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sábado, 13 de setembro de 2025

Dívida do Brasil bate 90% do PIB na medição do FMI, indicador influencia juros; veja a evolução

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Dívida mais alta, impulsionada pelos gastos públicos nos últimos anos, pressiona taxa de juros brasileira, restringindo o crescimento do país.
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Por Alexandro Martello, g1 — Brasília

Postado em 13 de Setembro de 2.025 às 07h00m
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Dívida Pública atingiu R$ 7,3 trilhões, em 2024
Dívida Pública atingiu R$ 7,3 trilhões, em 2024

A dívida do setor público consolidado registrou alta de um ponto percentual em julho, atingindo 77,6% do PIB — o equivalente a R$ 9,6 trilhões, segundo dados do Banco Central.

A metodologia utilizada no cálculo do indicador, entretanto, não observa as normas internacionais. Em nota, o Banco Central informou que seu método, utilizado desde 2008, "reflete as características institucionais brasileiras".

➡️ No padrão do Fundo Monetário Internacional (FMI), referência para comparação internacional — que inclui títulos públicos que estão na carteira do BC no endividamento brasileiro —, a dívida do país é muito maior: 90% do PIB (patamar de julho).

🔎 A dívida do setor público consolidado é um conceito fiscal que representa o montante total das obrigações financeiras assumidas por um ente da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), apurado sem duplicidade.

👉 Os títulos públicos na carteira do BC, que a autoridade monetária não contabiliza em seu conceito de dívida do setor público, são utilizados para regular a liquidez no mercado e o custo dos juros (taxa Selic) no curto prazo, que está atualmente em 15% ao ano.

Por que isso é importante?

💵 A relação entre dívida e PIB é um indicador relevante para o mercado financeiro, interpretado como um sinal da capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros de curto, médio e longo prazo. Quanto maior o indicador, maior o risco de um calote em momentos de crise.

➡️ Além disso, com uma dívida mais alta, impulsionada pelos gastos públicos nos últimos anos, há uma pressão maior sobre a taxa de juros brasileira. Isso se reflete nos juros cobrados pelo mercado financeiro do setor produtivo da economia, restringindo o crescimento do país.

Endividamento brasileiro subiu nos últimos anos e a projeção é que continue avançando com a alta de gastos públicos — Foto: Freepik
Endividamento brasileiro subiu nos últimos anos e a projeção é que continue avançando com a alta de gastos públicos — Foto: Freepik

Recomendação do FMI

Segundo o BC, em agosto do ano passado, o FMI avaliou a adequação das estatísticas fiscais do Brasil às regras internacionais, a pedido do Tesouro Nacional brasileiro.

Na ocasião, o BC informou que o FMI reafirmou sua metodologia e recomendou que o Brasil passe a adotar seu formato de cálculo, incluindo na dívida todos os títulos emitidos pelo Tesouro Nacional na carteira do BC.

"A adoção dessa e das demais recomendações ainda depende da análise dos compiladores nacionais, entre outros, referente à sua adequação ao arcabouço institucional do país", acrescentou o Banco Central.
Comparação internacional

Quando utilizado o critério internacional de comparação, calculado pelo FMI, a dívida brasileira, que terminou 2024 em 87,3% do PIB, ficou:

  • longe de economias emergentes, cujo patamar somou 69,5% do PIB no fim do ano passado, e também de países da América Latina (70% do PIB);
  • acima da média de nações do Oriente Médio e Ásia Central, assim como de países da África Subsaariana;
  • muito próximo do padrão de países da Zona do Euro;
  • abaixo de economias avançadas e de países do G7 (sete maiores economias do mundo).

DÍVIDA POR BLOCOS ECONÔMICOS EM 2024
% DO PIB (CONCEITO DO FMI)


Fonte: FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL

Relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) recomendou em 2023 que os países da América Latina e Caribe reduzam sua dívida pública para um patamar entre 46% a 55% do PIB. O objetivo seria aumentar a confiança dos investidores e possibilitar a redução da taxa de juros, com efeitos positivos sobre o nível de atividade e sobre o emprego.

