No acumulado em 12 meses, porém, setor perdeu ritmo e permanece em trajetória descendente. No 2º trimestre, queda foi de 0,3% sobre os três meses anteriores.
Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, G1
Postado em 07 de agosto de 2019 às 12h00m

Postado em 07 de agosto de 2019 às 12h00m

Vendas no varejo variam 0,1% em junho, diz IBGE
As vendas do comércio varejista cresceram 0,1% em junho, na comparação com o mês anterior - 1ª alta desde março –, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já em relação a junho de 2018, houve queda de 0,3% nas vendas.
O resultado de maio foi revisado pelo IBGE para estável, ante queda de 0,1% na leitura inicial.
Vendas do comércio mês a mês
Em %
Fonte: IBGE
Apesar da leve recuperação em junho, o setor fechou o trimestre no vermelho e continua mostrando perda de ritmo na análise do desempenho acumulado em 12 meses, evidenciando a fraqueza da economia e as dificuldades de uma retomada mais firme.
"No acumulado nos últimos doze meses ao passar de 1,3% em maio para 1,1% em junho, sinaliza perda de ritmo das vendas e permaneceu em trajetória descendente iniciada em fevereiro de 2019 (2,4%"), destacou o IBGE.
No 2º trimestre, as vendas do comércio registraram queda de 0,3%, na comparação com o primeiro trimestre. Já na comparação com igual trimestre do ano passado, houve uma alta de 0,9%.
No semestre, o volume do comércio varejista cresceu 0,6%, frente a igual período do ano anterior.
A gerente da pesquisa, Isabella Nunes, destacou que o baixo ritmo da atividade econômica no país faz com que o comércio venha perdendo dinamismo. “Este foi o quarto semestre seguido no campo positivo, mas o menos intenso deles”, apontou. No 1º e 2º semestres de 2018, houve avanço de o avanço de 2,9% e de 1,7%, respectivamente.
Vendas do comércio no acumulado em 12 meses
Fonte: IBGE
Vendas recuam em 15 das 27 estados
Vendas recuam em 15 das 27 estados
De maio para junho de 2019, as vendas do comércio varejista caíram em 15 das 27 Unidades da Federação, sendo a mais intensa no Piauí (-10%). Já as maiores altas foram registradas em Roraima (3,4%), Minas Gerais (1,7%) e Goiás (1,6%).
Segundo a gerente da pesquisa, Isabella Nunes, o resultado do varejo reflete a conjuntura de baixo dinamismo econômico, o grande nível de pessoas desempregadas, e o elevado endividamento das famílias – o maior desde abril de 2016, segundo dados do Banco Central.
“As famílias estão fugindo das prestações na aquisição de bens duráveis como móveis e eletrodomésticos, e estão direcionando o consumo para alimentos. Então, a queda em hipermercados não significa que as famílias estejam deixando de comprar, mas estão optando por marcas mais baratas. Na farmácia, não dá para fazer isso”, explica Isabella.
Das 8 atividades principais, só 3 registraram alta
Das 8 atividades principais, só 3 registraram alta
Segundo o IBGE, a leve alta em junho foi sustentada pela estabilidade nas vendas das duas atividades de maior peso do indicador: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,0%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,1%) – que engloba lojas de departamentos, óticas, joalherias, artigos esportivos, brinquedos.
Por outro lado, 4 atividades registraram queda em junho no volume de vendas: combustíveis e lubrificantes (-1,4%), móveis e eletrodomésticos (-1,0%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,4%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-0,8%).
Já o indicador do comércio varejista ampliado, que inclui as as vendas de veículos, motos, partes e peças e de Material de construção, ficou estável em relação a maio, após avançar por 3 meses seguidos. Na comparação com junho do ano passado, teve alta de 1,7%. No acumulado em 12 meses também perdeu ritmo, passando de 3,9% em maio para 3,7% em junho.
Veja o desempenho de cada segmento em junho:
- Combustíveis e lubrificantes: -1,4%
- Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0
- Tecidos, vestuário e calçados: 1,5%
- Móveis e eletrodomésticos: -1%
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 0,3%
- Livros, jornais, revistas e papelaria: -0,8%
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -2,4%
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 0,1%
- Veículos, motos, partes e peças: 3,6% (varejo ampliado)
- Material de construção: -1,2% (varejo ampliado)
“Combustível está perdendo muito volume de vendas por causa de preço. A de livros por ser uma atividade que está alterando sua forma de venda. Já a de supermercado é uma atividade que se tem um grande poder de substituição de produtos, ou seja, o consumidor troca um produto por outro mais barato, o que acaba impactando na receita do comércio”, explicou a pesquisadora.
Vendas de livros, jornais, revistas e papelaria desabam 27% no ano
Vendas de livros, jornais, revistas e papelaria desabam 27% no ano
As vendas têm tido comportamentos diferentes entre as atividades do varejo. Enquanto hipermercados apresentam perda de ritmo, com queda de 0,3% no primeiro semestre, outros artigos mostram crescimento de 4,4% nesse período. Eletrodomésticos recuaram 2,7% nos 6 primeiros meses do ano, ao passo que as vendas de móveis cresceram 3,3%.
No acumulado no ano, a queda mais intensa é nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria teve forte recuo (-27%). Em 12 meses, a perda é de 24,6%, acentuando a trajetória descendente iniciada em março de 2018 (-5,1%). Segundo o IBGE, as novas formas de comercialização pela internet e o fechamento de lojas físicas contribuem para essa retração.
“Combustível está perdendo muito volume de vendas por causa de preço. A de livros por ser uma atividade que está alterando sua forma de venda. Já a de supermercado é uma atividade que se tem um grande poder de substituição de produtos, ou seja, o consumidor troca um produto por outro mais barato, o que acaba impactando na receita do comércio”, explicou a pesquisadora.
Economia fraca e perspectivas
Economia fraca e perspectivas
Os indicadores já divulgados continuaram a mostrar uma fraqueza da economia em junho e no 2º trimestre, após uma queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no 1º trimestre.
A indústria brasileira, por exemplo, registrou queda de 0,6% em junho e fechou o primeiro semestre com um recuo de 1,6% em sua produção. No período entre abril e junho, a indústria recuou 0,7%, na comparação com o primeiro trimestre – o terceiro trimestre seguido de contração.
A projeção do mercado financeiro para estimativa de alta do PIB deste ano permanece em 0,82%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Para 2020, a previsão de crescimento é de 2,1%.

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