Objetivo:
“Projetando o futuro e o desenvolvimento autossustentável da sua empresa, preparando-a para uma competitividade e lucratividade dinâmica em logística e visão de mercado, visando sempre e em primeiro lugar, a satisfação e o bem estar do consumidor-cliente."
Material genético extraído de amostras do solo revelou uma rica variedade de plantas e animais no norte da Groelândia. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por BBC Postado em 11 de dezembro de 2022 às 18h30m #.*Post. - N.\ 10.583*.#
Pesquisadores encontraram traços genéticos de plantas e animais que
viveram um dia no norte da Groenlândia — Foto: BETH ZAIKEN/BBC
Hoje em dia, o norte da Groenlândia é um deserto polar. Mas o material
genético extraído de amostras do solo revelou uma rica variedade de
plantas e animais.
Os cientistas encontraram traços genéticos de animais parecidos com elefantes - os mastodontes,
que perambulavam ao lado de renas e gansos entre as árvores da região,
como bétulas e álamos, além de vida marinha como algas e
caranguejos-ferradura.
A pesquisa foi publicada na revista Nature. Ela foi realizada em uma
área conhecida como Formação Kap København, a parte mais ao norte da
Groenlândia.
Antes deste estudo, era difícil observar como era a região dois milhões de anos atrás. Os fósseis de animais daquele período são extremamente raros por ali.
O professor Eske Willerslev, da Universidade de Copenhague, na
Dinamarca, e de Cambridge, no Reino Unido, conduziu os estudos. Ele
afirma que essa mistura de espécies de climas temperados e do Ártico,
vivendo lado a lado, não tem equivalente na era moderna.
"De
fato, de Kap København, os únicos animais que já haviam sido
descobertos com macrofósseis são o dente de uma lebre e um
besouro-do-esterco", explica o professor. "Por isso, as pessoas não
tinham ideia do tipo de fauna que havia ali naquela época."
Na falta de fósseis, a equipe concentrou-se no DNA ambiental, ou eDNA -
o material genético perdido pelas plantas ou animais (de células da
pele ou esterco, por exemplo)que se acumula no ambiente onde eles
vivem.
Esta técnica vem sendo amplamente utilizada na conservação ambiental.
Estudar o DNA em uma gota de água do mar, por exemplo, pode revelar
todas as criaturas que viveram em um trecho de oceano, mesmo se você não
conseguir observar os animais individualmente.
Na Groenlândia, os pesquisadores usaram amostras de solo antigo para
voltar no tempo e estudar a biologia do Pleistoceno Inferior. Eles
encontraram um ecossistema florestal, com arbustos do Ártico, ervas,
samambaias e musgos crescendo entre as árvores.
Foi descoberto DNA de criaturas como roedores, renas e gansos, mas o
mastodonte foi uma surpresa. Willerslev contou à BBC que, até então,
ninguém havia encontrado parentes dos elefantes na Groenlândia.
Amostras de solo foram coletadas em um ambiente desolado do norte da
Groenlândia. — Foto: NOVA/ HHMI TANGLED BANK STUDIOS/ HANDFUL OF
FILMS/BBC
"O
que o estudo realmente nos diz é que a plasticidade dos organismos
biológicos - em termos de onde eles podem viver e das plantas ou animais
que podem viver junto com eles - é muito maior do que pensávamos",
afirma o professor.
Dois milhões de anos atrás, o norte da Groenlândia era muito mais quente do que é agora. A temperatura média anual era cerca de 11-19 °C mais alta.
Extrair e sequenciar o DNA do solo não foi fácil. Os pesquisadores
levaram anos para desenvolver a melhor técnica a ser usada. Eles
chegaram a pensar que o material genético talvez não conseguisse
sobreviver por tanto tempo.
A equipe não sabia ao certo se o DNA sobreviveria por tanto tempo. —
Foto: NOVA/ HHMI TANGLED BANK STUDIOS/ HANDFUL OF FILMS/BBC
"Escrevi um relatório em 2005", conta Willerslev, "dizendo que eu
achava que o DNA não sobreviveria por mais de um milhão de anos e aqui
estou com DNA de dois milhões de anos atrás". O professor acredita que
uma reação química entre o DNA e o solo reduziu a velocidade de
degradação.
"O DNA é composto de moléculas eletricamente carregadas e muitos dos
minerais que encontramos no solo também possuem carga elétrica", explica
ele. "Portanto, o DNA basicamente se unirá aos minerais sólidos e,
quando isso acontece, ele reduz a velocidade de degradação espontânea."