Essa é a mesma posição externada em 2023 pelo ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). Para ele, a comparação apropriada para o nível da dívida pública brasileira deve ser feita com os demais países emergentes.

"Não adianta querer se comparar com os Estados Unidos", acrescentou, na ocasião.

Também no ano retrasado, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, avaliou que dívida brasileira não precisa estar no mesmo patamar dos emergentes porque há "diferenciais importantes" na economia brasileira, como praticamente ausência de dívida em dólar e mercado financeiro doméstico desenvolvido, entre outros.

"É difícil falar sobre isso, é uma mega discussão. A Índia tem divida maior do que a nossa, é um país também em desenvolvimento. Cresce bastante, tem uma trajetória estável de dívida, e segue o jogo. Comparar o Brasil com a América Latina? O Brasil é mais comparável com a Índia ou com o Peru?", questionou o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, em 2023.
Evolução no tempo

A série histórica da dívida brasileira, pelo padrão do Fundo Monetário Internacional (FMI), começou a ser calculada pelo Banco Central no fim de 2001. Naquele momento, somava cerca de 67% do PIB.

Os números do BC mostram que o endividamento permaneceu relativamente estável até 2014, o último ano do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT).

No primeiro ano do segundo mandato de Dilma, em 2015, a dívida deu um salto de 10 pontos percentuais. Em 2016, subiu outros seis pontos percentuais. Dilma sofreu "impeachment" em agosto daquele ano.

TRAJETÓRIA DA DÍVIDA BRASILEIRA
EM % DO PIB (FIM DE PERIODO, CONCEITO DO FMI)


Fonte: BANCO CENTRAL

Os dados do BC mostram que a dívida continuou crescendo na gestão Temer, e atingiu seu ápice em 2020, sob Jair Bolsonaro, por conta de gastos extraordinários relacionados com a Covid-19.

Apesar de mais de R$ 660 bilhões em despesas extraordinárias com a pandemia, a dívida caiu quando se considera toda gestão Bolsonaro, pois estava em 87,1% do PIB em 2019 (início do mandato), terminando 2022 (último ano do governo) em 83,9% do PIB.

No terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o endividamento subiu seis pontos percentuais em cerca de dois anos e meio por conta do aumento de despesas públicas, algo que tem pressionado a taxa de juros, tais como:

  • PEC da transição: governo aprovou, ainda em 2022, a chamada PEC da transição, por meio da qual ampliou o limite para gastos públicos, permanentemente, em cerca de R$ 170 bilhões por ano.
  • Reajuste real do salário mínimo: governo Lula retomou a política de reajustes reais do salário mínimo, ou seja, aumentos acima da inflação (limitada a 2,5%). Esse foi um dos principais fatores a elevar as despesas, visto que os benefícios previdenciários não podem ser menores que o salário mínimo.
  • Pisos saúde e educação: governo retomou a política de que os gastos mínimos em saúde e educação são atrelados à receita, e não mais à inflação do ano anterior (essas rubricas estavam dentro do teto de gastos, do presidente Temer, até então).
  • Pagamento de precatórios atrasados: o que injetou R$ 92,3 bilhões na economia no fim de 2023, início de 2024. A Fazenda admite que isso influenciou a aceleração no ritmo de crescimento do setor de serviços.
  • Reajustes a servidores públicos: governo retomou política de reajustes a servidores públicos, que estava represada no governo Jair Bolsonaro, com base na inflação. Houve ampla mesa de negociação com cerca de 100 categorias contempladas.
Governo Federal envia ao Congresso Nacional proposta para o orçamento 2026
Governo Federal envia ao Congresso Nacional proposta para o orçamento 2026

Arcabouço fiscal

Para tentar conter o crescimento da dívida, em 2023 o governo aprovou o chamado "arcabouço fiscal", ou seja, novas regras para as contas públicas em substituição ao teto de gastos. Por estas regras:

  • a despesa não pode registrar crescimento maior do que 70% do aumento da arrecadação;
  • a alta de gastos fica limitada, em termos reais, a 2,5% por ano;
  • o arcabouço busca conter o crescimento da dívida pública no futuro.

