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sábado, 11 de janeiro de 2025

Mundo ultrapassa a marca de 1,6°C: entenda o que isso significa para o clima e quais os impactos para o Brasil

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Especialistas explicam que calor recorde afeta mais países subdesenvolvidos e tropicais, como o Brasil, e expõe à população a extremos. Dados do Cemaden mostram que, em 2024, regiões no país ficaram até 2,2°C mais quente.
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Por Poliana Casemiro

Postado em 11 de Janeiro de 2.025 às 15h50m

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O mundo está ficando mais quente e isso está acontecendo muito antes do esperado. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado na Terra e, pela primeira vez, a temperatura média global aumentou 1,6ºC em relação aos níveis pré-industriais, superando o que é considerado limite seguro para o planeta.

➡️ Você pode pensar que o ano ser o mais quente já visto pode não ser uma novidade – e não é. Há uma década, os anos vêm marcando recordes de temperatura. Por exemplo: 2023 já tinha sido considerado o ano mais quente vivido na Terra.

🔴 O problema é que, agora, esse aumento chegou a um patamar acima do limite do que é considerado seguro. A previsão dos pesquisadores há quase uma década para quando isso acontecesse é que sofreríamos extremos de chuva, seca e mortes. E foi o que vimos em 2024:

  • 🔴 Chuvas intensas como as que devastaram cidades inteiras no Rio Grande do Sul e na Espanha, que viveu a pior tempestade da história;
  • 🔴 A pior temporada de furacões da história dos Estados Unidos;
  • Chuvas que mataram centenas de pessoas na África e mudaram a paisagem do deserto;
  • 🔴 Ao mesmo tempo, secas extremas, deixando pessoas sem água e isoladas, como vimos no Norte do Brasil;
  • 🔴 Incêndios florestais de grandes proporções, como os que aconteceram no Brasil e cobriram o país de fumaça por meses.

O que especialistas dizem é que todo esse cenário pode ser apenas uma amostra do que podemos esperar no futuro caso a Terra continue tão quente como está.

➡️ O 1,5°C foi definido no Acordo de Paris, em 2015, após pesquisas indicarem que esse seria o limite seguro das mudanças climáticas. Isso porque, se o índice atingisse a marca de 2°C, que era o que estava sendo previsto com o avanço das emissões, a Terra estaria em risco.

Para que esse limiar fosse mantido, no entanto, era necessário conter o avanço das emissões de gases do efeito estufa, causadores do aquecimento global. Esses gases, como o dióxido de carbono, fazem parte do dia a dia do mundo e de operações que são pilares da economia – o que torna tudo mais difícil.

O que os especialistas dizem é que ter chegado a 1,6°C mais quente em relação aos níveis pré-industriais em 2024 é um indício de que podemos estar mais perto dos 2°C.

A indústria e os países estão fracassando no compromisso de reduzir as emissões e, agora, superamos um marco limite. Se a gente não reduzir rapidamente, vamos bater os 2°C em breve e isso vai ser um suicídio ecológico
— Carlos Nobre, climatologista e referência mundial em estudos sobre mudanças climáticas.

🔴 É importante lembrar que o cálculo é uma média, que leva em conta as temperaturas registradas no mundo todo, que tem lugares mais quentes que outros. Os países mais vulneráveis são os tropicais, como o Brasil. Um levantamento feito pelo Cemanden a pedido do g1 mostra que há locais no país que ficaram 2,2°C mais quentes nos últimos 80 anos. (Leia mais abaixo)

O g1 conversou com Carlos Nobre, climatologista e referência mundial em estudos sobre mudanças climáticas; Paulo Artaxo, pesquisador e membro do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU; e José Marengo, membro do IPCC e coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) para explicar o que esse cenário pode causar e o que devemos esperar do futuro.

