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domingo, 12 de dezembro de 2021

Busca desesperada por sobreviventes continua após devastação dos tornados nos EUA

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Em fábrica de velas, no Kentucky, e em depósito da Amazon, em Illinois, equipes de resgate continuam trabalhando neste domingo (12); as estruturas foram praticamente totalmente destruídas pela série de tornados que passou por cinco estados americanos entre sexta (10) e sábado (11).
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TOPO
Por France Presse
12/12/2021 13h55 
Postado em 12 de dezembro de 2021 às 14h40m

Post.- N.\ 10.128

Em Mayfield, integrantes de equipe de emergência vasculham escombros da fábrica de velas em Mayfield, na qual mais de cem pessoas trabalhavam quando o tornado passou. Dezenas morreram e muitos ainda estão desaparecidos.  — Foto: John Amis/AFP
Em Mayfield, integrantes de equipe de emergência vasculham escombros da fábrica de velas em Mayfield, na qual mais de cem pessoas trabalhavam quando o tornado passou. Dezenas morreram e muitos ainda estão desaparecidos. — Foto: John Amis/AFP

Os serviços de emergência continuam buscando sobreviventes neste domingo (12) em uma fábrica de velas localizada no coração dos Estados Unidos, que se tornou símbolo da devastação causada pelos tornados que deixam ao menos 94 mortos.

A série de tornados afetou cinco estados, deixando um rastro de destruição ao longo de centenas de quilômetros, mas foi em Mayfield, no estado de Kentucky, que a devastação foi pior.

Da fábrica de velas Mayfield Consumer Products não restou nada além de vigas retorcidas e chapas de metal empilhadas com vários metros de altura.

Equipados com guindastes, escavadeiras e outros dispositivos mecânicos, os socorristas avançam lentamente neste domingo, à espera de um milagre.

Cerca de 110 funcionários estavam trabalhando na fábrica na sexta-feira (10) à noite para darem conta da demanda da temporada de Natal, quando o tornado destruiu tudo. Várias dezenas desses trabalhadores continuam desaparecidas.

"É uma operação muito triste e séria neste momento", disse o coordenador de ajuda de Kentucky, Michael Dossett, confirmando que nenhum sobrevivente foi retirado dos escombros durante a madrugada. "É a visão de uma zona de guerra"acrescentou à rede CNN.

"Ainda há esperanças. Mas, por enquanto, o que esperamos é um refúgio acolhedor para nossos sobreviventes", afirmou a a prefeita de Mayfield, Kathy O'Nan, à NBC.

A fábrica de velas, uma empresa familiar, criou um fundo de emergência para ajudar as famílias.

Foto de drone mostra caminhão de bombeiros ao lado de prédios destruídos no centro de Mayfield, cidade mais atingida pelos tornados, no Kentucky. — Foto: Adrees Latif/Reuters
Foto de drone mostra caminhão de bombeiros ao lado de prédios destruídos no centro de Mayfield, cidade mais atingida pelos tornados, no Kentucky. — Foto: Adrees Latif/Reuters

"Uma bomba"

Parte do patrimônio local foi apagada do mapa. Em Mayfield, antigas igrejas foram totalmente destruídas e o histórico edifício do tribunal da Justiça foi seriamente danificado.

"É como se uma bomba tivesse explodido no nosso bairro", disse à AFP Alex Goodman, morador da cidade de cerca de 100.000 habitantes, após uma noite de muita angústia e ansiedade em meio à escuridão.

Imagem de drone mostra o prédio da prefeitura de Mayfield destruído depois da passagem dos tornados, em Kentucky.  — Foto: Cheney Orr/Reuters
Imagem de drone mostra o prédio da prefeitura de Mayfield destruído depois da passagem dos tornados, em Kentucky. — Foto: Cheney Orr/Reuters

Tragédia no depósito da Amazon

Equipes de resgate vasculham área onde parte da estrutura de um armazém da Amazon colapsou em Edwardsville, Illinois. — Foto: Michael B. Thomas/Getty Images/AFP
Equipes de resgate vasculham área onde parte da estrutura de um armazém da Amazon colapsou em Edwardsville, Illinois. — Foto: Michael B. Thomas/Getty Images/AFP

Outro local particularmente afetado foi um depósito da Amazon em Edwardsville, em Illinois, onde ao menos seis pessoas morreram.

As equipes de resgate continuam as tarefas de busca neste domingo (12).

"Estamos de coração partido pela perda dos nossos colegas. Nossos pensamentos e orações estão com suas famílias e entes queridos", disse o fundador da Amazon, Jeff Bezos, no Twitter.

