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domingo, 6 de junho de 2021

Mundo está entrando em uma nova fase do capitalismo?

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Concentração de riqueza, injustiças sociais e destruição ambiental fazem crescer os questionamentos ao modelo capitalista atual; em artigo de opinião, pesquisador avalia que é hora de repensar o contrato social com o capitalismo e numera quais são as saídas possíveis.
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TOPO
Por BBC

Postado em o6 de junho de 2021 às 15h10m


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'Abolir o capitalismo', pede manifestante em um protesto em 1º de maio de 2021 em Berlim — Foto: Getty Images
'Abolir o capitalismo', pede manifestante em um protesto em 1º de maio de 2021 em Berlim — Foto: Getty Images

Quase 250 anos atrás, o economista e filósofo Adam Smith escreveu o livro A Riqueza das Nações, em que descreveu o nascimento de uma nova forma de atividade humana: o capitalismo industrial.

Porém, ele e seus contemporâneos não imaginavam o quanto o novo sistema criaria um acúmulo de riqueza em poucas mãos.

O capitalismo alimentou as revoluções industrial e tecnológica, remodelou o mundo e transformou o papel do Estado em relação à sociedade.

Ele tirou inúmeras pessoas da pobreza nos últimos dois séculos, aumentou significativamente os padrões de vida e levou ao desenvolvimento de inovações que melhoraram radicalmente o bem-estar humano, além de tornar possível a ida à Lua e a leitura deste artigo de opinião.

No entanto, a história do capitalismo não é totalmente positiva.

Nos últimos anos, as deficiências do sistema se tornaram cada vez mais evidentes.

Priorizar ganhos de curto prazo para as pessoas às vezes fez com que o bem-estar de longo prazo da sociedade e do meio ambiente fosse jogado fora, especialmente porque o mundo está lutando ao mesmo tempo contra uma pandemia de coronavírus e as mudanças climáticas.

E como a agitação política e a polarização em todo o mundo demonstraram, há sinais crescentes de descontentamento com o status quo capitalista.

Uma pesquisa de 2020, produzida pela empresa de marketing e relações públicas Edelman, apontou que 57% das pessoas entrevistadas em todo o mundo disseram que "o capitalismo como existe hoje faz mais mal do que bem ao planeta".

"O desempenho do capitalismo ocidental nas últimas décadas tem sido profundamente problemático em relação à desigualdade e aos danos ambientais", escreveram os economistas Michael Jacobs e Mariana Mazzucato em Rethinking Capitalism ('Repensando o capitalismo', sem versão em português).
Mercados — Foto: Getty Images
Mercados — Foto: Getty Images

No entanto, isso não significa que não haja soluções. "O capitalismo ocidental não está desesperadamente fadado ao fracasso, mas precisa ser repensado", argumentam Jacobs e Mazzucato.

Então, o capitalismo como o conhecemos continuará em sua forma atual ou poderia ter outro futuro pela frente?

Foco no indivíduo

O capitalismo gerou milhares de livros e milhões de palavras, então seria impossível explorar todas as suas facetas.

Dito isso, podemos começar a entender para onde o capitalismo irá no futuro, explorando onde ele começou. Isso nos mostra que o capitalismo nem sempre funcionou como hoje, especialmente no Ocidente.

Entre os séculos 9 e 15, monarquias autocráticas e hierarquias eclesiásticas dominaram a sociedade ocidental.

Esses sistemas começaram a desmoronar à medida que as pessoas afirmavam cada vez mais seu direito à liberdade individual.

Essa busca por um foco maior no indivíduo favoreceu o capitalismo como sistema econômico por causa da flexibilidade que deu aos direitos de propriedade privada, escolha pessoal, empreendedorismo e inovação.

Ele também favoreceu a democracia como um sistema de governo por causa de seu foco na liberdade política individual.

A mudança em direção a uma maior liberdade individual mudou o contrato social.

