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quinta-feira, 2 de junho de 2022

PIB do Brasil avança 1% no 1º trimestre, impulsionado por serviços

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Nível da atividade econômica alcança patamar 1,6% acima do período pré-pandemia, mas ainda está 1,7% abaixo da melhor marca histórica, alcançada em 2014.
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Por Darlan Alvarenga e Daniel SIlveira, g1

Postado em 02 de junho de 2022 às 11h00m

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Pessoas transitam pela rua 25 de Março, tradicional região de comércio em São Paulo, em 26 de março de 2022  — Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press via Estadão Conteúdo
Pessoas transitam pela rua 25 de Março, tradicional região de comércio em São Paulo, em 26 de março de 2022 — Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press via Estadão Conteúdo

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1% no 1º trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, conforme divulgado nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Frente ao mesmo trimestre de 2021, o avanço foi de 1,7%. Em valores correntes, o PIB chegou a R$ 2,249 trilhões.

Trata-se do terceiro resultado positivo seguido, depois do recuo registrado no segundo trimestre de 2021 (-0,2%). O avanço, porém foi menor que o alcançado no 1° trimestre do ano passado (1,1%) frente ao 4º trimestre de 2020.

Veja no gráfico:

Variação trimestral do PIB desde 2017 — Foto: Arte g1
Variação trimestral do PIB desde 2017 — Foto: Arte g1

O resultado representa uma aceleração frente aos trimestre anteriores, impulsionada pelo setor de serviços – o mais impactado pela pandemia e de maior peso na economia –, que ainda tem encontrado espaço para recuperar o nível de atividade pré-Covid, apesar dos impactos da inflação e dos juros altos.

De acordo com o IBGE, com esse resultado, o PIB está 1,6% acima do patamar do quatro trimestre de 2019, período pré-pandemia, e 1,7% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do país, registrado no primeiro trimestre de 2014, o que equivale ao patamar observado em meados de 2013.

"Isso significa que a gente mais que superou a retração que teve com a pandemia, mas ainda não foi suficiente para recuperar o patamar anterior à crise de 2016", destacou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Mediana de pesquisa do jornal "Valor Econômico" com 82 instituições financeiras e consultorias projetava uma alta de 1% para o PIB do 1º trimestre, em relação ao 4º trimestre de 2021. Já a expectativa de pesquisa da Reuters era de avanço de 1,2%.

O IBGE revisou os dados trimestrais de 2021. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a alta do PIB nos 3 primeiros meses do ano passado foi de 1,1%, diferente do crescimento de 1,4% divulgado anteriormente.

Já a queda registrada no segundo trimestre foi revisada de -0,3% para -0,2%. No terceiro trimestre, houve crescimento de 0,1,% em vez de queda de 0,1%. Já a alta do 4º trimestre passou de 0,5% para 0,7%.

No acumulado em quatro trimestres, o PIB cresceu 4,7%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é o principal indicador usado para medir a evolução da economia (entenda como ele é calculado).

Principais destaques do PIB do 1º trimestre:

  • Serviços: 1%
  • Indústria: 0,1%
  • Agropecuária: -0,9%
  • Consumo das famílias: 0,7%
  • Consumo do governo: 0,1%
  • Investimentos: -3,5%
  • Exportações: 5%
  • Importação: -4,6%
Inflação freia crescimento

Principal destaque do PIB no primeiro trimestre de 2022, o setor de serviços – o de maior peso na economia brasileira – foi beneficiado pelo aumento no consumo das famílias, que cresceu tanto na comparação com o 4º trimestre (0,7%) quanto em relação ao 1º trimestre de 2021 (2,2%). Mas esse crescimento poderia ter sido ainda maior, não fosse a inflação tão alta.

A gente só não tem como calcular quão maior esse consumo poderia ter sido sem o impacto da inflação, enfatizou a gerente da pesquisa Rebeca Pallis.

Esse desempenho do consumo das famílias se deve, segundo a pesquisadora, ao comportamento do mercado de trabalho, que vem andando de lado”.

A gente tem um crescimento importante da ocupação, mas com os rendimentos reais em queda. O consumo das famílias é muito direcionado pela massa salarial, que por sua vez é muito influenciada pela inflação, enfatizou.

Rebeca apontou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no país, acumulado em 12 meses ficou 10,7% acima do registrado no primeiro trimestre de 2021. Associada à inflação, a taxa básica de juros passou de 2% para 10,1% ao ano.

Análise setorial

Entre os grandes setores, houve queda na agropecuária (-0,9%), variação perto da estabilidade na indústria (0,1%) e elevação dos serviços (1%).

Pela ótica da despesa, a o consumo das famílias cresceu 0,7%, o consumo do governo teve variação de 0,1% e os investimentos caíram 3,5%.

