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domingo, 19 de dezembro de 2021

Geleira gigante na Antártica pode se desintegrar rapidamente, advertem cientistas

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Cientistas dizem que uma seção na frente da geleira Thwaites poderá em breve 'estilhaçar-se como o para-brisa de um carro'.
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TOPO
Por Jonathan Amos, BBC

Postado em 19 de dezembro de 2021 às 11h25m

Post.- N.\ 10.137

Frente da geleira Thwaites está derretendo — Foto: Rob Larter via BBC
Frente da geleira Thwaites está derretendo — Foto: Rob Larter via BBC

Os cientistas estão alertando sobre mudanças dramáticas em uma das maiores geleiras da Antártica, potencialmente nos próximos cinco a 10 anos.

Eles dizem que uma seção flutuante na frente da geleira Thwaites que até agora esteve relativamente estável poderia "quebrar como o para-brisa de um carro".

Pesquisadores dos Estados Unidos e do Reino Unido estão atualmente envolvidos em um intenso programa de estudos em Thwaites por causa de sua taxa de derretimento. Ela já está despejando 50 bilhões de toneladas de gelo no oceano a cada ano.

Infográfico mostra tamanho da geleira Thwaites — Foto: BBC
Infográfico mostra tamanho da geleira Thwaites — Foto: BBC

Isso está tendo um impacto limitado nos níveis globais do mar hoje, mas há gelo suficiente retido na bacia hidrográfica da geleira para elevar o nível dos oceanos em 65 cm — se tudo derreter.

É improvável que esse cenário de "juízo final" aconteça por muitos séculos, mas a equipe de estudo diz que Thwaites agora está respondendo a um mundo em aquecimento de maneiras realmente muito rápidas.

"Haverá uma mudança dramática na frente da geleira, provavelmente em menos de uma década. Tanto os estudos já publicados quanto os ainda não publicados apontam nessa direção", diz à BBC News o glaciologista Ted Scambos, coordenador-chefe dos EUA para a Colaboração Internacional da Geleira Thwaites (ITGC, na sigla em inglês).

"Isso vai acelerar o ritmo (do degelo da Thwaites) e ampliar, efetivamente, a parte perigosa da geleira", acrescenta ele.

A Thwaites é um colosso. É quase do tamanho da Grã-Bretanha ou da Flórida, e sua velocidade de derretimento dobrou nos últimos 30 anos.

O manto de gelo da Antártica Ocidental ficou ainda mais fino — Foto: BBC
O manto de gelo da Antártica Ocidental ficou ainda mais fino — Foto: BBC

O ITGC mostrou como essa dinâmica está acontecendo. É o resultado da água quente do oceano passando por baixo — e derretendo — a frente flutuante de Thwaites, ou plataforma de gelo como é conhecida.

A água quente está afinando e enfraquecendo esse gelo, fazendo-o derreter mais rapidamente e empurrando para trás a zona onde o corpo da geleira principal se torna flutuante.

No momento, a borda da plataforma oriental de gelo está fixada no lugar por uma crista submarina offshore, o que significa que sua velocidade de vazão é um terço daquela observada no setor oeste da plataforma de gelo, que não tem tal restrição.

Mas a equipe do ITGC diz que a plataforma leste provavelmente se desacoplará da crista nos próximos anos, o que a desestabilizará. E mesmo se isso não acontecer, o aparecimento contínuo de fraturas na plataforma de gelo quase certamente vai romper a área de qualquer maneira.

"Visualizo isso de forma semelhante à janela do carro onde você tem algumas rachaduras que estão se propagando lentamente e, de repente, você passa por um solavanco e a coisa toda começa a quebrar em todas as direções", explica Erin Pettit, da Oregon State University, nos Estados Unidos.

A área afetada é muito pequena quando considerada no contexto da geleira como um todo, mas representa uma mudança para um novo regime, e o mais importante é o que isso significa para mais perda de gelo.

Atualmente, a plataforma oriental, que tem uma largura de cerca de 40 km, avança cerca de 600 m por ano. A próxima mudança de status provavelmente fará com que o gelo salte em velocidade para cerca de 2 km por ano — o mesmo que a velocidade atual registrada no setor oeste de 80 km de largura.

