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terça-feira, 8 de agosto de 2023

A estratégia da China na guerra por microchips contra o Ocidente

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A segunda maior economia do mundo e principal produtora de gálio e germânio restringe as exportações desses minerais, essenciais para a produção de chips.
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TOPO
Por BBC

Postado em 08 de agosto de 2023 às 06h25m

 #.*Post. - N.\ 10.906*.#

Os Estados Unidos e a China estão presos em uma guerra por recursos e tecnologia. — Foto: Getty Images via BBC
Os Estados Unidos e a China estão presos em uma guerra por recursos e tecnologia. — Foto: Getty Images via BBC

À medida que sua guerra por microchips contra os Estados Unidos se intensifica, a China passa a restringir as exportações de dois elementos-chave na indústria de semicondutores.

Sob os novos controles, serão necessárias licenças especiais para exportar gálio e germânio do país asiático, que é a segunda maior economia do mundo.

Esses elementos são utilizados na produção de chips e também possuem usos militares.

As restrições foram impostas depois que Washington limitou o acesso de Pequim à tecnologia avançada de microchips.

A China domina de longe a cadeia global de fornecimento de gálio e germânio. O país produz 80% do gálio e 60% do germânio do mundo, segundo a Critical Raw Materials Alliance (CRMA), órgão que representa essa indústria.

Os elementos são conhecidos como metais menores, o que significa que geralmente não são encontrados puros na natureza e são subprodutos de outros processos.

Além dos Estados Unidos, o Japão e a Holanda - sede da importante fabricante de chips ASML - impuseram restrições às exportações de tecnologia de chips para a China.

"O momento deste anúncio da China não é coincidência, dadas as restrições à exportação anunciadas pela Holanda, entre outros", disse Colin Hamilton, da empresa de investimentos BMO Capital Markets, à BBC.

Eles basicamente disseram que se eles não nos derem seus chips, não daremos a eles os materiais para fazer esses chips, disse ele.

O constante dar e receber entre as duas maiores economias do mundo levantou preocupações sobre o chamado "nacionalismo de recursos", quando os governos acumulam materiais críticos para pressionar outros países.

Estamos vendo os governos se distanciando cada vez mais da narrativa da globalização, diz Gavin Harper, professor pesquisador da Universidade de Birmingham, na Inglaterra.

"A ideia de mercados internacionais simplesmente fornecendo materiais acabou e, se olharmos para o quadro geral, a indústria no Ocidente pode enfrentar algum tipo de ameaça existencial." 
Elementos-chave
O gálio e o germânio são essenciais para a produção de eletrônicos de alta tecnologia. — Foto: Getty Images via BBC
O gálio e o germânio são essenciais para a produção de eletrônicos de alta tecnologia. — Foto: Getty Images via BBC

O arseneto de gálio, um composto de gálio e arsênico, é usado na fabricação de chips de computador de alta frequência, bem como na produção de diodos emissores de luz (LEDs) e painéis solares.

Um número limitado de empresas no mundo produz arsenieto de gálio com a pureza necessária para ser usado em componentes eletrônicos, de acordo com o CRMA.

O germânio também é usado na fabricação de microprocessadores e painéis solares. Além disso, faz parte da produção de lentes de visão que são "chave para os militares", diz Hamilton.

No entanto, ele acrescentou: Deve haver suprimentos suficientes de fundições de metais comuns para ter alternativas. A importância para (produção) de semicondutores de alta tecnologia é mais difícil de resolver, já que a China é dominante. Provavelmente haverá uma tendência para a reciclagem.

No mês passado, um porta-voz do Pentágono informou que os EUA tinham reservas de germânio, mas não de gálio.

O porta-voz também disse que "o Departamento de Defesa está tomando medidas para aumentar a mineração interna e o processamento de materiais críticos para a cadeia de suprimentos espacial e microeletrônica, incluindo gálio e germânio".

Mesmo assim, espera-se que as restrições à exportação da China tenham um impacto limitado no longo prazo.

