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segunda-feira, 11 de abril de 2022

Espiritualidade, exercício e café: o que os especialistas aconselham para o coração

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Som da voz também pode ser analisado e prever doença coronariana, mostraram pesquisadores em evento do Colégio Americano de Cardiologia.
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Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro

Postado em 11 de abril de 2022 às 16h20m

Post.- N.\ 10.289

Em se tratando de coração, qualquer novidade é consumida com avidez, por isso aproveito para escrever sobre quatro estudos recém-divulgados. O primeiro trata de um tema que ganha cada vez mais espaço nos congressos médicos: a espiritualidade, associada à descoberta de um significado e propósito para a existência, mas sem estar necessariamente vinculada a qualquer religião. Pacientes com insuficiência cardíaca enfrentam sintomas como falta de ar (dispneia), dor no peito, fadiga, dificuldade para dormir, ansiedade e depressão, que limitam suas atividades físicas e sociais. Para Rachel Tobin, médica do Duke University Hospital, diferentemente de outras doenças crônicas, trata-se de uma condição que pode levar ao isolamento e à desesperança. Ela é um dos pesquisadores que fizeram uma revisão de 47 artigos e constataram que o bem-estar espiritual havia trazido uma significativa melhora na qualidade de vida desses indivíduos.

Espiritualidade: bem-estar espiritual traz melhora na qualidade de vida dos pacientes  — Foto: Devanath para Pixabay
Espiritualidade: bem-estar espiritual traz melhora na qualidade de vida dos pacientes — Foto: Devanath para Pixabay

A reboque, emendo com o segundo estudo, sobre como a atividade física ajuda a ativar partes do cérebro que se contrapõem ao estresse. Dessa forma, exercitar-se é ainda mais vantajoso para as pessoas que sofrem de ansiedade e depressão. A pesquisa apontou que indivíduos que praticavam exercícios com regularidade tinham um risco 17% menor de sofrer um evento cardiovascular de grandes proporções. Esse benefício se ampliava, e chegava à diminuição de risco de 22%, para quem tinha lidava com um quadro de ansiedade e depressão.

Na linha de frente da inteligência artificial, trabalho apresentado na 71ª. Sessão Científica do Colégio Americano de Cardiologia mostrou que um programa de computador, baseado em algoritmos, conseguia prever a probabilidade de uma pessoa sofrer problemas cardiovasculares devido ao entupimento de artérias baseado no seu registro de voz. Os pesquisadores recrutaram 108 participantes e cada um deles enviou três gravações de 30 segundos: a primeira era a leitura de um texto; na segunda, se falava livremente sobre uma experiência positiva; e a terceira era também um discurso livre, mas sobre uma experiência negativa. O aplicativo Vocalis Health é capaz de analisar 80 características das amostras, sendo que seis delas estão relacionadas com doença cardiovascular. Um terço dos pacientes exibiu pontuação alta, de maior risco; dois terços, uma pontuação baixa. O grupo foi monitorado por dois anos e, entre os que tinham sido apontados como de risco, 58.3% tiveram algum tipo de evento cardiovascular. A tecnologia ainda não está disponível para uso clínico, mas tem enorme potencial na telemedicina. Estratégias não invasivas e que possam ser utilizadas remotamente ganharam importância durante a pandemia, afirmou Jaskanwal Deep Singh Sara, cardiologista da Mayo Clinic. Enviar uma amostra de voz é algo simples e até divertido, além de permitir aos médicos aperfeiçoar o monitoramento dos pacientes, acrescentou.

Café: duas ou três xícaras por dia estão associadas a uma chance menor de doença cardiovascular ou arritmias  — Foto: Engin Akyurt para Pixabay
Café: duas ou três xícaras por dia estão associadas a uma chance menor de doença cardiovascular ou arritmias — Foto: Engin Akyurt para Pixabay

Para encerrar, uma boa notícia para os amantes de café: duas ou três xícaras por dia estão associadas a uma chance menor de doença cardiovascular ou arritmias. Como o café pode acelerar os batimentos cardíacos, algumas pessoas se preocupam que a bebida pode ser um gatilho ou piorar uma condição cardíaca, mas nossos dados sugerem que o consumo diário de café não deveria ser desencorajado, e sim fazer parte da dieta de indivíduos com ou sem doença cardiovascular, disse o médico Peter Kistler, professor do Baker Heart Institute, na Austrália. Seu time utilizou as informações do UK BioBank, com dados de 500 mil britânicos que foram acompanhadas por pelo menos dez anos, e mapeou a relação entre a ingestão de café (de uma a seis xícaras diárias) e arritmias, insuficiência cardíaca e derrames.

