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domingo, 14 de agosto de 2022

Hubble flagra 'nuvens celestiais' e estrela vermelha supergigante se recuperando de explosão

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Nova imagem e dados científicos do telescópio espacial lançado em 1990 foram divulgados nesta semana pela Nasa e a Agência Espacial Europeia.
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Por g1

Postado em 14 de agosto de 2022 às 16h20m

 #.*Post. - N.\ 10.424*.#

'Nuvens celestiais' no entorno de HH 505, um objeto que fica nos arredores da Nebulosa de Órion, a cerca de 1.000 anos-luz da Terra. — Foto: ESA/Hubble & NASA, J. Bally; CC BY 4.0 Acknowledgement: M. H. Özsaraç
'Nuvens celestiais' no entorno de HH 505, um objeto que fica nos arredores da Nebulosa de Órion, a cerca de 1.000 anos-luz da Terra. — Foto: ESA/Hubble & NASA, J. Bally; CC BY 4.0 Acknowledgement: M. H. Özsaraç

O telescópio espacial Hubble, o "primo mais velho" do supertelescópio James Webb, continua operando e fazendo registros inéditos e surpreendentes do nosso Universo.

Nesta semana, atestando que o instrumento lançado pela Nasa em 1990 não envelheceu e continua importante para ciência, o Hubble divulgou tanto uma imagem de uma estrutura espacial cintilante e colorida como novos dados sobre a história cósmica de uma estrela supergigante (veja mais abaixo).

A foto publicada em conjunto pela Nasa e a Agência Espacial Europeia (veja imagem acima) mostra a região da Nebulosa de Órion (um local de formação de estrelas) em torno do objeto Herbig-Haro HH 505, a cerca de 1.000 anos-luz da Terra.

A agência espacial norte-americana explica que essas são regiões de nebulosidade associadas a estrelas recém-nascidas. Elas são formadas quando ventos estelares ou jatos de gás expelidos dessas estrelas formam ondas de choque que colidem com gás e poeira a altíssimas velocidades.

"Esses ventos expelidos são visíveis como estruturas curvilíneas graciosas na parte superior e inferior desta imagem. Sua interação com o fluxo em grande escala de gás e poeira do núcleo da nebulosa os distorce em curvas sinuosas", explica a Nasa.

Ainda segundo a Nasa, a imagem foi capturado por meio de um instrumento do Hubble que pesquisa grandes áreas do espaço com uma enorme precisão de detalhes.

Astrônomos que estudam as propriedades desses fluxos de alta energia foram quem fizeram o flagra.

Betelgeuse: um estrela supergigante vermelha

Nesta mesma semana, depois de analisar dados científicos do Hubble e de vários outros observatórios, um grupo de astrônomos também revelou que a estrela supergigante vermelha Betelgeuse, uma das maiores estrelas já conhecidas, produziu uma gigantesca explosão cerca de 400 bilhões de vezes maior que emissões do tipo provocadas pela nossa estrela, o Sol (veja ilustração abaixo).

Representação artística da explosão da supergigante vermelha Betelgeuse.  — Foto: NASA, ESA, Elizabeth Wheatley (STScI)
Representação artística da explosão da supergigante vermelha Betelgeuse. — Foto: NASA, ESA, Elizabeth Wheatley (STScI)

Nesse processo, segundo revelou a Nasa em um comunicado, a estrela perdeu uma parte substancial de sua superfície, produzindo uma gigantesca ejeção de massa várias vezes maior que o tamanho da nossa Lua.

A Nasa explica que isso é "algo nunca antes visto no comportamento de uma estrela normal" e que a supergigante vermelha que fica a cerca de 530 anos-luz da Terra ainda está se recuperando lentamente dessa "reviravolta catastrófica".

"Nunca vimos uma enorme ejeção de massa da superfície de uma estrela", afirmou Andrea Dupree, cientista do Centro de Astrofísica de Harvard & Smithsonian em Massachusetts, nos Estados Unidos.

"É um fenômeno totalmente novo que podemos observar diretamente e resolver detalhes da superfície com o Hubble. Estamos assistindo a evolução estelar em tempo real", complementou.

Betelgeuse está entre as mais brilhantes estrelas que podem ser vistas no céu noturno. O astro é tão grande que, se ele substituísse o Sol no centro do nosso sistema solar, sua superfície externa se estenderia além da órbita de Júpiter.

De acordo com o comunicado da Nasa, a ejeção de material aconteceu em 2019, durou por alguns meses e foi facilmente perceptível mesmo por observadores amadores, visto que, à medida que se afastava a milhões de quilômetros da estrela, o material ejetado formou a nuvem de poeira que bloqueava a luz da estrela aqui na Terra.

