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sábado, 10 de setembro de 2022

A descoberta sobre poluição do ar que pode revolucionar combate ao câncer

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Pesquisa mostra que câncer nem sempre é causado por mutações do DNA, como se pensava anteriormente.
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TOPO
Por BBC

Postado em 10 de setembro de 2022 às 15h10m

 #.*Post. - N.\ 10.467*.#

— Foto: Getty Images
— Foto: Getty Images

Pesquisadores dizem ter descoberto como a poluição do ar leva ao câncer, em uma descoberta que transforma completamente nossa compreensão de como surgem tumores.

A equipe do Francis Crick Institute, em Londres, mostrou que, em vez de causar danos, a poluição do ar estava despertando células velhas danificadas.

Um dos maiores especialistas do mundo no assunto, o professor Charles Swanton disse que o avanço marca uma "nova era".

E agora pode ser possível desenvolver drogas que impeçam a formação de cânceres.

As descobertas podem explicar como centenas de substâncias cancerígenas agem no corpo.

A visão clássica do câncer começa com uma célula saudável. Ela adquire mais e mais mutações em seu código genético, ou DNA, até atingir um ponto de inflexão. Então ela se torna um câncer e cresce descontroladamente.

Mas há problemas com essa ideia: mutações cancerígenas são encontradas em tecidos aparentemente saudáveis, e muitas substâncias conhecidas por causar câncer - incluindo a poluição do ar - não parecem danificar o DNA das pessoas.

Então qual o problema?

Os pesquisadores produziram evidências de uma ideia diferente. O dano já está no DNA de nossa célula, captado à medida que crescemos e envelhecemos, mas algo precisa puxar o gatilho que realmente o torna canceroso.

A descoberta veio de investigar por que não-fumantes têm câncer de pulmão. A esmagadora maioria dos cânceres de pulmão é causada pelo tabagismo, mas, ainda assim, um em cada dez casos no Reino Unido se deve à poluição do ar.

Os cientistas do Francis Crick se concentraram em uma forma de poluição chamada material particulado 2,5 (conhecido como PM2,5), que é muito menor que o diâmetro de um fio de cabelo humano.

Por meio de uma série de experimentos detalhados em humanos e animais, eles mostraram que:

  • Locais com níveis mais altos de poluição do ar tiveram mais cânceres de pulmão não causados pelo fumo
  • Isso causa inflamação e ativa as células nos pulmões para ajudar a reparar qualquer dano
  • Mas cerca de uma em cada 600.000 células nos pulmões de uma pessoa de 50 anos já contém mutações potencialmente cancerígenas
  • Elas são adquiridas à medida que envelhecemos, mas parecem completamente saudáveis ​​até serem ativadas pelo alarme químico e se tornarem cancerosas

Crucialmente, os pesquisadores foram capazes de impedir a formação de câncer em camundongos expostos à poluição do ar usando uma droga que bloqueia o sinal de alarme.

Os resultados são um avanço duplo, tanto para a compreensão do impacto da poluição do ar quanto para os fundamentos de como temos câncer.

Emilia Lim, uma das pesquisadoras do Francis Crick Institute, disse que as pessoas que nunca fumaram, mas desenvolveram câncer de pulmão, muitas vezes não tinham ideia do motivo.

"Dar a eles algumas pistas sobre como isso pode funcionar é muito, muito importante", disse ela.

"É superimportante - 99% das pessoas no mundo vivem em lugares onde a poluição do ar excede as diretrizes da OMS, então isso realmente afeta a todos nós."

Descobertas podem levar a uma nova compreensão de como os cânceres se formam — Foto:  Getty Images
Descobertas podem levar a uma nova compreensão de como os cânceres se formam — Foto: Getty Images

Repensando o câncer

Mas os resultados também mostraram que as mutações sozinhas nem sempre são suficientes para causar câncer. Elas podem precisar de um elemento extra.

O professor Swanton disse que essa foi a descoberta mais emocionante que seu laboratório encontrou, pois "realmente repensa nossa compreensão de como os tumores são iniciados". Ele disse que isso levaria a uma "nova era" de prevenção do câncer molecular.

A ideia de tomar uma pílula para bloquear o câncer se você mora em uma área altamente poluída não é completamente fantasiosa.

Os médicos já testaram um medicamento interleucina-1-beta em doenças cardiovasculares e descobriram, por completo acidente, que ele reduz o risco de câncer de pulmão.

As últimas descobertas estão sendo apresentadas aos cientistas em uma conferência da Sociedade Europeia de Oncologia Médica.

Falando à BBC da conferência, o professor Swanton disse: "A poluição é um belo exemplo, mas haverá outros 200 exemplos disso nos próximos 10 anos".

E ele disse que precisávamos repensar até como fumar causa câncer - é apenas o dano conhecido ao DNA causado pelos produtos químicos do tabaco ou a fumaça também causa inflamação?

