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sábado, 23 de maio de 2020

Terremoto de Valdivia: o que o mundo aprendeu com o maior tremor de terra já registrado

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No 60º aniversário do maior terremoto já registrado, a BBC mostra a dimensão da tragédia e que lições deixou para o estudo da atividade sísmica do planeta.
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 Por BBC  

 Postado em 23 de maio de 2020 às 2115m  
      Post.N.\9.299  
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Terremoto de Valdivia é o de maior magnitude já registrado — Foto: BBC
Terremoto de Valdivia é o de maior magnitude já registrado — Foto: BBC

No domingo, 22 de maio de 1960, o Chile sofreu o terremoto mais forte já registrado de sua história.

Eram 15h11. Por cerca de 10 minutos, o país foi atingido por fortes solavancos ao longo de mil dos seus quase 5 mil quilômetros de costa no Pacífico.

Com magnitude 9,5, o terremoto liberou energia equivalente a 20 mil bombas de Hiroshima e causou um tsunami com ondas de até 25 metros devastando populações costeiras.

Estima-se que mais de 1,6 mil pessoas morreram, 3 mil ficaram feridas e 2 milhões ficaram desabrigadas no sul do país, segundo dados do Serviço de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).

A geografia do Chile mudou. Houve populações que afundaram e outras áreas subiram vários metros; um vulcão entrou em erupção e vários rios mudaram seu curso.

A fúria do terremoto se espalhou por todo o mundo. As ondas sísmicas sacudiram o planeta e o fizeram vibrar por vários dias.
OS 7 maiores terremotos da história — Foto: BBC
OS 7 maiores terremotos da história — Foto: BBC

Enquanto a terra tremia, um tsunami se formou no oceano, atingindo também a costa oeste continental dos EUA, o Havaí, as Filipinas e o Japão, totalizando mais de 200 mortes.

Lições da tragédia
"Era um monstro planetário", como descreveu Tom Jordan, então diretor do Centro de Terremotos do Sul da Califórnia, em um artigo da revista científica Nature, no 50º aniversário da tragédia.

O Grande Terremoto do Chile, também conhecido como Terremoto de Valdivia em alusão à cidade mais afetada, ainda é lembrado como uma das maiores catástrofes do país 60 anos depois.
A hecatombe, no entanto, também deixou lições valiosas para a ciência e a prevenção de desastres.

O que aconteceu, como foram sentidos seus efeitos e que dados este terremoto deixou para os cientistas que estudam como a Terra treme?
Onde teve origem o grande terremoto do Chile — Foto: BBC
Onde teve origem o grande terremoto do Chile — Foto: BBC

Um dia trágico
Desde sábado, 21 de maio, a costa chilena, perto de Concepción, já havia registrado fortes terremotos de magnitude superior a 8, mas o grande sismo ocorreu no dia seguinte.

A cerca de 160 quilômetros da costa da cidade de Valdivia, a placa tectônica de Nazca se movia cerca de 30 metros abaixo da placa sul-americana.

Esse fenômeno no qual duas placas contíguas se sobrepõem é conhecido como zona de subducção.
Onde teve origem o grande terremoto do Chile — Foto: BBC
Onde teve origem o grande terremoto do Chile — Foto: BBC

A ruptura que causou a sobreposição, segundo o USGS, se estendeu por mais de mil quilômetros de norte a sul, entre as cidades de Lebu e Puerto Aysén.

O atrito entre as duas placas liberou séculos de energia acumulada, causando os maiores danos na região entre Valdivia e Puerto Montt.

Grande parte da destruição foi causada por ondas de tsunami ao longo da costa.
Cidades como Puerto Saavedra foram completamente destruídas e houve graves danos em outros locais como Corral.
Valdivia foi a cidade mais afetada — Foto: Getty Images/BBC
Valdivia foi a cidade mais afetada — Foto: Getty Images/BBC

O terremoto transformou a geografia
Em Valdivia, a terra afundou 2,7 metros. Nos arredores da cidade, vários rios mudaram de curso, algumas planícies se tornaram zonas úmidas e milhares de hectares de campos cultivados e de pastagem foram perdidos.