Os cientistas agora esperam que o supertelescópio James Webb possa ser capaz de detectar o material ejetado pela supergigante, que continua se afastando da estrela.

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Max Born, o físico quântico que alertou o mundo sobre 'a causa de todos os males'

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Avô de Olivia Newton-John e amigo de Einstein, ele foi um dos cientistas mais proeminentes do século 20, mas não tão reconhecido quanto seus pares.
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TOPO
Por BBC

Postado em 14 de agosto de 2022 às 15h05m

 #.*Post. - N.\ 10.423*.#

Max Born (1882-1970) — Foto: GETTY IMAGES/BBC
Max Born (1882-1970) — Foto: GETTY IMAGES/BBC

"Uma das grandes tristezas da minha vida é que não conheci meu avô", disse uma vez a atriz Olivia Newton-John.

"Quando era adolescente, minha mãe me dizia: 'Você tem que ir conhecer seu avô porque ele está ficando velho', e eu dizia: 'Estou ocupada', e me arrependo disso", acrescentou a atriz britânica-australiana que estrelou o filme Grease — nos tempos da brilhantina e faleceu na última segunda-feira (08/08) aos 73 anos.

    O avô que ela nunca conheceu era o físico e matemático Max Born, um dos cientistas mais importantes do século 20.

      Se você não consegue enumerar o que ele fez, talvez seja porque, apesar de suas muitas realizações, grande parte do trabalho de Born foi bastante complexo.

      Mas se o nome dele soa familiar, talvez seja porque está muito presente na física, e também porque foi um grande amigo de Albert Einstein.

      Desta amizade, ficou como legado uma fascinante coleção de cartas que abrangem quatro décadas e duas guerras mundiais.

      "Minha mãe (Irene) as traduziu (do alemão para o inglês)", contou a atriz e cantora.

      A atriz Olivia Newton-John (na foto, com John Travolta) era uma das netas de Born, assim como a musicista e acadêmica Georgina Born e o ator Max Born (Satyricon de Fellini) — Foto: GETTY IMAGES/BBC
      A atriz Olivia Newton-John (na foto, com John Travolta) era uma das netas de Born, assim como a musicista e acadêmica Georgina Born e o ator Max Born (Satyricon de Fellini) — Foto: GETTY IMAGES/BBC

      Em sua vasta correspondência, eles discutiam sobre tudo, desde a teoria quântica e o papel dos cientistas em um mundo conturbado até suas famílias e a música que interpretariam juntos quando se encontrassem.

      Aliás, foi numa dessas cartas — datada de 4 de dezembro de 1926 — que Einstein escreveu uma das frases mais famosas da história da ciência:

      "A mecânica quântica é certamente impressionante. Mas uma voz interior me diz que ainda não é satisfatória. A teoria rende muito, mas dificilmente nos aproxima do segredo do 'criador'. De qualquer forma, estou convencido de que Ele não joga dados."

      Einstein se recusava a aceitar a visão probabilística que favorecia essa teoria que descreve como se comporta a matéria que compõe o pequeno universo das partículas atômicas e subatômicas.

      A incerteza que este ramo da física postulava, pensava ele, na verdade revelava a incapacidade de encontrar as variáveis ​​com as quais se construiria uma teoria completa.

      Seu amigo Born, no entanto, foi um dos principais impulsionadores da interpretação probabilística.

      Para ele, Deus joga dados.

      Os 29 participantes da famosa conferência sobre elétrons e fótons em 1927, em Bruxelas — 17 eram atuais ou futuros ganhadores do Prêmio Nobel, incluindo Marie Curie, Albert Einstein e Max Born — Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY/REUTERS
      Os 29 participantes da famosa conferência sobre elétrons e fótons em 1927, em Bruxelas — 17 eram atuais ou futuros ganhadores do Prêmio Nobel, incluindo Marie Curie, Albert Einstein e Max Born — Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY/REUTERS

      Convencido, ele continuou a explorar o mundo infinitamente pequeno que essa revolucionária e recém-nascida ciência buscava compreender.

      Assim, ele estabeleceu muitas das bases da física nuclear moderna.

      Apesar disso, e injustamente, apontam os especialistas, foi ofuscado por expoentes como Werner Heisenberg, Paul Dirac, Erwin Schrodinger, Wolfgang Pauli e Niels Bohr.

      Tanto que a Fundação Nobel só concedeu o prêmio a ele em 1954 — 28 anos depois de ele ter concluído o trabalho pelo qual foi premiado.