Financiado conjuntamente pela Fundação Nacional da Ciência dos Estados Unidos e pelo Conselho de Pesquisa em Conselho de Pesquisa em Meio Ambiente Natural do Reino Unido, o projeto do ITGC, que vai durar cinco anos, investiga a Thwaites nos mínimos detalhes.

A cada verão na Antártica, equipes de cientistas analisam o comportamento da geleira de todas as maneiras possíveis. De satélite, no gelo e de navios na frente de Thwaites.

As equipes já começaram a se deslocar para iniciar os trabalhos na nova temporada que está a ponto de começar — algumas equipes ainda estão em quarentena por covid antes de dar início ao trabalho de campo para valer.

Um dos projetos para o Ano Novo vai envolver o pequeno submarino amarelo conhecido como "Boaty McBoatface".

Sob o gelo flutuante de Thwaites, ele vai coletar dados sobre a temperatura da água, direção da corrente e turbulência — todos fatores que influenciam o derretimento.

O veículo autônomo fará missões com duração de um a quatro dias, navegando em seu próprio caminho pela cavidade abaixo da plataforma.

Trata-se de uma missão de alto risco, pois o terreno do fundo do mar é extremamente acidentado.

"É assustador. Podemos não ter Boaty de volta", diz Alex Phillips, do Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido.

"Nos esforçamos muito no ano passado no desenvolvimento de sistemas anticolisão, para garantir que ele não se chocasse com o fundo do mar. Também temos planos de contingência pelos quais se ele entrar em apuros, pode refazer seus passos e retirar-se em segurança. "

Os mais recentes estudos sobre a geleira Thwaites estão sendo apresentados nesta semana no Encontro de Outono da União Geofísica Americana em Nova Orleans.

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Revista 'Nature' publica estudo brasileiro que estima morte de 17 mil vertebrados por queimadas no Pantanal

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Pesquisa, publicada nesta quinta-feira (16), contabilizou carcaças de animais e criou um modelo matemático para fazer uma estimativa da destruição provocada pelo fogo no bioma.
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Por Rodrigo Lois, G1

Postado em 19 de dezembro de 2021 às 10h00m

Post.- N.\ 10.136

Extermínio no Pantanal: 17 milhões de animais morreram nas queimadas em 2020, diz estudo
Extermínio no Pantanal: 17 milhões de animais morreram nas queimadas em 2020, diz estudo

A revista "Nature" publicou nesta quinta-feira (16) um estudo brasileiro realizado por 30 pesquisadores de órgãos públicos, de universidades e de organizações não-governamentais que estima a morte de, ao menos, 17 milhões de animais vertebrados em consequência direta das queimadas no Pantanal no ano passado.

Segundo a pesquisa, divulgada pelo g1 em setembro deste ano, as vítimas mais recorrentes foram as pequenas cobras, principalmente as aquáticas: mais de 9 milhões de mortes.

Os pesquisadores dizem que o trabalho é pioneiro no uso da "técnica de amostra de distâncias em linhas" para calcular mortes de animais em queimadas.

A metodologia é baseada nos chamados transectos: trilhas em linha reta através de áreas pré-determinadas pelos focos de incêndio no bioma. Cada linha percorrida tinha entre 500m e 3km. Ao todo, o grupo percorreu 114 km de transectos.

Nestes trajetos lineares, as carcaças avistadas eram registradas com datas e coordenadas geográficas, assim como a distância perpendicular de cada uma delas em relação à linha de referência.

Quanto mais longe do transecto, menor a quantidade de animais encontrados. Ao conhecer o comportamento dessa probabilidade, os pesquisadores conseguiram elaborar um modelo matemático para estimar o número de carcaças presentes na área. Isso permitiu a modelagem de estimativas que o grupo considerou confiáveis para o cálculo da densidade de animais mortos.