Se
mais DNA ambiental remanescente for encontrado em outros locais, a
descoberta pode mudar a forma como enxergamos o mundo antigo.
O vulcão é um dos mais ativos do país da América Central e, em 2018, provocou mais de 200 mortes. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por France Presse 11/12/2022 08h09 Atualizado há 6 horas Postado em 11 de dezembro de 2022 às 14h15m #.*Post. - N.\ 10.582*.#
Vulcão do Fogo, visto de Alotenango, a 65 quilômetros da Cidade da Guatemala — Foto: Johan Ordonez/AFP
O Vulcão de Fogo, que em 2018 provocou 215 mortes na Guatemala, iniciou neste sábado (10) uma nova fase de erupção com explosões, expulsão de cinzas e fluxo de lava.
"O Vulcão de Fogo apresentou um aumento de sua atividade e nos últimos
minutos entrou em fase de erupção. A erupção é principalmente efusiva
acompanhada de pulsos incandescentes da fonte de lava", informou o
Instituto de Vulcanologia (Insivumeh) em um boletim informativo.
Segundo a instituição, a erupção do vulcão, de 3.763 metros de altura e
localizado 35 quilômetros a sudoeste da Cidade da Guatemala, gera
"constantes explosões fracas, moderadas e fortes".
Também provoca uma "fonte incandescente" de lava que ultrapassa 500
metros acima da cratera e uma coluna de cinzas que se eleva a mais de um
quilômetro do topo do vulcão, localizado entre os departamentos
(províncias) de Escuintla, Chimaltenango e Sacatepéquez, acrescentou o
Insivumeh.
Até agora, não foram ordenadas evacuações preventivas nas
comunidades próximas do vulcão, segundo Rodolfo García, porta-voz da
Coordenação Nacional de Redução de Desastres (Conred), entidade
responsável pela defesa civil.
O porta-voz explicou que está em contato com as autoridades das áreas
povoadas próximas ao vulcão, por causa da possível chuva de cinzas a
noroeste do cone vulcânico, além do risco de um fluxo de lava de cerca de 800 metros descendo uma colina.
Uma erupção do Vulcão de Fogo em 3 de junho de 2018 provocou uma
avalanche de material incandescente que devastou a comunidade San Miguel
Los Lotes em Escuintla e parte de uma estrada em Sacatepéquez, deixando
215 mortos e um número similar de desaparecidos.
Junto com o Vulcão de Fogo, os vulcões Santiaguito (oeste) e Pacaya (sul) também estão ativos na Guatemala.
O veículo da Space deve pousar no satélite natural somente por volta de abril de 2023, na sua face visível, na cratera Atlas. Se tudo der certo, essa será a primeira missão comercial a pousar na Lua. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por g1 11/12/2022 12h04 Atualizado há 33 minutos Postado em 11 de dezembro de 2022 às 12h40m #.*Post. - N.\ 10.581*.#
Um módulo de pouso construído pela empresa japonesa ispace decola na
madrugada deste domingo (11) de Cabo Canaveral, na Flórida (EUA) em
direção à Lua. — Foto: AP Photo/John Raoux
Um módulo de pouso construído por uma empresa japonesa decolou na
madrugada deste domingo (11) de Cabo Canaveral, na Flórida (EUA) em
direção à Lua.
O lançamento foi realizado por um foguete daSpaceXa partir da base americana na Flórida, após dois adiamentos devido a verificações adicionais que precisaram se realizadas.
O módulo, construído pela startup Ispace com sede em Tóquio transporta
um veículo lunar fabricado pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) e decolou a
bordo de um foguete Falcon 9 às 2h38 (4h38 no horário de Brasília),
segundo as imagens transmitidas ao vivo do lançamento.
Até o momento, apenas Estados Unidos, Rússia e China conseguiram pousar
robôs na superfície da Lua, que está a cerca de 400 mil km da Terra.
Por isso, se tudo der certo com essa missão, esse será o primeiro objeto de caráter privado a pousar no satélite natural.
"Nossa
primeira missão estabelecerá as bases para liberar o potencial da Lua e
criar um sistema econômico sólido e vibrante", declarou o CEO da
empresa, Takeshi Hakamada, em um comunicado.