Curiosamente, a ideia de que o DNA mutante não é suficiente e os cânceres precisam de outro gatilho para crescer foi proposta pela primeira vez pelo cientista Isaac Berenblum em 1947.

"Filosoficamente, é fascinante. Esses incríveis biólogos fizeram esse trabalho há 75 anos e ele foi amplamente ignorado", disse Lim.

Michelle Mitchell, executiva-chefe da Cancer Research UK, enfatizou que "o tabagismo continua sendo a maior causa de câncer de pulmão".

Mas ela acrescentou: "A ciência, que leva anos de trabalho meticuloso, está mudando nosso pensamento sobre como o câncer se desenvolve. Agora temos uma compreensão muito melhor das forças motrizes por trás do câncer de pulmão".

Este texto foi originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62863047

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O que o envelhecimento tem a ver com viagens a Marte

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Encontro de especialistas em gerociência enfatizou a importância da prevenção antes do declínio funcional
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Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro

Postado em 10 de setembro de 2022 às 07h15m

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Acompanhei algumas palestras da nona edição do Aging Research & Drug Discovery (ARDD), que reuniu especialistas da gerociência e da medicina da longevidade em Copenhague, entre 29 de agosto e 2 de setembro. São médicos e cientistas que estudam o envelhecimento e pesquisam intervenções que possam retardar ou evitar esse processo. A que me mais me chamou a atenção foi a do geriatra James Kirkland, diretor do Centro de Envelhecimento Robert and Arlene Kogod, da Clínica Mayo, que afirmou: nunca ouvi um paciente meu dizer que seu objetivo é viver até os 120 anos. O que todos querem é ser saudáveis, não sentir dor, se ver livres de doenças.

JamesKirkland: diretor do Centro de Envelhecimento Robert and Arlene Kogod, da Clínica Mayo — Foto: Divulgação: Clínica Mayo
JamesKirkland: diretor do Centro de Envelhecimento Robert and Arlene Kogod, da Clínica Mayo — Foto: Divulgação: Clínica Mayo

Trata-se do cerne da questão do grupo de pesquisadores: não buscar a vida eterna, e sim garantir o envelhecimento ativo. Para Kirkland, substâncias como senolíticos e a metformina têm esse potencial, mas ele acredita em outras opções: a estratégia que está mais próxima é a do desenvolvimento de algo equivalente a um antibiótico de amplo espectro, em vez de drogas que atuem numa única molécula ou doença.

Na sua opinião, é preciso avançar no diagnóstico através de testes não invasivos (como os de saliva), que sejam confiáveis e também baratos, para serem feitos em grande escala. O objetivo é dispor de dados capazes de predizer incidentes ou a progressão de uma enfermidade, facilitando a escolha da melhor abordagem. Como médico e PhD em microbiologia, alerta que o trabalho dos cientistas nem sempre é compreendido:

Cientistas e geriatras às vezes se colocam em campos opostos. Há muitos mal-entendidos, como se, dentro dos laboratórios, o propósito fosse erradicar a velhice. A saída seria termos mais gente no campo da ciência. Não podemos ir a Marte sem entender como intervir no processo do envelhecimento.

Kirkland participa do projeto Axiom Space, que estuda como a falta de gravidade leva as células humanas à senescência, isto é, à velhice. Por exemplo, a atrofia muscular é de aproximadamente 5% por mês no espaço. Há outros efeitos adversos que os astronautas sofrem, no esqueleto e no sistema cardiovascular, além de falta de equilíbrio, diminuição da produção de hemácias e alterações no sistema imunológico. Para resumir: descobrir como deter o envelhecimento será crucial para a conquista do espaço!

Andrea Maier, professora de geriatria na University of Melbourne  — Foto: Divulgação
Andrea Maier, professora de geriatria na University of Melbourne — Foto: Divulgação

Andrea Maier, professora de geriatria na University of Melbourne (Austrália) e na Vrije Universiteit (Holanda), foi enfática ao defender a necessidade de medidas preventivas bem antes da marca dos 60 anos, quando o declínio funcional se acelera:

Na verdade, o declínio começa aos 30 e estamos desprezando a janela da faixa dos 40 anos. A pergunta que precisamos fazer é: você está na melhor forma que poderia?. Afinal, sempre temos algo a ganhar. A medicina da longevidade tem que estar no atendimento primário da saúde.

É a mesma argumentação de Felipe Sierra, diretor científico da Fundação Hevolution, criada pela família real saudita e cujo orçamento é de 1 bilhão de dólares anuais: temos que pôr a saúde na frente, não a doença, diferentemente do que apregoa a medicina tradicional. Isso significa adotar hábitos que nos mantenham saudáveis. A queda da resiliência do organismo, ou seja, da sua capacidade de regeneração, começa a se manifestar a partir dos 30 anos.

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