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domingo, 18 de julho de 2021

Como os cosmonautas russos conquistaram o espaço

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Enquanto os rostos dos sete primeiros astronautas selecionados pela Nasa eram divulgados pela imprensa mundial, os cosmonautas russos treinavam em segredo.
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TOPO
Por BBC

Postado em 18 de julho de 2021 às 16h15m


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Enquanto os rostos dos sete primeiros astronautas selecionados pela Nasa eram divulgados pela imprensa mundial, os cosmonautas russos treinavam em segredo — Foto: Getty Images/BBC
Enquanto os rostos dos sete primeiros astronautas selecionados pela Nasa eram divulgados pela imprensa mundial, os cosmonautas russos treinavam em segredo — Foto: Getty Images/BBC

Em 13 de abril de 1961, o correspondente especial do jornal soviético Izvestia, Georgi Ostroumov, se encontrava com o primeiro homem enviado ao espaço.

Um dia depois de retornar à Terra, o "piloto espacial" Yuri Gagarin estava, conforme relatou Ostroumov, "animado, forte e saudável... um sorriso maravilhoso ilumina seu rosto".

"De vez em quando, covinhas aparecem em suas bochechas", escreveu Ostroumov.

"Ele aprecia a curiosidade com que é pressionado pelos detalhes do que viu e vivenciou durante a uma hora e meia que passou fora da Terra."

Em um livreto publicado para comemorar a façanha, Soviet Man in Space, a entrevista com Gagarin continua por várias páginas.

O cosmonauta descreve a experiência: "O horizonte apresenta uma visão única e extraordinariamente bela."

E enaltece a União Soviética: "Dedico meu voo a... todo o nosso povo que está marchando na vanguarda da humanidade e construindo uma nova sociedade".

Em um sistema político em que o jornalismo tende à propaganda, no lugar de um retrato realista dos fatos, é fácil argumentar que as aspas de Gagarin são inventadas.

Mas, embora possam ter sido filtradas por censores, há uma boa chance de que sejam as palavras reais dele.

Piloto de combate que cresceu em um pequeno vilarejo russo, Gagarin era um homem de família benquisto.

Ele era bonito, agradável e, mais importante, um membro fiel de carteirinha do partido comunista.

Embora o passo a passo do primeiro programa espacial tripulado da Nasa, a agência espacial americana, tenha sido acompanhado pelo público, só recentemente veio à tona a história completa de como a União Soviética selecionou e treinou seus cosmonautas.

O império comunista fez questão de encorajar a visão de que a seleção estava aberta a todos, e que os primeiros homens enviados ao espaço — e a primeira mulher, Valentina Tereshkova — eram voluntários.

Mas isso não é bem verdade.

Depois de se qualificar como piloto de combate, Gagarin ficou baseado em um campo de pouso russo remoto na divisa com a Noruega, pilotando caças a jato MiG-15 na fronteira ocidental da Guerra Fria.

No fim do verão de 1959, dois médicos chegaram à base área para entrevistar um grupo pré-selecionado de aviadores.

Após começar com uma lista de cerca de 3,5 mil candidatos em potencial, os médicos restringiram sua busca a aproximadamente 300 pilotos em todo o oeste do país.

"Os caras que estão sendo entrevistados não têm ideia do por que realmente estão sendo entrevistados", diz Stephen Walker, autor do livro Beyond, que passou anos vasculhando arquivos russos para contar a história completa da missão de Gagarin.

União Soviética investiu pesado no programa espacial, mas oficialmente ele não existia — Foto: Getty Images/BBC
União Soviética investiu pesado no programa espacial, mas oficialmente ele não existia — Foto: Getty Images/BBC 

A entrevista consistia em um bate-papo aparentemente casual sobre carreira, aspirações e família. Alguns dos homens eram convidados então a uma segunda conversa.

Embora os médicos insinuassem que estavam procurando candidatos para pilotar um novo tipo de máquina voadora, em nenhum momento eles revelavam sua verdadeira motivação.

"Eles estão procurando pilotos militares, pessoas que já aceitaram a possibilidade de morrer por seu país, que é realmente do que se trata, porque as chances de voltar com vida não são necessariamente muito grandes", explica Walker.

Enquanto a Nasa recruta pilotos de teste militares como seus primeiros astronautas a pilotar a complexa espaçonave Mercury, a cápsula soviética Vostok foi projetada para ser controlada remotamente a partir do solo.