A Ispace, que tem apenas cerca de 200 funcionários, pretende criar "um serviço de transporte frequente e de baixo custo para a Lua".
O módulo deve pousar na Lua por volta de abril de 2023, na face visível do satélite natural, na cratera Atlas, segundo a companhia.
Com pouco mais de 2 por 2,5 metros de tamanho, o módulo japonês
transporta um veículo tipo rover (capazes de se movimentar por uma
superfície) de 10 quilos chamado Rashide construído pelos Emirados Árabes Unidos.
O país do Golfo Pérsico é rico em petróleo e um recém-chegado à corrida
espacial, mas conta com sucessos recentes. Entre eles está uma sonda
enviada a Marte em 2020. Se for bem-sucedido, Rashid será a primeira
missão à Lua do mundo árabe.
O vice-presidente dos Emirados e governante de Dubai, o xeque Mohammed
bin Rashid al-Maktoum, comemorou o lançamento deste domingo como"parte do ambicioso programa espacial dos Emirados Árabes Unidos".
"Nosso
objetivo é transferir conhecimento, desenvolver nossas capacidades e
deixar uma marca científica na história da humanidade", disse ele no
Twitter.
O módulo deve pousar na Lua por volta de abril de 2023, na face visível
do satélite natural, na cratera Atlas. — Foto: AP Photo/John Raoux
O projeto Hakuto (coelho branco, em japonês) da Ispace foi um dos cinco
finalistas na competição internacional Google Lunar XPrize, um desafio
lançado com o objetivo de pousar um objeto explorador na Lua antes da
data-limite em 2018, que terminou sem um ganhador. Mas alguns desses
projetos ainda estão em curso.
A agência espacial americana pretende desenvolver a economia lunar
construindo, nos próximos anos, uma estação espacial na órbita ao redor
da Lua e uma base em sua superfície.
Ela concedeu contratos a várias empresas para desenvolver módulos de
pouso para transportar experimentos científicos para a Lua. Entre elas,
as americanas Astrobotic e Intuitive Machines devem decolar em 2023,
podendo chegar ao destino antes da Ispace por uma rota mais direta,
segundo a imprensa especializada.
Diversos fatores psicológicos contribuem para que as pessoas atinjam níveis assombrosos de percepção e criatividade. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por David Robson, BBC 04/12/2022 09h13 Atualizado há um dia Postado em 11 de dezembro de 2022 às 10h30m #.*Post. - N.\ 10.580*.#
A vencedora do Prêmio Nobel Crowfoot Hodgkin (1910-1994) usou seu
interesse em mosaicos bizantinos em pesquisas na área bioquímica — Foto:
Getty Images via BBC
No final dos anos 1920, um jovem de classe média conhecido como Ritty
passava a maior parte do tempo mexendo no seu "laboratório", na casa dos
pais em Rockaway, Nova York, nos Estados Unidos.
O laboratório era uma velha caixa de madeira, equipada com prateleiras
que continham uma bateria e um circuito elétrico com lâmpadas, chaves e
resistores. Uma das suas invenções mais notáveis era um alarme doméstico
contra intrusos que o alertava sempre que seus pais entrassem no seu
quarto.
Ele também usava um microscópio para estudar o mundo natural e, às
vezes, levava seu conjunto de química para a rua, para fazer truques
para as outras crianças.
Mas o registro escolar de Ritty no ensino fundamental era comum.
Ele tinha dificuldades com literatura e línguas estrangeiras. E, em um
teste de QI quando criança, a pontuação ele teria sido de cerca de 125,
que é acima da média, mas longe do espectro dos gênios.
Na adolescência, Ritty demonstrou talento para a matemática e começou a
estudar sozinho com livros elementares. E, no final do ensino médio,
ele conseguiu o primeiro lugar no concurso anual de matemática do
Estado.
Ritty é parte da história da Ciência. Ele tornou-se o físico Richard Feynman (1918-1988), vencedor do Prêmio Nobel em 1965. Sua teoria da eletrodinâmica quântica revolucionou o estudo das partículas subatômicas.
Outros cientistas consideravam o funcionamento da mente de Feynman algo
impenetrável. Para os colegas, ele parecia ter um talento quase
sobrenatural, que levou o matemático polonês-americano Mark Kac a
declarar, em sua autobiografia, que Feynman não era apenas um gênio
comum, mas "um mágico do mais alto calibre".
A
psicologia moderna pode nos ajudar a decodificar essa magia e
compreender, de forma mais geral, o que torna uma pessoa um gênio?
