas lembramos que a perspectiva era já de queda devido, entre outras coisas, a piora da pandemia e as medidas de isolamento social", avaliou o economista-chefe da Necton, André Perfeito.

Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o resultado de março mostrou que "a recuperação em 'V' da indústria durou pouco". "A entrada de 2021, com a piora da pandemia e o fim dos programas emergenciais em um quadro dramático do emprego, inaugurou uma nova fase de retrocesso para o setor. Com isso, tudo aquilo que vinha sendo conquistado em termos de retomada da produção ficou comprometido", avaliou em nota.

Apesar da perda de fôlego da economia neste começo de ano, a indústria segue como um dos setores com melhor performance de recuperação. De acordo com Sondagem da FGV, a indústria continua sendo o único setor a registrar níveis elevados de confiança entre os empresários.

Além da demanda fraca e queda da renda das famílias, o também tem sido pressionado pelo aumento de preços de insumos. A inflação da indústria ficou em 4,78% em março e atingiu taxa recorde de 33,52% em 12 meses, indicando que as margens de lucro estão comprimidas e que os empresários não estão conseguindo repassar os custos aos preços.

Os economistas do mercado financeiro estimam atualmente uma taxa de 5,04% para o IPCA (inflação oficial do país) em 2021. Para o PIB (Produto Interno Bruto), a previsão é de crescimento de 3,14% no ano. Para boa parte dos analistas, porém, a economia deve registrar retração no 1º semestre.

------++-====-----------------------------------------------------------------------=================---------------------------------------------------------------------------------====-++------

Redonda, a ilha caribenha povoada por ratos e cabras que se transformou em paraíso ecológico

===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====


Depois de eliminar com sucesso as espécies invasoras, esta ilha de Antígua e Barbuda viu a vida selvagem prosperar novamente.
===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====
TOPO
Por BBC

Postado em 05 de maio de 2021 às 09h00m


|       .      Post.- N.\ 9.793       .      |
|||.__-_____    _____ ____    ______    ____- _||

Redonda é a terceira e menos conhecida das ilhas de Antígua e Barbuda — Foto: Hanna Challenger via BBC
Redonda é a terceira e menos conhecida das ilhas de Antígua e Barbuda — Foto: Hanna Challenger via BBC

Não há resorts, praias, tampouco serviços — e sua contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB) é praticamente nula. No entanto, Redonda, uma ilha rochosa de apenas 1,6 km de comprimento no Caribe, é considerada um dos locais mais valiosos da região.

Praticamente intocada pelo homem por séculos, a terceira ilha menos conhecida de Antígua e Barbuda é há muito tempo um local estratégico para a nidificação de pássaros migratórios de todo o mundo e lar de animais selvagens que não são encontrados em nenhum outro lugar do planeta.

Quando ambientalistas cogitaram pela primeira vez a ideia de remover milhares de ratos-pretos invasores e um rebanho de cabras que estavam ameaçando a vida selvagem da ilha, parecia, na melhor das hipóteses, um plano ambicioso.

Cinco anos depois, o que antes era um terreno árido é hoje um paraíso ecológico fértil, com vegetação nova em abundância e populações endêmicas de pássaros e lagartos em ascensão.

'Contraste forte'

O esforço começou em 2016, mas o verdadeiro sucesso do projeto só foi revelado recentemente, quando conservacionistas fizeram sua primeira viagem de volta à ilha em 18 meses para conferir.

Shanna Challenger, da organização Environmental Awareness Group (EAG), que assumiu o trabalho em parceria com o governo e agências internacionais, diz que foi um "momento de emoção".

"Foi um contraste forte em relação à primeira vez que vi Redonda em 2016, quando ela estava literalmente desmoronando no mar", relembra.

Vista aérea de Redonda em 2017 — Foto: Gemma Handy via BBC
Vista aérea de Redonda em 2017 — Foto: Gemma Handy via BBC

"À medida que o helicóptero se aproximava, pude ver todos esses pequenos círculos verdes e percebi que eram árvores e arbustos novos. Não só a vegetação se recuperou, como também está prosperando."

Antes de serem realocadas, as cabras de chifres longos introduzidas pelos primeiros colonizadores há 300 anos tinham comido progressivamente todas as plantas de Redonda ao ponto de estarem morrendo de fome.

Os roedores, que chegaram no século 19 com uma comunidade exploradora de guano, caçavam répteis e se alimentavam de ovos de aves raras.

Ponte aérea incomum

A remoção de ambas as espécies foi um desafio.

As cabras, que não estavam acostumadas com o contato humano, foram colocadas em um curral e levadas de helicóptero ao continente para serem criadas por fazendeiros interessados em seus genes resistentes à seca.