"Mudou a paisagem drasticamente", diz Daniel Melnick, pesquisador do Instituto de Ciências da Terra da Universidade Austral do Chile e diretor do Núcleo Milenio Cyclo, um centro que estuda o ciclo sísmico em zonas de subducção, à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

"Ainda nos arredores de Valdivia, podemos ver postes telegráficos no meio do rio, cercas, docas e estradas submersas", acrescenta.
Com o tempo, a formação das áreas úmidas também atraiu plantas e espécies de aves antes inéditas na região.
Como acontece um terremoto a partir de uma zona de subducção — Foto: BBC
Como acontece um terremoto a partir de uma zona de subducção — Foto: BBC

Em Maullín e Chiloé, o afundamento do solo "também foi brutal", explica Melnick.
Em outros lugares o chão não afundou, mas subiu. A ilha de Guafo, por exemplo, subiu quatro metros. Já a Ilha Guamblin subiu 5,6 metros.

Em 24 de maio, dois dias após o terremoto, o vulcão Puyehue entrou em erupção, lançando vapor e cinzas a 6 mil metros acima do nível do mar.

Essa erupção, que durou várias semanas, se deveu ao movimento de placas que fizeram com que o continente se espalhasse e abrisse espaço para a liberação do magma.

"Seria como se você estivesse removendo a rolha de um champanhe", diz Melnick.
Após o terremoto, a área do Chile se expandiu o equivalente a 1,5 mil campos de futebol.

Efeito global
O terremoto causou um tsunami que se espalhou por todo o Pacífico.
O atrito entre as placas sacudiu o oceano a uma profundidade de 3 mil metros.
O mais afetado foi o Chile, onde em algumas áreas a forma da baía acabou aumentando a força do tsunami, mas as ondas também atingiram outros pontos do planeta.

Quinze horas após o terremoto, um tsunami atingiu o Havaí, causando 61 mortes e danos graves em Hilo, com ondas com mais de 10 metros de altura.

Nas Filipinas, as ondas mataram 32 pessoas e na Ilha de Páscoa, Samoa e Califórnia houve danos materiais.

Fora do Chile, a 17 mil km de distância, o maior desastre ocorreu no Japão, onde 22 horas após o terremoto ondas de 5,5 metros atingiram a região de Honshu, destruindo 1,6 mil casas e matando 138 pessoas.
Chile está localizado no chamado Anel de Fogo, uma área ao redor do Oceano Pacífico, onde ocorrem alguns dos maiores terremotos e erupções vulcânicas — Foto: Getty Images/BBC
Chile está localizado no chamado Anel de Fogo, uma área ao redor do Oceano Pacífico, onde ocorrem alguns dos maiores terremotos e erupções vulcânicas — Foto: Getty Images/BBC

O planeta vibrou
O Chile está localizado no chamado Anel de Fogo, uma área ao redor do Pacífico onde ocorrem alguns dos maiores terremotos e erupções vulcânicas.

O terremoto de 1960 foi tão forte que vibrou o planeta inteiro por vários dias. Chegou até a afetar a rotação da Terra, reduzindo os dias em milissegundos.

"Essas mudanças não são visíveis pelas pessoas", diz Melnick, "mas as equipes de medição percebem isso".
Como acontece um terremoto a partir de uma zona de subducção — Foto: BBC
Como acontece um terremoto a partir de uma zona de subducção — Foto: BBC

Lições
Mas os efeitos dolorosos e impressionantes do terremoto também deixaram lições para os cientistas que estudam esses fenômenos.
As vibrações planetárias que ele gerou, por exemplo, nos permitiram entender melhor como as ondas sísmicas viajam pela Terra.

O terremoto produziu as primeiras evidências das oscilações do planeta, que são úteis para entender melhor sua estrutura interna.
Compreender essas vibrações também é útil para gerar alertas de tsunami após um terremoto.

De fato, após o Grande Terremoto no Chile, em 1965, foi criado um Sistema de Alerta de Tsunami, que foi fundamental para a detecção de tsunamis em todo o mundo.

O fato de ter sido concluído que o terremoto se devia a uma zona de subducção era "revelador", segundo Melnick.
Antes desse terremoto, não se sabia como ocorria um terremoto em uma falha que não era visível.

Descobrir que existem zonas de subducção "foi a descoberta das placas tectônicas, uma das maiores descobertas da geologia", diz o geólogo.