Nesta matéria, você vai ler:

Cientistas no mundo todo vêm alertando sobre o aumento da temperatura global. O calor é um risco à saúde humana e à natureza, muda o clima e pode até fazer países desaparecerem, como as Ilhas no Pacífico que podem sumir com o aumento do nível das águas – consequência do aquecimento global.

Quando foi feito o Acordo de Paris, em 2015, o que as pesquisas apontavam era que seria necessárioo reduzir essas emissões para evitar que o planeta chegasse aos 2°C de aquecimento. Ou seja, o esperado era que a Terra chegasse a temperatura atual apenas décadas de 2025.

No entanto, desde o acordo, a transição energética — para que o mundo usasse menos combustíveis fósseis em sua produção — andou a passos lentos. As emissões continuaram a subir. (Veja o gráfico abaixo)

Dados mostram que 2024 atingiu recorde de emissões de gases do efeito estufa — Foto: Arte/g1
Dados mostram que 2024 atingiu recorde de emissões de gases do efeito estufa — Foto: Arte/g1

À época do acordo, o ano de 2015 tinha sido o mais quente já registrado na Terra e a temperatura média global tinha aumentado em 0,90°C – o que já era considerado um alerta. Mas não parou por aí: os últimos 10 anos seguiram batendo recordes, ano a ano. Com isso, ficando mais perto do limite.

🔥 Por exemplo: em 2021, o aumento da temperatura média global tinha sido de 1,11°C em relação aos níveis pré-industriais. Em 2022 esse número foi para 1,15°C, superado em 2023 para 1,48°C e, agora, 2024 ultrapassa todos os índices ao chegar a 1,6°C.


Ou seja, enfrentamosuma década de calor mortal, como declarou a Organização das Nações Unidas (ONU) e esse calor significa que podemos estar mais perto de atingir níveis em que não é mais possível reverter.

Para Paulo Artaxo, membro do IPCC, painel ligado à ONU, o índice pode indicar que chegamos ao limite, avançando décadas em relação ao que a ciência havia previsto.

O que estamos observando é que estamos ultrapassando todos os limites e isso significa que podemos já estar no caminho dos 2°C, o que não pode acontecer. Isso significa um colapso, principalmente para países tropicais como o nosso.
— Paulo Artaxo, pesquisador e membro do IPCC, o painel sobre mudanças climáticas da ONU.

Carlos Nobre, referência mundial em estudos sobre mudanças climáticas, também reforça que o índice indica que, caso as emissões não sejam reduzidas, é possível que não consigamos impedir a Terra de chegar a uma temperatura de colapso.

Rio Madeira em meio á seca — Foto: DNIT
Rio Madeira em meio á seca — Foto: DNIT

Como isso afetou o Brasil e quais os riscos para o país?

De acordo com o centro europeu Copernicus, todos os continentes pelo mundo foram afetados pelas altas temperaturas. No Brasil, análises de órgãos locais como o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que o país viveu o ano mais quente de sua história.

Um levantamento do Centro Nacional de Desastres Naturais (Cemaden), órgão do governo federal que apoia na tomada de decisões sobre extremos climáticos, feito a pedido do g1 mostra que nos últimos 80 anos há regiões no país que ficaram até 2,2°C mais quentes.

A análise usou os dados do Copernicus, mas com o recorte nacional, por bioma, representando as regiões do país, e observou a diferença de temperatura entre 2024 e o que foi observado em 1940, início da série histórica.

Veja os índices por bioma:

  • 🔥 No Pantanal, o aumento da temperatura nos últimos 84 anos foi de 2,2°C, o que abrange regiões do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por exemplo.
  • 🔥 Na Mata Atlântica, que fica na região Sudeste, o índice foi de 1,72°C.
  • 🔥 No Cerrado, que cobre parte do Centro-Oeste e Nordeste, as temperaturas ficaram 1,61°C mais altas.
  • 🔥 Na Caatinga o aumento foi de 1,3°C no período de 80 anos;
  • 🔥 Na Pampa, que fica na região Sul, o aumento foi de 0,62°C.