O setor de serviços representa 70% do PIB do país. Dentro dos serviços, o maior crescimento foi de outros serviços, que tiveram alta de 2,2%, no trimestre, e comportam muitas atividades dos serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação. Muitas dessas atividades são presenciais e tiveram demanda reprimida durante a pandemia, explicou a coordenadora da pesquisa.

PIB sob a ótica da oferta — Foto: Arte g1
PIB sob a ótica da oferta — Foto: Arte g1

Também houve avanço no PIB dos serviços de transporte, armazenagem e correio (2,1%), comércio (1,6%), atividades imobiliárias (0,7%) e administração, saúde e educação pública (0,6%). Os únicos recuos foram em informação e comunicação (-5,3%) e na intermediação financeira e seguros (-0,7%).

Segundo o IBGE, o setor de turismo e viagens também contribuiu para o crescimento dos serviços no 1º trimestre, com avanço no transporte de passageiros, sobretudo o aéreo, além de alojamento e alimentação.

Frente ao primeiro trimestre do ano passado, os serviços avançaram 3,7%, com alta na maior parte de suas atividades, com destaque para "outras atividades" (12,6%), que foram beneficiadas pela reabertura da economia e retomada da demanda por serviços presenciais.

Queda na agropecuária e nas indústrias extrativas

Segundo o IBGE, a queda de 0,9% da agropecuária é explicada principalmente pela estiagem no Sul, que causou a diminuição na estimativa da produção de soja, a maior cultura da lavoura brasileira.

Na indústria, o único desempenho negativo ocorreu nas indústrias extrativas (-3,4%). Houve avanço nas atividades de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (6,6%), indústrias de transformação (1,4%) e construção (0,8%).

Na comparação interanual, o IBGE apontou que o recuo de 8% da agropecuária foi puxado, principalmente, pela queda nas safras da soja (-12,2), do arroz (-8,5%), de fumo (-7,3%) e de mandioca (-2,7%).

Já o recuo de 1,5% da indústria se deve, sobretudo, à queda na produção de máquinas e aparelhos elétricos (a indústria de transformação recuou 4,7%) e à queda na extração de minérios ferrosos (a indústria extrativa recuou 2,4%).

A construção, por sua vez, avançou 9% na comparação interanual e registrou avanço de 12,8% no número de trabalhadores ocupados. O IBGE atribui este avanço às obras públicas, aceleradas em ano eleitoral.

PIB sob a ótica da demanda — Foto: Arte g1
PIB sob a ótica da demanda — Foto: Arte g1

Consumo cresce e investimento cai

O consumo, tanto das famílias quanto do governo, avançou pelo segundo trimestre seguido – respectivamente de 2,1% para 2,2%, e de 2,8% para 3,3%.

Já os investimentos mantiveram trajetória de piora, com queda de 3,5% frente aos 3 meses anteriores e de 7,2% na comparação interanual.

No primeiro trimestre, a taxa de investimento foi de 18,7% do PIB, ficando abaixo da registrada no mesmo período do ano passado (19,7%). Essa queda foi impactada pela diminuição na produção e importação de bens de capital, apesar de a construção ter crescido no período, destacou a pesquisadora.

Nesta divulgação do IBGE não foram incluídas as Contas Econômicas Integradas (que inclui a taxa de poupança e taxa de necessidade de financiamento do país) e a Conta Financeira Trimestral (que mostra quais ativos foram mais usados para financiar a economia do país).

Essa duas contas são muito focadas no balanço de pagamentos mas, por conta da não divulgação do balanço de pagamentos de março pelo Banco Central, desta vez não foi possível incluí-las nesta divulgação, afirmou Pallis, citando os impactos da greve dos servidores nas divulgações do BC.

Padovani: PIB do trimestre é resultado do ambiente global positivo, mas quadro não parece promissorPadovani: PIB do trimestre é resultado do ambiente global positivo, mas quadro não parece promissor

Perspectivas

O bom resultado do 1º trimestre e indicadores antecedentes positivos nos últimos meses têm levado a uma revisão para cima das projeções para o crescimento da economia em 2022. Analistas apontam para um avanço do PIB acima de 1% no ano, enquanto o governo estima uma alta de 1,5%.

Por outro lado, parte das previsões para 2023 têm sido revistas para baixo, com algumas casas apontando até mesmo para o risco de retração, em meio à inflação persistente, juros em alta, temores de recessão global e incertezas relacionadas à corrida eleitoral no Brasil.

O Santander, por exemplo, passou a projetar crescimento de 1,2% em 2022. Contudo, a revisão agora vê uma ameaça maior de recessão em 2023. "Estimamos uma contração de -0,6%, destacou o banco.