Anteriormente, os que estavam no poder forneciam muitos recursos (terra, comida e proteção) em troca de contribuições significativas dos cidadãos (por exemplo, de trabalho escravo a trabalho duro com pouca remuneração, altos impostos e lealdade incondicional).
Em 1851, Londres sediou a 'Grande Exposição das Obras da Indústria de Todas as Nações' — Foto: Getty Images
Em 1851, Londres sediou a 'Grande Exposição das Obras da Indústria de Todas as Nações' — Foto: Getty Images

Com o capitalismo, as pessoas esperavam menos das autoridades governantes, em troca de maiores liberdades civis, incluindo liberdade individual, política e econômica.

Mas o capitalismo evoluiu de maneira significativa durante os séculos seguintes e especialmente durante a segunda metade do século 20.

Após a Segunda Guerra Mundial, a Mont Pelerin Society, um grupo de especialistas em política econômica, foi fundada com o objetivo de enfrentar os desafios que o Ocidente tinha à vista.

Seu foco específico era a defesa dos valores políticos de uma sociedade aberta, o estado de direito, a liberdade de expressão e as políticas econômicas de livre mercado, aspectos centrais do liberalismo clássico.

Com o tempo, essas ideias deram origem à escola macroeconômica de "economia de abastecimento".

Ela se baseava na crença de que impostos mais baixos e regulamentação mínima do livre mercado levariam a um maior crescimento econômico e, portanto, melhores condições de vida para todos.

Na década de 1980, junto com a ascensão do neoliberalismo político, a economia da oferta se tornou uma prioridade para os Estados Unidos e muitos governos europeus.

Essa nova tendência do capitalismo levou a um maior crescimento econômico em todo o mundo, ao mesmo tempo que tirou um número substancial de pessoas da pobreza absoluta.

Mas, ao mesmo tempo, seus críticos argumentam que os princípios de redução de impostos e desregulamentação empresarial pouco fizeram para apoiar o investimento político em serviços públicos, enfrentar o colapso da infraestrutura pública, melhorar a educação e mitigar riscos.

Desigualdade

Em muitos países, o capitalismo do final do século 20 contribuiu para criar uma lacuna significativa entre a riqueza dos mais ricos e dos mais pobres, medida pelo Índice de Gini.
Protesto no Chile; criação de privilégios é um dos fatores que fizeram crescer os questionamentos ao capitalismo atual — Foto: Getty Images
Protesto no Chile; criação de privilégios é um dos fatores que fizeram crescer os questionamentos ao capitalismo atual — Foto: Getty Images

Em alguns países, essa lacuna está aumentando. Os Estados Unidos são um exemplo: os americanos mais pobres não veem crescimento real da sua renda desde 1980, enquanto a renda dos ultra-ricos cresceu cerca de 6% ao ano.

Quase todos os bilionários mais ricos do mundo residem nos Estados Unidos e acumularam fortunas impressionantes, enquanto, ao mesmo tempo, a renda familiar média no país aumentou modestamente desde o início deste século.

A diferença de desigualdade pode ser mais importante do que alguns políticos e líderes corporativos gostariam de acreditar.

O capitalismo pode ter tirado milhões de pessoas em todo o mundo da pobreza extrema, mas a desigualdade pode ser corrosiva dentro de uma sociedade, diz Denise Stanley, professora de economia da Universidade do Estado da Califórnia.

"A pobreza absoluta é basicamente a situação em que uma pessoa vive com menos de US$ 4 (cerca de R$ 20) por dia (sob os critérios em vigor nos EUA))", explica Stanley. Ela alerta que a pobreza e a desigualdade podem desequilibrar uma sociedade a longo prazo.

Mesmo que a economia esteja crescendo, a desigualdade de renda e a estagnação dos salários podem fazer com que as pessoas se sintam menos seguras à medida que sua posição relativa na economia diminui.

"Economistas comportamentais mostraram que nosso status em comparação com outras pessoas, nossa felicidade, deriva mais de medidas relativas e de distribuição do que de medidas absolutas. Se isso for verdade, então o capitalismo tem um problema", diz Stanley.

Como resultado do aumento da desigualdade, "as pessoas confiam menos nas instituições e experimentam um sentimento de injustiça", segundo o relatório Edelman.