O aumento das temperaturas também causou extremos. Em 2024, o país viveu a pior seca já registrada em sua história recente. A estiagem fez a terra aparecer em meio aos rios do Norte, maior bacia do mundo. A falta de chuva fez a vegetação secou e vivemos incêndios recordes que cobriram parte do país de fumaça e tornou difícil respirar por meses.

Prédios praticamente somem no horizonte devido à camada de poluição e fumaça em São Paulo — Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil
Prédios praticamente somem no horizonte devido à camada de poluição e fumaça em São Paulo — Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil

Isso tudo aconteceu ao mesmo tempo em que na outra ponta do país, no Rio Grande do Sul, chuvas torrenciais se formassem, devastando cidades que ficaram completamente alagadas e matando dezenas de pessoas.

O Rio Grande do Sul foi prejudicado pelo grande volume de chuva que atinge o estado — Foto: Reprodução/TV Globo
O Rio Grande do Sul foi prejudicado pelo grande volume de chuva que atinge o estado — Foto: Reprodução/TV Globo

O que José Marengo, um dos principais especialistas do país sobre clima, explica é que o Brasil experimentou dos extremos que eram previstos quando a terra aquecesse além do patamar limite.

Marengo alerta que o Brasil é um dos países vulneráveis a esses extremos com o aumento das temperaturas e que se o patamar não for revertido, será como cair de um penhasco alto.

O calor altera o clima e nos deixa expostos a desastres como ondas de calor intensas, seca, chuvas difíceis de conter os estragos. Passar desse patamar é como cair de um penhasco alto.
— José Marengo, pesquisador sobre o clima.

Um relatório recente do Cemaden, que faz o alerta de desastres no país, levando em conta desastres ligados às chuvas, aponta que apesar das oscilações, o volume de ocorrências chegou a patamares elevados. Em 2024, foram 1,6 mil ocorrências. (Veja o gráfico abaixo)


Os pesquisadores alertam que nesse período houve melhorias no monitoramento, o que fez com que os números crescessem. Ainda assim, o aumento das ocorrências de desastres se tornou uma realidade. Reforçam ainda que os dados são de ocorrências e não representam a magnitude. O caso do Rio Grande do Sul, por exemplo, é um dos piores desastres na história do país, o que faz de 2024 um marco quando se fala em tragédias por extremos.

Cestas de alimentos foram destinadas às famílias ribeirinhas afetadas pela seca extrema — Foto: Divulgação
Cestas de alimentos foram destinadas às famílias ribeirinhas afetadas pela seca extrema — Foto: Divulgação

Para além do risco à saúde e à vida, ainda há o risco para a economia. De um lado, há um gasto dos cofres públicos que precisam encontrar verba em meio às crises para apoiar as cidades afetadas. Entre 2011 e 2023, o governo federal perdeu R$485 bilhões com desastres naturais.

De outro, as perdas econômicas aos setores produtivos no país. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em um balanço que reuniu dados apenas de 2024 sobre a seca nos estados do Norte, região mais afetada pela crise, os prejuízos financeiros chegam a R$ 2 bilhões.

E se a média global superar os chegar aos 2°C mais quentes que a era pré-industrial?

O que os especialistas apontam é que as previsões são de que cidades pelo país fiquem até 4°C mais quentes. Isso significa um calor insuportável.

Fumaça de queimadas contribuem para o aquecimento do globo — Foto: REUTERS/Adriano Machado
Fumaça de queimadas contribuem para o aquecimento do globo — Foto: REUTERS/Adriano Machado

O que é preciso fazer para frear o avanço das temperaturas?

A única maneira de conter o avanço das temperaturas e evitar que o mundo atinja a marca de risco de 2°C é frear as emissões de gases do efeito estufa.

De acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Copernicus, as emissões vem aumentando em 2024 e podem ter chegado a patamares maiores dos que já registrados antes.