➡️Sem um corte robusto de despesas, necessário para manter de pé o arcabouço fiscal, especialistas em contas públicas estimam que a regra terá de ser abandonada nos próximos anos. Eles argumentam que, no atual formato, as regras ficarão insustentáveis.

Projeções para a dívida no futuro

Relatório do Tesouro Nacional divulgado em julho deste ano projeta que a dívida pública vai continuar subindo nos próximos anos, atingindo 84,3% do PIB em 2028, recuando um pouco, para 83,5% do PIB em 2033. A metodologia utilizada nas estimativas, porém, é do governo brasileiro.

➡️Se for utilizado o método do Fundo Monetário Internacional (FMI), pelo qual, segundo o BC, a dívida brasileira tem ficado, em média, 12 pontos percentuais mais alta, as projeções do Tesouro Nacional ficariam muito maiores: entre 95% e 96% do PIB até 2033.

➡️Sem confiança no arcabouço fiscal, analistas do mercado financeiro estimaram, na semana passada, que a dívida pública brasileira deve atingir 93,7% do PIB em 2034 (pelo conceito brasileiro). Pelo conceito adotado pelo FMI, a dívida brasileira superaria 100% do PIB em 2035.

Grau de investimento mais longe

▶️Por conta da alta no endividamento e das dúvidas sobre a credibilidade da política do governo para as contas públicas, a chefe de ratings soberanos da Fitch Ratings para Américas e Ásia, Shelly Shetty, informou nesta semana que a agência não vê, no curto prazo, o retorno do Brasil ao chamado grau de investimento.

▶️Enquanto o governo foca em novos aumentos de impostos para tentar elevar a arrecadação equilibrar as contas públicas, economistas apontam que o controle de gastos seria importante para conter a inflação, proporcionando redução da taxa de juros no futuro e, consequentemente, uma trajetória mais benigna para o endividamento brasileiro.

▶️Em maio, a agência de classificação de risco Moody’s já havia anunciado a revisão da perspectiva da nota de crédito do Brasil, que passou de "positiva" para "estável", indicando que o Brasil não vai obter o grau de investimento no curto prazo. A Moody's também citou a piora na perspectiva está relacionada às contas públicas.

▶️O anúncio das agências de rating é um banho de água fria na equipe econômica, que vem buscando a retomada da classificação desde o início do terceiro mandato do presidente Lula. Isso foi defendido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em 2023, e também pelo secretário do Tesouro, Rogério Ceron, no ano passado.

O que dizem analistas

🔎O grau de investimento, obtido pelo Brasil entre 2008 e 2015, é um selo de qualidade que assegura aos investidores um menor risco de calotes. A partir da nota de crédito que determinado país recebeu, os investidores podem avaliar se a possibilidade de ganhos (por exemplo, com juros) compensa o risco de perder o capital investido com a instabilidade econômica local.

Entre as iniciativas que poderiam ser propostas pelo governo para frear o ritmo de crescimento dos gastos obrigatórios, estão:

Outros, como o consultor de Orçamento da Câmara dos Deputados, Paulo Bijos, ex-secretário de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, pedem as chamadas "desvinculações". Como, por exemplo:

  • Desindexação de benefícios do RGPS e do BPC do salário mínimo: os benefícios previdenciários deixariam de ter aumento acima da inflação, e passariam a ser corrigidos somente pela variação dos preços do ano anterior, ou por até 0,6% ao ano. A economia potencial projetada para a medida em 10 anos (2025-2034) é de R$ 1,1 trilhão sem ganho acima da inflação, ou de R$ 890 bilhões com alta real (acima da inflação) de 0,6% ao ano. Pela regra atual, o salário mínimo, e os benefícios previdenciários, podem crescer até 2,5% ao ano acima da inflação.
  • Revisão dos pisos da saúde, da educação e do Fundeb: os gastos com saúde e educação deixariam de ser atrelados à receita, formato atual, e passariam a ser corrigidos pela inflação, ou por 0,6% ao ano acima da inflação. O cálculo indica o "ganho" de R$ 97 bilhões a R$ 77,5 bilhões entre 2026 e 2028 – um montante de recursos que a saúde e a educação deixariam de receber neste período.Banco Central do Brasil

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Do freezer para a medula: como funciona e quais as vantagens de proteína que pode revolucionar o tratamento de vítimas de lesões

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Pesquisadores da UFRJ testam proteína capaz de reduzir rejeição e custos no tratamento de lesões medulares. Anvisa alerta que ainda não há autorização para uso em humanos e cobra dados de segurança antes da próxima fase.
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Por Redação g1 — São Paulo

Postado em 13 de Setembro de 2.025 às 10h40m
Interface gráfica do usuário, Texto, Aplicativo

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Pesquisadora explica diferença entre tratamentos na lesão da medula
Pesquisadora explica diferença entre tratamentos na lesão da medula

Uma proteína desenvolvida a partir da placenta humana reacendeu a esperança de pacientes com lesão na medula espinhal — condição que pode causar perda parcial ou total dos movimentos e, até hoje, não tem tratamento capaz de reverter o dano.

A substância, chamada polilaminina, vem sendo estudada há mais de 20 anos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O composto é uma versão recriada em laboratório da laminina, proteína presente no desenvolvimento embrionário e que ajuda os neurônios a se conectarem.

A expectativa é que, aplicada no ponto da lesão, ela estimule os nervos a criarem novas rotas e restabelecerem parte dos movimentos.

Nova pesquisa pode ajudar quem perdeu movimentos
Nova pesquisa pode ajudar quem perdeu movimentos

Mas qual diferença para as células-tronco?

Em entrevista ao programa Edição das 08h, da GloboNews, o professora e pesquisador da UFRJ Tatiana Sampaio explicou a diferença entre o tratamento com a polilaminina e as terapias com células-tronco.

Ambos os casos têm em comum o fato de tentarem reproduzir processos naturais do corpo. A polilaminina, porém, é uma alternativa mais simples: além de ser natural, ela não é um organismo vivo, mas uma proteína – assim como o colágeno –, um produto biológico que não provoca rejeição.

"A polilaminina é idêntica em todos os seres humanos: a minha é igual à sua. Se eu extraísse polilaminina da minha placenta e aplicasse em você, não haveria problema, porque o corpo não a reconheceria como algo estranho" explica a professora e pesquisador da UFRJ.

As células-tronco, por outro lado, são diferentes. Cada pessoa tem uma, como se fosse um "código de barras" único, específico de cada corpo. Quando você coloca uma célula de alguém em outra pessoa, o organismo identifica que não é próprio e reage com rejeição, o que pode causar complicações.

Por isso, terapias com células exigem imunossupressão, que sobrecarrega a saúde do paciente. "Já a polilaminina pode ser mantida pronta no freezer do hospital e usada imediatamente quando o paciente chega, sem manipulações complexas. É o mesmo tratamento para todos, dispensa imunossupressão e tem custo mais baixo", completa Tatiana Sampaio. 
Próximas etapas do estudo

Os locais para as próximas fases do estudo já estão definidos: será no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC USP) e na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - Hospital Central.

Porém, o grupo de pacientes será pequeno e ainda não está determinado, porque essa próxima etapa será feita com lesões muito agudas — ou seja, nos primeiros dias após o trauma, cerca de três ou quatro dias.