Mas o impacto na vida das pessoas pode ser mais profundo. "O capitalismo em sua forma atual está destruindo a vida de muitas pessoas da classe trabalhadora", argumentam os economistas Anne Case e Angus Deaton em seu livro Deaths of Despair and the Future of Capitalism.

"Durante as últimas duas décadas, as mortes de desespero por suicídio, overdose de drogas e alcoolismo aumentaram dramaticamente e agora centenas de milhares de vidas de americanos são perdidas a cada ano", escrevem eles.

A crise financeira de 2007 e 2008 exacerbou esses problemas. A crise foi provocada pela desregulamentação excessiva e atingiu principalmente a classe trabalhadora de países desenvolvidos.
Pobreza e a desigualdade podem desequilibrar uma sociedade a longo prazo — Foto: Getty Images
Pobreza e a desigualdade podem desequilibrar uma sociedade a longo prazo — Foto: Getty Images

Depois, os resgates dos grandes bancos feitos pelos governos após a crise financeira de 2008 geraram ressentimento e "ajudaram a alimentar o surgimento da política polarizada que vimos na última década", de acordo com Richard Cordray, primeiro diretor do US Consumer Financial Protection Bureau (agência de proteção ao consumidor dos EUA) e autor de Watchdog: Como a proteção dos consumidores pode salvar nossas famílias, nossa economia e nossa democracia.

Protestos anticapitalistas

As democracias liberais podem agora estar em um ponto de inflexão, no qual os cidadãos questionam as normas capitalistas de hoje com maior intensidade política em todo o mundo.

J. Patrice McSherry, professor de ciência política na Long Island University, em Nova York, observou essa mudança no Chile, por exemplo.

"A mobilização social dos chilenos começou com um aumento nas tarifas do metrô em outubro de 2019, gerando protestos de base ampla que atraiu mais de um milhão de pessoas às manifestações", diz ele.

"O movimento social expôs as profundas fontes de descontentamento no Chile: desigualdade arraigada e crescente, o custo de vida sempre crescente e a privatização extrema em um dos Estados mais neoliberais do mundo."

Essas queixas remontam ao final do século 20, quando a ditadura militar do Chile introduziu reformas que institucionalizaram a dominação econômica e consagraram uma estrutura neoliberal que apagou o papel do Estado nas áreas sociais e econômicas. A participação política deu ao direito (político) poder desproporcional e instalou um papel tutelar para as Forças Armadas", escreveu McSherry em um artigo para o Congresso Norte-Americano na América Latina, uma organização sem fins lucrativos que acompanha as tendências na região.

Da mesma forma, o movimento de coletes amarelos que começou na França em 2018 inicialmente se concentrou no aumento dos custos do combustível, mas rapidamente se expandiu para incluir reclamações semelhantes às do Chile: o custo de vida, o aumento da desigualdade e uma demanda para que o governo pare de ignorar as necessidades dos cidadãos.

E nos Estados Unidos, o movimento político que gerou o trumpismo é possivelmente impulsionado tanto pela desigualdade econômica quanto pela ideologia de direita.

O governo Trump obteve amplo apoio político por suas abordagens mais fechadas ao comércio mundial, incluindo a retirada do Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica e tarifas retaliatórias sobre bens e serviços chineses, indianos, brasileiros e argentinos importados para os Estados Unidos.

Até mesmo os aliados históricos dos Estados Unidos foram o alvo dessa agenda, incluindo Europa, Canadá e México.

Embora uma resposta às desvantagens do capitalismo em sua forma atual seja que as nações adotem uma postura defensiva, buscando se proteger minimizando os laços externos, o protecionismo "é míope, especialmente quando se trata de comércio", de acordo com Anahita Thoms, chefe da Baker McKenzie's International Trade Practice, na Alemanha, e do Young Global Leaders, do Fórum Econômico Mundial.

"Embora possa trazer alguns benefícios temporários, no longo prazo (o protecionismo) coloca em risco a economia global como um todo e ameaça desfazer décadas de progresso econômico. Manter os mercados abertos para investimentos é crucial", disse Thoms.