🔴 Você pode se perguntar: como isso acontece se há um acordo internacional para redução desses índices? Isso acontece porque o compromisso não vem sendo cumprido e não é uníssono entre os países.

Empresas têm anunciado há alguns anos projetos de redução de emissão, mas especialistas apontam que isso não está sendo feito na velocidade que o mundo precisa.

A humanidade como um todo, em particular os países desenvolvidos e a indústria do petróleo, fracassou em reduzir as missões e acabar com a exploração de combustíveis fósseis.
— Paulo Artaxo, membro do IPCC.

Na COP 30, que acontece no Brasil, os países vão ter que anunciar as novas metas, atualizando o acordo de Paris. Para Carlos Nobre, essa edição da conferência, em que novas metas são estabelecidas, acontecendo depois de um anúncio como esse, torna o evento no Brasil um dos mais importantes desde a sua criação, mas é também um desafio.

Os desafios do país são muito grandes para essa COP. A edição vai ser muito estratégica para mudar o patamar do aquecimento global que estamos observando atualmente, reforça Carlos Nobre.

País é o sexto maior emissor de gases do efeito estufa — Foto: Reprodução/TV Globo
País é o sexto maior emissor de gases do efeito estufa — Foto: Reprodução/TV Globo

O Brasil já anunciou uma atualização do seu compromisso do Acordo de Paris e afirmou que prevê reduzir suas emissões de gases de efeito estufa entre 59% e 67% até 2035.

No entanto, o que especialistas citam é que, com os índices atuais do clima, já não seriam o suficientes. Segundo o Observatório do Clima, o Brasil deveria se comprometer a reduzir as emissões líquidas em 92% até 2035. Isso significa chegar até a metade da próxima década emitindo, no máximo, 200 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.

Para se ter ideia, atualmente, a emissão líquida do Brasil é de cerca de 2,3 bilhões de toneladas de gases – o país é o sexto maior emissor do planeta.

China, Estados Unidos, Índia, União Europeia (UE), Rússia, Brasil, Indonésia, Japão, Arábia Saudita e Canadá foram os 10 maiores emissores de gases de efeito estufa (GEE) em 2023 de acordo com o relatório mais recente do EDGAR (Emissions Database for Global Atmospheric Research) da União Europeia.


Decisão sobre exploração de petróleo na Foz do Amazonas é técnica, alerta Miriam

Um ponto de atenção para o país é a questão da Foz do Amazonas. No ano passado, a Petrobras descobriu uma acumulação de petróleo em águas ultraprofundas da Bacia Potiguar, no poço exploratório Anhangá, na margem equatorial brasileira.

➡️ A margem equatorial se estende por mais de 2.200 km ao longo da costa entre o Rio Grande do Norte e o Oiapoque, no Amapá. A região é considerada a mais nova fronteira exploratória brasileira em águas profundas e ultraprofundas, e já foi chamada de "novo pré-sal".

A possibilidade de explorar petróleo nessa região é criticada por ambientalistas que apontam riscos de tragédias ambientais, afetando o território amazônico. A exploração depende da autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) – o que a Petrobras ainda não teve. Segundo o órgão, a empresa ainda não retornou ao último pedido de esclarecimentos para a avaliação, que estava em aberto desde 2024.

A possibilidade de explorar petróleo em meio à transição pode parecer contraditória em meio ao anúncio de redução de emissões – e foi exatamente isso que Lula disse em uma entrevista em junho de 2024. E completou que o Brasil tem que ganhar dinheiro com esse petróleo.

Primeiro dia sem gelo no Ártico pode acontecer em 2027, alerta estudo

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Entenda como era e o que mudou na fiscalização da Receita para o PIX, cartão e outras operações

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Monitoramento de movimentações financeiras já existia. Agora, mais instituições financeiras serão obrigadas a informá-las ao Fisco. Medida não implica cobrança direta de nenhum imposto, nem deve alterar o dia a dia dos clientes.
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Por Júlia Nunes, g1

Postado em 11 de Janeiro de 2.025 às 07h00m

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Entenda o que muda na fiscalização da Receita sobre compras com cartões e PIX

A notícia de que a Receita Federal ampliou as regras de fiscalização sobre transações financeiras dos contribuintes gerou confusão nesta semana.

