Total de visualizações de página

quarta-feira, 23 de março de 2022

Entenda o que é o Crispr, ferramenta que consegue editar o DNA

===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====


Dupla que descobriu a ferramenta foi premiada nesta quarta-feira (7).
===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====
Por Lara Pinheiro, g1

Postado em 23 de março de 2022 às 10h20m

Post.- N.\ 10.258

Em 2020, o Prêmio Nobel de Química foi para as duas cientistas que desenvolveram o Crispr, uma ferramenta que consegue editar o DNA, o código genético de seres vivos. Abaixo, nesta reportagem, você vai entender o que é o Crispr, para que ele serve, para que já foi usado e quais são as polêmicas em torno da sua aplicação.

O que é o Crispr? Para que ele serve?

O Crispr/Cas9 é uma espécie de "tesoura genética", que permite à ciência mudar parte do código genético de uma célula. Com essa "tesoura", é possível, por exemplo, "cortar" uma parte específica do DNA, fazendo com que a célula produza ou não determinadas proteínas.

A pesquisa com a descoberta da ferramenta foi publicada na revista científica "Science", uma das mais importantes do mundo, em junho de 2012.

Entenda o que é o CrisprEntenda o que é o Crispr

Usando o Crispr, cientistas podem alterar o DNA de animais, plantas e microrganismos com extrema precisão. A tecnologia "teve um impacto revolucionário nas ciências da vida", segundo o comitê do Prêmio Nobel, e está contribuindo para novas terapias contra o câncer. A ferramenta também pode tornar realidade o sonho de curar doenças hereditárias (veja infográfico).

Entenda o Crispr — Foto: Betta Jaworski/G1
Entenda o Crispr — Foto: Betta Jaworski/G1

Para que ele é usado hoje?

Como o Crispr é bastante fácil de usar, ele foi amplamente difundido na pesquisa básica. Ele é usado para alterar o DNA de células e de animais de laboratório, com o objetivo de compreender como diferentes genes funcionam e interagem, por exemplo, durante o curso de uma doença.

"A gente consegue derivar linhagens [de células] de pacientes com diferentes doenças genéticas no laboratório e, a partir do sangue, conseguimos fazer células musculares, neurônios, células pulmonares, qualquer tipo. Com essa tecnologia, a gente tenta corrigir o defeito genético para resgatar o quadro clínico [do paciente]. Ou pode criar mutações e ver o que acontece", explica a geneticista Mayana Zatz, que lidera o Projeto Genoma da USP.

No laboratório, os cientistas também estão editando genes de porcos para desenvolver órgãos que possam ser transplantados em humanos sem que haja rejeição, segundo Zatz.

Além dos usos em humanos, pesquisadores também conseguiram desenvolver plantas capazes de resistir a mofo, pragas e seca, por exemplo, além de criar cães extramusculosos, porcos que não contraem viroses e amendoins antialérgicos.

Há um poder enorme nessa ferramenta genética, que afeta a todos nós. Não só revolucionou a ciência básica, mas também resultou em colheitas inovadoras e levará a novos tratamentos médicos inovadores , disse Claes Gustafsson, presidente do comitê do Prêmio Nobel de Química. 
Quais são os problemas em torno do uso?

Uma das polêmicas com a ferramenta é que o Crispr pode "cortar" a parte errada do genoma, ou fazer mudanças que não eram as pretendidas. Por isso, ela não pode ser usada em embriões humanos que vão ser implantados em tratamentos de reprodução assistida, por exemplo.

"Não há controle se, ao editar o gene que causa a doença genética, não se está criando mutações, ao acaso, em outros genes, e que não podem ser controladas", explica Mayana Zatz.

Em novembro de 2018, um pesquisador chinês usou o Crispr para fazer uma edição genética em embriões humanos de modo torná-los, supostamente, imunes ao HIV. Os embriões foram implantados e deram origem a gêmeas.

Em fevereiro do mesmo ano, um estudo publicado por um cientista do MIT indicou que a alteração provavelmente teria impacto na função cognitiva das bebês. Na época, o pesquisador disse que a edição de DNA em humanos não deveria ser feita justamente porque os efeitos dela eram impossíveis de prever.

Zatz defende que pesquisas sejam realizadas em embriões com a técnica, mas apenas nos que não serão implantados em reprodução assistida.

"Se conseguirmos corrigir mutações em embriões para doenças genéticas, isso vai ser um avanço. Mas não tem nenhuma seguranca para fazer em embriões que vão ser implantados", afirma.

Pesquisador chinês explica processo por trás de 'edição genética'Pesquisador chinês explica processo por trás de 'edição genética'
------++-====-----------------------------------------------------------------------=================--------------------------------------------------------------------------------====-++-----

Terra registra recordes de calor nos polos; entenda o que há de inédito e o que isso revela sobre a crise climática

===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====


A Antártica e o Ártico registraram recordes de temperatura na mesma semana.
===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====
Por Carolina Dantas, g1

Postado em 23 de março de 2022 às 07h15m

Post.- N.\ 10.257

Base franco-italiana Concordia, instalada na Cúpula C, na Antártica — Foto: Michael Studinger/Nasa
Base franco-italiana Concordia, instalada na Cúpula C, na Antártica — Foto: Michael Studinger/Nasa

A Antártica e o Ártico registraram recordes de temperatura na mesma semana — os extremos da Terra apresentaram um calor pelo menos 30ºC maior do que a média para esta época do ano. O cenário, segundo climatologistas, é inédito, apesar de ser previsto pelos cientistas como uma das consequências da atual "era" de emergência climática.