Um desafio central para os governos no século 21 será encontrar uma maneira de equilibrar esses benefícios de longo prazo do comércio mundial com os danos de curto prazo que a globalização pode trazer às comunidades locais afetadas por baixos salários e pelo desemprego.

As economias não podem ser completamente divorciadas das demandas das maiorias democráticas em busca de empregos, moradia acessível, educação, saúde e um meio ambiente saudável.

Como mostram os movimentos chileno, os coletes amarelos e os trumpismo, muitas pessoas estão pedindo uma mudança no sistema existente para dar conta dessas necessidades, em vez de apenas enriquecer os interesses privados.

Em suma, pode ser hora de repensar o contrato social para o capitalismo, de modo que ele se torne mais inclusivo de um conjunto mais amplo de interesses além dos direitos e liberdades individuais.

Isso não é impossível. O capitalismo já evoluiu antes e, se for para continuar no futuro de longo prazo, pode evoluir novamente.
Os coletes amarelos tomaram as ruas de Paris em protesto contra o governo — Foto: Getty Images
Os coletes amarelos tomaram as ruas de Paris em protesto contra o governo — Foto: Getty Images

O futuro do capitalismo

Nos últimos anos, várias ideias e propostas surgiram com o objetivo de reescrever o contrato social do capitalismo.

O que elas têm em comum é a ideia de que as empresas precisam de medidas mais variadas de sucesso do que apenas lucro e crescimento.

Nos negócios, existe o "capitalismo consciente", inspirado nas práticas das chamadas marcas "éticas".

Na política, existe um "capitalismo inclusivo", defendido tanto pelo Banco da Inglaterra quanto pelo Vaticano, que advoga pelo aproveitamento do "capitalismo para o bem comum".

E na sustentabilidade, existe a ideia da "economia donut", teoria da economista Kate Raworth, que sugere ser possível prosperar economicamente como sociedade sem deixar de lado as demandas sociais e planetárias.

Depois, há o modelo dos "cinco capitais", articulado por Jonathan Porritt, autor de Capitalism As If The World Matters.

Porritt pede a integração de cinco pilares do capital humano: natural, humano, social, manufaturado e financeiro, nos modelos econômicos existentes.

Um exemplo tangível de onde as empresas estão começando a abraçar "os cinco capitais" é o movimento B-Corporation. As companhias certificadas cumprem a obrigação legal de considerar "o impacto de suas decisões sobre seus trabalhadores, clientes, fornecedores, comunidade e meio ambiente".

Suas fileiras agora incluem grandes corporações como Danone, Patagonia e Ben & Jerry's (que é propriedade da Unilever).

Essa abordagem se tornou cada vez mais comum, refletida em uma declaração de 2019 divulgada por mais de 180 CEOs corporativos, redefinindo "o propósito de uma corporação".
Protesto no Chile fez crescer discussões sobre justiça social em um dos países mais neoliberais do mundo, diz autor — Foto: Getty Images
Protesto no Chile fez crescer discussões sobre justiça social em um dos países mais neoliberais do mundo, diz autor — Foto: Getty Images

Pela primeira vez, os CEOs que representam o Wal-Mart, Apple, JP Morgan Chase, Pepsi e outros reconheceram que devem redefinir o papel dos negócios em relação à sociedade e ao meio ambiente.

Sua declaração propõe que as empresas devem fazer mais do que oferecer benefícios aos seus acionistas.

Além disso, devem investir em seus funcionários e contribuir para a valorização dos elementos humanos, naturais e sociais do capital a que Porritt se refere em seu modelo, ao invés de focar apenas no capital financeiro.

Em uma entrevista recente ao Yahoo Finance sobre o futuro do capitalismo, o CEO da Best Buy, Hubert Joly, disse que "o que aconteceu é que por 30 anos, da década de 1980 a 10 anos atrás, tivemos essa abordagem única sobre os lucros excessivos. Isso causou muitos desses problemas. Precisamos afrouxar esse modelo. Se tivermos uma refundação de negócios, também pode ser uma refundação do capitalismo... Eu acho que isso pode ser feito, tem que ser feito."