Exceto em caso de uma emergência, os pilotos não chegariam a pilotar muito.

"Eles não estão procurando pessoas com muita experiência", afirma Walker.

"O que eles estão procurando basicamente é uma versão humana de um cão — alguém que possa sentar lá e aguentar a missão, lidar com as forças de aceleração e voltar vivo."

E assim como os cães espaciais que os cientistas de foguetes soviéticos vinham lançando ao espaço há mais de uma década, os cosmonautas teriam que estar em forma, ser obedientes e pequenos o suficiente para caber na cápsula apertada.

Número de integrantes da primeira turma de cosmonautas em potencial caiu para 20, incluindo Yuri Gagarin, o segundo da esquerda — Foto: Getty Images/BBC
Número de integrantes da primeira turma de cosmonautas em potencial caiu para 20, incluindo Yuri Gagarin, o segundo da esquerda — Foto: Getty Images/BBC 

Por fim, 134 indivíduos selecionados — todos jovens pilotos com menos de 1,68 m de altura — tiveram a oportunidade de se "voluntariar" para esta nova missão ultrassecreta.

Alguns foram informados que seriam treinados para pilotar uma espaçonave, outros acreditavam que se tratava de um novo modelo de helicóptero.

Nenhum dos pilotos tinha permissão para discutir a oferta com seus colegas ou consultar suas famílias.

Em paralelo, em abril de 1959, os Estados Unidos anunciavam os nomes dos primeiros sete astronautas da Mercury.

Os candidatos foram submetidos a uma série exaustiva de testes físicos, médicos e psicológicos — detalhados no livro Os Eleitos, de Tom Wolfe (assim como no filme subsequente e na série de TV de mesmo nome).

Quando questionados em uma entrevista coletiva para a imprensa sobre qual dos testes eles menos gostaram, o então candidato a astronauta John Glenn respondeu:

"É difícil escolher um porque se você souber quantas aberturas existem no corpo humano, e quão longe você pode ir em qualquer uma delas... você responde qual seria a mais difícil para você."

Mas, com tantas questões em aberto sobre como os humanos vão lidar com o rigor de um voo espacial — as acelerações, a ausência de gravidade e o isolamento —, havia todos os motivos para escolher os mais aptos física e psicologicamente.

O homem encarregado de testar os candidatos espaciais soviéticos foi Vladimir Yazdovsky, professor do Instituto de Aviação e Medicina Espacial de Moscou.

Ele já havia supervisionado o programa de cães espaciais e era descrito por colegas (privadamente) como um homem severo e arrogante.

"Ele é tipo um daqueles personagens aterrorizantes de James Bond", diz Walker. "E é brutal com esses caras."

Treinamento soviético teve menos ênfase em técnicas de pilotagem do que o da Nasa — Foto: Getty Images/BBC
Treinamento soviético teve menos ênfase em técnicas de pilotagem do que o da Nasa — Foto: Getty Images/BBC 

Em quase todos os casos, os testes soviéticos eram mais longos, mais difíceis e mais rigorosos do que os enfrentados pelos astronautas americanos.

Ao longo de um mês, os candidatos foram injetados, examinados e espetados.

Eles foram colocados em salas com temperaturas elevadas a 70 °C, câmaras onde ficavam progressivamente sem oxigênio e assentos vibratórios para simular o lançamento.

Alguns candidatos desmaiaram, outros simplesmente desistiram.

Durante todo o processo, eles eram proibidos de contar a seus familiares e amigos o que estavam fazendo.

Mesmo naquele mês de testes, alguns ainda não sabiam para o que estavam sendo testados.

Por fim, 20 desses jovens foram aprovados para serem treinados em um novo centro de cosmonautas.

Mais tarde, o centro receberia o nome de Cidade das Estrelas, mas inicialmente era formado apenas por algumas cabanas militares em uma floresta perto de Moscou.

Não houve entrevista coletiva para a imprensa ou qualquer anúncio. Oficialmente, o programa de voos espaciais tripulados por humanos da União Soviética não existia.