No primeiro levantamento, os pesquisadores examinaram dados de mais de 382 mil pessoas sem diagnóstico de problemas cardíacos para ver se beber café representaria algum perigo nos dez anos de monitoramento da sua saúde. Os participantes tinham, em média, 57 anos, e metade era composta de mulheres. Nesse grupo, beber de duas a três xícaras de café estava associado à diminuição de risco de 10% a 15% de doenças do coração. O segundo estudo incluiu 34 mil indivíduos com algum tipo de distúrbio cardíaco e o consumo da mesma quantidade de café também estava atrelado a menores chances de complicações.

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Os microchips que permitem pagamento com a mão

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Empresas oferecem chips de pagamento injetados sob a pele, que podem ser usados para pagar contas como um cartão de débito ou crédito comum.
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TOPO
Por BBC

Postado em 11 de abril de 2022 às 13h15m

Post.- N.\ 10.288

Uma mulher pagando sua refeição em um café usando um chip de pagamento sem contato implantado em sua mão — Foto: PIOTR DEJNEKA
Uma mulher pagando sua refeição em um café usando um chip de pagamento sem contato implantado em sua mão — Foto: PIOTR DEJNEKA

O holandês Patrick Paumen, de 37 anos, causa rebuliço sempre que paga por algo em uma loja ou restaurante.

Ele não precisa usar dinheiro, cartão de banco ou celular para pagar. Em vez disso, ele simplesmente coloca a mão esquerda perto do leitor de cartão e o pagamento é realizado.

"As reações que recebo dos caixas são impagáveis", diz Paumen, que trabalha como guarda de segurança.

Ele consegue pagar usando apenas sua mão porque em 2019 ele teve um microchip de pagamento injetado sob a pele.

"O procedimento dói tanto quanto quando um beliscão na pele", diz Paumen.

A primeira vez que um microchip foi implantado em um ser humano foi em 1998, mas foi apenas na última década que essa tecnologia ficou disponível comercialmente.

A empresa anglo-polonesa Walletmor diz que se tornou, no ano passado, a primeira empresa a colocar à venda chips de pagamento implantáveis.

Paumen tem um chip sob a pele da mão esquerda que acende quando entra em contato próximo com uma máquina de pagamento — Foto: PATRICK PAUMEN
Paumen tem um chip sob a pele da mão esquerda que acende quando entra em contato próximo com uma máquina de pagamento — Foto: PATRICK PAUMEN

"O implante pode ser usado para pagar uma bebida na praia do Rio, um café em Nova York, um corte de cabelo em Paris — ou no supermercado local", diz o fundador e presidente-executivo Wojtek Paprota. "Ele pode ser usado onde quer que pagamentos sem contato sejam aceitos."

O chip de Walletmor, que pesa menos de um grama e é pouco maior que um grão de arroz, é composto por um minúsculo microchip e uma antena envolta em um biopolímero — um material de origem natural, semelhante ao plástico.

Paprota diz que o chip é totalmente seguro, tem aprovação regulatória e funciona imediatamente após ser implantado. Também não requer bateria ou outra fonte. A empresa diz que já vendeu mais de 500 chips.

A tecnologia que a Walletmor usa é a comunicação de campo próximo ou NFC, em inglês - o sistema de pagamento por aproximação em smartphones. Outros implantes de pagamento são baseados em identificação por radiofrequência (RFID), que é a tecnologia similar normalmente encontrada em cartões de débito e crédito físicos por aproximação.

Para muitos de nós, a ideia de ter um chip implantado em nosso corpo é horrível, mas uma pesquisa de 2021 com mais de 4 mil pessoas no Reino Unido e na União Europeia descobriu que 51% considerariam fazer um implante.

Um raio-x mostrando um implante Walletmor, que é injetado na mão de uma pessoa após um anestésico local — Foto: WALLETMOR
Um raio-x mostrando um implante Walletmor, que é injetado na mão de uma pessoa após um anestésico local — Foto: WALLETMOR

No entanto, sem fornecer uma porcentagem, o relatório acrescentou que "questões de invasão e segurança continuam sendo uma grande preocupação" para os entrevistados.