Uma nova direção

Mais de três décadas atrás, a Comissão Brundtland das Nações Unidas escreveu no documento "Nosso Futuro Comum" que havia ampla evidência de que os impactos sociais e ambientais são relevantes e devem ser incorporados aos modelos de desenvolvimento.

Ora, é óbvio que essas questões também devem ser consideradas dentro do contrato social que sustenta o capitalismo, para que ele seja mais inclusivo, holístico e integrado aos valores humanos básicos.

Em última análise, vale a pena lembrar que os cidadãos em uma democracia liberal capitalista têm poder.

Coletivamente, eles podem apoiar empresas alinhadas com suas crenças e exigir continuamente novas leis e políticas que transformem o cenário competitivo das empresas para que possam aprimorar suas práticas.

Quando Adam Smith observava o nascente capitalismo industrial, em 1776, ele não podia prever o quanto ele transformaria nossas sociedades hoje. Portanto, era aceitável sermos tão cegos quanto ao que o capitalismo se transformaria nos dois séculos seguintes.

No entanto, isso não significa que não devamos nos perguntar como ele pode evoluir para algo melhor no curto prazo. O futuro do capitalismo e de nosso planeta depende disso.

*Matthew Wilburn King é um consultor internacional e conservacionista baseado no Colorado, Estados Unidos, e presidente e diretor da Common Foundation.

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Natrium: O que se sabe sobre reator nuclear desenvolvido por Bill Gates e Warren Buffet

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Responsáveis pela iniciativa afirmam que se trata de uma nova tecnologia que pretende simplificar os tipos de reatores que já existem e contribuir para a luta contra as mudanças climáticas.
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TOPO
Por BBC

Postado em 06 de junho de 2021 às 14h45m


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Projeto é liderado por Bill Gates e Warren Buffett — Foto: Getty Images
Projeto é liderado por Bill Gates e Warren Buffett — Foto: Getty Images

"Um ponto de inflexão para o setor de energia".

Assim foi apresentado o novo modelo de reator nuclear intitulado Natrium. O projeto piloto foi desenvolvido pelo fundador da Microsoft, Bill Gates, e pelo investidor multimilionário Warren Buffett.

A iniciativa é parte do objetivo de Gates de impulsionar as energias renováveis e o combate às mudanças climáticas.

Os conceitos nuclear e renovável podem soar antagônicos. Porém, pequenos reatores avançados, que funcionam por meio de combustíveis diferentes dos tradicionais, são vistos por alguns setores como uma tecnologia-chave livre de emissões de gases de efeito estufa que pode complementar o fornecimento de eletricidade em situações de baixa produção de energia eólica e solar.

O Natrium, apresentado durante cerimônia na quarta-feira (02/6), será desenvolvido pela empresa TerraPower, fundada por Gates há 15 anos, e pela PacifiCorp de Warren Buffet.

"O reator Natrium e seu sistema de energia integrada redefinem o que a energia nuclear pode ser: competitiva e flexível", diz a TerraPower em seu site.

O projeto piloto será construído em uma usina de carvão desativada em Wyoming, nos Estados Unidos, o estado com a maior produção de carvão do país.

Como funciona o reator

A iniciativa é um novo conceito de geração e armazenamento de energia que combina um reator rápido de sódio com um sistema de armazenamento de sais fundidos capaz de produzir 345 megawatts, explica a TerraPower em seu site.

A empresa afirma que o sistema de armazenamento será capaz de aumentar a produção de energia para 500 megawatts de eletricidade por mais de cinco horas e meia quando necessário, quantidade suficiente para fornecer energia a cerca de 400 mil residências.

"Natrium é uma nova tecnologia que pretende simplificar os tipos de reatores já existentes", explica o Fórum da Indústria Nuclear Espanhola, que é vinculado à GE Hitachi Nuclear Energy, empresa que desenvolve a tecnologia junto com a TerraPower.

