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quarta-feira, 19 de maio de 2021

Vacinas contra Covid-19 só chegarão para todo mundo no fim de 2023 no ritmo atual, calcula editor-chefe da Lancet

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Cientista acredita que ‘luz no fim do túnel’ não deve ficar restrita aos mais ricos e entende que a solução para a pandemia depende de ações globais.
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TOPO
Por André Biernath, BBC

Postado em 19 de maio de 2021 às 13h15m


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Especialista acredita que países mais ricos devem pensar em doar doses excedentes de vacinas contra a Covid-19 para os locais que não têm condições de comprar vacinas por conta própria — Foto: Getty Images via BBC
Especialista acredita que países mais ricos devem pensar em doar doses excedentes de vacinas contra a Covid-19 para os locais que não têm condições de comprar vacinas por conta própria — Foto: Getty Images via BBC

O microbiologista John McConnell tem um privilégio único: ler em primeiríssima mão os estudos que avaliam a segurança e a eficácia das vacinas contra a Covid-19.

O cientista é editor-chefe da The Lancet Infectious Diseases, revista científica que publicou as mais importantes pesquisas sobre a pandemia e os imunizantes nos últimos meses.

Ele é responsável por receber os manuscritos originais, enviados por laboratórios e especialistas de várias partes do mundo, e encaminhá-los para o time de editores independentes, que faz a revisão e a análise do conteúdo antes da divulgação.

Formado em microbiologia clínica e parasitologia pela Universidade East London, na Inglaterra, McConnell atua na The Lancet desde 1990.

Em 2001, ele foi um dos fundadores e logo tornou-se editor-chefe da The Lancet Infectious Diseases, uma revista voltada 100% para as doenças infecciosas.

No final de abril e no começo de maio, o cientista foi convidado para uma série de webinários no Brasil promovidos pela Elsevier, empresa de informação analítica responsável por diversas publicações científicas, incluindo a própria The Lancet.

Numa entrevista à BBC News Brasil feita por e-mail, McConnell avaliou o atual ritmo de vacinação no mundo e destacou que o fim da pandemia está necessariamente vinculado às ações globais.

"Acredito que nós conseguiremos sair juntos dessa pandemia, desde que não percamos o foco. Só assim faremos que a luz no fim do túnel não seja destinada apenas para ricos e afortunados, mas para todos", disse.

Sobre a situação particular do Brasil, o microbiologista entende que nosso país precisa aliar duas estratégias: acelerar a imunização e promover as medidas preventivas.

"As duas ações precisam andar de mãos dadas. Depender inteiramente da vacina significa que o progresso será lento. Precisamos proteger as pessoas por meio de intervenções não farmacológicas, dando-as a oportunidade de serem vacinadas no futuro", analisou.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

BBC News Brasil - Num feito inédito, a humanidade conseguiu desenvolver, testar e aprovar várias vacinas contra uma mesma doença em pouco menos de um ano. Como o senhor avalia esse progresso?

John McConnell - Acho que é o culminar de muitos anos de trabalho no desenvolvimento das tecnologias, o que nos permitiu gerar vários tipos diferentes de vacinas, que agora estão sendo aplicadas em bilhões de pessoas.

Uma dessas tecnologias, que usa vírus inativados, já existe há um século ou mais. A tecnologia que utiliza as chamadas subunidades proteicas é aplicada às vacinas contra a hepatite B, por exemplo, há muitos anos.
Infográfico mostra como funcionam vacinas inativadas contra o coronavírus — Foto: Anderson Cattai/G1
Infográfico mostra como funcionam vacinas inativadas contra o coronavírus — Foto: Anderson Cattai/G1


Infográfico mostra como funcionam vacinas de subunidades de proteínas contra o coronavírus — Foto: Anderson Cattai/G1
Infográfico mostra como funcionam vacinas de subunidades de proteínas contra o coronavírus — Foto: Anderson Cattai/G1

E mesmo as vacinas de vetores virais, como as de Johnson & Johnson e AstraZeneca/Oxford, se valem de uma tecnologia que vem sendo usada em ensaios clínicos há cerca de 20 anos, principalmente em três imunizantes licenciados contra o ebola.
Infográfico mostra como funcionam vacinas de vetor viral contra o coronavírus — Foto: Anderson Cattai/G1
Infográfico mostra como funcionam vacinas de vetor viral contra o coronavírus — Foto: Anderson Cattai/G1

E, embora se acredite amplamente que as vacinas de mRNA, como as de Pfizer/BioNTech e Moderna, são novas e essa é a primeira vez em que se utiliza tal tecnologia, a verdade é que o trabalho de desenvolvimento de produtos semelhantes está em andamento por quase 30 anos.