Paumen diz que não tem nenhuma dessas preocupações.

"Os implantes de chip contêm o mesmo tipo de tecnologia que as pessoas usam diariamente", diz ele, "desde chaveiros a destrancar portas, cartões de transporte público como o cartão Oyster [do transporte público de Londres] ou cartões bancários com função de pagamento sem contato."

"A distância de leitura é limitada pela pequena bobina da antena dentro do implante. O implante precisa estar dentro do campo eletromagnético de um leitor RFID [ou NFC]. Somente quando há um acoplamento magnético entre o leitor e o transponder o implante pode ser lido."

Ele acrescenta que não está preocupado em ter seu paradeiro rastreado.

"Os chips RFID são usados ​​em animais de estimação para identificá-los quando estão perdidos", diz ele. "Mas não é possível localizá-los usando um implante de chip RFID — o animal desaparecido precisa ser encontrado fisicamente. Então todo o corpo é escaneado até que o implante de chip RFID seja encontrado e lido."

No entanto, o problema com esses chips (e o que causa preocupação) é se no futuro eles se tornarão cada vez mais avançados e cheios de dados privados de uma pessoa. E se essas informações são seguras e se uma pessoa pode de fato ser rastreada.

Theodora Lau diz que no futuro precisaremos saber qual o limite dos implantes — Foto: THEODORA LAU
Theodora Lau diz que no futuro precisaremos saber qual o limite dos implantes — Foto: THEODORA LAU

A especialista em Tecnologia Financeira, Theodora Lau, é coautora do livro Beyond Good: How Technology Is Leading A Business Driven Revolution (Além do Bem: Como a Tecnologia Está Liderando uma Revolução Impulsionada pelos Negócios, em tradução livre).

Ela diz que os chips de pagamento implantados são apenas "uma extensão da internet das coisas". Ou seja, trata-se de uma nova maneira de conectar e trocar dados.

No entanto, embora ela diga que muitas pessoas estão abertas à ideia — pois tornaria o pagamento das coisas mais rápido e fácil — o benefício deve ser ponderado com os riscos. Especialmente na medida em que os chips comecem a carregar mais informações pessoais.

"Quanto estamos dispostos a pagar por conveniência?" ela diz. "Onde traçamos a linha quando se trata de privacidade e segurança? Quem protegerá a infraestrutura crítica e os humanos que fazem parte dela?"

Nada Kakabadse, professora de Política, Governança e Ética na Henley Business School da Reading University, também é cautelosa sobre o futuro de chips mais avançados.

"Existe um lado sombrio da tecnologia que tem potencial para abuso", diz ela. "Para aqueles que não amam a liberdade individual, abre novas e sedutoras visões de controle, manipulação e opressão. E quem é o dono dos dados? Quem tem acesso aos dados? E é ético colocar chip em pessoas como fazemos com animais de estimação?"

O resultado, ela adverte, pode ser "o desempoderamento de muitos para o benefício de poucos".

Steven Northam, professor de Inovação e Empreendedorismo da Universidade de Winchester, diz que as preocupações são injustificadas. Além de seu trabalho acadêmico, ele é o fundador da empresa britânica BioTeq, que fabrica chips implantados wireless desde 2017.

Seus implantes são voltados para pessoas com deficiência que podem usar os chips para abrir portas automaticamente.

"Temos consultas diárias", diz ele, "e realizamos mais de 500 implantes no Reino Unido — mas a covid causou alguma redução na procura".

"Essa tecnologia é usada em animais há anos", argumenta. "São objetos muito pequenos e inertes. Não há riscos."

Paumen também tem ímãs implantados em seus dedos — Foto: PATRICK PAUMEN
Paumen também tem ímãs implantados em seus dedos — Foto: PATRICK PAUMEN

Na Holanda, Paumen se descreve como um "biohacker" — alguém que coloca pedaços de tecnologia em seu corpo para tentar melhorar seu desempenho. Ele tem 32 implantes no total, incluindo chips para abrir portas e ímãs embutidos.

"A tecnologia continua evoluindo, então continuo colecionando mais", diz ele. "Meus implantes aumentam meu corpo. Eu não gostaria de viver sem eles", diz ele.

"Sempre haverá pessoas que não querem modificar seus corpos. Devemos respeitar isso — e eles devem nos respeitar como biohackers."