O reator nuclear - do tipo ondas viajantes (TWR, na sigla em inglês) - usará urânio empobrecido ou urânio natural como combustível. E todos os equipamentos que não forem nucleares ficarão alojados em prédios separados, para reduzir a complexidade da instalação e seu custo, detalha o Fórum.
Ilustração demonstra funcionamento de reator Natrium — Foto: Terrapower
Ilustração demonstra funcionamento de reator Natrium — Foto: Terrapower

O presidente da TerraPower, Chris Levesque, explicou que a planta-piloto levará cerca de sete anos para ser construída.

"Precisamos desse tipo de energia limpa no sistema nos anos de 2030", declarou Levesque.

O Natrium faz parte do Programa de Demonstração de Reatores Avançados do Departamento de Energia dos Estados Unidos.

A TerraPower recebeu US$ 80 milhões (cerca de R$ 400 milhões) em um pacote de financiamento inicial do Departamento de Energia para demonstrar o projeto, informou o portal Business Insider.

O departamento se comprometeu a conceder financiamento adicional para o projeto nos próximos anos.

O governador de Wyoming, Mark Gordon, enfatizou, durante a apresentação do Natrium, que esse é o "caminho mais rápido e claro" para o estado rumo a uma "pegada negativa de carbono".

"Esse pequeno reator modular fornecerá energia sob demanda e resultará em uma redução geral nas emissões de CO2. Também criará centenas de empregos bem remunerados por meio da construção e operação da unidade", escreveu em seu perfil no Twitter.

Preocupações

Mas projetos desse tipo geram certa desconfiança em alguns setores.

A UCS, Union of Concerned Scientists (União de Cientistas Preocupados, em tradução livre), um grupo de defesa da ciência sem fins lucrativos dos Estados Unidos, alertou que reatores avançados como o Natrium podem representar um risco maior do que os convencionais.

"As tecnologias (desses reatores) são, sem dúvidas, diferentes dos reatores atuais. Mas não está nada claro que sejam melhores", declarou Edwin Lyman, diretor da UCS, à Reuters.

"Em muitos casos, são piores em termos de segurança, possibilidade de acidentes graves e proliferação nuclear", acrescentou Lyman, autor de um relatório intitulado "Avançado nem sempre é melhor", publicado pela UCS.
Bill Gates aposta na energia nuclear para mitigar mudanças climáticas — Foto: Getty Images
Bill Gates aposta na energia nuclear para mitigar mudanças climáticas — Foto: Getty Images

No relatório, o grupo alerta que o combustível para muitos reatores avançados teria que ser enriquecido a uma taxa muito maior que o combustível tradicional. Isso significa, segundo os estudiosos, que a cadeia de abastecimento de combustível poderia ser um alvo atraente para terroristas que buscam criar uma área nuclear rudimentar.

"Para que a energia nuclear desempenhe um papel maior na mitigação das mudanças climáticas, os reatores recém-construídos devem provar que são mais seguros e baratos que os atuais", detalha o relatório.

Levesque, presidente da TerraPower, defendeu que as usinas com esses reatores reduzem os riscos de proliferação nuclear porque diminuem o lixo nuclear de forma generalizada.

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Elizabeth Blackwell: a pioneira que virou médica para provar que estava certa

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Conhecida como a primeira mulher a se formar em Medicina nos Estados Unidos, ela foi mais do que uma pioneira ao se tornar médica em um mundo que ficava chocado com a própria ideia de uma mulher ter essa profissão.
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TOPO
Por BBC

Postado em 06 de junho de 2021 às 11h45m


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Elizabeth Blackwell foi aceita pelo Geneva College de Nova York para estudar Medicina porque a inscrição dela foi considerada uma piada — Foto: Science Photo Library
Elizabeth Blackwell foi aceita pelo Geneva College de Nova York para estudar Medicina porque a inscrição dela foi considerada uma piada — Foto: Science Photo Library

O nome Elizabeth Blackwell é geralmente seguido pela frase "primeira médica".

Nascida em Bristol, na Inglaterra, no início de 1800, ela entrou para a história como a primeira mulher a se formar em Medicina nos Estados Unidos.