A erradicação dos ratos envolveu a tarefa meticulosa de colocar iscas em recantos e fendas por toda a paisagem, aromatizadas com tudo, desde creme de amendoim a chocolate "para garantir que pegássemos os mais exigentes", explica Challenger.

A isca foi misturada com um pesticida irresistível para ratos, mas intragável para pássaros e répteis.

Fotos tiradas em 2012 (acima) e 2020 (embaixo) mostram a transformação da ilha — Foto: Jenny Daltry e Cole White
Fotos tiradas em 2012 (acima) e 2020 (embaixo) mostram a transformação da ilha — Foto: Jenny Daltry e Cole White

A Fauna & Flora International (FFI), que também estava envolvida no projeto, erradicou com sucesso mamíferos não-nativos de cerca de 25 ilhas desde 1995, mas a implacável topografia vulcânica de Redonda apresentava obstáculos específicos.

A erosão severa causada pelo desmatamento deixou a ilha perigosamente instável, com precipícios em ruínas e desmoronamentos de pedra frequentes.

"Também lançamos iscas de helicóptero e alpinistas fizeram rapel nos penhascos para garantir que nenhuma parte da ilha ficasse de fora", conta Challenger.

Redonda foi oficialmente declarada livre de ratos e cabras em julho de 2018. A equipe fez viagens regulares de volta à ilha para monitorar o progresso do projeto até a pandemia de covid-19 afetar o transporte até lá.

Atobás-pardos com filhotes, rabos-de-palha-de-bico-vermelho, fragatas e falcões-peregrinos estavam entre as aves que os saudaram em seu retorno.

O atobá-grande é uma das aves avistadas em Redonda — Foto: Zaine Airall via BBC
O atobá-grande é uma das aves avistadas em Redonda — Foto: Zaine Airall via BBC


A equipe também viu atobás-de-patas-vermelhas — Foto: Edward Marshall via BBC
A equipe também viu atobás-de-patas-vermelhas — Foto: Edward Marshall via BBC

"E nem te conto sobre os lagartos", sorri Challenger.

"A vegetação significa que eles têm mais insetos para comer, e sua população aumentou tanto que eles literalmente rastejam sobre você."

"Foi um momento gratidão ver essas espécies criticamente ameaçadas de extinção capazes de prosperar em um habitat apropriado, e os impactos de nosso trabalho refletidos de maneira tão óbvia e visual."

Sem ratos, repleta de lagartos

A FFI diz que o número de lagartos de árvores exclusivos de Redonda aumentou oito vezes.

Os lagartos da ilha, criticamente ameaçados de extinção, estão presentes agora em abundância, após o desaparecimento dos ratos — Foto: Geofrey Giller via BBC
Os lagartos da ilha, criticamente ameaçados de extinção, estão presentes agora em abundância, após o desaparecimento dos ratos — Foto: Geofrey Giller via BBC


Com a erradicação das espécies invasoras, a vida selvagem conseguiu prosperar — Foto: Jenny Daltry via BBC
Com a erradicação das espécies invasoras, a vida selvagem conseguiu prosperar — Foto: Jenny Daltry via BBC

O número de espécies de plantas da ilha também disparou (antes eram 17, agora são 88), incluindo uma nova figueira, cactos e samambaias, enquanto mais de uma dúzia de espécies de pássaros terrestres reapareceram.

E a equipe ficou satisfeita por não encontrar nenhum sinal dos ratos.

Um por cento dos atobás-pardos do mundo se reproduz em Redonda, de acordo com Helena Jeffery-Brown, do Ministério do Meio Ambiente do governo.

"Tem sido incrível reabilitar o lar de uma espécie globalmente importante", diz ela.

"Historicamente, não era possível dar um passo em Redonda sem pisar em ovos de pássaros, e nós estamos voltando lentamente a esse ponto. Estou muito feliz com o que alcançamos."

Este atobá-de-patas-vermelhas foi avistado pela equipe que retornou à ilha — Foto: Edward Marshall via BBC
Este atobá-de-patas-vermelhas foi avistado pela equipe que retornou à ilha — Foto: Edward Marshall via BBC

Jenny Daltry, da FFI, diz que Redonda é "um modelo" de como recuperar outras ilhas do Caribe, onde espécies invasoras devastaram a vida selvagem nativa.

"Redonda se transformou bem diante de nossos olhos e mais rápido do que acreditávamos ser possível, de uma rocha nua em uma joia verde", explica.

"Em um momento em que grande parte das notícias sobre o estado do nosso planeta são compreensivelmente pessimistas, o renascimento desta ilha mostra que, se dermos uma chance à natureza, ela pode e vai se recuperar."

------++-====-----------------------------------------------------------------------=================---------------------------------------------------------------------------------====-++------