      Há, inclusive, quem reclame que, embora a razão pela qual finalmente o reconheceram fosse justa — uma nova forma de descrever os fenômenos atômicos —, não era suficiente, pois consideram que Born deveria compartilhar o título de pai da mecânica quântica com Niels Bohr.

      Uma ponte

      A vida de Born fez dele uma ponte entre três séculos.

      Ele nasceu em uma família judia em Breslau, reino da Prússia na época (atual Breslávia, na Polônia), em 1882. Por isso, se formou nas tradições clássicas da ciência do século 19.

      Assim como tantos outros cientistas judeus, ele teve que fugir dos nazistas, o que o privou de seu doutorado e até de sua cidadania. Mas em seu lar adotivo, o Reino Unido, ele contribuiu para o desenvolvimento da ciência do século 20.

      O que ocupava sua mente, no entanto, eram as consequências da ciência moderna para o século 21.

      Born conversando com o Rei Gustavo Adolfo 6º da Suécia na cerimônia de entrega do Prêmio Nobel em 1954 — Foto: BBC/GETTY IMAGES
      Born conversando com o Rei Gustavo Adolfo 6º da Suécia na cerimônia de entrega do Prêmio Nobel em 1954 — Foto: BBC/GETTY IMAGES

      Ele acreditava que nenhum cientista poderia permanecer moralmente neutro diante das consequências de seu trabalho, independentemente do quão sólida fosse sua Torre de Marfim, porque ficava horrorizado com a grande quantidade de aplicações militares da ciência que ajudara a desenvolver.

      "A ciência na nossa época", escreveu ele, "tem funções sociais, econômicas e políticas, e por mais distante que o próprio trabalho possa estar da aplicação técnica, é um elo na cadeia de ações e decisões que determinam o destino da raça humana".

      Esse destino, disse ele, se encaminha para um pesadelo porque "o intelecto distingue entre o possível e o impossível; a razão distingue entre o sensato e o insensato. Até o possível pode carecer de sentido".

      Que o cientista que postulou que só se podia determinar a probabilidade da posição de um elétron no átomo em um dado momento — descartando as leis de Newton e abrindo a porta para a física atômica — se preocupasse com tais questões, não era estranho.

      Born seguiu durante toda sua vida um conselho que seu pai lhe deu quando jovem: nunca se especialize.

      Por isso, nunca deixou de estudar música, arte, filosofia e literatura.

      Tudo isso alimentava seu pensamento ético.

      Em um de seus ensaios finais, ele escreveu sobre o que considerava a única esperança para a sobrevivência da humanidade.

      "Nossa esperança", disse ele, "se baseia na união de dois poderes espirituais: a consciência moral da inaceitabilidade de uma guerra degenerada no assassinato em massa dos indefesos e o conhecimento racional da incompatibilidade da guerra tecnológica com a sobrevivência da raça humana."

      Se o homem queria sobreviver, devia renunciar à agressão.

      A incerteza necessária

      Em 1944, Einstein escreveu em outra carta a Born:

      "Nós nos convertemos em antípodas em relação às nossas expectativas científicas. Você acredita em um Deus que joga dados, e eu, na lei e ordem absolutas em um mundo que existe objetivamente, e que, de forma insensatamente especulativa, estou tentando compreender [...].

      "Nem sequer o grande sucesso inicial da teoria quântica me faz acreditar em um jogo de dados fundamental, embora eu esteja ciente de que nossos jovens colegas interpretam isso como um sintoma de velhice."

      "Sem dúvida, chegará o dia em que veremos qual instinto estava certo."

      Poucos meses antes de Einstein morrer, Born escreveu:

      "Nós nos entendemos em assuntos pessoais. Nossa diferença de opinião sobre a mecânica quântica é muito insignificante em comparação."

      No fim das contas, parece que Einstein estava errado.

      Esse jogo de dados que envolve incerteza constante ainda parece necessário para entender o mundo infinitamente pequeno.

      E, para Born, a incerteza também era fundamental para a vida em um mundo infinitamente maior do que aquele que ele explorou.

      "Creio que ideias como certeza absoluta, precisão absoluta, verdade suprema, etc. são produtos da imaginação que não deveriam ser admissíveis em nenhum campo da ciência", declarou.

      "Por outro lado, qualquer afirmação de probabilidade é correta ou incorreta do ponto de vista da teoria na qual se baseia."

      "Este relaxamento do pensamento me parece a maior bênção que a ciência moderna nos deu."

      "Porque a crença de que existe apenas uma verdade, e de que você próprio está em posse dela, é a raiz de todos os males do mundo."

      - Este texto foi originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-62476283

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