Os nove irmãos de Blackwell eram filhos de um paradoxo. O pai dela, Samuel, um dissidente da Igreja da Inglaterra, era um refinador de açúcar e abolicionista. Um homem que lucrava com uma mercadoria que dependia do trabalho escravo, que ele abominava.

Ele deu às suas cinco filhas as mesmas oportunidades educacionais que seus quatro filhos, mudando-as de Bristol para Nova York em 1832 e depois para Cincinnati em 1838, na esperança de substituir a cana caribenha pela beterraba.

Ele morreu falido, deixando-as uma última lição: um marido não era garantia de segurança. Nenhuma das filhas se casou.

Quem foi Elizabeth Blackwell?

Blackwell era inteligente, socialmente desajeitada e abençoada com um saudável senso de autoestima.

Ela concordava com a escritora e editora transcendentalista Margaret Fuller, que havia proclamado que a humanidade não alcançaria a iluminação até que as mulheres demonstrassem que eram capazes de tudo o que escolhessem, e que essa conquista era uma questão de talento e trabalho, não de sexo.

Elizabeth Blackwell queria ser alguém cuja vida incorporasse a ideia de Fuller.
Ela se formou em medicina em 1849. Cinco anos depois, a irmã Emily se tornaria a terceira mulher a obter o mesmo diploma — Foto: Getty Images
Ela se formou em medicina em 1849. Cinco anos depois, a irmã Emily se tornaria a terceira mulher a obter o mesmo diploma — Foto: Getty Images

Ela escolheu a Medicina, não porque amava a ciência ou se preocupava com a cura (na verdade, ela pensava que a doença era um sinal de fraqueza e considerava as funções corporais nojentas), mas porque era uma maneira incomumente clara de provar o ponto dela.

Se uma mulher pudesse sentar-se na sala de aula de uma faculdade de Medicina e passar em todos os testes necessários para obter um diploma, quem poderia argumentar que ela não era qualificada para ser médica?

Depois de uma série de recusas, Blackwell matriculou-se no pequeno e rural Geneva Medical College, no oeste do Estado de Nova York.

A aceitação dela foi vista como uma farsa: o corpo docente apresentou aos alunos a horrível ideia de admitir uma mulher, que achou engraçado e, supondo que fosse uma brincadeira, votou unanimemente pela admissão.
Ilustração de 1847 mostrando Blackwell no Geneva Medical College lendo uma nota "muito atrevida" que um aluno deixou cair em seu braço durante uma palestra na sala de cirurgia — Foto: Getty Images
Ilustração de 1847 mostrando Blackwell no Geneva Medical College lendo uma nota "muito atrevida" que um aluno deixou cair em seu braço durante uma palestra na sala de cirurgia — Foto: Getty Images

Ela se formou como a primeira da classe em 1849, tendo conquistado o respeito inequívoco de seus colegas em virtude de seu brilho e disciplina.

Fora da faculdade, as pessoas tendiam a pensar que era uma de duas coisas: perversa ou louca. Que tipo de mulher escolheria estudar o corpo na companhia de homens?

Ciente da solidão de sua trajetória na carreira, Blackwell recrutou a irmã Emily, cinco anos mais jovem, para segui-la na medicina.

A 'doutora mulher'

Naquela época, a faculdade de Medicina incluía pouca ou nenhuma exposição a pacientes reais, e os graduados se formavam com um nível aterrorizante de ignorância.

Blackwell partiu para a Europa em abril de 1849, três meses após a formatura, para um treinamento prático em Paris, onde estudou em uma maternidade pública e ficou cega de um olho após contrair uma infecção de um paciente.

Ela se mudou para Londres, onde visitou as enfermarias do Hospital São Bartolomeu e encontrou uma nova amiga fascinante na jovem Florence Nightingale.