Em 2021, o PIB do Brasil cresceu 4,6%, após o tombo de 3,9% em 2000.

Extrema pobreza tem aumento de 24% no Brasil em 2022Extrema pobreza tem aumento de 24% no Brasil em 2022
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Eureka: o enigmático poema de Edgar Allan Poe que antecipou grandes teorias como o Big Bang

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A obra foi menosprezada nos Estados Unidos, mas foi exaltada como visionária na Europa e censurada na Rússia.
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TOPO
Por BBC

Postado em 02 de junho de 2022 às 08h35m

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Edgar Allan Poe — Foto: Getty Images via BBC
Edgar Allan Poe — Foto: Getty Images via BBC

Visionário, à frente de seu tempo, com problemas de saúde mental, ou apenas um escritor com uma grande imaginação?

Edgar Allan Poe (1809-1849) foi muitas coisas: pai do romance policial, mestre do conto e do terror, o primeiro americano que tentou viver como escritor e que, surpreendentemente, conseguiu, além de jornalista, alcoólatra, pensador.

Mas há algo pelo qual Poe era fascinado desde pequeno, a ciência. E, com sua mente inquieta, dedicou-se a especular sobre o cosmos e a origem das coisas.

Assim, escreveu uma obra em que antecipou algumas das teorias modernas da cosmologia, incluindo o Big Bang.

O ensaio recebeu o nome da célebre expressão atribuída a Arquimedes, Eureka.

Um universo dinâmico e em evolução

Publicado em 1848, apenas um ano antes de sua morte, Eureka é um "poema em prosa", uma espécie de ensaio cosmogônico. É dedicado "com profundo respeito" a Alexander von Humboldt (1769-1859), explorador, astrônomo e cofundador da geografia como ciência empírica.

É justamente a obra de von Humboldt que desperta a imaginação de Poe, que o elogia por suas tentativas de descrever o universo.

Quando a obra foi publicada, era consenso entre os físicos que o universo era estático, infinito, mecânico e eterno. Contrapondo estas convenções, Poe apresenta em seu ensaio um universo dinâmico, em constante evolução.

Mas o que ele antecipou em Eureka que, ainda hoje, chama a atenção de físicos e astrônomos?

Já na introdução de Eureka, Poe alerta para seus objetivos ambiciosos:

Desejo falar do físico, metafísico e matemático — do universo material e espiritual — de sua essência, sua origem, sua criação, sua condição atual e seu destino.

1. O Big Bang

Este modelo afirma que, em sua origem, o universo era uma matéria altamente concentrada com uma temperatura bastante elevada. Após uma explosão, se expandiu e, a partir daí, devido à gravidade, formaram-se as estrelas e galáxias.

A teoria do Big Bang começou a tomar forma no início do século 20 pelas mãos do físico e clérigo belga Georges Lemaître e foi desenvolvida finalmente pelo físico ucraniano (embora nascido sob o império russo e posteriormente naturalizado americano) George Gamow em 1948.

Quando Poe escreve Eureka, a visão vigente do universo era de algo estático, mecânico e finito. Ele o apresenta como o oposto: diverso, infinito e repleto de estrelas, feitas de átomos variados. De onde vinha esta variedade? Ele descreve da seguinte maneira:

Minha suposição geral, então, é esta: Na unidade original da primeira coisa está a causa secundária de todas as coisas, com o germe de sua aniquilação inevitável.

Ou seja, uma partícula inicial, densa, que se divide e se expande pelo universo. Uma descrição que antecipa, com 100 anos de diferença, a teoria que Gamow finalmente apresentou.

2. O Big Crunch e o modelo do universo oscilante

E não para por aí, porque depois ele sugere que a força da gravidade fará com que todo o universo se contraia e colapse sobre si mesmo em uma nova partícula primordial.

Isto, a contração do universo sobre si mesmo que geraria um estado semelhante ao que se encontrava a matéria antes do Big Bang, é a hipótese que, no século 21, foi levantada pela teoria do Big Crunch (ou Grande Colapso).

Além disso, propõe que o cosmos poderia estar em um ciclo constante de expansão (Big Bang) e contração (Big Crunch) e antecipa o que hoje é conhecido como a teoria do universo oscilante.

3. Paradoxo de Olbers ou 'por que o céu é escuro'

O paradoxo de Olbers foi um problema levantado pelo astrônomo alemão Heinrich Olbers em 1823. Ele afirma que se o universo é infinito e as estrelas também, ao olhar para o céu noturno ele deveria estar completamente brilhante. Então, por que o céu é escuro?

O físico Paul Halpern (Estados Unidos, 1961), professor de física da Universidade da Filadélfia, escreveu vários artigos nos quais esmiúça o texto de Poe, na revista Aeaon e na plataforma Medium. Ele observa que "um dos grandes triunfos de Eureka é a solução inteligente de Poe para este enigma científico desconcertante".

