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sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

2024 é o primeiro da história a ultrapassar marca de 1,5°C de aquecimento

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Calor acima do esperado impulsionou extremos climáticos. Análise do Copernicus mostra que calor intenso impulsionou extremos climáticos e aleta para aumento nas emissões de gases do efeito estufa.
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Por Poliana Casemiro, g1

Postado em 10 de Janeiro de 2.025 às 0830m

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2024 é o primeiro ano a ultrapassar limite de aumento da temperatura em 1,6°C

O ano de 2024 foi o mais quente da história e o primeiro a ultrapassar a marca de 1,5°C de aumento na temperatura média da Terra em relação aos níveis pré-industriais. A informação foi divulgada pelo centro europeu Copernicus.

🔥 Segundo os dados, a temperatura média global foi de 15,10°C. Além de ser um recorde, isso representa um aumento de 1,6°C, O índice ficou acima de 1,5°C ao longo de 11 meses do ano.

➡️ O 1,5°C é o limite estabelecido pelo Acordo de Paris e pela ciência como crítico. O índice é um alerta para a emergência climática. Apesar disso, não significa que tenhamos ultrapassado o limite do acordo, que cita o aumento na temperatura média ao longo de 20 anos. No entanto, coloca o mundo sob um calor nunca antes experimentado.

Em 2024, todos os continentes registraram uma nova temperatura recorde. O dia mais quente do ano passado foi 22 de julho -- quando a temperatura média global atingiu a média de 17,16°C.

"Todos os conjuntos de dados de temperatura global produzidos internacionalmente mostram que 2024 foi o ano mais quente desde que os registros começaram em 1850", citou o diretor do centro europeu, Carlo Buontempo.

O ano considerado mais quente até então era 2023. Com isso, o mundo também chegou a um marco inédito de quase dois anos de aquecimento.

O relatório ainda mostra que:

  • 🔥 Cada um dos últimos 10 anos (entre 2015 e 2024) foi um dos 10 anos mais quentes já registados;
  • 🔥 2024 foi o ano mais quente para todas as regiões continentais;
  • 🔥 Os meses de janeiro a junho de 2024 foram mais quentes do que o de qualquer ano anterior;
  • 🔥 Em 2024, a temperatura média anual da superfície do mar atingiu um máximo recorde de 20,87°C, 0,51°C acima da média de 1991–2020;
  • 🔥 A quantidade total de vapor de água na atmosfera atingiu um valor recorde em 2024, o que contribui para extremos de chuva.
Extremos de chuva tem relação com aumento das temperaturas dos oceanos — Foto: Diego Vara/Reuters
Extremos de chuva tem relação com aumento das temperaturas dos oceanos — Foto: Diego Vara/Reuters

Extremos de temperaturas dos oceanos e extremos climáticos

Os dados mostram que todos os oceanos tiveram temperaturas acima da média. A temperatura média anual da superfície do mar atingiu um máximo recorde de 20,87°C.

O oceano mais quente reflete a realidade de um planeta mais quente. As águas funcionam como um grande 'bolsão' de calor, ajudando a absorver as altas temperaturas. No entanto, quando estão mais quentes, há também mais vapor de água e isso é um risco para eventos extremos.

🌧️ Quando há mais vaporização, a atmosfera recebe mais umidade. Com isso, os volumes de chuva vão ficando maiores.

Segundo o Copernicus, a quantidade total de vapor de água na atmosfera atingiu um máximo histórico em 2024, cerca de 5% acima da média de 1991 a 2020. Além de ter sido significativamente superior à de 2023.

Especialistas já vinham apontando a relação de extremos como os que aconteceram no Rio Grande do Sul, com centenas de milímetros de chuva em um espaço curto de tempo; da Espanha e dos ciclones nos Estados Unidos com as altas temperaturas dos oceanos (Leia mais aqui). Segundo o Copernicus, foi isso que impulsionou as catástrofes em 2024.

"Este fornecimento abundante de umidade ampliou o potencial para ocorrências de chuvas extremas. Além disso, combinado com as altas temperaturas da superfície do mar, contribuiu para o desenvolvimento de grandes tempestades, incluindo ciclones tropicais", informou o relatório.

Fogo já devastou 140 km² na região de Los Angeles, na California

➡️ O calor nos oceanos acabam influenciando não só no volume de chuva, mas também nas mudanças nos padrões de chuva, causando a seca. O Brasil enfrenta a pior seca de sua história e a mais longa, desde 2023 que também foi um ano recorde de calor, agora superado.

O Copernicus aponta que essa mudança de padrão também impulsionou os grandes incêndios. A vegetação ressecada se tornou combustível para as queimadas, como as que aconteceram no Brasil, como as que acontecem agora em Los Angeles. A cidade enfrenta o maior incêndio já visto e em uma temporada fora de época -- em meio ao inverno.

"O que está por trás desse grande problema que é o aquecimento global é a intensificação dos eventos extremos. Entra nisso, os eventos de muita chuva acumulada em um período muito curto, secas prolongadas e condições que favorecem o que estamos vendo acontecer agora na Califórnia", explica o especialista em desastres, Pedro Camarinha.

O maior aquecimento das águas foram reforçadas pelo El Niño, mas segundo os dados, mesmo com seu fim, no meio do ano passado, as temperaturas continuaram altas na maior parte dos oceanos.

Por que isso está acontecendo?

O aumento das temperaturas está ligado à maior emissão de gases do efeito estufa. Segundo o monitor apresentado pelo centro europeu, a taxa de aumento do dióxido de carbono foi maior já vista nos últimos anos.

As concentrações de dióxido de carbono em 2024 foram 2,9 ppm superiores às de 2023. Este aumento elevou a estimativa anual da concentração atmosférica de dióxido de carbono para 422 ppm.

"Os nossos dados apontam claramente para um aumento global constante das emissões de gases com efeito de estufa e estes continuam a ser o principal agente das alterações climáticas", apontou Laurence Rouil diretor do Centro Europeu.
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“Parece que uma bomba atômica caiu”, diz xerife sobre áreas queimadas em Los Angeles

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Incêndios destruíram quase 10 mil casas e outras estruturas em toda a região
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Alexandra Sarabiada Reuters
10/01/2025 às 07:47
Postado em 10 de Janeiro de 2.025 às 08h15m

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Estruturas destruídas pelo incêndio ficam ao longo da Pacific Coast Highway em Malibu, Califórnia
Estruturas destruídas pelo incêndio ficam ao longo da Pacific Coast Highway em Malibu, Califórnia • Getty Images

O xerife do Condado de Los Angeles, Robert Luna, declarou que esperava que o número de mortos pelos incêndios florestais da Califórnia aumentasse, em uma coletiva de imprensa na quinta-feira (9 de janeiro).

Parece que uma bomba atômica caiu nessas áreas. Não espero boas notícias, e não estamos ansiosos por esses números, expressou Luna.

Dois grandes incêndios florestais que ameaçam Los Angeles nas regiões leste e oeste destruíram quase 10 mil casas e outras estruturas, queimando pela terceira noite seguida na quinta-feira (9). A diminuição dos ventos fortes, que deu alívio aos bombeiros, é temporária.

O incêndio Palisades entre Santa Monica e Malibu na área oeste da cidade e o incêndio Eaton no leste, perto de Pasadena, já estão classificados como os mais destrutivos na história de Los Angeles, consumindo mais de 137 km² e transformando bairros inteiros em cinzas.

O número de mortos pelos incêndios aumentou de sete para 10, anunciou o legista do Condado de Los Angeles em uma atualização na noite de quinta-feira (9).

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