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5 maneiras de salvar o planeta, segundo cientistas da ONU

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Aposentar usinas a carvão e deixar de subsidiar combustíveis fósseis estão entre as ações capazes de frear o ritmo das mudanças climáticas.
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Por Matt McGrath, BBC

Postado em 11 de abril de 2022 às 07h45m

Post.- N.\ 10.287

Para evitar os grandes perigos do aquecimento global, as emissões de carbono precisam parar de crescer nos próximos três anos e cair rapidamente em seguida. — Foto: GETTY IMAGES/BBC
Para evitar os grandes perigos do aquecimento global, as emissões de carbono precisam parar de crescer nos próximos três anos e cair rapidamente em seguida. — Foto: GETTY IMAGES/BBC

Os riscos das mudanças climáticas vêm sendo demonstrados há anos. Mas há menos atenção voltada às formas de realmente enfrentar o problema.

No início de abril, cientistas da ONU apresentaram um plano que eles acreditam que poderá ajudar as pessoas a evitar os piores impactos do aumento das temperaturas no planeta. O relatório, preparado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC, na sigla em inglês), basicamente convoca uma revolução sobre nossa forma de produção da energia necessária para as atividades humanas.

Para evitar os grandes perigos do aquecimento global, as emissões de carbono precisam parar de crescer nos próximos três anos e cair rapidamente em seguida. E, mesmo assim, será necessário usar tecnologia para retirar CO2 do ar e manter as temperaturas baixas.

Segundo os pesquisadores, existem cinco ideias fundamentais para manter a segurança do planeta:

1 - O carvão precisa se aposentar (de novo!)

O relatório do IPCC tem 63 páginas detalhadas, repletas de observações e complexas notas de rodapé. Toda essa verborragia não consegue esconder a mensagem central dos cientistas: se o mundo quiser se livrar dos perigos do aquecimento global, os combustíveis fósseis precisam ser eliminados.

Manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C exige que as emissões parem de crescer até 2025, segundo os pesquisadores, e sejam reduzidas em 43% até o final da década. A forma mais eficaz de alcançar esse objetivo é gerar energia de fontes sustentáveis, como eólica e solar.

Os autores indicam redução drástica dos custos dessas tecnologias, que atingiu cerca de 85% desde 2010. E, embora a guerra na Ucrânia esteja fazendo com que os governos europeus voltem a flertar com a ideia do uso de carvão, rico em carbono, os meios políticos claramente aceitam que a energia sustentável barata é o único caminho para eliminar a dependência de Putin no setor de energia.

Por isso, para o bem da temperatura do planeta (e da política atual), o IPCC acredita que o carvão deverá ser finalmente aposentado para sempre.

"Acho que esta é uma mensagem muito forte, não deve haver novas usinas movidas a carvão. Caso contrário, realmente será um risco para o limite de 1,5 °C", afirma Jan Christoph Minx, professor da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e um dos coordenadores do estudo do IPCC.

"Acho que a grande mensagem do relatório é que precisamos pôr fim à era dos combustíveis fósseis. E não é preciso simplesmente encerrá-la; precisamos encerrá-la com muita rapidez", segundo ele.

2 - O improvável vira realidade...

Alguns anos atrás, soluções tecnológicas para as mudanças climáticas eram geralmente consideradas ideias excêntricas. Desde pulverizar substâncias na atmosfera até resfriar a Terra bloqueando o Sol com escudos espaciais, diversas ideias foram ridicularizadas, criticadas e rapidamente esquecidas.

Mas, à medida que a crise climática se amplia e o corte das emissões de carbono parece ser difícil, os pesquisadores vêm sendo forçados a examinar novamente o papel da tecnologia para limitar e até reduzir o CO2 da atmosfera.

A ideia de remoção do dióxido de carbono da atmosfera agora é considerada totalmente normal, depois de ser endossada pelo IPCC no último relatório.

Os cientistas são claros: será realmente impossível manter as temperaturas baixas sem alguma forma de remoção de carbono, seja com árvores ou com máquinas de filtragem do ar.

Mas existe muita oposição dos ambientalistas. Parte deles acusa o IPCC de ceder aos países produtores de combustíveis fósseis e depositar ênfase demais em tecnologias que, essencialmente, permanecem sem comprovação.