Alternativas

Embora a China seja o principal exportador de gálio e germânio, existem substitutos para esses materiais na produção de componentes como chips de computador, segundo a consultoria Grupo Eurasia.

Há também instalações ativas de mineração e processamento localizadas fora da China, acrescentou o grupo.

A consultoria destacou as semelhanças desse episódio com as restrições que a China impôs às exportações de minerais de terras raras há mais de uma década.

Nessa época surgiram mais exportadores e em menos de de10z anos o domínio da China na oferta de minerais raros caiu de 98% para 63%, conforme estimativa da consultoria.

"Esperamos ver o desenvolvimento e a exploração de fontes alternativas de gálio e germânio, bem como uma intensificação dos esforços para reciclar esses produtos e identificar mais alternativas disponíveis", disse Anna Ashton, do Grupo Eurasia, à BBC.

"Isso não será apenas resultado da decisão da China de restringir as exportações", diz ela. "É o resultado das expectativas de aumento da demanda, intensificação da concorrência e desconfiança geoestratégica, bem como a disposição documentada da China de restringir importações e exportações para objetivos políticos e estratégicos."

Em outubro, Washington anunciou que exigiria licenças de empresas que exportam chips para a China e usam ferramentas ou softwares americanos, independentemente do lugar do mundo em que eles sejam fabricados.

O impacto além da indústria de tecnologia

A China frequentemente acusa os EUA de "hegemonia tecnológica" em resposta aos controles de exportação impostos por Washington.

Nos últimos meses, Pequim também impôs restrições a empresas americanas com vínculos com as Forças Armadas dos EUA, como a empresa aeroespacial Lockheed Martin.

Enquanto isso, os governos do Ocidente têm falado na necessidade de se "desmamar" da China, no sentido de não ser tão dependente do país asiático em termos de matérias-primas e produtos prontos.

No entanto, diversificar as cadeias de suprimentos, desenvolver a capacidade de minerar e, mais importante, processar metais como gálio e germânio levará anos.

Países ricos em minerais, como Austrália e Canadá, veem a crise dos materiais como uma oportunidade de longo prazo.

Especialistas alertam que o uso de recursos e capacidades tecnológicas como armas - como fizeram os EUA e a China - também terá consequências ambientais globais.

Isso porque novas tecnologias verdes importantes dependem desses tipos de materiais.

Este não é um problema nacional. É um problema que enfrentamos como raça humana. Esperamos que os legisladores possam trazer suas melhores propostas para a mesa, garantir o acesso aos materiais críticos que são essenciais para a transição energética e que possamos começar a abordar algumas das questões relacionadas à descarbonização, diz Gavin Harper.

Embora o impacto dos mais recentes controles de exportação não seja catastrófico para a indústria ou para os consumidores, especialistas alertam para a importância de prestar atenção para onde essa tendência se encaminha.

"Homens e mulheres comuns podem não ligar para o gálio e o germânio", diz Harper. Mas, ao mesmo tempo, eles se preocupam com o custo dos carros ou com o custo da transição para a tecnologia verde.

"Às vezes, políticas abstratas acontecendo em terras distantes podem realmente ter um grande impacto em nossas vidas."
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Cacique Raoni: 'Pedi a Lula para não repetir os erros do passado'

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Raoni foi a Belém para participar das reuniões que antecederam a Cúpula da Amazônia, evento com presidentes de diversos países que começa nesta terça-feira.
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TOPO
Por BBC

Postado em 08 de agosto de 2023 às 13h40m

 #.*Post. - N.\ 10.906*.#

Raoni subiu a rampa do Palácio do Planalto na posse de Lula — Foto: Reuters
Raoni subiu a rampa do Palácio do Planalto na posse de Lula — Foto: Reuters

Uma fila se formou entre as mesas de um restaurante na área central de Belém e não era para chegar à comida. A fila seguia em direção à cadeira onde o cacique Raoni Metuktire aguardava pacientemente por um prato de peixe pedido havia quase meia hora.