Ao estudar essas zonas de subducção em várias partes do mundo, os geólogos podem estimar que um terremoto gigante como o do Chile pode ocorrer aproximadamente a cada 300 anos.

Por sua vez, os sedimentos deixados pelos tsunamis em várias costas agora também servem como um indicador para os geólogos identificarem outros locais que podem ser propensos a terremotos gigantes.

Mas para Melnick, além das lições técnicas, também é muito valioso continuar lembrando as histórias do terremoto.

Segundo ele, os testemunhos daqueles que vivenciaram o desastre serviram para elaborar estratégias de sobrevivência e para que as novas gerações estejam mais bem preparadas.

As histórias contadas pelos idosos que viveram o terremoto de 1960 foram muito úteis para as novas gerações entenderem melhor como um terremoto e um tsunami funcionam, para se prepararem melhor e como agir diante de um fenômeno que é inevitável e imprevisível.
"Lembrar do terremoto salva vidas", conclui Melnick.
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Trump assistirá lançamento do primeiro voo tripulado da SpaceX

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Decolagem - primeira nos EUA desde 2011 - deve acontecer na tarde quarta-feira, mas há 60% de probabilidade de adiamento por causa do clima. Dois astronautas da NASA devem viajar por 19 horas até Estação Espacial, onde ficarão por vários meses.   
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 Por France Presse  
 23/05/2020 17h14  Atualizado há 2 horas  
 Postado em 23 de maio de 2020 às  19h20m  


      Post.N.\9.298  
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Os astronautas da NASA Douglas Hurley (esquerda) e Robert Behnken, usando trajes espaciais da SpaceX, acenam durante prova dos trajes dias antes do lançamento de sua missão, em Cabo Canaveral, na Flórida, no sábado (23) — Foto: Bill Ingalls/NASA via AP
Os astronautas da NASA Douglas Hurley (esquerda) e Robert Behnken, usando trajes espaciais da SpaceX, acenam durante prova dos trajes dias antes do lançamento de sua missão, em Cabo Canaveral, na Flórida, no sábado (23) — Foto: Bill Ingalls/NASA via AP

O presidente Donald Trump assistirá na quarta-feira, 27 de maio, ao lançamento de uma nave SpaceX com dois astronautas da NASA, no que será o primeiro voo espacial tripulado a decolar dos Estados Unidos em nove anos, anunciou a Casa Branca neste sábado (23).

Decidido a marcar um retorno à normalidade em seu país após meses de confinamento pela pandemia de coronavírus, o presidente foi jogar golfe neste sábado em seu clube na Virgínia, perto de Washington, pela primeira vez desde 8 de março.

"Nosso destino, além da Terra, não é apenas uma questão de identidade nacional, mas também de segurança nacional", afirmou o presidente dos EUA em comunicado, no qual anuncia sua presença no local de lançamento da nave.

A decolagem está marcada para quarta-feira às 16h33, horário local (17h33 de Brasília), do Centro Espacial Kennedy.

Um foguete Falcon 9 da empresa SpaceX, fundada na Califórnia por Elon Musk, transportará a cápsula Crew Dragon, desenvolvida pela empresa para a NASA, com a qual assinou contratos de US$ 3 bilhões desde a última década.

Os dois astronautas, Doug Hurley e Bob Behnken, chegarão à Estação Espacial Internacional (ISS) 19 horas após o lançamento e permanecerão nela por vários meses.

As condições climáticas podem ser adversas no dia do lançamento e a probabilidade de adiamento é de 60%, segundo previsões publicadas neste sábado pela base militar de Cabo Canaveral.

Será a primeira vez que astronautas americanos decolam de seu país desde o fim das viagens espaciais em 2011, após 30 anos de serviço.

Desde então, apenas os russos têm meios de transporte para a ISS e dezenas de astronautas americanos (e estrangeiros) aprendem russo e são transportados por foguetes da Soyuz, partindo do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.
Desde 2000, a ISS é ocupada permanentemente por americanos e russos.

Após sua chegada à Casa Branca em 2017, Trump deu um novo impulso à NASA, ordenando que acelerasse o retorno à Lua em 2024, em vez de 2028, como planejado originalmente, uma meta muito difícil de alcançar que desencadeou um confronto com a agência espacial.

