O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 1,8% em setembro,
na comparação com agosto, segundo divulgou nesta quinta-feira (12) o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de
engatar a quarta alta seguida, o setor ainda não conseguiu recuperar o
patamar pré-pandemia e continua mostrando recuperação mais lenta do que a
observada no comércio e indústria.
"O
volume de serviços ainda se encontra 18,3% abaixo do recorde histórico,
alcançado em novembro de 2014 e 8% abaixo de fevereiro de 2020",
informou o IBGE, destacando que o ganho acumulado de 13,4% em 4 meses
foi insuficiente para compensar a perda acumulada de 19,8% entre
fevereiro e maio.
Segundo o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, o setor de serviços ainda
precisa avançar 8,7% para recuperar o patamar de fevereiro, mês que
antecedeu o início das medidas de isolamento para contenção do
coronavírus.
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Volume de serviços mês a mês — Foto: Economia G1
Embora o ritmo de recuperação tenha desacelerado, a alta de 1,8% em
setembro foi o maior avanço já registrado para meses de setembro em toda
a série histórica iniciada em 2011.
Em relação a setembro de 2019, o setor recuou 7,2%, a sétima taxa negativa seguida nessa base de comparação.
A expectativa eem pesquisa da Reuters era de alta de 1,1% na comparação mensal e queda de 8,1% ante setembro de 2019.
Perda de 8,8% no acumulado no ano e queda recorde em 12 meses
No acumulado no ano, setor ainda tem queda de 8,8% frente ao mesmo
período do ano passado, maior perda já registrada para meses de setembro
em toda a série histórica do IBGE, com expansão em apenas 25,3% dos 166
tipos de serviços investigados.
Em 12 meses até setembro, a perda acelerou para uma taxa recorde de -6%, vindo de -5,3% em agosto, chegando também ao resultado negativo mais intenso da série deste indicador.
A receita nominal do setor cresceu 2% em setembro, frente ao mês
imediatamente anterior, mas caiu 7,5% na comparação anual. No acumulado
no ano, o indicador mostra baixa de 8,1%. Em 12 meses, diminuiu 4,7%.
Regionalmente, 26 das 27 unidades da federação acumulam taxas negativas
no acumulado no ano, com destaque para SP (-8,3%), RJ, (-7,3%), RS
(-14,0%) e MG (-7,9%). Rondônia (3,4%) é o único estado com crescimento
em 2020.
Desempenho por segmento
Setorialmente, 4 das 5 atividades mostraram avanço no volume na
passagem de agosto para setembro. Apenas serviços profissionais,
administrativos e complementares (-0,6%) tiveram resultado negativo.
Variação do volume de serviços em setembro, por atividade e subgrupos:
- Serviços prestados às famílias: 9%
- Serviços de alojamento e alimentação: 9,1%
- Outros serviços prestados às famílias: 10,9%
- Serviços de informação e comunicação: 2%
- Serviços de tecnologia da informação e comunicação: 1,4%
- Telecomunicações: 0,3%
- Serviços de tecnologia da informação: 3,2%
- Serviços audiovisuais: 5,6%
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: -0,6%
- Serviços técnico-profissionais: -1,9%
- Serviços administrativos e complementares: 1,1%
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: 1,1%
- Transporte terrestre: 2,3%
- Transporte aquaviário: 3,1%
- Transporte aéreo: 19,2%
- Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: -2,9%
- Outros serviços: 4,8%
O
setor de outros serviços, que avançou 4,8% na comparação com o mês
anterior, alcançou 6,1% no acumulado do ano, foi o único a superar o
nível pré-pandemia, refletindo a alta nos serviços financeiros e
auxiliares.
"As empresas nesse segmento vêm obtendo incrementos de receita desde o
segundo semestre de 2018 em função da redução consistente da taxa Selic,
que reduziu os ganhos com a poupança e levou os agentes econômicos a
buscarem alternativas mais atraentes de investimentos, sejam de renda
fixa ou variável. Neste sentido, empresas que atuam como intermediárias
desse processo de captação recursos, tais como as corretoras de títulos e
as administradoras de bolsas de valores, têm obtido ganhos expressivos
de receita por conta da maior procura por ativos de maior
rentabilidade”, explicou Lobo.
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Quanto falta crescer para voltar ao patamar pré-pandemia — Foto: Economia G1
Serviços prestados às famílias acumulam queda 38,6% no ano
Os serviços prestados às famílias acumulam retração de 38,6% no ano,
sendo que o segmento de serviços de alojamento e alimentação é o que
acumula a maior queda do setor: -40,2%.