Um a um, em duplas, trios, os frequentadores matavam sua fome de foto. Raoni não negou um retrato. A cada pedido, ele fazia sinal de positivo com o polegar direito e sorria em silêncio.

Aos 93 anos, Raoni parecia acostumado ao assédio digno de popstar.

Desde os anos 1970, ele se transformou num dos rostos mais conhecidos do país e numa das principais lideranças indígenas do mundo. Sua luta pela preservação da Amazônia e pelo respeito aos direitos indígenas chamou atenção de artistas como o cantor Sting e de membros da família real britânica como o Rei Charles 3º.

Raoni foi a Belém para participar das reuniões que antecederam a Cúpula da Amazônia, evento que começa nesta terça-feira (8/8) e que vai reunir presidentes e líderes de todos os países da região amazônica, além de outras nações convidadas.

Ao longo de sua história, Raoni já se manifestou contra madeireiros, grileiros e garimpeiros. Agora, sua atenção está voltada para o que considera ser um novo perigo dos povos indígenas: a exploração de petróleo na Amazônia.

"Vou pedir para o Lula não explorar o petróleo na Amazônia", disse Raoni em entrevista exclusiva à BBC News Brasil.

O pedido será feito em meio a um momento delicado para o governo Lula.

O petista convocou a Cúpula da Amazônia com o objetivo de obter uma posição conjunta dos líderes da região em torno de temas como a preservação ambiental. A ideia é que esses países cheguem unidos nas negociações da 28ª Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP-28), prevista para dezembro deste ano.

A cúpula caminhava para ser palco de uma pauta positiva do governo Lula, mas um dos principais temas debatidos por movimentos sociais e lideranças indígenas nos eventos que antecederam a cúpula foi a exploração de petróleo na Amazônia. Nas avenidas próximas ao local do evento, há cartazes espalhados contra a atividade.

O tema ganhou destaque em maio deste ano, quando o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou uma licença ambiental para a Petrobras perfurar um poço exploratório em um bloco localizado na bacia sedimentar da Foz do Rio Amazonas, na costa do Amapá. O órgão alegou que o plano de segurança apresentado pela estatal não era suficiente para que o poço fosse liberado.

A estatal e o Ministério de Minas e Energia (MME) reagiram e defendem a pesquisa e exploração de petróleo na Margem Equatorial, região que vai da costa do Amapá à do Rio Grande do Norte.

Lula, até agora, não se posicionou de forma enfática sobre o assunto. Questionado sobre o assunto em maio, ele disse achar "difícil" que a exploração de petróleo na bacia da Foz do Rio Amazonas prejudique a Amazônia.

"Se explorar esse petróleo [da foz do Amazonas] tiver problema para a Amazônia, certamente não será explorado, mas eu acho difícil, porque é a 530 quilômetros da Amazônia", disse o presidente.

A ambiguidade da posição brasileira sobre o tema chamou ainda mais atenção depois que, em julho, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, defendeu publicamente o fim da exploração de petróleo na Amazônia.

Membros do governo dizem que a área pode ser um novo "pré-sal" do Brasil e que o país não poderia abrir mão desse tipo de riqueza. Mas o argumento econômico não convence Raoni.

Há expectativa de que ele se encontre com Lula nos próximos dias, durante a cúpula, e ele promete que vai falar com o presidente sobre o assunto.

Eu não vou apoiar o Lula nisso. Eu vou falar pra ele não fazer isso na Foz do Rio Amazonas. Vai estragar o peixe e o rio e isso não é bom.
— Raoni

Na entrevista, o cacique elogia o que considera como avanços na política indigenista do atual governo, e diz que os indígenas já teriam "perdoado" os governos do PT pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

Comunidades indígenas afirmam que a usina afetou o regime de pesca e causou danos à vida da população local.

Apesar do "perdão", Raoni diz que fez um alerta ao presidente, com quem entrou de mãos dadas no Palácio do Planalto, no dia em que o petista assumiu seu terceiro mandato.