As duas regiões do planeta têm características próprias e, portanto, reagem às mudanças do clima de forma diferente. O Ártico é um oceano coberto por uma camada de gelo marinho, cercado por três continentes - Ásia, América do Norte e Europa. Já a Antártica é um continente por si só, cercado pelo oceano.

Na Antártica, o recorde recente foi registrado na sexta-feira (18) na base de pesquisa franco-italiana Concordia, instalada na Cúpula C, ou Domo C, uma região inóspita e com mais de 3 km de altitude. A temperatura registrada foi de –11,5ºC (ou seja, 11,5ºC negativos), sendo que o esperado para essa época do ano é pelo menos - 50ºC (50ºC negativos), em média. É considerada, por alguns cientistas, a região mais fria da Terra.

Além disso, segundo a plataforma "Climate Reanalyzer", da Universidade do Maine, nos Estados Unidos, todo o continente antártico estava, em média, 4,8ºC mais quente do que a temperatura de referência registrada entre os anos de 1979 e 2000.

Cúpula C, região da Antártica — Foto: Wagner Magalhães/g1
Cúpula C, região da Antártica — Foto: Wagner Magalhães/g1

"Imagina um platô polar que está a 3 mil metros de altura, que deveria estar a - 50ºC, - 45ºC, e de repente vai a -11ºC. E esse -11ºC nunca foi visto, pelo menos não desde 1957, 1958, quando passamos a ter estação naquela região", afirma o pesquisador Francisco Eliseu Aquino, o Chico Geleira, que já esteve 18 vezes na Antártica. Ele é integrante do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo Geleira, o recorde na Antártica é inédito e, mais do que isso, o fato de a temperatura variar tanto quase "no fim do mundo" surpreendeu os pesquisadores. Para ele, a chegada de uma onda de calor à região congelante por natureza é um sinal dos impactos da emergência climática.

"Nós estamos indo do outono em direção ao inverno, que lá é muito pronunciado. Nós não esperamos onda de calor por lá nem no verão", explicou.

"Para isso acontecer, a circulação atmosférica precisou se organizar de uma forma muito intensa, induzindo um ciclone extratropical para levar ar quente e úmido da região tropical até o interior da Antártica. É como se você tivesse um rio voador de umidade indo para o interior do platô polar", completou.

Recorde no Ártico

Em medições pontuais em estações do Ártico, incluindo recordes na Noruega e na Groenlândia, alertaram temperaturas até 30ºC mais altas do que o previsto para essa época do ano. Na sexta-feira, toda a região estava em média 3,3ºC mais quente do que o período de 1979 a 2000, de acordo com a "Climate Reanalyzer".

Por ser um oceano coberto por uma camada de gelo e apresentar outra dinâmica, esse extremo do planeta já tem registrado ondas de calor há algumas décadas – apesar da recorrência, isso não significa que o fenômeno é inócuo e não possa ter consequências da crise climática.

"Em alguns anos, durante o verão, a extensão do gelo caiu mais de 40% do que seria a média esperada. Nós estamos vendo o desaparecimento no auge do verão, isso é setembro, de grande parte do oceano Ártico. Ou seja: a cobertura de gelo do oceano Ártico está cada vez menor", explica Jefferson Simões, coordenador-geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera.

Simões explica que, com as mudanças do clima, o mar congelado do Ártico desaparece e o oceano fica na superfície, que é mais escura, e assim absorve mais energia solar, além da circulação natural do oceano.

"Aquece, derrete o gelo, gera mais energia do oceano, e absorve mais energia do sol, e derrete mais gelo, e assim por diante. Esse processo que está acelerando as mudanças do clima no Ártico", detalha.

Além disso, Geleira acrescenta que a situação atual do Ártico induz a ondas de calor no sul da Europa, na Ásia e na América do Norte, como as que foram vistas em 2021.

Em 28 de fevereiro, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU publicou a segunda parte de seu 6º documento, que começou a ser divulgado ainda em 2021.

Um dos capítulos tratava da crise climática nos polos da Terra, com informações sobre Ártico e Antártica. O IPCC reúne as principais evidências científicas e seu grau de confiabilidade a respeito do assunto.

Veja o que diz o painel sobre essas regiões:

  • Nas últimas duas décadas, a temperatura do ar na superfície do Ártico aumentou mais do que o dobro da média do planeta;
  • Pesquisas conseguem interligar o papel do homem e de suas emissões de gases do efeito estufa com o aumento da temperatura no Ártico;
  • Eventos recentes apontam a existência de novos "extremos" no clima da região;
  • A temperatura anual do Ártico entre 2014 e 2018 é mais alta do que qualquer ano desde 1990;
  • Foram registradas anomalias de temperatura na superfície durante o inverno – de janeiro a março - com até + 6ºC em média;
  • A Antártica tem visto mudanças na temperatura menos uniformes nas últimas décadas, com aquecimento maior na parte Ocidental e sem mudança significativa na parte Oriental – o fato de o recorde desta sexta-feira ter sido registrado justamente na parte sudeste do continente chama a atenção.
Cientistas explicam efeitos do aquecimento globalCientistas explicam efeitos do aquecimento global
------++-====-----------------------------------------------------------------------=================--------------------------------------------------------------------------------====-++-----