Uma mulher prepara comida perto de sua casa destruída pelo furacão Matthew em Roche-a-Bateaux, no sudoeste do HaitiAs coisas estavam começando a dar certo em Jéremie, cidade costeira do Haiti. A primeira estrada que a ligava ao resto do país tinha acabado de ficar pronta, o serviço de telefonia celular tinha finalmente começado, permitindo que os agricultores pudessem se comunicar com os clientes. 

A cidade estava, enfim, alimentando o sonho de se tornar um polo de agricultura e turismo. Até que o furacão Matthew fez o relógio voltar no tempo e envolveu Jéremie num pântano de água salgada. As estradas estão bloqueadas com detritos, as casas foram reduzidas a montes de madeira e os planos econômicos da cidade foram embora. 

Segundo Marie Roselore Auborg, ministra de comércio e indústria no departamento de Grand Anse, onde Jéremie é a capital, o furacão acabou com todo o potencial de crescimento da região.

O relato emocionado é do repórter Azam Ahmed para o The New York Times  e foi publicado no mês passado, quando o furacão considerado o mais poderoso do Atlântico devastou o Haiti, deixando 900 mortos. Numa economia que caminha a passos lentos e que depende muito dos recursos naturais, é de se imaginar que hoje, pouco mais de um mês depois do desastre, as coisas não tenham mudado muito por lá. Bem diferente do Japão, país rico, que conseguiu fechar, em uma semana, uma cratera no asfalto causada pelas obras de ampliação do metrô.É disso que se trata, é de desigualdade que se está falando. Pensar em ações para reduzir os impactos causados pelas mudanças climáticas é atender aqueles que estão precisando, hoje, de ajuda, não as gerações futuras. Porque o futuro é agora quando se trata do caos que tem sido provocado pelas mudanças do clima.

Mas quando o secretário da ONU Ban Ki-moon faz um apelo ao presidente eleito nos Estados Unidos Donald Trump para que não abandone o Acordo de Paris porque ele, como uma "pessoa de negócios muito bem sucedida, entenderia que as forças do mercado já estavam agindo para guiar a economia mundial para energias mais limpas, longe dos combustíveis fósseis, ele falou a sério. E revelou, sem disfarces, o enorme fosso que se abre entre os que, de fato, precisam de ajuda para enfrentar os eventos extremos que já vitimizam milhões e aqueles que estão acreditando numa solução mágica, a economia verde, para acabar com o problema.

As forças desse mesmo mercado citado por Ban Ki-moon é que jogam gases poluentes na atmosfera desde quesupôs que os cidadãos precisavam ficar felizes comprando coisas.Usá-lo como escudo para estancar as emissões é mais ou menos como pôr a raposa tomando conta do galinheiro. Pode dar certo, mas as chances maiores são de se começar a fazer tudo diferente para não mudar nada do que, realmente, é preciso mudar.

É como se faltasse um fio de conexão para fazer as ligações reais.

No site oficial da Cúpula do Clima, há um relatório que acaba de ser divulgado pelo Banco Mundial que conclui que o impacto de condições meteorológicas extremas é mais devastador do que se pensava. É  responsável por perdas de US$ 520 bilhões anuais e lança 26 milhões de pessoas à pobreza a cada ano. Mas o foco dos pesquisadores que fizeram o estudo é também mostrar os danos causados ao bem-estar social das pessoas afetadas pelos eventos extremos. E como a desigualdade social agrava muito a situação.

Revisamos a literatura existente para mostrar como as pessoas pobres sofrem desproporcionalmente dos efeitos dos riscos naturais, não só porque são frequentemente mais expostas a riscos, mas também porque perdem mais quando são afetadas e recebem menos apoio para recuperar. Descobrimos que a pobreza é um determinante da vulnerabilidade de uma população a desastres naturais, diz o texto.