"Você fez muita coisa ruim e isso não pode acontecer com o atual governo", disse Raoni.

O que está em jogo na cúpula que discute o futuro da Amazônia

O que está em jogo na cúpula que discute o futuro da Amazônia

Confira os principais trechos da entrevista:

BBC News Brasil - Em uma carta assinada por entidades indígenas, vocês dizem que a única forma de combater as mudanças climáticas é escutar os povos indígenas. O que precisa ser escutado?

Raoni Metuktire - Vou falar com os governos para manterem a floresta em pé. Eu já venho falando isso faz tempo, tanto para o governo brasileiro, quanto para fora. Até hoje, continuo falando. Se desmatar toda a mata, vai ficar muito quente. O clima vai ficar diferente e é um perigo para todos.

BBC News Brasil - O senhor é respeitado no mundo todo. Países ricos prometeram bilhões de dólares para combater as mudanças climáticas, mas esse dinheiro ainda não começou a fluir. Qual o seu recado para os países ricos que prometeram dinheiro para combater as mudanças climáticas?

Raoni - Hoje, os governos e as associações ambientais estão reunidas para discutir num fórum como esse. Vou falar a eles para pedirmos juntos aos países ricos para mandar dinheiro para a gente manter a floresta em pé. Vamos trabalhar apenas com projetos sustentáveis. É isso que estou querendo.

Eu já tinha falado há muito tempo, venho trabalhando e venho pedindo, mas como esse evento é muito importante, vou aproveitar para pedir de novo. É bom os países ricos ajudarem os países em desenvolvimento para trabalharmos em projetos sustentáveis. Não queremos madeireiros, não queremos garimpeiros.

BBC News Brasil - Nesta terça-feira, o senhor deve se encontrar com o presidente Lula. Parte dos países e da comunidade internacional não querem a exploração de petróleo na Amazônia. O que o senhor vai dizer ao presidente Lula sobre petróleo na Amazônia?

Raoni - Eu não vou apoiar o Lula nisso. Eu vou falar para ele não fazer isso na Foz do Rio Amazonas. Vai estragar o peixe e o rio e isso não é bom.

BBC News Brasil - Em uma frase, o que o senhor falará ao presidente Lula sobre petróleo?

Raoni - Vou pedir para o Lula não explorar o petróleo na Amazônia. Se for (explorar) próximo a algum território, se ele quiser fazer isso, tem que fazer em algum outro lugar. Vou ter que falar isso para ele.

BBC News Brasil - Por que o senhor é contra a extração de petróleo na Amazônia?

Raoni - Se o governo quiser mexer com isso, meu medo é que quando a empresa for mexer nisso, que haja transformação no subsolo, problemas com a água. Meu medo é que se continuarem fazendo isso, eles possam causar danos ao ser humano.

BBC News Brasil - O senhor entrou de mãos dadas com o presidente Lula na posse. Isso deu a impressão de que os povos indígenas apoiam o presidente. Mas o senhor é uma liderança do movimento indígena. Tem como ser líder indígena e fazer críticas ao presidente Lula?

Raoni - Sim. Depois que a gente subiu a rampa, eu falei para ele: "Como já subi a rampa com você, quero te dizer pra você respeitar os indígenas, para receber as lideranças e, toda vez que for fazer alguma coisa, você tem que consultar a liderança indígena. Você tem que esquecer as coisas do passado. Você fez muita coisa ruim e isso não pode acontecer com o atual governo que você vai governar. Se você errar alguma coisa, vou chegar a você e falar".

Aí ele falou para mim que, assim que ele errar alguma coisa, posso ir orientar e dar conselhos, pois ele iria me ouvir.

BBC News Brasil - O senhor falou de erros do passado. Os povos do Xingu culpam os governos de Lula e da ex-presidente Dilma pela usina hidrelétrica de Belo Monte. Belo Monte foi o pior erro?

Raoni - Ele (Lula) falou que isso é coisa do passado e que dessa vez ele iria apoiar os indígenas do Brasil. Foi isso que combinamos.