Ao retornar a Nova York em 1851, ela descobriu que o título female doctor (médica de mulheres) a distanciava de pacientes em potencial. Uma "médica de mulheres", na linguagem da época, era uma abortista, alguém que operava nas sombras e do lado errado da lei.
Doutora Elizabeth Blackwell com a família dela — Foto: Science Photo Library
Doutora Elizabeth Blackwell com a família dela — Foto: Science Photo Library

A próspera prática que ela esperava não se concretizou. Mas Emily logo se juntou a ela, com seu próprio diploma de Medicina, tão arduamente conquistado quanto o da irmã, e juntas elas abriram a Clínica de Nova York para Mulheres e Crianças Indigentes, em 1857.

As mulheres pobres não eram tão exigentes com seu médico, e a clínica fornecia um local para o crescente número de graduadas em medicina concluírem sua residência. Foi o primeiro hospital com uma equipe inteiramente feminina.

Imediatamente após a eclosão da Guerra Civil Americana em 1861, as irmãs Blackwell convocaram uma reunião com seus doadores e apoiadores e redigiram um apelo às mulheres de Nova York.

Em resposta, milhares participaram da primeira reunião organizacional da Central de Socorro para Mulheres, que se tornou a Comissão Sanitária dos Estados Unidos, a maior organização civil da guerra.

As Blackwell supervisionaram a seleção e o treinamento de enfermeiras para enviar para a linha de frente, mas finalmente pararam de trabalhar para a guerra quando ficou claro que os médicos homens não estavam dispostos a reconhecer a participação delas em pé de igualdade.
Ela não era adorável nem interessada em agradar ninguém — Foto: Getty Images
Ela não era adorável nem interessada em agradar ninguém — Foto: Getty Images

Elas então voltaram a atenção para sua próxima conquista: a abertura da faculdade de Medicina Women's Medical College of the New York Infirmary, em 1869, com ênfase no rigor acadêmico e treinamento prático que a colocava acima das escolas masculinas nas quais as Blackwell haviam recebido seus diplomas.

Depois que a enfermaria e a faculdade foram solidamente estabelecidas, Elizabeth deixou Emily, a praticante mais dedicada, e voltou para a Inglaterra, o lugar que ela sempre considerou seu lar e onde se tornou a primeira mulher incluída no Registro Médico do Reino Unido.

Tendo inspirado médicas pioneiras como Elizabeth Garrett Anderson e Sophia Jex-Blake, ela se afastou da prática e se dedicou a defender a saúde pública, fazendo campanha contra as Leis das Doenças Contagiosas que internavam prostitutas à força em vez de se concentrar nos homens que as infectavam. Também se tornou uma das fundadoras da Sociedade Nacional de Saúde, com o lema "É melhor prevenir do que remediar."

Ela passou a acreditar que uma médica deveria ser uma professora munida de ciências e passou as últimas décadas de sua vida instalada em uma cabana à beira-mar em Hastings, fielmente cuidada por sua filha adotiva Kitty.

O que tornou Elizabeth Blackwell famosa?

É tentador ler a história de Blackwell simplesmente como uma história de mulheres pioneiras, mas a realidade era mais complicada.

Elizabeth Blackwell olhou com desconfiança para o movimento emergente pelos direitos das mulheres. Ela acreditava que era tolice dar às mulheres o voto antes que elas arrancassem sua independência ideológica das mãos dos homens.

Ela discordava da crença de Florence Nightingale de que o verdadeiro papel das mulheres na saúde era ser enfermeira, e discordava de sua própria irmã médica, Emily, sobre o papel adequado de uma médica.

Elizabeth passou a ver sua missão mais em termos de saúde pública, enquanto Emily se esforçava para ser médica, cirurgiã e professora de medicina à altura de qualquer homem.

Elizabeth não estava interessada em ser adorável ou agradar a ninguém. Ela é uma heroína complicada, espinhosa, imperfeita e muito real, e seus defeitos são inseparáveis ​​de sua conquista que mudou o mundo.

*Janice P. Nimura é autora de "The Doctors Blackwell: How Two Pioneering Sisters Brought Medicine to Women and Women to Medicine" (As doutoras Blackwell: como duas irmãs pioneiras levaram a medicina às mulheres e mulheres à medicina, em tradução livre).

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