Cosmonautas russos tiveram que passar por muitos testes semelhantes aos dos astronautas da Nasa, como o treinamento de gravidade zero — Foto: Getty Images/BBC
Cosmonautas russos tiveram que passar por muitos testes semelhantes aos dos astronautas da Nasa, como o treinamento de gravidade zero — Foto: Getty Images/BBC 

"Se eles deixam a base, são orientados a não contar a ninguém o que estão fazendo, por que estão lá; se alguém perguntar, eles devem dizer que fazem parte de um time esportivo", diz Walker. Tudo é controlado, tudo é segredo. Tudo acontece a portas fechadas."

O programa de treinamento em si é semelhante ao dos americanos, mas com menos ênfase no controle da espaçonave.

Assim como os cães espaciais, os homens são girados em centrífugas com acelerações vertiginosas, lacrados em câmaras de isolamento à prova de som por dias a fio e submetidos a avaliações físicas e psicológicas quase constantes.

Uma diferença significativa em relação ao programa americano é a quantidade de treinamento de paraquedas que os russos receberam.

É que eles precisariam se ejetar de suas espaçonaves à medida que se aproximassem do solo para evitar serem gravemente feridos pelo impacto.

O fato de a cápsula e seu piloto pousarem separadamente é outro segredo que só seria revelado anos depois.

Com vários outros candidatos reprovados, um grupo inicial de seis cosmonautas é selecionado para os primeiros voos.

Após a Nasa declarar publicamente que espera lançar seu primeiro homem ao espaço na primavera de 1961, o chefe do programa soviético, Sergei Korolev, sabe que tem uma janela estreita de oportunidade.

Em 5 de abril de 1961, os cosmonautas chegaram ao que hoje é conhecido como Cosmódromo de Baikonur, no deserto do Cazaquistão, onde o foguete R7 de Korolev estava sendo preparado.

Naquele momento, nenhum deles sabia quem seria o primeiro a ser enviado ao espaço. Finalmente, apenas alguns dias antes do lançamento, Gagarin recebeu o aval.

Só depois de uma transmissão oficial, quando Gagarin está na órbita da Terra, que as pessoas, exceto as mais próximas do programa espacial, viriam a saber seu nome.

De acordo com Ostroumov, correspondente especial do jornal Izvestia, na manhã de 12 de abril, Gagarin deu "um último aceno aos amigos e camaradas lá embaixo [do foguete] e entrou na espaçonave, alguns segundos depois o comando foi dado... a gigantesca espaçonave se ergueu de uma nuvem de fogo em direção às estrelas".

Ele voltaria à Terra como o garoto-propaganda da União Soviética — o piloto espacial eleito da Rússia.

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7 mitos e meio sobre o cérebro derrubados

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Cada vez mais, ciência faz novas revelações sobre órgão com o qual pensamos, mas às vezes permanecem ideias erradas que geram confusão.
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TOPO
Por Dalia Ventura, BBC

Postado em 18 de julho de 2021 às 15h45m


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Cada vez mais, ciência faz novas revelações sobre órgão com o qual pensamos, mas às vezes permanecem ideias erradas que geram confusão — Foto: Getty Images/BBC
Cada vez mais, ciência faz novas revelações sobre órgão com o qual pensamos, mas às vezes permanecem ideias erradas que geram confusão — Foto: Getty Images/BBC

Existem ideias que duram porque têm o potencial de revelar conceitos surpreendentes, enquanto outras não sobrevivem ao rigor científico.

No século 4 a.C., Aristóteles (384 a.C. — 322 a.C.) considerava o cérebro um órgão secundário que servia para resfriar o sangue que o coração usava para funções mentais. Mas era também um lugar onde o espírito circulava livremente e onde estava, em sua visão, o sensus communis (ou "senso comum").

Séculos de pesquisa depois, o médico romano Galeno de Pérgamo (c.130-c.210 d.C.) concluiu que o cérebro era o grande responsável por nossas funções mentais e não o coração, como Aristóteles havia sugerido.

O sensus communis, no entanto, sobreviveu. No século 16, quando Leonardo da Vinci (1452 - 1519) estava desenhando e estudando o cérebro, um de seus objetivos era encontrar sua localização; filósofos como Tomás de Aquino, Locke e Kant o exploraram; a psicologia o acolheu, e os cientistas continuaram a testar o conceito daquele sexto sentido que refina a informação percebida por nossos cinco sentidos até hoje.

Mas há outras noções que, embora a ciência já tenha determinado que estão erradas, permanecem teimosamente ressoando, não graças às evidências, mas à repetição e à crença.