BBC News Brasil - Mas os povos indígenas já perdoaram os governos do PT pelos danos causados por Belo Monte? O senhor perdoou Lula e Dilma por Belo Monte?

Raoni - Sim, já perdoamos, mas eu falei para ele para não continuar com os erros do passado. Além de conversar com ele sobre esses trabalhos, eu fui lá na Europa pedir para as autoridades de fora para dar apoio para demarcar as terras indígenas. Isso foi falado ao presidente Lula.

BBC News Brasil - O atual governo prometeu fazer a demarcação de várias terras e retirar invasores de terras indígenas. Como está a velocidade do governo para demarcar terras indígenas e retirar invasores?

Raoni - Como eles prometeram durante a campanha, o governo está cumprindo sua palavra e está fazendo novas demarcações e retirando invasores. Eu estou gostando.

BBC News Brasil - Há alguns meses, o congresso pressionou e retirou poderes do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério dos Povos Indígenas. Dá para confiar num governo que cedeu nesses pontos ao Congresso?

Raoni - Fiquei sabendo da situação dos ministérios. Eu queria trazer o presidente Lula para minha aldeia para falar sobre isso, (para falar) para ele ser forte, mas ele ficou no hospital e por isso ele não foi. Amanhã (terça-feira), eu vou falar com ele e ele tem que ser forte e enfrentar esse grupo pelo bem do povo indígena.

BBC News Brasil - Nesta segunda-feira, um indígena da etnia tembé foi atingido por um tiro, no Pará. Por que os indígenas são alvo de tanta violência na Amazônia?

Raoni - Há muito tempo, o filho de um branco foi pego pelos indígenas e foi maltratado. Aí, ele conseguiu escapar e falou para os brancos que era preciso acabar com os indígenas. [Nota da redação: após traduzir a primeira parte da fala do cacique, o tradutor informa que parte da resposta de Raoni foi dada em formato de lenda]

Uma vez, fui a São Paulo com os irmãos Villas-Boas e eles me mostraram uma estátua e disseram que era para derrubá-la.

[Nota da redação: a reportagem perguntou ao tradutor sobre a qual estátua Raoni se referia. Ele disse que, "provavelmente", era a estátua de um bandeirante, termo usado para designar pessoas que, no período colonial, foram responsáveis pela captura de indígenas com a intenção de escravizá-los]

Era a estátua de alguém que odiava os indígenas. Uma das coisas que eu vou falar amanhã é que eles aloquem recursos urgentes para serem retirados os garimpeiros e madeireiros que praticam coisas ruins contra os indígenas. Temos que proteger os territórios dos madeireiros e dos garimpeiros. Vou cobrar os presidentes amanhã.

[Nota da redação: Orlando, Leonardo e Cláudio Villas-Boas foram sertanistas brasileiros responsáveis pelo contato com diversas etnias indígenas no século 20 e foram considerados militantes importantes na defesa dos direitos indígenas no país].

BBC News Brasil - O senhor disse que fará críticas ao governo Lula quando necessário. Como o senhor analisa a política do ex-presidente Jair Bolsonaro?

Raoni - Bolsonaro não pensa muito bem. Ele critica vocês, brancos, nós indígenas, praticamente falando que precisa fazer guerra para diminuir a quantidade de pessoas. Não gostei de Bolsonaro e ele não é uma boa pessoa.

BBC News Brasil - Cientistas afirmam que a Amazônia está perto do ponto de não-retorno, um ponto a partir do qual seria impossível recuperá-la e que ela pode acabar. O senhor está otimista ou pessimista? O mundo vai conseguir evitar o ponto de não-retorno?

Raoni - Muitas autoridades estrangeiras estão prometendo compromissos para frear esse problema. Muitas pessoas e muitas lideranças estão pensando como eu, e acredito que vamos conseguir. Mas tem muita gente que critica nós, indígenas, as lideranças. Se essas pessoas forem mais fortes do que nós, a gente vai ter problema para todo mundo.

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