O relatório traz, por exemplo, o caso das Filipinas, que em 2013 recebeu a funesta visita do ciclone tropical Typhoon Haiyan que minou US$ 12,9 bilhões da economia nacional e jogou mais de um milhão na pobreza extrema.Foi assim também em Bangladesh em 2010, quando o ciclone Aila devastou as áreas costeiras fazendo subir o nível de desemprego em 49% e da pobreza em 22%. A história se repete:além do rastro de devastação, as catástrofes ambientais lançam os países pobres no trilho da miséria.

O estudo mostra ainda que há efeitos secundários que só poderão ser contados algum tempo depois que a avalanche passa. Em 1998, por exemplo, quando o furacão Mitch atingiu a Nicarágua, a probalidade de existirem crianças desnutridas nas regiões afetadas cresceu 8,7%, assim como também aumentou em 5,6% o número de crianças que passou a ter que trabalhar para ajudar as famílias.

Lançado na COP22, que está acontecendo no Marrocos até o dia 18 deste mês,  o relatório traz um alerta do presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, que não pode ser desprezado:

"Choques climáticos graves ameaçam reverter décadas de progresso contra a pobreza. Tempestades, inundações e as secas têm consequências humanas e econômicas e, muitas vezes, quem paga o preço mais pesado são as pessoas pobres. A construção de resiliência a tais desastres não faz sentido apenas economicamente, mas é um imperativomoral".

Um sistema de alerta prévio pode reduzir bastante o problema, concluiu o estudo.No entanto, os pesquisadores do Banco Mundial descobriram, através do resultado de inquéritos realizados em países pobres, que esses sistemas não são usados efetivamente e, o que é pior, são tendenciosos. 

No subdistrito de Shyamnagar, em Bangladesh, 15% dos não pobres e 6% dos pobres participam de treinamento de preparação para ciclones. No distrito de Lamjung, no Nepal, a utilização de sistemas de alerta precoce em comunidades propensas a inundações é menor do que 1%. O cenário é visto pelos executivos do Banco como uma oportunidade, ou seja, pode ser reparado. Tomara!

Na verdade, a maior descoberta dá conta de que os pobres têm menos preparo para enfrentar os eventos extremos do que os ricos. Isso acontece em todo o mundo, mas os pesquisadores apontaram China, Indonésia, Filipinas e Vietnã como os lugares mais sensíveis a este fenômeno.

No entanto, não é apenas a pobreza que determina a falta de preparação para os eventos extremos: políticas favorecendo o treinamento no caso de desastres e educação poderiam ajudar tanto os pobres quanto os ricos em todos os lugares, diz o estudo.

O que acontece é que, normalmente, as pessoas pobres são excluídas dos programas sociais que deveriam beneficiá-las, entre outras coisas porque exigem que elas estejam formalmente empregadas e, em geral, os mais vulneráveis aos desastres naturais estão na economia informal. Ou, no meio rural, é muito difícil implantar qualquer tipo de ajuda que necessite ser acessada em bancos que ficam na área urbana. O resultado disso é que menos do que 10% da ajuda que deveria chegar nas mãos dos pobres, efetivamente vão para eles.

Para as pessoas que não têm cobertura do governo, o que resta é o trabalho e um desastre natural pode facilmente interromper isso, pois quase sempre o transporte urbano, por exemplo, abala a capacidade de as pessoas se locomoverem.

O relatório é bem completo e tem 200 páginas. Seus autores o entendem como uma análise feita globalmente que pode ser usada por governos locais para ajudar a formatar um plano de combate não só aos impactos causados pelos desastres naturais como à pobreza:

Espera-se que este tipo de análise promova diálogos transversais em agências de risco de desastres e peritos com o resto do mundo. Deve ser uma ajuda para que governos assegurem que o desenvolvimento, a redução da pobreza e gestão de riscos estejam integrados numa estratégia de desenvolvimento sustentável e resiliente que beneficie os mais pobres.

Foto: Hector Retamal/ AFP
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