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Nível da atividade econômica alcança patamar 1,6% acima do período pré-pandemia, mas ainda está 1,7% abaixo da melhor marca histórica, alcançada em 2014.===+===.=.=.= =---____--------- ---------____------------____::_____ _____= =..= = =..= =..= = =____ _____::____-------------______--------- ----------____---.=.=.=.= +====
Por Darlan Alvarenga e Daniel SIlveira, g1
Postado em 02 de junho de 2022 às 11h00m
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Pessoas transitam pela rua 25 de Março, tradicional região de comércio em São Paulo, em 26 de março de 2022 — Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press via Estadão Conteúdo
Trata-se do terceiro resultado positivo seguido, depois do recuo registrado no segundo trimestre de 2021 (-0,2%). O avanço, porém foi menor que o alcançado no 1° trimestre do ano passado (1,1%) frente ao 4º trimestre de 2020.
Veja no gráfico:
Variação trimestral do PIB desde 2017 — Foto: Arte g1
O resultado representa uma aceleração frente aos trimestre anteriores, impulsionada pelo setor de serviços – o mais impactado pela pandemia e de maior peso na economia –, que ainda tem encontrado espaço para recuperar o nível de atividade pré-Covid, apesar dos impactos da inflação e dos juros altos.
De acordo com o IBGE, com esse resultado, o PIB está 1,6% acima do patamar do quatro trimestre de 2019, período pré-pandemia, e 1,7% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do país, registrado no primeiro trimestre de 2014, o que equivale ao patamar observado em meados de 2013.
"Isso significa que a gente mais que superou a retração que teve com a pandemia, mas ainda não foi suficiente para recuperar o patamar anterior à crise de 2016", destacou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Mediana de pesquisa do jornal "Valor Econômico" com 82 instituições financeiras e consultorias projetava uma alta de 1% para o PIB do 1º trimestre, em relação ao 4º trimestre de 2021. Já a expectativa de pesquisa da Reuters era de avanço de 1,2%.
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Miriam Leitão analisa resultado do PIB do primeiro trimestre do ano
O IBGE revisou os dados trimestrais de 2021. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a alta do PIB nos 3 primeiros meses do ano passado foi de 1,1%, diferente do crescimento de 1,4% divulgado anteriormente.
Já a queda registrada no segundo trimestre foi revisada de -0,3% para -0,2%. No terceiro trimestre, houve crescimento de 0,1,% em vez de queda de 0,1%. Já a alta do 4º trimestre passou de 0,5% para 0,7%.
No acumulado em quatro trimestres, o PIB cresceu 4,7%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é o principal indicador usado para medir a evolução da economia (entenda como ele é calculado).
Principais destaques do PIB do 1º trimestre:
- Serviços: 1%
- Indústria: 0,1%
- Agropecuária: -0,9%
- Consumo das famílias: 0,7%
- Consumo do governo: 0,1%
- Investimentos: -3,5%
- Exportações: 5%
- Importação: -4,6%
Principal destaque do PIB no primeiro trimestre de 2022, o setor de serviços – o de maior peso na economia brasileira – foi beneficiado pelo aumento no consumo das famílias, que cresceu tanto na comparação com o 4º trimestre (0,7%) quanto em relação ao 1º trimestre de 2021 (2,2%). Mas esse crescimento poderia ter sido ainda maior, não fosse a inflação tão alta.
“A gente só não tem como calcular quão maior esse consumo poderia ter sido sem o impacto da inflação”, enfatizou a gerente da pesquisa Rebeca Pallis.
Esse desempenho do consumo das famílias se deve, segundo a pesquisadora, ao comportamento do mercado de trabalho, que vem “andando de lado”.
“A gente tem um crescimento importante da ocupação, mas com os rendimentos reais em queda. O consumo das famílias é muito direcionado pela massa salarial, que por sua vez é muito influenciada pela inflação”, enfatizou.
Rebeca apontou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no país, acumulado em 12 meses ficou 10,7% acima do registrado no primeiro trimestre de 2021. Associada à inflação, a taxa básica de juros passou de 2% para 10,1% ao ano.
Análise setorial
Entre os grandes setores, houve queda na agropecuária (-0,9%), variação perto da estabilidade na indústria (0,1%) e elevação dos serviços (1%).
Pela ótica da despesa, a o consumo das famílias cresceu 0,7%, o consumo do governo teve variação de 0,1% e os investimentos caíram 3,5%.