O monitoramento dessas movimentações já existia. O que muda é que mais instituições serão obrigadas a informá-las ao órgão.

Ao contrário do que circulou pelas redes sociais, a medida não implica a cobrança direta de nenhum imposto. Mas o contribuinte deve estar atento porque movimentações atípicas podem gerar problemas para quem não declara seus rendimentos de forma correta.

Entenda como era a regra e o que mudou a partir das perguntas abaixo:

A Receita Federal recebe informações consolidadas dos bancos sobre as movimentações financeiras dos contribuintes desde 2003, quando foi instituída a Decred. Na época, o foco era as operações de cartão de crédito.

Conforme a Receita, "a evolução tecnológica e as novas práticas comerciais" trouxeram a necessidade de atualizar a norma, para alcançar outros tipos de operação financeira. A Decred foi substituída pela plataforma "e-Financeira", criada em 2015.

O sistema funciona da mesma forma: serve para que as instituições financeiras informem as operações à Receita, sem que o contribuinte tenha que fazer nada.

Desde então, os bancos tradicionais (públicos e privados) passaram a ser obrigados a informar ao Fisco os montantes globais mensalmente movimentados pelos contribuintes quando os valores fossem, por tipo de operação financeira:

  • maiores que R$ 2 mil por mês, por pessoa física (CPF);
  • maiores que R$ 6 mil por mês, por empresa (CNPJ).
2. O que mudou agora?

Além dos bancos tradicionais, outras instituições foram incluídas na obrigação de repassar à Receita Federal os dados das movimentações financeiras dos seus clientes.

São elas: as operadoras de cartão de crédito, que cuidam das famosas "maquininhas", e as instituições de pagamento (IP), empresas de menor porte como os bancos virtuais, que viabilizam a movimentação de recursos, mas não oferecem empréstimos e financiamentos.

A norma também trouxe uma especificação de que as transações via PIX, cartões de débito, cartões de loja e moedas eletrônicas passaram a fazer parte das operações que devem ser informadas.

O valor mínimo que o contribuinte precisa movimentar para que a instituição seja obrigada a enviar seus dados à Receita também foi estipulado: na soma de todas as transações, por cada tipo de operação financeira, precisa ser:

  • maior que R$ 5 mil por mês, por pessoa física (CPF);
  • maior que R$ 15 mil por mês, por empresa (CNPJ).
3. Quando foi anunciada a mudança?

A ampliação da fiscalização foi anunciada em setembro do ano passado e entrou em vigor em 1º de janeiro de 2025.

O envio dos dados à Receita começa em agosto, relativos às transações feitas entre janeiro e julho deste ano. As informações referentes ao segundo semestre serão enviadas até fevereiro de 2026.

Receita Federal aumenta monitoramento das transações financeiras

4. O PIX será taxado?

As novas regras não implicam a cobrança direta de nenhum imposto. Conforme a Receita, "não existe tributação sobre o PIX e nunca vai existir, até porque a Constituição não autoriza imposto sobre movimentação financeira".

O órgão, inclusive, emitiu um alerta para uma nova tentativa de golpe sobre o assunto que está circulando nas redes sociais.

Criminosos estão abordando possíveis vítimas dizendo que há uma suposta cobrança de taxas pela Receita Federal sobre transações via PIX em valores acima de R$ 5 mil e, por isso, pedem que um boleto seja pago.

No entanto, a notícia é falsa. A Receita não envia cobranças ou comunicados por WhatsApp, SMS ou redes sociais.