"A principal desvantagem que vejo é o fato de que o relatório é muito tolerante quanto à rápida supressão dos combustíveis fósseis", segundo Linda Schneider, da Fundação Heinrich Böll, em Berlim, na Alemanha.

"Eu esperava que o relatório apresentasse os processos mais confiáveis e seguros para atingirmos o limite de 1,5 °C, sem exagerar e depender de tecnologias que simplesmente não sabemos se irão funcionar", afirma ela.

3 - Reprimir a demanda é uma arma secreta

Uma das grandes diferenças entre este relatório e suas versões anteriores é que a ciência social tem forte presença. Ela se concentra principalmente na ideia de reduzir a demanda de energia das pessoas nos campos da moradia, mobilidade e nutrição.

Isso engloba uma série de questões - incluindo alimentação de baixo carbono, resíduos alimentares, como construímos nossas cidades e como levamos para as pessoas opções de transporte com maior economia de carbono.

Carros elétricos trazem grande diferença para as emissões do transporte, mas exigem investimentos em tecnologia de carregamento de energia para acelerar sua aceitação. — Foto: GETTY IMAGES/BBC
Carros elétricos trazem grande diferença para as emissões do transporte, mas exigem investimentos em tecnologia de carregamento de energia para acelerar sua aceitação. — Foto: GETTY IMAGES/BBC

O IPCC acredita que as mudanças nessas áreas poderão limitar as emissões dos setores de consumo final em 40 a 70% até 2050, aumentando ainda o bem-estar das pessoas. É um objetivo ambicioso, mas o relatório é bem específico e detalhado - e, sim, será necessário ter estímulos e incentivos dos governos.

Mas parece ser uma forma mais ou menos tranquila de causar impactos reais.

4 - Resfriar o planeta com dinheiro...

Muitas vezes se postergou o combate às mudanças climáticas devido aos altos custos envolvidos. Mas essa impressão se alterou nos últimos anos, já que a conta financeira dos desastres climáticos vem crescendo de forma consistente.

Agora, o IPCC está anunciando novas orientações quanto aos custos. O ponto principal é que, para transformar o planeta, com o perdão do trocadilho, não será necessário mover o mundo.

O IPCC afirma que ainda existe muito dinheiro sendo gasto com combustíveis fósseis e não com soluções de energia limpa. Se os subsídios dos governos para os combustíveis fósseis fossem eliminados, as emissões seriam reduzidas em até 10% em 2030, segundo o Greenpeace.

O IPCC afirma que, com o passar do tempo, os modelos que incorporam os danos econômicos causados pelas mudanças climáticas demonstram que o custo global de limitar o aquecimento em 2 °C ao longo deste século é menor que os benefícios econômicos globais da redução do aquecimento.

Já manter as temperaturas bem abaixo de 2 °C custa um pouco mais, mas não muito, considerando os danos evitados e a ampla variedade de benefícios decorrentes, como ar e água mais limpos.

"Se você observar os cenários mais agressivos do relatório, custaria no máximo 0,1% do crescimento anual considerado do PIB", segundo Michael Grubb, professor do University College de Londres, outro dos coordenadores do relatório.

5 - Atacar os ricos... ou torná-los exemplos?

O relatório renova a ênfase no impacto desproporcional dos ricos sobre o planeta. Segundo o IPCC, 10% das residências com maiores emissões per capita contribuem com 45% das emissões domésticas de gases do efeito estufa causadas pelo consumo.

Essencialmente, o relatório afirma que as pessoas mais ricas do mundo gastam grande parte do seu dinheiro em mobilidade, incluindo aviões particulares.

Seria então o caso de submetê-los a aumentos de impostos ou outras formas de restringir suas emissões? Sim, pode ser o caso, mas alguns autores do IPCC acreditam que os ricos têm outros papéis a desempenhar para ajudar o mundo a zerar suas emissões.

"Os indivíduos ricos contribuem desproporcionalmente com maiores emissões, mas têm alto potencial de redução, mesmo mantendo alto nível de bem-estar e um padrão de vida decente", afirma Patrick Devine-Wright, um dos principais autores do IPCC, da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

"Acho que existem indivíduos com alta posição socioeconômica que são capazes de reduzir suas emissões, tornando-se modelos de estilo de vida de baixo carbono, selecionando seus investimentos em negócios e oportunidades de baixo carbono e fazendo lobby em prol de políticas climáticas rígidas", segundo ele.

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