Esta viagem lunar, denominada Artemis, será feita com um foguete pesado (SLS) e uma cápsula com ampla autonomia (Orion), totalmente diferentes daquelas desenvolvidas pela SpaceX para a ISS.

A empresa de Elon Musk entrou em uma licitação para o voo para a Lua que transportará astronautas americanos que pousarão no satélite terrestre pela primeira vez desde 1972.

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Cientistas alertaram sobre calor extremo daqui a 50 anos, mas há locais onde isso já é realidade

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Pesquisadores descobriram que, em várias regiões do mundo, como no Golfo Pérsico, já estão havendo cada vez mais ocorrências de curtos períodos de combinação de calor e umidade extremamente perigosos para o homem.
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 Por BBC  

 Postado em 23 de maio de 2020 às 09h00m  
      Post.N.\9.297  
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Um novo estudo aponta que combinações potencialmente fatais de umidade e calor estão surgindo em todo o mundo — Foto: Getty Images via BBC
Um novo estudo aponta que combinações potencialmente fatais de umidade e calor estão surgindo em todo o mundo — Foto: Getty Images via BBC
Pesquisadores de mudanças climáticas alertam há algum tempo que a Terra testemunhará temperaturas que tornarão regiões "quase inabitáveis" até 2070.

Mas um novo estudo, publicado na revista "Science Advances", descobriu que esses extremos já estão ocorrendo.

Condições perigosas que combinam calor e umidade estão surgindo em todo o mundo e, embora esses eventos durem apenas algumas horas, estão aumentando em frequência e intensidade, afirmam os autores.

Eles analisaram dados de 7.877 estações meteorológicas coletados entre 1980 e 2019. Os resultados mostraram que a frequência das ocorrências de temperaturas extremas combinadas com umidade dobrou em algumas regiões subtropicais costeiras durante o período do estudo.

Cada evento desses teria potencial para — se prolongado por um período extenso — provocar mortes.

Onde esses eventos ocorreram?
Esses ocorreram várias vezes em partes de Índia, Bangladesh e Paquistão, no noroeste da Austrália e ao longo das costas do Mar Vermelho e do Golfo da Califórnia, no México.

As temperaturas mais altas e potencialmente fatais foram identificadas 14 vezes nas cidades de Dhahran e Damman na Arábia Saudita, Doha no Catar, e Ras Al Khaimah nos Emirados Árabes Unidos.
As maiores temperaturas foram observadas sobre o Golfo Pérsico e áreas terrestres imediatamente adjacentes — Foto: Getty Images via BBC
As maiores temperaturas foram observadas sobre o Golfo Pérsico e áreas terrestres imediatamente adjacentes — Foto: Getty Images via BBC

Partes do sudeste da Ásia, do sul da China, da África subtropical e do Caribe também foram afetadas.

Condições extremas foram verificadas no sudeste dos Estados Unidos dezenas de vezes, principalmente perto da costa de Texas, Louisiana, Mississippi, Alabama e Flórida. As cidades de Nova Orleans e Biloxi foram as mais afetadas.

Quando o calor pode ser mortal?
A maioria das estações meteorológicas do mundo mede a temperatura com dois termômetros: um, o termômetro de bulbo seco, mede a temperatura do ar — é o valor que é divulgado em previsão do tempo, seja em aplicativos ou na TV. O outro é o termômetro de bulbo úmido, que mede a umidade relativa do ar.

Essa segunda medição é feita com um termômetro envolto em um pano úmido, e os resultados são normalmente mais baixos do que a temperatura do ar.

Para os seres humanos, as combinações extremas de calor e umidade podem ter efeitos potencialmente fatais em um mundo em aquecimento. É por isso que a leitura do bulbo úmido, também conhecida como sensação térmica, é extremamente importante.

Enquanto a temperatura normal dentro de nossos corpos é de 37°C, em nossa pele, ela geralmente fica em 35°C. Essa diferença de temperatura nos permite esfriar o corpo suando: a água expelida pela pele remove o excesso de calor do corpo quando evapora.

Esse processo funciona bem em desertos, mas é menos eficientemente em regiões úmidas, onde o ar já está bem carregado de água e não consegue absorver mais.

Portanto, se a umidade aumenta e leva o termômetro úmido a registrar 35°C ou mais, a evaporação do suor diminui, e nossa capacidade de eliminar calor diminui rapidamente.