"O método é diferente, ele se baseia no conhecimento da probabilidade de detectar um animal a diferentes distâncias da linha. É uma estratégia moderna para corrigir o erro de detectabilidade, que é a probabilidade de enxergar o animal quando ele está presente na área em que se passa", explica Walfrido Moraes Tomas, pesquisador da Embrapa Pantanal e coordenador do estudo. 
Número subestimado

Os 17 milhões de animais vertebrados são assumidamente uma subestimativa, porque muitos animais que vivem em tocas ou dentro de ocos de árvores podem ter morrido nesses locais sem terem sido avistados. Há também o caso de vertebrados muito pequenos que podem ter sido completamente calcinados pelo fogo intenso.

A busca em campo era feita em até 72 horas após o início de cada foco do incêndio, mas a maioria dos casos foi catalogado entre 24 e 48 horas. A força-tarefa para o trabalho de campo ocorreu entre 1º de agosto e 17 de novembro de 2020 (como noticiou o G1 à época), do norte ao sul do Pantanal.

A estimativa abrange o período entre janeiro e novembro de 2020. No ano passado, o Pantanal foi consumido pela maior tragédia de sua história, com a destruição de cerca de 4 milhões de hectares (26% da área de todo o bioma).

Os animais registrados no levantamento foram divididos em dois grupos, de acordo com o tamanho da carcaça: pequenos vertebrados (menos de 2kg), como anfíbios, pequenos lagartos, cobras, pássaros e roedores; e médios para grandes vertebrados (2kg ou mais), como queixadas, capivaras, mutuns, grandes cobras, tamanduás e primatas.

As serpentes aquáticas representaram 60% das vítimas.

"Esses animais possuem baixa capacidade de locomoção, o que dificulta a fuga durante um incêndio. Durante a estação seca costumam ficar enterradas em áreas de campo inundáveis. Quando o fogo atinge uma área úmida seca é bastante comum ocorrer o incêndio de turfa, que consome a espessa camada de matéria orgânica. Esse tipo de fogo é de difícil combate e detecção, podendo queimar por semanas e atingir os animais que habitam esses ambientes", explicou a bióloga Gabriela do Valle Alvarenga, pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), participante da pesquisa.

Impacto na biodiversidade

A biodiversidade do Pantanal é composta por mais de 2 mil espécies de plantas, 269 peixes, 131 répteis, 57 anfíbios, 580 aves e pelo menos 174 mamíferos. O número de invertebrados é desconhecido.

Grandes vertebrados como cervos, veados, antas e onças não foram observados a partir dos transectos dada a baixa densidade populacional dessas espécies no Pantanal. Mas foram frequentemente encontrados durante o trabalho de combate aos incêndios, mortos ou feridos perto de estradas.

O estudo alerta que as mudanças climáticas provocadas pelas ações do homem têm influenciado a frequência, a duração e a intensidade das secas na região. O impacto de seguidas queimadas pode ser catastrófico e empobrecer o ecossistema, que já é frágil durante o período sem chuvas. O fogo faz parte da dinâmica natural do Pantanal, mas não nessas proporções.

Diante da possibilidade de novos desastres na região, os pesquisadores esperam com o estudo ajudar a dimensionar os impactos cumulativos causados por incêndios recorrentes no bioma.

"Esses números dão uma ideia do cenário das mudanças climáticas. A probabilidade de ter incêndios como esses é alta. Isso pode acontecer, acontecer, e acontecer, destruindo o ecossistema", comenta o coordenador Walfrido Moraes Tomas. 
Força-tarefa

O trabalho contou com pesquisadores da Embrapa Pantanal, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), Universidade do Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fundação Meio Ambiente do Pantanal, Instituto Smithsonian (dos Estados Unidos), entre outras instituições.

Houve também o apoio logístico e suporte financeiro de ONGs como WWF Brasil, ONG Panthera, Instituto Homem Pantaneiro, Ecologia e Ação (ECOA), Museu Paraense Emílio Goeldi, além da Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul e da colaboração de voluntários.

No início dos levantamentos no ano passado, a escassez de verbas impactou o planejamento e as ações no campo, e pesquisadores precisaram trabalhar voluntariamente. Com a repercussão da força-tarefa, chegaram depois recursos de governos estaduais e ONGs.

5 pontos sobre as queimadas no Pantanal
5 pontos sobre as queimadas no Pantanal

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