Eis o que Poe diz a respeito:

Se a sucessão de estrelas fosse infinita, então o fundo do céu nos apresentaria uma luminosidade uniforme, como aquela mostrada pela Galáxia — já que não poderia haver absolutamente nenhum ponto, em todo esse pano de fundo, no qual não existiria uma estrela.

O único modo, portanto, no qual, sob tal estado de coisas, poderíamos compreender os vazios que nossos telescópios encontram em inumeráveis ​​direções, seria supondo que a distância do pano de fundo invisível é tão imensa que nenhum raio dele foi capaz de nos alcançar por completo.

Poe foi o primeiro a sugerir que é impossível para nós conseguir ver todo o universo, que nem sempre esteve ali, e que a luz das estrelas pode levar vários anos (milhões de anos, na verdade) para chegar até nós.

Em 1987, o astrônomo Edward Harrison reconhece este feito de Poe em seu livro A Escuridão da Noite: Um Enigma do Universo.

4. Teoria da relatividade, multiverso e buracos negros

Em outras partes do livro, Poe toca na ideia de que "espaço e duração são um só", o que alguns veem como uma profetização do "espaço-tempo" relativista, e reflete sobre a intercambialidade da matéria e da energia.

Falar sobre isso, em particular, nos leva a pensar em Albert Einstein, que formulou sua teoria da relatividade em 1915.

No final de Eureka, Poe sugere que nosso universo poderia ser um dos muitos que existem em um plano infinito, uma das primeiras referências a outros universos.

Não está em Eureka, mas em um conto anterior, Uma descida ao Maelstrom, em que Poe descreve um redemoinho, um vórtice mortal para onde objetos são arrastados sem deixar vestígios. Embora Poe o situe no oceano, sem dúvida, esta capacidade de aniquilação total é uma das principais características dos buracos negros na astrofísica.

Para Poe, Eureka foi o ápice de suas obras. Dizem que ele estava tão entusiasmado com ela que pediu ao seu editor que imprimisse milhares de cópias. Ele não deu muita atenção, e a primeira edição foi lançada com apenas 500 exemplares.

A crítica foi voraz com Poe, já bastante doente e afetado pela morte da esposa. Nos Estados Unidos, o ensaio passou em branco até o final do século 20. Ainda hoje, boa parte dos biógrafos de Poe e acadêmicos versados ​​em sua obra o veem como um trabalho menor.

Na Europa, ele teve um pouco mais de sorte. A obra chegou com as traduções do poeta francês Charles Baudelaire e ali suas ideias ressoaram um pouco mais, sobretudo entre os filósofos, e foi considerada uma obra-prima visionária. Tão visionária que, em 1871, foi proibida na Rússia czarista.

A ideia de que Poe, em seus últimos anos de vida, embriagado, angustiado pela morte da esposa pouco tempo antes, com problemas de saúde mental, escreveu esta obra como resultado de seus delírios, se manteve ao longo do tempo.

Contribuiu em grande parte para esta ideia o fato de que Marie Bonaparte, sobrinha-neta de Napoleão e discípula de Sigmund Freud, escreveu uma biografia na qual analisa psicologicamente o autor americano com base em Eureka e no restante de suas obras.

No prefácio, escrito por Freud, ele trata Poe como um caso patológico, algo que Albert Einstein também disse na sua época.

Mas, afinal, Eureka é uma obra feita com rigor científico ou o ensaio literário de um lunático?

O astrônomo Alberto Cappi (Itália, 1962), que atualmente trabalha no Observatório Astronômico de Bolonha, é autor de várias publicações em que fala sobre Poe, Eureka e sua relação com a cosmologia.

De acordo com sua visão da obra: "Não é uma maluquice, tampouco uma teoria científica. Nos oferece uma visão fascinante do Universo por parte de uma mente imaginativa, que usando a ciência de seu tempo foi capaz de conceber a cosmologia mais revolucionária do século 19."

Seja como for, Eureka é o último suspiro criativo de Edgar Allan Poe. Tanto que o esforço o deixou esgotado. Foi o que ele contou numa carta a María Clemm, sua tia e, posteriormente, sogra:

Minha querida, querida sogra,

Tenho andado muito doente. Tenho tido cólera e espasmos tão fortes que agora mal consigo segurar a caneta. (...)

Não tenho vontade de viver desde que fiz Eureka. Não consegui fazer mais nada.

Nunca estive realmente louco, exceto nas ocasiões em que meu coração estava comovido (...)

A carta foi assinada em 7 de julho de 1849. Exatamente 3 meses depois, Edgar Allan Poe morreu de causas que ainda não foram esclarecidas.

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