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sexta-feira, 10 de abril de 2020

Tráfego aéreo no Brasil e no mundo despenca com pandemia de Covid-19; veja o que mudou e perspectivas

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Na América do Sul, redução chegou a 80%, enquanto Brasil viu redução de mais de 90% na oferta de voos. Associação teme que 25 milhões de empregos em todo o mundo estejam em risco.
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 Por Lucas Vidigal, G1  
 
 Postado em 10 de abril de 2020 às 11h00m  


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    .__-___________    ____--____________________________  ____________  ____________  _________     ____--________  _______-Imagem de 1º de abril de 2020 mostra dezenas de aviões estacionados no aeroporto de Kansas City, nos EUA, por causa da pandemia de Covid-19 — Foto: Charlie Riedel/Arquivo/AP Photo
Imagem de 1º de abril de 2020 mostra dezenas de aviões estacionados no aeroporto de Kansas City, nos EUA, por causa da pandemia de Covid-19 — Foto: Charlie Riedel/Arquivo/AP Photo

Dados de tráfego aéreo obtidos pelo site especializado em aviação FlightRadar24 e cedidos ao G1 mostram o tamanho do impacto no setor causado pela da pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

De acordo com levantamento, somente 5.275 aviões voavam às 12h de terça-feira (7) (horário de Brasília). O número representa queda de 64,86% em relação ao tráfego aéreo registrado exatamente um mês antes, em 7 de março.

Comparação do tráfego aéreo no mundo em 7 de março e 7 de abril — Foto: FlightRadar24
Comparação do tráfego aéreo no mundo em 7 de março e 7 de abril — Foto: FlightRadar2
Na América do Sul, o impacto foi ainda maior: as imagens mostram redução em cerca de 80% no tráfego aéreo na comparação entre as 15h (de Brasília) de 7 de março e o mesmo horário em 7 de abril.Comparação do tráfego aéreo na América do Sul em 7 de março e 7 de abril — Foto: FlightRadar24

O diretor de comunicação do FlightRadar24, Ian Petchenik, disse ao G1 que o cenário piorou muito rapidamente. "Se você me perguntasse algumas semanas atrás, eu teria comparado com 2002, 2003", disse. Naqueles dois anos, o mercado da aviação civil ainda sentia os impactos causados pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
"Mas agora estamos chegando a um ponto sem precedentes. Frotas inteiras estão estacionadas. Nunca passamos por isso", afirmou. 
E no Brasil?
Pátio do aeroporto de Congonhas vazio em 31 de março — Foto: TV Globo/Divulgação
Pátio do aeroporto de Congonhas vazio em 31 de março — Foto: TV Globo/Divulgação

A oferta semanal de voos domésticos no Brasil despencou de 14.781 para apenas 1.241 desde o fim de março. Com a queda na demanda e as medidas contra a pandemia do novo coronavírus, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) conseguiu acordo com as três principais companhias aéreas e formatou uma nova malha aérea em 46 localidades brasileiras.

Dados do site FlightRadar24 compilados nos dez aeroportos mais movimentados do Brasil mostram o efeito dessa redução tanto nas decolagens previstas quanto nos voos confirmados. Veja no gráfico abaixo.
GRÁFICO - Tráfego nos 10 aeroportos mais movimentados do Brasil — Foto: G1 Mundo via FlightRadar24
GRÁFICO - Tráfego nos 10 aeroportos mais movimentados do Brasil — Foto: G1 Mundo via FlightRadar24

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, explica que os custos ao caixa das empresas antes da adoção dessa nova malha aérea chegava a R$ 45 milhões por dia. Ainda assim, alguns voos foram mantidos para preservar o transporte de cargas — muitas vezes levadas no porão de aviões em viagens comerciais.
"Nem todos têm dimensão de como é difícil o transporte de medicamentos pela Amazônia sem aviões", exemplificou Sanovicz.
Enquanto alguns voos domésticos foram mantidos, as viagens internacionais ficaram praticamente restritas a operações de repatriação. De acordo com a Abear, cerca de 41,5 mil passageiros chegaram ao Brasil a partir de 36 países desde 23 de março. Um terço deles ainda seguiram viagem a países vizinhos.

Qual o impacto da crise nos empregos no setor?
Aeroporto de Munique, na Alemanha, vazio em 7 de abril de 2020 — Foto: Andreas Gebert/Arquivo/Reuters
Aeroporto de Munique, na Alemanha, vazio em 7 de abril de 2020 — Foto: Andreas Gebert/Arquivo/Reuters

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) estima que 25 milhões de empregos no setor estão em perigo com as interrupções nas viagens. Desse número, 2,9 milhões de trabalhadores correm risco somente na América Latina.
Em comunicado, o diretor da Iata, Alexander de Juniac, estimou perdas em US$ 61 bilhões no setor e pede que os governos pelo mundo concedam alívio financeiro às companhias aéreas.
"Em média, companhias aéreas só têm caixa para dois meses", apontou de Juniac.
No Brasil, as companhias entraram em acordo com sindicatos para evitar demissões pelos próximos meses a partir de propostas de redução salarial e redução de jornada. E, segundo Sanovicz, o setor ainda tenta negociar recursos com o BNDES e com o Ministério da Economia para aliviar financeiramente as empresas.