Segundo o IBGE, os serviços prestados às famílias são o segmento que
ainda mais precisa avançar para voltar ao patamar pré-pandemia: 55,9%.
Já transportes ainda acumulam queda de 8,6% no ano e ainda precisam
avançar 11,1% para retomar o nível de fevereiro. O subgrupo transporte
aéreo, por sua vez, tem que avançar ainda 65,9%.
“Muitos
trabalhadores ainda estão exercendo suas funções fora do local de
trabalho e ainda há muitas pessoas que não estão saindo de casa nem
viajando. Por isso, estabelecimentos como restaurantes e hotéis, além do
transporte de passageiros ainda não estão funcionando em plena
capacidade, atuando como limitadores de um processo mais acelerado de
retomada tanto dos serviços prestados às famílias como do setor de
transportes como um todo”, destacou Lobo.
Alta de 8,6% no 3º trimestre
Após duas taxas negativas seguidas, o setor de serviços avançou 8,6% na passagem do segundo para o terceiro trimestre.
No segundo trimestre, a queda havia sido de 15,5%, a mais intensa de
toda a série histórica da pesquisa. Já no primeiro trimestre, a queda
havia sido de 2,9%.
"Nos dois primeiros trimestres, tivemos uma queda acumulada de 18%.
Então, apesar da taxa positiva do terceiro trimestre, ainda é um
crescimento insuficiente para reverter as perdas passadas", apontou o
pesquisador.
Recuperação e perspectivas
Após o forte tombo da economia no 1º semestre, a atividade econômica vem mostrando reação no 3º trimestre, mas com um desempenho desigual entre os setores.
O setor de serviços foi o mais abalados pela pandemia de coronavírus e
continua mostrando um nível de atividade bem menor do que o observado no
comércio e na indústria, sobretudo nas atividades que envolvem
atendimento presencial.
Na quarta-feira, o IBGE mostrou que o comércio varejista cresceu pelo 5º mês seguido em setembro, zerando as perdas no ano.
A indústria também cravou a quinta alta seguida em em setembro,
eliminando completamente as perdas registradas entre março e abril. No acumulado no ano, porém, ainda acumula perda de 7,2%.
Relatório divulgado pelo Banco Central com base em dados de transações
com cartão de débito mostram que as atividades de cabelereiro,
lavanderias e outros serviços pessoais já voltaram ao nível de
faturamento pré-pandemia, enquanto que o segmento de alimentação, que
tem o maior peso no setor, ainda se encontra aproximadamente 7% abaixo
do observado no 1º bimestre. Já as atividades culturais, de recreação e
lazer possuem a retomada mais lenta, com faturamento 53% abaixo do nível
pré-pandemia, "uma vez que grande parte desses serviços ainda não estão
funcionando normalmente na maioria dos estados".
Analistas apontam que o desemprego elevado e perspectiva de término dos
programas de auxílio devem limitar o ritmo de recuperação da economia
na virada de ano. Pesam também nas perspectivas para o país, as
incertezas ainda elevadas sobre a evolução da pandemia de coronavírus e
as preocupações com a saúde das contas públicas.
"De
maneira geral os dados do terceiro trimestre como um todo vieram muito
bons e isto deve forçar alguma revisão em nossas projeções de PIB, no
entanto com os dados desacelerando na margem teremos fatalmente um
quarto trimestre de 2020 mais fraco o que pode contrabalançar a
atividade deste ano", destacou o economista da Necton, André Perfeito.
A estimativa atual do mercado é de um tombo de 4,8% em 2020 e alta de 3,31% em 2021, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.

Vendas do varejo crescem pelo 5º mês seguido, mas desaceleram em setembro
Atividade turística cresce 11,5% em setembro
O IBGE também mostoru que o índice de atividades turísticas registrou
expansão de 11,5% frente a agosto, quinta alta seguida. O indicador,
porém, também não eliminou ainda as perdas registradas entre os meses de
março e abril.
Frente a agosto de 2019, o volume de atividades turísticas caiu 38,7%,
sétima taxa negativa seguida. No acumulado no ano, a perda ainda é de
38,8% frente a igual período de 2019.
O segmento de turismo ainda precisa avançar 66,1% para retornar ao patamar pré-pandemia.
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