A simples definição do termo já é uma dor de cabeça.
Não existem critérios claros e objetivos. Mas a maior parte das
definições identifica que o gênio tem realizações excepcionais em pelo
menos um domínio, com originalidade e talento que são reconhecidos por
outros especialistas na mesma disciplina e podem impulsionar muitos
outros avanços.
Identificar a origem da genialidade e as melhores formas de cultivá-la é
uma tarefa ainda mais difícil. Ela seria produto de uma alta
inteligência geral? Curiosidade sem limites? Coragem e determinação? Ou é
a combinação fortuita de felizes circunstâncias que são impossíveis de
se recriar artificialmente?
Pesquisar a vida de indivíduos excepcionais, incluindo ganhadores do Prêmio Nobel, como Richard Feynman, pode oferecer algumas indicações.
William Shockley foi um inventor americano que ganhou o Nobel de Física — Foto: Getty Images via BBC
Os Cupins
Vamos começar com os Estudos Genéticos da Genialidade, um projeto
extremamente ambicioso liderado pelo psicólogo Lewis Terman, da
Faculdade de Educação de Stanford, nos Estados Unidos, no início do século 20.
Terman
foi um dos pioneiros do teste de QI, ao traduzir e adaptar uma
avaliação francesa da aptidão acadêmica das crianças, desenvolvida no
final do século 19.
As questões examinavam uma série de capacidades diferentes, como
vocabulário, matemática e raciocínio lógico. Juntas, considerava-se que
elas representassem a capacidade de aprendizado e pensamento abstrato de
uma pessoa.
Terman criou tabelas das avaliações médias para cada idade. Ele podia
então comparar os resultados de qualquer criança com essa tabela e,
assim, identificar sua idade mental. A avaliação de QI era calculada
dividindo-se a idade mental pela idade cronológica, multiplicando essa
relação por 100.
Uma criança com 10 anos de idade que tivesse a mesma avaliação média
das crianças de 15 anos, por exemplo, teria QI 150. Uma criança de 10
anos que raciocinasse como outra de nove teria QI 90.
Os gráficos de avaliações de QI pareciam formar uma "distribuição
normal", na forma de sino centralizado na avaliação média de 100 pontos.
Isso significava que a quantidade de pessoas acima e abaixo da média
era a mesma e os QIs nas extremidades eram incrivelmente raros.
"Não
há nada sobre um indivíduo que seja tão importante quanto o QI",
declarou Terman em um artigo sobre o assunto, prevendo que a avaliação
de uma criança seria o prenúncio de suas realizações no transcurso da
vida.
No início dos anos 1920, Terman começou a examinar crianças da Califórnia, nos Estados Unidos,
em busca de estudantes com QI de pelo menos 140, que ele considerava o
limite dos gênios. Mais de mil crianças atingiram esse nível. Terman e
seus colegas as estudariam pelas sete décadas seguintes.
Muitos desses "Cupins", como foram afetuosamente chamados, tiveram
carreiras de sucesso. A romancista e correspondente de guerra Shelley
Smith Mydans foi uma delas. Outro foi Jess Oppenheimer, produtor e
roteirista que ficou famoso pelo seu trabalho com a comediante americana
Lucille Ball. Ela o chamava de "o cérebro" por trás da sua consagrada
série de TV I Love Lucy.
Quando Terman morreu, no final dos anos 1950, mais de 30 participantes
do estudo haviam sido incluídos no livro Who's Who in America ("Quem é
quem na América", em tradução livre), que relaciona pessoas influentes
nos Estados Unidos,
e quase 80 haviam sido reconhecidos em um livro de referência que
destaca os mais importantes cientistas norte-americanos, chamado
American Men of Science ("Homens de ciência americanos", em tradução
livre - e mulheres podiam ser incluídas no livro, embora o título
omitisse esse fato até os anos 1970).
Mas,
quando se observa cuidadosamente os dados, as estatísticas não sugerem
que pessoas com alto QI são mesmo destinadas a realizar grandes feitos.
É importante controlar fatores que podem causar confusão, como as
circunstâncias socioeconômicas das famílias dos Cupins. Crianças com
pais que receberam educação e têm mais recursos em casa tendem a ter
melhores avaliações nos testes de QI e, por sua vez, esse privilégio
facilita que elas tenham sucesso na vida.
