PIB avançou 0,2% no 2º trimestre; resultado do 1º trimestre foi revisado de alta de 0,4% para 0,1%.

PIB do Brasil cresceu 0,2% no 2º trimestre. E eu com isso?
O crescimento de 0,2% da economia brasileira no 2º trimestre veio em linha com o esperado, mas a revisão para baixo dos números do 1º trimestre surpreendeu e sinaliza que as projeções do mercado para o PIB do ano todo devem ser reduzidas para uma alta em torno de 1%, segundo economistas ouvidos pelo G1. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) baixou de 0,4% para 0,1% o avanço da economia nos três primeiros meses do ano.
A atual estimativa Tendências é de uma alta de 1,7% no PIB do ano, mas pode ser revisada para um patamar abaixo dos 1,47% esperados pelo mercado no último boletim Focus.
"Como derrubou muito no primeiro trimestre, por mais que a economia cresça no terceiro, e é esperada uma alta mais forte por causa do contraponto com a greve, é bem razoável que o mercado revise para baixo, porque a base mudou muito", diz Alessandra Ribeiro, economista da consultoria.
Nas contas dela, se a economia crescer 0,8% no segundo trimestre e 0,5% no quarto trimestre, o avanço no ano fica em torno de 1,2%.
Já o número do segundo trimestre vieram exatamento como esperado pela Tendências. "(Os dados) mostram que a greve dos caminhoneiros realmente deu uma boa quebrada (no ritmo de recuperação da economia). A indústria sofreu bem, especialmente a de transformação, muito por efeito da greve, e os serviços fizeram o contraponto positivo", afirma Alessandra.
"(A greve) foi um tombo muito grande para uma economia que vinha timidamente se recuperando, endossa a professora de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), Virene Matesco.
Para ela, o resultado do PIB do segundo trimestre também já era esperado. “A recuperação está lenta. Estamos vivendo muitas incertezas internas e externas”, diz. Por causa disso, ela prevê que o crescimento do ano fique entre 0,9% e 1%.
De acordo com a professora da FGV, apesar do crescimento tímido de 0,2% em relação ao trimestre anterior, que mostra baixa e tímida recuperação, olhando para o mesmo trimestre do ano anterior, sem os efeitos sazonais como a greve dos caminhoneiros, é possível notar uma recuperação – o crescimento foi de 1%, e nos últimos 12 meses, a variação é de 1,4%. "Ou seja, saímos da recessão, mas nada de grandes comemorações", afirma.
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Para a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o elevado grau de incerteza decorrente de desfecho do cenário político tem contaminado as expectativas quanto ao desempenho da economia brasileira desde o primeiro trimestre. Com isso, a entidade revisou sua expectativa de crescimento do PIB para 2018 de 1,6% para 1,3%.
A expectativa foi revista para baixo, segundo a CNC, após a confirmação do fraco desempenho da economia no segundo trimestre e se baseia na percepção de que o atual processo de desvalorização do real deverá somar-se às pressões nos preços das tarifas, contaminando a inflação e, consequentemente, tornando iminente o início de um novo ciclo de aperto monetário.
“Embora esse tenha sido o sexto trimestre sem quedas no PIB, a economia apresentou claras dificuldades em acelerar o ritmo de crescimento nos últimos três trimestres.
Diante do modesto avanço, o nível atual de geração de riqueza gerada no país equivale àquele observado em 2011 e encontra-se 6% abaixo do pico de produção verificado no período pré-recessivo”, explica Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da confederação.
Investimento preocupa
Na visão do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, apesar de prevista, a queda de 1,8% nos investimentos das empresas (Formação Bruta de Capital Fixo) é o movimento que mais preocupa no segundo trimestre.
"Esse é o pior sinal. Porque, obviamente, uma economia que não investe não cresce e, pior, não gera emprego". Ele esperava investimento zero neste ano, mas diz que vai rever a previsão.
"Se o segundo trimestre foi assim, não vejo motivos para que investimento se recupere no terceiro trimestre. Não se vê sinal de decisões relevantes (no terceiro tri), pelo contrário, é um trimestre de revisões", diz. "Vai demorar bastante e para se recuperar e não se sabe bem quanto".
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Retomada lenta
Na avaliação de Alessandra, da Tendências, os dados divulgados nesta sexta reforçam uma retomada lenta e gradual da economia, mas há espaço para uma recuperação mais robusta em 2019.
"No fundo, a gente vê uma economia que cresce muito muito devagar, mas por outro lado a indústria tem osciosidade e estamos com os fundamentos macro em ordem. Apesar da questão fiscal, que precisa ser resolvida, temos o teto de gastos, inflação controlada e juros muito baixos", explica.
Essa tração mais forte depende, de acordo com a economista, da volta da confiança, tanto das famílias para consumir quanto dos empresários para investir. "E sabemos que boa parte disso depende de eleições", pondera. "O problema é que caímos muito (na recessão). Nossa expectativa é de uma uma volta para o nível do PIB de 2014 em 2021, talvez só em 2022."
"(A economia) vai demorar bastante e para se recuperar e não se sabe bem quanto", diz José Francisco, do Fator.

Greve dos caminhoneiros marca economia no segundo trimestre
Virene Matesco aponta que o desemprego ainda está muito alto e é preciso atenção ao grande índice de pessoas endividadas e inadimplentes. "Mas estamos vagarosamente saindo do atoleiro".
Ela considera significativa a variação nula da agropecuária, que costuma ser o carro-chefe da economia. "Isso é preocupante em termos de inflação para o futuro, teremos pressão grande da agropecuária, e a desvalorização cambial pode contaminar os preços", afirma.
Segundo ela, como o país não terá uma safra de grandes ofertas, com essa variação zero significando plantio igual do ano passado, “a oferta de alimentos não deverá ter aquele boom que vivemos no ano passado”.
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Virene diz que o consumo das famílias, que é o motor da economia do lado da demanda e representa, no destino da produção, quase 64% do PIB, teve uma recuperação muito tímida em comparação com o 1º trimestre, mas em relação ao 2º trimestre do ano anterior e nos últimos 12 meses as variações de 1,7% e 2,3%, respectivamente, são bastante positivas.
"O que confirma uma trajetória positiva, embora tímida, mas esse consumo vem se recuperando aos poucos", diz.
Em relação aos investimentos e a queda da indústria, Virene considera que há ainda um clima de insegurança, que acaba levando incerteza para quem quer investir.
"O investimento é algo que você olha para o amanhã, mas o consumo é o hoje. Você só investe no amanhã se você tiver expectativa positiva com relação ao que você vai ver no amanhã".
Segundo ela, o tombo da indústria, de -0,6%, foi consequência quase direta da greve dos caminhoneiros, mas também há incertezas em meio ao cenário eleitoral e às medidas que serão tomadas pelo próximo governo.
"Tudo isso mostra claramente um compasso de espera. Quando você toma decisão de investimento você compra equipamentos e tem custos. Se não há expectativa mais favorável, você adia essa compra".
PIB DO 2º TRIMESTRE DE 2018
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