Como ficará o mercado da aviação depois da pandemia?
Aviões de passageiros da American Airlines são vistos estacionados no Aeroporto Internacional de Tulsa,  nos EUA, em 23 de março, devido à redução do número de voos para retardar a propagação da doença por coronavírus (COVID-19) — Foto: Nick Oxford/Reuters
Aviões de passageiros da American Airlines são vistos estacionados no Aeroporto Internacional de Tulsa, nos EUA, em 23 de março, devido à redução do número de voos para retardar a propagação da doença por coronavírus (COVID-19) — Foto: Nick Oxford/Reuters

Uma vez que a pandemia de Covid-19 parou diversos setores da economia, é impossível prever o que será da aviação quando a onda do novo coronavírus retroceder. Até porque, mesmo quando os casos da doença diminuírem, a retomada da demanda pelo transporte aéreo deve demorar.
"A pergunta que se faz neste momento é: quando as pessoas vão se sentir confortáveis para voar de novo?", coloca Ian Petchenik, do FlightRadar24.
Eduardo Sanovicz, da Abear, concorda que é impossível fazer previsões neste momento, principalmente por causa das incertezas econômicas após a pandemia. "Não sabemos como será a renda das pessoas no pós-crise", afirmaUma criança tem sua temperatura medida enquanto diplomatas estrangeiros e funcionários da embaixada se preparam para embarcar em um voo para Vladivostok no Aeroporto Internacional de Pyongyang em 9 de março de 2020. — Foto: Kim Won Jin/AFP
Uma criança tem sua temperatura medida enquanto diplomatas estrangeiros e funcionários da embaixada se preparam para embarcar em um voo para Vladivostok no Aeroporto Internacional de Pyongyang em 9 de março de 2020. — Foto: Kim Won Jin/AFP

Uma mudança que poderá ser sentida, com o tempo, é o aumento nos controles sanitários em aeroportos — de maneira semelhante aos reforços nos procedimentos de segurança depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. Em algumas cidades, equipes já monitoram a temperatura dos passageiros que desembarcam nos aeroportos.
"Talvez tenhamos que conviver com algum controle sanitário em alguns momentos e em alguns aeroportos", comenta Sanovicz.
Há alguma luz no fim do túnel?
9 de março - Um avião passa em frente à lua cheia vista de Curitiba. A superlua é visível quando a lua cheia coincide com sua posição mais próxima da Terra, o que a faz parecer mais brilhante e maior que outras luas cheias — Foto: Heuler Andrey/AFP
9 de março - Um avião passa em frente à lua cheia vista de Curitiba. A superlua é visível quando a lua cheia coincide com sua posição mais próxima da Terra, o que a faz parecer mais brilhante e maior que outras luas cheias — Foto: Heuler Andrey/AFP

Embora seja impossível prever o futuro do setor aéreo e o tamanho dos impactos da crise causada pela pandemia do novo coronavírus, os especialistas acreditam que, sim, haverá uma retomada nas viagens por avião.

Ian Petchenik, do FlightRadar24, não acredita que a retomada ocorrerá imediatamente depois que o ápice da pandemia passar. "Não vai ser uma melhora em 'V', mas em um 'U' um pouco mais lento", afirma.

Esse tempo, na opinião de Petchenik, pode ser utilizado para que as empresas repensem práticas para o mundo pós-Covid-19.
"Este período é uma oportunidade para adotar novas tecnologias, uma vez que as companhias diminuíram o ritmo", diz Petchenik.
Médica da província de Jilin, na China, abraça colega de Wuhan enquanto se prepara para voltar para casa no Aeroporto Internacional Wuhan Tianhe, em Wuhan, nesta quarta-feira (8) — Foto: Ng Han Guan/AP
Médica da província de Jilin, na China, abraça colega de Wuhan enquanto se prepara para voltar para casa no Aeroporto Internacional Wuhan Tianhe, em Wuhan, nesta quarta-feira (8) — Foto: Ng Han Guan/AP

Eduardo Sanovicz, da Abear, reconhece os efeitos econômicos da crise e reafirma que não se sabe quanto tempo ela vai durar. Porém, ele vê uma luz no fim do túnel. "Posso dizer com certeza: o mercado vai voltar."
"Os aviões estão aí. As tripulações, os hotéis, as instalações, estão aí", acrescenta.

CORONAVÍRUS


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