Considerando todos esses fatores, os Cupins não tiveram resultados
muito mais relevantes do que outras crianças com antecedentes similares.
Outros estudos observaram as diferenças de QI no grupo de Terman para
verificar se os estudantes com avaliação mais alta eram
proporcionalmente mais propensos a ter sucesso do que aqueles que
passaram "raspando". Não eram.
Quando o psicólogo americano David Henry Feldman examinou as medidas de
distinção profissional, como um advogado que se tornou um juiz ou um
arquiteto que ganhou um prêmio de prestígio, as pessoas com QI de mais
de 180 foram apenas um pouco mais bem sucedidas que aquelas com 30 ou 40
pontos a menos.
"QI alto não parece indicar 'gênio' no sentido geralmente compreendido da palavra", concluiu ele.
E é revelador observar que o estudo inicial de Terman rejeitou dois
meninos da Califórnia — William Shockley e Luis Walter Alvarez — que
ganharam o Prêmio Nobel de Física, enquanto nenhuma das crianças que conseguiram a avaliação mínima recebeu essa premiação.
Criado em Nova York, Richard Feynman nunca teria tido a oportunidade de
participar dos Estudos Genéticos da Genialidade, que aconteceram na
Califórnia. Mas, mesmo se ele tivesse vivido perto de Stanford, onde
morava Terman, seu suposto QI 125 teria feito com que ele também não se
qualificasse.
Maya Angelou foi poeta, jornalista, atriz, cineasta, bailarina e ativista dos direitos civis — Foto: Getty Images via BBC
Mente multifacetada
As histórias de vida dos Cupins não devem prejudicar a utilidade do QI
como ferramenta científica. Os testes de QI estão longe da perfeição,
mas sabemos que eles estão correlacionados a realizações educacionais e à
renda da população.
Eles certamente ajudarão as pessoas a compreender conceitos abstratos
que são importantes em muitas disciplinas, particularmente em
matemática, ciências, engenharia ou filosofia. Mas, quando o assunto é
prever as realizações extraordinárias que podem ser consideradas
geniais, parece que eles são apenas uma pequena parte do quadro.
Considere
a capacidade de pensar com originalidade e contribuir com algo de valor
para a sua disciplina — um critério fundamental para avaliação de um
gênio.
Os testes de inteligência envolvem tipicamente questões que examinam o
raciocínio verbal e não verbal, frequentemente com apenas uma resposta
certa. Eles não parecem capturar elementos importantes da criatividade,
como o pensamento divergente, que é a capacidade de gerar novas ideias.
Para medir as realizações criativas de forma geral, os psicólogos
desenvolveram questionários detalhados que perguntam às pessoas a
frequência com que elas se dedicam a diversas atividades criativas, como
escrever textos literários, compor música, projetar edifícios ou propor
teorias científicas.
Fundamentalmente, pede-se às pessoas que descrevam o reconhecimento por
esses projetos — se, por exemplo, o seu trabalho já recebeu algum
prêmio e se mereceu cobertura da imprensa. Milhares de pessoas já
preencheram esses questionários para diversos estudos e todos eles
demonstram que o QI apresenta correlação apenas modesta com os
resultados dos participantes nestas avaliações.
Considerando estas descobertas, parece provável que a inteligência seja
uma condição necessária para grandes feitos criativos — mas, sozinha,
ela não é suficiente.
Muito além da inteligência — uma série de fatores psicológicos
contribui para atingir percepções e conquistas criativas — Foto: Getty
Images via BBC
O que mais é necessário?
Se você tiver QI mais alto, pode ser mais provável que tenha percepções criativas. Mas a sua inteligência acima da média deve ser combinada com uma série de outras características para que surja algo verdadeiramente original que se destaque.
Isso ajudaria a explicar por que a ampla maioria dos Cupins não marcou a
história da forma que havia sido prevista. Apesar da sua inteligência
acima da média, eles simplesmente não tinham as outras qualidades
necessárias para os gênios.
Ainda estamos evoluindo nossa compreensão de quais podem ser essas
outras características essenciais, mas a curiosidade é uma candidata
importante. A curiosidade pode ser medida por meio de questionários que
examinam o quanto as pessoas gostam de explorar novas ideias e tentar
experiências diferentes. Elas parecem ser mais criativas em tarefas de
brainstorm em laboratório e nas suas vidas pessoais.