Imagem aérea mostra o colapso de parte da estrutura de um armazém da Amazon, em Edwardsville, Illinois. Ao menos seis pessoas morreram no local.  — Foto: Reuters
Imagem aérea mostra o colapso de parte da estrutura de um armazém da Amazon, em Edwardsville, Illinois. Ao menos seis pessoas morreram no local. — Foto: Reuters

Saldo pode ser ainda pior

Cerca de trinta tempestades atingiram o país entre sexta-feira e sábado. Neste domingo (12), o número de mortos aumentou: ao menos 80 pessoas morreram só em Kentucky, anunciou o governador do estado Andy Beshear. "Vai passar de cem", estimou.

O Tennessee informou quatro mortes e duas pessoas morreram em Arkansas, enquanto foram informadas ao menos duas mortes em Missouri.

As agências federais de resposta a catástrofes começaram a ser mobilizadas na área, segundo o presidente americano Joe Biden, que prometeu que "o governo federal vai fazer tudo o que puder para ajudar".

Tornados deixam mais de 80 mortos e rastro de destruição no sudeste dos EUA
Tornados deixam mais de 80 mortos e rastro de destruição no sudeste dos EUA

Outros países enviaram suas mensagens de solidariedade.

O presidente russo Vladimir Putin apresentou neste domingo suas "mais sinceras condolências". O papa Francisco dedicou suas orações na Praça de São Pedro aos habitantes de Kentucky.

Os tornados são um fenômeno meteorológico violento que afetam especialmente as planícies vastas nos Estados Unidos.

O tornado registrado em Kentucky percorreu mais de 320 quilômetros, um dos maiores registrados no país, segundo o governador do estado. O maior, com uma extensão de cerca de 350 quilômetros, foi registrado em 1925 em Missouri e matou 695 pessoas.

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O enigmático sumiço de cubos de urânio do programa nuclear nazista

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A corrida nuclear entre a Alemanha e os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial tem um capítulo misterioso. Para alguns, é apenas uma curiosidade histórica, mas, para outros, foi o início da perigosa era em que a humanidade está imersa hoje.
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TOPO
Por Carlos Serrano, BBC

Postado em 12 de dezembro de 2921 às 09h00m

Post.- N.\ 10.127

Este é um dos 664 cubos de urânio do reator nuclear que os alemães tentaram construir durante a Segunda Guerra Mundial — Foto: John T. Consoli/University of Maryland
Este é um dos 664 cubos de urânio do reator nuclear que os alemães tentaram construir durante a Segunda Guerra Mundial — Foto: John T. Consoli/University of Maryland

Na Segunda Guerra Mundial, a Alemanha e os Estados Unidos competiram em uma batalha feroz para ver quem conseguiria ser o primeiro a desenvolver um programa nuclear.

No início dos anos 1940, várias equipes de cientistas alemães começaram a produzir centenas de cubos de urânio que seriam o núcleo dos reatores que estavam sendo desenvolvidos como parte do recém-lançado programa nuclear nazista.

Os alemães estavam distantes de conseguir uma bomba atômica, mas esperavam que esses experimentos lhes dessem uma vantagem sobre os americanos.

A fissão nuclear, inclusive, foi descoberta em 1938 em Berlim: os alemães Otto Hahn e Fritz Strassmann foram os primeiros a saber como um átomo poderia ser dividido, e como isso liberaria uma grande quantidade de energia.

Anos depois, porém, o Projeto Manhattan e sua bomba atômica mostraram que, na realidade, os americanos estavam muito à frente dos alemães nesse campo da tecnologia.

Os cubos de urânio, no entanto, trazem pistas sobre o sigilo e como eram as suspeitas entre os dois países durante a corrida nuclear.

Hoje, o paradeiro da grande maioria das centenas de cubos é um mistério.

"É difícil saber o que aconteceu com eles", diz Alex Wellerstein, historiador especializado em armas nucleares do Instituto de Tecnologia Stevens, nos Estados Unidos, à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

"Os registros que existem não são os melhores."

Nos Estados Unidos, apenas uma dúzia desses objetos foi identificada, o que os torna um tesouro precioso para pesquisadores que tentam reconstruir os primeiros dias da era nuclear.

Experimento fracassado

Uma das equipes que faziam experiências com cubos de urânio era liderada pelo físico Werner Heisenberg, um pioneiro da mecânica quântica e ganhador do Prêmio Nobel de 1932.

O projeto de Heisenberg e seus colegas era amarrar 664 desses cubos de 5 centímetros a cabos suspensos e submergi-los em água pesada.

A água pesada é composta dos elementos químicos oxigênio e deutério, além de um isótopo de hidrogênio que tem o dobro da massa do hidrogênio comum.

A ideia é que, ao mergulhar os cubos desencadearia-se uma reação em cadeia, mas o experimento não funcionou.

De acordo com Timothy Koeth, pesquisador da Universidade de Maryland, nos EUA, que rastreou os cubos, Heisenberg precisaria de 50% mais urânio e mais água pesada para que o projeto funcionasse.