O cérebro, aquela "obra-prima da criação", como disse o cientista dinamarquês Nicolaus Steno em 1669, é um daqueles campos minados de tais falsos conhecimentos e imprecisões.

Como não estamos imunes a isso, consultamos a renomada neurocientista Lisa Feldman Barrett, autora do livro Seven and a Half Lessons About the Brain" ("Sete lições e meia sobre o cérebro", no qual ela desmistifica "aquela grande massa cinzenta entre nossas orelhas".

Perguntamos a ela se é verdade, por exemplo, que nascemos com um certo número de neurônios, que eles não se renovam, já que não se reproduzem como as outras células do corpo.

Viva Você - Cérebro
Viva Você - Cérebro

½. Neurônios limitados

Isso é quase verdade.

"Os humanos perderam a capacidade de regenerar neurônios... exceto em alguns lugares do cérebro", assinala a neurocientista.

E não apenas nós.

"Animais de vida longa tendem a perder essa capacidade porque, quando novos neurônios substituem os antigos, as memórias são perdidas".

"Não é que cada neurônio guarde uma memória, mas se trata de um conjunto que se comunica, ou seja, se um falta, essa relação molecular se perde e com ela parte do que foi aprendido".

O engraçado é que outros animais regeneram neurônios constantemente ao longo de sua vida.

"Os pássaros são animais muito interessantes porque há partes do cérebro deles, nas quais os neurônios se regeneram a cada ano para aprender novas canções para atrair parceiros. Na verdade, foi assim que a plasticidade (do cérebro) foi descoberta".

"Na Universidade Rockefeller (Estados Unidos), pesquisadores notaram que o tamanho dos núcleos cantantes — os núcleos em seus cérebros que são responsáveis por controlar sua respiração e seu aparelho vocal e seus corpos para que possam cantar — estavam se expandindo e diminuindo a cada ano, e constataram que eles estavam criando novos neurônios naquela época do ano".

"Os pesquisadores presumiram então que a criação de neurônios só ocorria nas aves, mas não nos mamíferos. Na verdade, ela não só ocorre nos mamíferos, mas também nos primatas e até nos humanos, embora apenas em partes específicas do cérebro como o hipocampo, por exemplo".

Em todo caso, você já deve ter ouvido falar que só usamos parte dos neurônios daqueles que temos. Isso é verdade?

Marcador de sinapse em neurônio. — Foto: Janin Lautenschläger
Marcador de sinapse em neurônio. — Foto: Janin Lautenschläger

1. Neurônios desperdiçados

"A ideia de que usamos apenas 5% ou 10% dos nossos neurônios simplesmente não é verdade.

"Entre outras coisas, seria metabolicamente ineficiente. Seu cérebro é seu órgão mais dispendioso: responde por cerca de 20% de seu gasto metabólico diariamente. Imagine desperdiçar 90% de sua capacidade!

"Isso é um absurdo e não faz o menor sentido".

"Usamos o cérebro o tempo todo e não um neurônio, mas milhões e milhões a cada momento."

Claro, armazenando tudo que nossos sentidos percebem, não?

Vemos com os olhos, ouvimos com os ouvidos e sentimos com a pele... certo? — Foto: Pexels/Meo
Vemos com os olhos, ouvimos com os ouvidos e sentimos com a pele... certo? — Foto: Pexels/Meo

2. Seus olhos veem, seus ouvidos ouvem, sua pele sente

Não exatamente.

Todas as nossas sensações são interpretações do cérebro.

"Você precisa de algum tipo de superfície sensorial, algum tipo de receptor, para levar informações para o cérebro", como as orelhas, a pele, o nariz, os olhos.

Mas esses sinais — ondas de luz, som — que eles captam não fazem sentido até que o cérebro os processe.

"É por isso que existem condições como a cegueira cortical, em que os olhos funcionam bem, mas há danos nas partes do cérebro que são importantes para criar a visão."

Você não vê com os olhos, nem ouve com os ouvidos, nem sente com a pele: você o faz com o cérebro, que combina o que está na sua cabeça e os dados sensoriais detectados pelos seus órgãos.

Mas não é só isso...

Temos realmente uma 'besta interior' que explica nossas ações irracionais? — Foto: Pexels/Mart Production
Temos realmente uma 'besta interior' que explica nossas ações irracionais? — Foto: Pexels/Mart Production

3. Suas emoções estão em seu coração

Quando a emoção o invade, "quando você sente o batimento cardíaco, não o sente no peito, mas na cabeça".