Antes da Covid-19, havia vacinas em testes clínicos usando a tecnologia de mRNA contra doenças como Aids, zika e raiva, por exemplo.

Portanto, embora as vacinas de Pfizer/BioNTech e Moderna sejam as primeiras a usar essa tecnologia em uma escala muito grande em seres humanos, elas se baseiam em um conhecimento existente e bem testado.
Infográfico mostra como funcionam vacinas de RNA contra o coronavírus — Foto: Anderson Cattai/Arte G1
Infográfico mostra como funcionam vacinas de RNA contra o coronavírus — Foto: Anderson Cattai/Arte G1

Então, de certa forma, tivemos sorte que a pandemia surgiu em um momento em que temos algumas formas muito bem estabelecidas de produzir vacinas, bem como um conjunto de novas tecnologias, para as quais havia um pouco de experiência clínica.

BBC News Brasil - Como o senhor mesmo mencionou, temos diversas plataformas tecnológicas bem-sucedidas neste momento. Qual a importância dessa variedade nos tipos de imunizantes?

McConnell - Nunca foi garantido que uma determinada tecnologia funcionaria, então acho que era muito importante ter uma gama de tentativas diferentes, mesmo que, quando aplicadas na vida real, elas sejam comparáveis ​​em relação à eficácia.

É importante ter vacinas que possam ser distribuídas de diferentes maneiras. Por exemplo, as vacinas de Pfizer/BioNtech e Moderna precisam de uma cadeia de frio para distribuição que requer congelamento, enquanto as vacinas de AstraZeneca/Oxford e Johnson & Johnson requerem apenas geladeiras regulares. Já a vacina da Bharat Biotech pode ser mantida em temperatura ambiente.

Precisamos de uma gama de tecnologias que podem ser levadas para diferentes contextos ao redor do mundo.

Também é importante ter vacinas que possam ser modificadas conforme surgem novas variantes do coronavírus. Algumas das tecnologias são mais facilmente adaptáveis do que as outras.

Devo acrescentar também que, ao usar diferentes formas de produção de vacinas, estamos aproveitando ao máximo as instalações de fabricação disponíveis em todo o mundo. Se dependêssemos apenas da tecnologia de mRNA, não haveria nenhuma maneira de produzir doses suficientes para 2022 ou 2023, mesmo nos países de alta renda.

Se você espalhar as vacinas por diferentes tecnologias, poderá usar a gama de instalações disponíveis em todo o mundo.

BBC News Brasil - E como foi acompanhar tantas novidades e saber, em primeira mão, os resultados de segurança e eficácia das vacinas, que o mundo inteiro aguardava com tanto interesse?

McConnell - É uma grande honra ser o canal através do qual fluem essas pesquisas incrivelmente importantes durante a maior emergência de saúde pública do mundo nos últimos 100 anos.

É um verdadeiro privilégio ver esse material e organizar sua revisão antes da publicação. Sinto-me realmente em uma posição honrada e espero que o que estamos fazendo enquanto editores tenha algum impacto em controlar a pandemia o mais rápido possível.

BBC News Brasil - Em alguns países, como Israel, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido, a campanha de imunização contra a Covid-19 está bem adiantada. O que essa experiência de vida real nos revela sobre a efetividade das vacinas disponíveis?

McConnell - As vacinas parecem ser ainda mais efetivas quando aplicadas a grandes populações do que nos ensaios clínicos. Os dados provenientes de Israel e do Reino Unido mostram cerca de 90% de eficácia na prevenção de todas as formas de Covid-19 para a vacina de Pfizer/BioNTech e algo em torno de 88% para a vacina de AstraZeneca/Oxford.

É bastante encorajador que as vacinas que estão sendo usadas em todo o mundo pareçam ser amplamente eficazes contra as variantes do vírus, particularmente em termos de prevenção de doenças graves e morte, embora não necessariamente previnam a infecção em si.

Se você olhar os gráficos, pode ver o quanto a taxa de novas infecções diminui nas populações que foram vacinadas, em comparação com aquelas que não receberam as doses ainda.