São pessoas que ainda vão sofrer essas lesões e serão identificadas nas emergências dos hospitais. A seleção será definida futuramente, quando o estudo estiver aberto.

A pesquisadora aponta que desde 2022, estão acontecendo reuniões com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aprovação para uso clínico da polilaminina.

Segundo Tatiana Sampaio, a Anvisa está negociando diretamente com o laboratório Cristália – empresa responsável pelo desenvolvimento em parceria com a UFRJ.

Anvisa, por outro lado, alerta que ainda não há autorização para uso em humanos e cobra dados de segurança antes da próxima fase. (veja abaixo o que diz a Agência)

Pacientes com lesões na medula recuperam movimentos com tratamento brasileiro em fase experimental
Pacientes com lesões na medula recuperam movimentos com tratamento brasileiro em fase experimental

Resultados em cães

Um estudo publicado em agosto na revista Frontiers in Veterinary Science avaliou a polilaminina em seis cães paraplégicos, que não conseguiam andar mesmo após cirurgia e meses de fisioterapia. Alguns estavam sem se movimentar havia anos.

Depois da aplicação da substância diretamente na medula, quatro dos animais conseguiram voltar a dar passos e melhorar a firmeza da marcha. Dois tiveram avanços mais discretos. Os efeitos foram acompanhados por seis meses.

Não foram registrados efeitos colaterais graves: apenas um caso de diarreia foi relatado, sem ligação comprovada com o medicamento.

Testes em voluntários

Além dos cães, a polilaminina também já foi aplicada em pequenos grupos de pacientes brasileiros em caráter experimental, dentro de protocolos acadêmicos.

Segundo os pesquisadores, alguns voluntários que haviam perdido completamente os movimentos abaixo da lesão recuperaram parte da mobilidade — algo considerado improvável sem intervenção. Houve relatos que variaram de pequenos movimentos a ganhos mais amplos, como controle de tronco e até passos com auxílio.

O número de pessoas testadas, porém, ainda é muito pequeno – foram oito voluntários– e os cientistas ressaltam que os resultados precisam ser confirmados em estudos maiores e controlados.

Cientistas brasileiros usam proteína da placenta para devolver parte dos movimentos de cães e humanos que tiveram lesão na medula — Foto: Reprodução/TV Globo
Cientistas brasileiros usam proteína da placenta para devolver parte dos movimentos de cães e humanos que tiveram lesão na medula — Foto: Reprodução/TV Globo

O que diz a Anvisa

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que ainda não há pedido de aprovação para uso clínico da polilaminina. O processo em análise é apenas a proposta de um ensaio clínico regulatório.

De acordo com a agência, os dados apresentados até agora são iniciais e se referem à fase não clínica — ou seja, resultados de laboratório e em animais.

A empresa responsável precisa complementar as informações de segurança antes que os testes em humanos, dentro das regras regulatórias, possam começar, afirma a agência à reportagem.
O caminho até chegar aos pacientes

Para que a polilaminina chegue de fato a hospitais e ao Sistema Único de Saúde (SUS), ainda será necessário:

  • Concluir estudos pré-clínicos – comprovar ausência de riscos em animais.
  • Iniciar ensaios clínicos regulatórios em humanos – começando pela fase 1, voltada à segurança em pequeno grupo.
  • Ampliar os testes nas fases 2 e 3 – avaliar eficácia, doses adequadas e efeitos adversos em populações maiores.
  • Solicitar registro sanitário – só então o medicamento pode ser comercializado.

Esse processo costuma levar anos e envolve análises rigorosas.

Expectativa e cautela

Os avanços em animais e nos primeiros voluntários sugerem um caminho promissor. Mas, até que todas as etapas sejam cumpridas e a eficácia confirmada em larga escala, não há tratamento disponível.

Ainda assim, a polilaminina segue como uma das pesquisas mais relevantes em um campo que ainda busca solução definitiva: a regeneração da medula espinhal.

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