A importância da curiosidade para os gênios criativos pode também ser
observada em estudos de caso de figuras importantes. Embora nem sempre
seja possível conseguir com que essas pessoas preencham seus
questionários de personalidade, os pesquisadores pediram a seus
biógrafos, familiares com os detalhes das suas vidas, que preenchessem
em nome deles.
A
tendência dos biógrafos foi de atribuir avaliações acima da média em
características relacionadas à exploração e interesse intelectual.
O músico de jazz do século 20 John Coltrane, por exemplo, era
profundamente fascinado pela fé religiosa. Ele estudou o Cristianismo, o
Budismo, o Hinduísmo e o Islamismo. Grande parte dessa influência pode
ser percebida na sua música.
Por que a curiosidade levaria alguém a tornar-se um gênio? A
sede de conhecimento certamente motivará você a forçar seus limites
dentro da sua própria disciplina, enquanto outras pessoas, com menos
necessidade de saber mais, podem simplesmente desistir.
A curiosidade pode também incentivar alguém a ampliar seus horizontes
além da sua especialidade, o que parece trazer seus próprios benefícios.
Os cientistas ganhadores do Prêmio Nobel,
por exemplo, costumam ter três vezes mais hobbies pessoais do que a
média das pessoas e são particularmente dispostos a dedicar-se a tarefas
criativas, como música, pintura ou poesia. Esses passatempos podem
treinar o cérebro para gerar e refinar ideias, alimentando mais
percepções originais na disciplina principal do cientista.
E sair em busca de diversos interesses pode também gerar uma acidental "polinização cruzada" de ideias. A química Dorothy Crowfoot Hodgkin, por exemplo, ganhou um Prêmio Nobel
pelos seus avanços na cristalografia de raio X, que permitiu a ela
descobrir a estrutura de substâncias bioquímicas, como a penicilina e a
vitamina B12.
Mas, desde a adolescência, ela tinha intenso interesse por mosaicos
bizantinos. Seu conhecimento da sua simetria e geometria aparentemente a
ajudou a compreender como padrões repetidos de moléculas poderiam ser
dispostos em cristais, o que foi determinante para suas pesquisas
científicas.
Como diz Waqas Ahmed, autor do livro O Polímata - Revelando o Poder da
Versatilidade Humana (Ed. Qualitymark, 2022): "para prestar
contribuições inovadoras a qualquer campo de atividade, você precisa
observar aquele campo através da lente mais ampla e buscar o máximo de
fontes de inspiração possível". A maestria em diferentes campos treina
você a observar os problemas de diversos pontos de vista, o que aumenta a
possibilidade de ter percepções originais.
Ahmed indica a poetisa, jornalista, escritora, cineasta e ativista dos
direitos civis Maya Angelou, que também trabalhou como cantora e
dançarina, como um exemplo moderno de polímata. Seus diversos interesses
ofereceram muito mais que a soma das suas partes e, juntos, alimentaram
sua assombrosa criatividade.
A vida de Richard Feynman certamente se encaixa nessas tendências.
Pense em todo o tempo que ele passou na infância mexendo no seu
laboratório, dedicando-se a projetos diferentes em diversas disciplinas.
Quando adulto, ele aprendeu a desenhar, tocar bongô, falar português e
japonês, ler hieróglifos e chegou até a embarcar em um projeto paralelo
no campo da genética.
Um
dia, no café da universidade, ele observou por acaso um homem atirando
pratos e os pegando de volta. Ele reparou que os pratos oscilavam
enquanto se moviam e começou a rascunhar equações para descrever aquele
movimento.
Logo ele percebeu que havia paralelos com a atividade dos elétrons em
órbita em volta do átomo — e essa percepção levou ao seu trabalho
ganhador do Prêmio Nobel sobre eletrodinâmica quântica.
Deste exemplo científico isolado, pode-se concluir facilmente que a
inteligência combinada com a curiosidade seria a fórmula da genialidade.
Mas é claro que isso também não é verdade e que existem muito mais
peças neste quebra-cabeça.
Existe, por exemplo, a determinação — a busca persistente das suas paixões, mesmo quando surgem dificuldades.
Qualquer gênio, em qualquer disciplina, deve primeiro dominar uma
enorme quantidade de conhecimento e técnicas antes de poder fazer suas
próprias descobertas. Isso normalmente só vem com anos de prática.
A professora de psicologia Angela Duckworth, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos,
é pioneira na pesquisa da determinação. Suas descobertas indicam que,
como o QI e a curiosidade, ela contribui com diversos graus de sucesso.