"Apesar de ser o berço da física nuclear e estar quase dois anos à frente dos Estados Unidos, não existia a ameaça de uma Alemanha nuclear no final da guerra", disse Koeth em um artigo do Instituto Americano de Física.

Material confiscado

Em 1945, enquanto os alemães ainda tentavam refinar seus esforços, os Estados Unidos e os Aliados venceram a guerra.

Naquela época, os EUA formaram uma missão para coletar informações e confiscar materiais relacionados aos avanços alemães em questões nucleares.

Foi assim que as tropas americanas chegaram ao laboratório de Heisenberg na pequena cidade de Haigerloch, no sul da Alemanha.

Mais de 600 cubos de urânio foram apreendidos e enviados para os Estados Unidos, de acordo com um relatório do US Pacific Northwest National Laboratory (PNNL).

A ideia era saber o quão avançados os alemães estavam na tecnologia nuclear e também evitar que os cubos caíssem nas mãos dos soviéticos, de acordo com Wellerstein.

No final, a descoberta dos objetos ajudou os cientistas americanos a perceber que os alemães estavam atrasados ​​em questões nucleares.

Maioria se perdeu

Hoje, o paradeiro de grande parte dos cubos de urânio ainda é desconhecido.

Acredita-se que vários deles tenham sido usados ​​no desenvolvimento de armas nucleares pelos Estados Unidos.

De acordo com Wellerstein, algumas pessoas começaram a dar os cubos como presentes, outros cientistas os usaram como material de teste e uma terceira parte caiu no mercado paralelo.

Há alguns que ainda permanecem como itens de colecionador.

Em 2019, a revista "Physics Today" conseguiu rastrear a localização de sete cubos que, segundo quem os possui, pertenceram aos experimentos nucleares dos nazistas.

Embora centenas de cubos tenham sido recuperados, não se sabe hoje onde está a maioria deles — Foto: AIP Emilio Segrè Visual Archives
Embora centenas de cubos tenham sido recuperados, não se sabe hoje onde está a maioria deles — Foto: AIP Emilio Segrè Visual Archives

Três estão na Alemanha: um no Museu Atomkeller em Haigerloch, onde ficava o laboratório de Heisenberg; outro no Museu de Mineralogia da Universidade de Bonn; e o terceiro no Escritório Federal de Proteção contra Radiação, em Berlim.

Dois estão nos Estados Unidos: um no Museu Nacional de História Americana em Washington D.C. e outro na Universidade de Harvard.

A revista indica que, aparentemente, um sexto cubo estava no Instituto de Tecnologia de Rochester, também nos EUA, mas, devido a uma mudança nos regulamentos de armazenamento de material radioativo, o cubo foi descartado.

Um sétimo cubo está nas mãos do PNNL e, embora seja conhecido como "cubo de Heisenberg", os pesquisadores não têm 100% de certeza de onde ele veio.

Outro cubo é propriedade do próprio Koeth, que o recebeu como um curioso presente de aniversário em 2013.

Koeth está trabalhando com o PNNL para descobrir o paradeiro de centenas ou milhares desses objetos que ainda estão perdidos. Ele também pretende saber mais sobre como eles chegaram aos Estados Unidos.

Em busca da origem

Além de seu simbolismo histórico, "os cubos realmente não têm muito valor, você não pode fazer nada com eles", diz Wellerstein.

Eles também não são perigosos, pois geram uma radiação muito fraca. Depois de pegar um deles, "é só lavar as mãos", diz o especialista.

Em agosto de 2021, Jon Schwantes e Brittany Robertson, pesquisadores do PNNL, apresentaram um projeto no qual descrevem como trabalham para identificar o "pedigree" de vários dos cubos que foram encontrados.

Como explica Schwantes, a ideia é comparar cubos diferentes e tentar classificá-los.

Para fazer isso, eles combinam métodos forenses e radiocronometria, a versão nuclear da técnica usada por geólogos para determinar a idade de uma amostra com base no conteúdo de elementos radioativos.

Com medo

Em grande parte, os especialistas concordam que os Estados Unidos desenvolveram rapidamente seu programa nuclear por medo de que os alemães o fizessem antes deles.

E, enquanto alguns encaram esses cubos como uma curiosidade histórica, outros os veem como o gatilho para a perigosa era das armas nucleares em que o mundo continua preso hoje.

"Armas nucleares, energia nuclear, Guerra Fria, o planeta como refém nuclear, tudo isso foi motivado pelo esforço gerado a partir desses 600 e tantos cubos", diz Koeth em artigo para a emissora de rádio americana NPR.

De qualquer forma, as duas grandes questões sobre centenas ou milhares desses cubos permanecem sem resposta: quantos ainda existem e onde eles estão?

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