O Chile é um bom exemplo de como as vacinas estão realmente funcionando. Lá está claro que os casos se estabilizaram ou estão diminuindo nos indivíduos que foram vacinados, enquanto continuam a aumentar naqueles que não foram imunizados.

O motivo do aumento de casos, portanto, não é o fato de a vacina eventualmente não estar funcionando, mas porque ela ainda não foi administrada em um número suficiente de pessoas.

BBC News Brasil - Se, por um lado, a campanha deslancha em alguns lugares, outros países estão lidando com a escassez ou a falta absoluta de vacinas. Como o senhor avalia essa desigualdade global?

McConnell - Existe um mecanismo global chamado Covax, que foi projetado para comprar vacinas e distribuí-las a países que não têm condições de financiar seus próprios programas de vacinação.

No atual momento, esse programa foi elaborado para ajudar a vacinar apenas 20% das pessoas nessas nações de baixa e média renda.

Na atual progressão, levará até o final de 2023 para que as vacinas estejam disponíveis para todas as pessoas do mundo.

É imperativo que outros países, quando tiverem vacinado totalmente as suas populações, disponibilizem as doses restantes aos governos que não têm condições de pagá-las.

BBC News Brasil - O senhor acredita que é possível resolver esse problema da desigualdade global?

McConnell - É muito importante que os governos levem em consideração o interesse global para minimizar a quantidade de vírus em circulação em todo o mundo.

Quando os programas de vacinação nesses locais estiverem concluídos, e com o planejamento para os reforços necessários num futuro próximo, os países com estoques remanescentes precisarão considerar seriamente a doação de doses excedentes.

Enquanto o vírus permanecer em circulação, sempre existe a chance de ocorrer uma mutação para a qual alguns imunizantes atuais podem não ser eficazes.

Deixo aqui uma sugestão, sobre a qual não tenho opinião formada ou dados suficientes. Mas será que deveríamos priorizar a vacinação de crianças, que não são particularmente suscetíveis a essa doença e é extremamente improvável que tenham sintomas graves ou morram? Ou deveríamos priorizar os idosos e pessoas vulneráveis ​​dos países de baixa e média renda?

Para encurtar esse prazo de 2023, quando o mundo inteiro estará vacinado segundo as projeções atuais, precisamos nos fazer perguntas sobre nossas prioridades, e não apenas olhar para a realidade interna de nossos próprios países.

BBC News Brasil - Como o senhor vê a situação do Brasil? Nós temos um Programa Nacional de Imunizações reconhecido internacionalmente, mas a campanha contra a Covid-19 avança lentamente…

McConnell - As vacinas parecem ser eficazes contra a variante P.1 e proteger até mesmo contra as formas mais graves da doença. Parece que o número de casos está começando a diminuir no Brasil.

Agora, o único caminho a seguir no Brasil é combinar uma distribuição ampla e rápida da vacina com a continuação das medidas de distanciamento físico. Isso tem se mostrado eficaz tanto em Israel quanto no Reino Unido.

As duas ações precisam andar de mãos dadas. Depender inteiramente da vacina significa que o progresso será lento. Precisamos proteger as pessoas por meio de intervenções não farmacológicas, dando-as a oportunidade de serem vacinadas no futuro.

BBC News Brasil - Mesmo com as primeiras vacinas contra a Covid-19 aprovadas, nós temos uma série de outras candidatas que continuam em estudo. Por que é importante ter mais opções de imunizantes contra a Covid-19?

McConnell - Pois bem, as vacinas que ainda estão em desenvolvimento terão a oportunidade de modificar suas formulações, para que sejam direcionadas contra as novas variedades do coronavírus.

O maior problema é que simplesmente não há vacina suficiente para todos. Atualmente, existem muitas fábricas no mundo que produzem os imunizantes. Se os diferentes países possuem suas próprias instalações de produção de vacinas e podem atender às suas demandas, isso é extremamente importante para controlar a pandemia o mais rápido possível.

Além disso, há também uma questão de preço. Alguns fabricantes, devido ao tipo de tecnologia que estão usando, produziram vacinas muito mais baratas e de distribuição muito mais fácil do que aquelas que foram desenvolvidas pela Pfizer/BioNTech, por exemplo.

Não consigo imaginar como todas as pessoas no mundo serão vacinadas se contarmos apenas com a vacina da Pfizer/BioNTech.

Assim como temos um arsenal muito amplo de antibióticos, por exemplo, acredito que precisamos de um arsenal variado de vacinas.