Os gênios também empregam "estratégias megacognitivas", que descrevem
todos os processos que usamos para elaborar nossos projetos, monitorar
nosso progresso e encontrar estratégias melhores e mais eficientes para
fazer o que precisamos fazer.
Sem esta reflexão útil sobre o nosso trabalho, podemos acabar perdendo
tempo que poderia ter sido mais bem empregado em práticas ou explorações
frutíferas. Pode parecer óbvio, mas algumas pessoas têm dificuldade
para pensar estrategicamente e aproveitar melhor os seus esforços, o que
irá dificultar em muito para atingir um alto grau de realização.
Por fim, existe a humildade intelectual, que é uma característica negligenciada, mas fundamental.
Pesquisas recentes da professora Tenelle Porter, da Universidade Estadual Ball em Muncie, Indiana (Estados Unidos), demonstram que a capacidade de reconhecer suas falhas e limitações amplifica o aprendizado,
pois incentiva você a lidar com seus erros sem baixar a cabeça e
preencher as suas lacunas de pensamento. Ela contribui, no longo prazo,
para aumentar seu crescimento em qualquer disciplina.
Feynman parece ter reconhecido este ponto. "Consigo viver com a dúvida e
a incerteza e não saber. Acho muito mais interessante viver não sabendo
do que ter respostas que podem estar erradas", disse ele em uma
entrevista para a televisão.
Mas, mesmo se alguém tiver todas essas características positivas, a
sorte, sem dúvida, desempenha um importante papel para determinar quem
se destacará entre seus pares. Você precisa estar no lugar certo, no
momento certo, rodeado pelas pessoas certas, para poder fazer o máximo
uso possível dos seus talentos. E até os indivíduos mais promissores
podem facilmente perder as oportunidades para brilhar.
Não é difícil imaginar um cientista brilhante que recebeu a oferta do
ambiente perfeito para cultivar suas capacidades, ou um artista que
perdeu todas as conexões sociais para se tornar conhecido.
Isso, sem mencionar as barreiras estruturais associadas à etnia, gênero
ou sexualidade — que evitam que muitas mentes brilhantes atinjam seu
potencial e o reconhecimento que elas merecem. Como mencionou Virginia
Woolf em Um Teto Todo Seu (Ed. Nova Fronteira, 2019), as necessidades
básicas de criatividade, como o tempo e a privacidade para trabalhar,
foram (e continuam sendo) negadas para grandes segmentos da população.
O
papel da boa sorte nas realizações oferece outra boa razão para que as
pessoas de sucesso mantenham sua humildade, mesmo depois de terem
recebido reconhecimento pelos seus feitos.
A curiosidade insaciável pode ser a fagulha necessária para que alguém se torne um gênio? — Foto: Getty Images via BBC
O gênio humilde
Infelizmente, muitas pessoas têm uma imagem cor-de-rosa do seu caminho
até o reconhecimento da genialidade. Elas começam a acreditar que suas
mentes excepcionais foram a garantia do sucesso e que seus julgamentos
são infalíveis. E a perda da humildade, muitas vezes, acaba manchando
sua reputação.
Escritores sobre ciências vêm notando há tempos a existência da "doença
do Nobel". Trata-se de uma expressão irônica, usada para descrever a
tendência de alguns ganhadores do Prêmio Nobelde formar teorias um tanto irracionais com mais idade.
Diversos cientistas que compareceram ao palanque da prefeitura de
Estocolmo, na Suécia, para receber o mais alto reconhecimento na sua
disciplina acabaram posteriormente expressando justificativas absurdas
para o negacionismo da Aids, das mudanças climáticas e das vacinas, o
racismo científico e endossando tratamentos pseudocientíficos, como a
homeopatia.
É claro que Sócrates nos ensinou sobre isso milênios atrás. Platão
descreve, na Apologia de Sócrates, como seu mestre vagueava pelas ruas
de Atenas, na Grécia, para encontrar os poetas, artesãos e políticos
mais bem sucedidos da cidade. E, às vezes, ele reconhecia que as pessoas
mais sábias eram aquelas que conseguiam reconhecer os limites do seu
conhecimento.
Esta lição é importante para os candidatos a gênio de hoje em dia, da
mesma forma que 2,4 mil anos atrás. Não importa quanto talento você
tenha, sempre haverá algo que você desconhece.