Nos casos mais extremos, esse processo pode parar, e a menos que alguém possa entrar para uma sala com ar-condicionado, o núcleo do corpo aquece além da faixa estreita de sobrevivência, e os órgãos começam a falhar.
Até as pessoas com ótima saúde poderiam morrer em cerca de seis horas.

Como foi feito o estudo?
As doenças ligadas ao calor já matam mais pessoas nos EUA do que furacões ou inundações — Foto: Getty Images via BBC
As doenças ligadas ao calor já matam mais pessoas nos EUA do que furacões ou inundações — Foto: Getty Images via BBC

Até agora, acreditava-se que as temperaturas da medição úmida raramente ultrapassavam 31°C. Mas, em 2015, na cidade iraniana de Bandar Mahshahr, meteorologistas viram temperaturas muito próximas a 35°C. A temperatura do ar na época era de 43°C.

Mas, de acordo com o estudo mais recente, a leitura úmida de 35°C foi alcançada nas cidades do Golfo Pérsico mais de uma dúzia de vezes durante o período do estudo, com durações de entre uma e duas horas.

"O calor úmido no Golfo Pérsico é impulsionado principalmente pela umidade, e não pela temperatura, mas as temperaturas precisam estar acima da média para que tais condições ocorram", diz Colin Raymond, líder do estudo e pesquisador do Observatório Terrestre Lamont-Doherty da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
"Os valores mais altos que discutimos ainda são muito raros para se ter uma tendência clara, mas ocorrem predominantemente desde 2000."
A maioria dos estudos climáticos feitos no passado não detectou esses incidentes extremos, diz o artigo, porque os pesquisadores geralmente observam médias de calor e umidade medidas em grandes áreas e por períodos mais longos.

Raymond e seus colegas analisaram dados coletados a cada hora por estações meteorológicas em todo o mundo, o que permitiu identificar episódios mais curtos que afetam áreas menores.

"Nosso estudo está de acordo com os anteriores, na medida em que aponta que, em áreas metropolitanas, medições do termômetro úmido de 35°C se tornarão comuns até 2100", diz Raymond.

"O que acrescentamos é que, por breves momentos e em áreas localizadas, esses extremos já estão acontecendo."

Quem corre mais risco?
A maioria desses incidentes tendia a se agrupar nas costas ao longo de mares confinados, como golfos e estreitos, onde a evaporação da água do mar fornece umidade abundante que pode ser absorvida pelo ar quente.
Estudos sugerem que Índia, Paquistão e Bangladesh terão temperaturas próximas aos limites de sobrevivência até 2100 — Foto: Getty Images via BBC
Estudos sugerem que Índia, Paquistão e Bangladesh terão temperaturas próximas aos limites de sobrevivência até 2100 — Foto: Getty Images via BBC

A combinação entre uma temperatura da superfície do mar muito alta e o calor continental intenso pode causar o calor úmido extremo.
"Os dados mais detalhados nos ajudam a entender onde as pessoas correm mais risco e como podemos alertá-las quando um evento desse tipo for iminente", acrescenta Raymond.
"Também podemos ajudá-las a se preparar melhor, fornecendo ar-condicionado, reduzindo o trabalho ao ar livre, além de outras medidas a longo prazo."
O estudo alerta sobre as pessoas que vivem nas áreas mais pobres que estão passando por aquecimento rápido e que serão incapazes de se proteger do calor.

"Muitas pessoas nos países mais pobres correm risco porque não têm eletricidade, muito menos ar-condicionado", diz o cientista Radley Horton, coautor do artigo.

"Muitas pessoas dependem da agricultura de subsistência, que exige trabalho pesado diário ao ar livre. Esses fatos podem tornar algumas das áreas mais afetadas basicamente inabitáveis."

Esses eventos de calor extremo devem se tornar muito mais frequentes se não houver uma redução das emissões.

"Essas medidas implicam que algumas áreas da Terra estão muito mais próximas do que se esperava de atingir um calor intolerável sustentado", diz Steven Sherwood, climatologista da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália.

"Pensávamos antes que tínhamos uma margem de segurança muito maior."
Filme mostra propaganda por trás das dúvidas sobre aquecimento global
Filme mostra propaganda por trás das dúvidas sobre aquecimento global

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