BBC News Brasil - Como a vacinação ajudará a tirar o mundo desta pandemia? O senhor já vê alguma luz no fim do túnel?

McConnell - Sim, certamente há uma luz no fim do túnel. Para os países que implementaram seu programa de vacinação rapidamente, essa luz está muito forte.

Israel já reabriu completamente e o Reino Unido está a caminho disso. A França teve que introduzir um novo bloqueio, mas a combinação da vacinação com as medidas de restrição está levando esse país a uma posição em que poderá começar a aliviar as políticas em breve.

Até mesmo os Estados Unidos estão virando esse jogo, embora não seja a mesma realidade para todos os estados. No entanto, os locais onde há uma ampla aceitação da vacina e onde as medidas de distanciamento físico têm sido mais rigorosas estão definitivamente evoluindo bem.

Alguns dados publicados pela autoridade de saúde pública na Inglaterra (Public Health England) indicam que quase 70% de todos os doadores de sangue têm anticorpos contra o coronavírus.

Esses 70% são o número estabelecido como a soroprevalência necessária para que exista uma imunidade coletiva. Ainda não podemos traçar uma linha rígida sobre isso, mas acredita-se que essa seja uma taxa importante.

Também sabemos que menos de 20% dessa soroprevalência é causada pela infecção natural. Então, a maior parte disso veio da vacinação.

Ainda precisamos de organização e disponibilidade de uma variedade de vacinas, mas há uma esperança real.

Essa luz ainda está escura para países do Sul da Ásia, como Paquistão, Bangladesh e Nepal, que não têm condições de pagar pelas vacinas. Nessa mesma linha, menos de 2% de toda a população do continente africano já recebeu suas doses. Portanto, algumas partes do mundo estão muito atrasadas.

Acredito que nós conseguiremos sair juntos dessa pandemia, desde que não percamos o foco. Só assim faremos que a luz no fim do túnel não seja destinada apenas para ricos e afortunados, mas para todos.

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Arco de Darwin, formação rochosa em Galápagos, sofre erosão e desmorona

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Processo de desgaste foi natural, diz Ministério do Meio Ambiente. Agora, restam apenas dois pilares.
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Por G1

Postado em 19 de maio de 2021 às 12h05m


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Animação mostra antes e depois do desmoronamento do Arco de Darwin — Foto: Galapagos National Park via AP e Hector Barrera/Ecuador's Ministry of Environment/AFP

O Arco de Darwin, formação rochosa no arquipélago de Galápagos (Equador), sofreu erosão e desmoronou no Oceano Pacífico nesta semana. O fenômeno foi observado por mergulhadores na manhã de segunda-feira (17).

Segundo o Ministério do Meio Ambiente do país, o processo de desgaste foi natural. No lugar do antigo arco, restaram apenas dois pilares.

Ao site do jornal britânico The Guardian, a representante de uma entidade ambiental ressaltou que era impossível evitar o desmoronamento, mas reforçou a importância dos esforços de preservação da natureza local.

"O colapso do arco é um lembrete de como o mundo é frágil. Há muito pouco o que podemos fazer para impedir processos geológicos como a erosão, mas nós temos o dever de proteger as ilhas e sua preciosa vida marinha", afirmou Jen Jones, do "Galápagos Conservation Trust".

Por mais que a área fosse isolada, sem permissão para a entrada de visitantes, atraía a atenção de mergulhadores no entorno. A região é repleta de tubarões, tartarugas e golfinhos.
Após o desmoronamento, restaram apenas dois pilares — Foto: Hector Barrera/Ecuador's Ministry of Environment/AFP
Após o desmoronamento, restaram apenas dois pilares — Foto: Hector Barrera/Ecuador's Ministry of Environment/AFP

Batizada com o nome de Darwin

Arco de Darwin, em foto tirada antes do desmoronamento  — Foto: Galapagos National Park via AP
Arco de Darwin, em foto tirada antes do desmoronamento — Foto: Galapagos National Park via AP

A formação rochosa recebeu este nome depois que o cientista Charles Darwin visitou a Ilha de Galápagos em 1835. Naquela ocasião, ele examinou aves chamadas tentilhões e desenvolveu a famosa teoria de evolução das espécies.

Mais de um século depois, em 1978, a ilha foi declarada Patrimônio Mundial da Unesco, por causa da fauna e da flora da região.

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