O setor de serviços representa 70% do PIB do país. “Dentro dos serviços, o maior crescimento foi de outros serviços, que tiveram alta de 2,2%, no trimestre, e comportam muitas atividades dos serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação. Muitas dessas atividades são presenciais e tiveram demanda reprimida durante a pandemia”, explicou a coordenadora da pesquisa.
PIB sob a ótica da oferta — Foto: Arte g1
Também houve avanço no PIB dos serviços de transporte, armazenagem e correio (2,1%), comércio (1,6%), atividades imobiliárias (0,7%) e administração, saúde e educação pública (0,6%). Os únicos recuos foram em informação e comunicação (-5,3%) e na intermediação financeira e seguros (-0,7%).
Segundo o IBGE, o setor de turismo e viagens também contribuiu para o crescimento dos serviços no 1º trimestre, com avanço no transporte de passageiros, sobretudo o aéreo, além de alojamento e alimentação.
Frente ao primeiro trimestre do ano passado, os serviços avançaram 3,7%, com alta na maior parte de suas atividades, com destaque para "outras atividades" (12,6%), que foram beneficiadas pela reabertura da economia e retomada da demanda por serviços presenciais.
Queda na agropecuária e nas indústrias extrativas
Segundo o IBGE, a queda de 0,9% da agropecuária é explicada principalmente pela estiagem no Sul, que causou a diminuição na estimativa da produção de soja, a maior cultura da lavoura brasileira.
Na indústria, o único desempenho negativo ocorreu nas indústrias extrativas (-3,4%). Houve avanço nas atividades de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (6,6%), indústrias de transformação (1,4%) e construção (0,8%).
Na comparação interanual, o IBGE apontou que o recuo de 8% da agropecuária foi puxado, principalmente, pela queda nas safras da soja (-12,2), do arroz (-8,5%), de fumo (-7,3%) e de mandioca (-2,7%).
Já o recuo de 1,5% da indústria se deve, sobretudo, à queda na produção de máquinas e aparelhos elétricos (a indústria de transformação recuou 4,7%) e à queda na extração de minérios ferrosos (a indústria extrativa recuou 2,4%).
A construção, por sua vez, avançou 9% na comparação interanual e registrou avanço de 12,8% no número de trabalhadores ocupados. O IBGE atribui este avanço às obras públicas, aceleradas em ano eleitoral.
PIB sob a ótica da demanda — Foto: Arte g1
Consumo cresce e investimento cai
O consumo, tanto das famílias quanto do governo, avançou pelo segundo trimestre seguido – respectivamente de 2,1% para 2,2%, e de 2,8% para 3,3%.
Já os investimentos mantiveram trajetória de piora, com queda de 3,5% frente aos 3 meses anteriores e de 7,2% na comparação interanual.
No primeiro trimestre, a taxa de investimento foi de 18,7% do PIB, ficando abaixo da registrada no mesmo período do ano passado (19,7%). “Essa queda foi impactada pela diminuição na produção e importação de bens de capital, apesar de a construção ter crescido no período”, destacou a pesquisadora.
Nesta divulgação do IBGE não foram incluídas as Contas Econômicas Integradas (que inclui a taxa de poupança e taxa de necessidade de financiamento do país) e a Conta Financeira Trimestral (que mostra quais ativos foram mais usados para financiar a economia do país).
“Essa duas contas são muito focadas no balanço de pagamentos mas, por conta da não divulgação do balanço de pagamentos de março pelo Banco Central, desta vez não foi possível incluí-las nesta divulgação”, afirmou Pallis, citando os impactos da greve dos servidores nas divulgações do BC.
O bom resultado do 1º trimestre e indicadores antecedentes positivos nos últimos meses têm levado a uma revisão para cima das projeções para o crescimento da economia em 2022. Analistas apontam para um avanço do PIB acima de 1% no ano, enquanto o governo estima uma alta de 1,5%.
Por outro lado, parte das previsões para 2023 têm sido revistas para baixo, com algumas casas apontando até mesmo para o risco de retração, em meio à inflação persistente, juros em alta, temores de recessão global e incertezas relacionadas à corrida eleitoral no Brasil.
O Santander, por exemplo, passou a projetar crescimento de 1,2% em 2022. Contudo, a revisão agora vê uma ameaça maior de recessão em 2023. "Estimamos uma contração de -0,6%”, destacou o banco.
Em 2021, o PIB do Brasil cresceu 4,6%, após o tombo de 3,9% em 2000.
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