5. A que dados a Receita tem acesso?

A Receita tem acesso a informações fundamentais para cumprir a sua função de órgão do governo responsável por administrar tributos federais, além de atuar no combate à pirataria, à sonegação fiscal, ao tráfico de drogas e ao contrabando.

Entre essas informações estão:

  • Dados pessoais como: nome, nacionalidade, residência fiscal, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ);
  • Número da conta bancária ou equivalente;
  • Número de Identificação Fiscal (NIF) no exterior, caso seja adotado pelo país de residência fiscal informado;
  • Valores movimentados mensalmente;
  • Moeda utilizada em movimentações financeiras;
  • Demais informações cadastrais, entre outras.

No entanto, segundo a Receita, no repasse das informações pelas instituições financeiras e administradoras de cartão de crédito, não existe "qualquer elemento que permita identificar a origem ou a natureza dos gastos efetuados". O segredo das operações é garantido pelo sigilo bancário.

"Por exemplo, quando uma pessoa realiza uma transferência de sua conta para um terceiro, seja enviando um PIX ou fazendo uma operação do tipo DOC ou TED, não se identifica, na e-Financeira, para quem ou a que título esse valor individual foi enviado", informou a Receita Federal.

O que a Receita pretende com a mudança nas regras é prender pessoas que buscam ocultar a origem ilícita de recursos, muitas vezes oriunda de crimes como lavagem de dinheiro ou do crime organizado.

Em entrevista ao g1, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, negou que as alterações anunciadas tenham por objetivo multar as pessoas físicas, como os pequenos trabalhadores que trabalham por aplicativo ou no mercado informal, por exemplo. (veja abaixo os cuidados a tomar)

Ele também lembrou que o órgão possui há décadas informações sobre as transações financeiras dos contribuintes, mas que elas têm se concentrado principalmente no PIX nos últimos anos.

Receita Federal passa a monitorar movimentações acima de R$ 5 mil no PIX; entenda

6. O que eu preciso fazer?

Em relação ao envio dos dados sobre movimentações financeiras à Receita, não há nada que o contribuinte precise fazer. A responsabilidade de repassar as informações é das instituições bancárias e de pagamento.

Agora, como já ocorria antes, quem recebe rendimentos tributáveis acima de R$ 2.824 por mês tem a obrigação de entregar a declaração anual do Imposto de Renda.

Com a declaração, a Receita já consegue saber se as transações do contribuinte são compatíveis com os rendimentos do trabalho.

"Os dados recebidos poderão, por exemplo, ser disponibilizados na declaração pré-preenchida do Imposto de Renda da pessoa física no ano que vem, evitando-se divergências", diz a Receita.
7. Devo me preocupar?

O aumento da fiscalização da Receita sobre o pagamento de impostos pode atingir quem não declara os seus rendimentos de forma correta.

"A omissão de receitas pode levar à inclusão na malha fina, cobrança de multas e, em casos mais graves, processos por sonegação fiscal", alerta o advogado Gabriel Santana Vieira, especialista em direito tributário.

O secretário Robinson Barreirinhas negou que as alterações tenham por objetivo multar as pessoas físicas, que trabalham por aplicativo ou no mercado informal, por exemplo.

De acordo com ele, "uma pessoa que tem um salário de R$ 10 mil e gasta R$ 20 mil todos os meses no cartão de crédito", durante vários anos seguidos, pode vir a chamar a atenção da Receita. No entanto, antes de chamá-la para explicar os gastos, o órgão ainda vai cruzar outras informações.

"A Receita Federal tem as informações das empresas ligadas a ela, dos parentes relacionados a ela, e pode, nesse cruzamento especial", ver que ela está simplesmente pagando a despesa de um familiar, disse Barreirinhas.

"E vamos dizer que, mesmo depois de todo esse cruzamento, ainda haja uma inconsistência relevante. Nesse caso, e somente nesse caso, ela pode ser notificado para explicar. E vai poder explicar. Às vezes tem outras razões para esse tipo de despesa."
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