"É difícil de entender, mas você não sente nada em seu corpo, tudo o que você sente está em seu cérebro."

A dor, a alegria... tudo, porque o cérebro é quem escreve a história, ele é o narrador.

E abriga as paixões nas profundezas de sua parte mais antiga...

4. Você tem uma 'besta interior'

Bem... não é assim.

É verdade que existe um modelo conhecido como "cérebro trino", que consiste no complexo reptiliano, no sistema límbico e no neocórtex, sendo que o primeiro controla o comportamento e o pensamento instintivo para a sobrevivência, o segundo encarrega-se de regular as emoções, a memória e as relações sociais, e o terceiro é responsável pelas funções mais sofisticadas.

"Por anos, os cientistas pensaram que a parte reptiliana envolvida no circuito límbico era o lar de nossa besta interior, a parte mais reativa de seu ser que tinha que ser controlada pela razão".

"Segundo essa hipótese, seu cérebro é um campo de batalha entre sua besta interior e seu eu racional superior. Quando a racionalidade vence, você é moral, virtuoso e saudável, mas quando sua besta interior vence, você é imoral, porque não se esforçou o suficiente ou você está doente, porque a racionalidade não conseguiu controlar sua besta interior".

"Toda essa narrativa é um mito completo".

"Mas o que é realmente interessante é que as regiões do cérebro que foram marcadas como sua besta interior são, na verdade, aquelas que controlam seu corpo — seus pulmões, seu coração, seu sistema imunológico, seu metabolismo... seu corpo físico inteiro. E alguns de eles estão no centro da memória, tomada de decisão, racionalidade e percepção".

"Essas regiões estão praticamente envolvidas em tudo que seu cérebro faz."

Então, elas estão envolvidas na função principal do cérebro, o raciocínio?

5. O cérebro é para pensar

Se você se pergunta para que o cérebro é importante, pode responder "pensar" ou "sentir" ou "a capacidade de perceber o mundo".

"Na verdade, a tarefa mais importante do seu cérebro é mantê-lo vivo. Pense, sinta e perceba para controlar os sistemas internos do seu corpo para que você sobreviva, se mantenha saudável e, eventualmente, procrie — do ponto de vista evolutivo — e/ou prospere — do ponto de vista individual".

O curioso é que para fazer isso...

6. Seu cérebro reage

Uma das coisas que mais surpreendeu Lisa Feldman Barrett foi aprender que o cérebro funciona por meio de previsões.

"Não pude acreditar porque não gasto meu tempo fazendo previsões e depois reagindo a elas, mas experimentando algo e reagindo naquele momento".

"Mas a verdade é que você não reage às coisas do mundo".

"Seu cérebro está executando um padrão interno que aprendeu, contingências dos sinais sensoriais aos quais foi exposto ao longo de sua vida, e está constantemente adivinhando o que vai acontecer".

"Ele faz isso automaticamente, disparando sinais de seus próprios neurônios para antecipar os dados dos sentidos de seus serviços sensoriais. Então, quando os dados chegam, ele faz comparações".

"Não é que você nunca encontre coisas novas, mas você não sai por aí se surpreendendo a vida inteira".

"Quando há uma surpresa, o que acontece é que seu cérebro tenta prever, como sempre, mas os sinais não são previstos, e essa é uma oportunidade de aprender algo novo."

E finalmente...

7. Seu cérebro trabalha sozinho

Acontece que seu cérebro trabalha secretamente com o de outras pessoas.

Sua família, amigos, vizinhos e até estranhos contribuem para a estrutura e função de seu cérebro e ajudam a manter seu corpo funcionando.

Experimentos mostraram que mudanças no corpo de uma pessoa frequentemente causam mudanças em outra, quer os dois estejam romanticamente envolvidos, sejam apenas amigos ou estranhos se encontrando pela primeira vez.

Quando você está com alguém de quem gosta, sua respiração e seus batimentos cardíacos são sincronizados. Esse tipo de conexão física ocorre entre bebês e seus cuidadores, entre terapeutas e seus clientes e entre pessoas que fazem uma aula de ioga ou cantam juntas em um coral.

Se, por outro lado, as pessoas não se bicam, seus cérebros são como parceiros de dança que não param de pisar em seus pés.

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