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terça-feira, 20 de junho de 2023

Conheça o interior do submersível que leva turistas e especialistas para conhecer o Titanic

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Conheça o interior do submersível que leva turistas e especialistas para conhecer o Titanic Modelo Titan da empresa OceanGate deixou de responder a comunicações da Guarda Costeira neste domingo. Passageiros ainda estão desaparecidos.
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Por g1

Postado em 20 de junho de 2023 às 13h00m

 #.*Post. - N.\ 10.835*.#

Veja como funciona o submarino que levava turistas para ver destroços do Titanic
Veja como funciona o submarino que levava turistas para ver destroços do Titanic

Com mais de 10 toneladas e um joystick para guiar a embarcação, o submersível Titan da empresa OceanGate leva turistas e especialistas para conhecer os destroços do Titanic, um dos naufrágios mais famosos do mundo.

A embarcação pode levar até 5 pessoas, contando com o piloto, e faz parte de uma excursão que pode durar até 8 dias.

Dentro da cápsula principal do Titan, essas 5 pessoas têm que dividir espaço com um visor, que tem uma visão de quase 180° para o lado de fora, e 3 monitores que vão checando status do equipamento e dos tripulantes.

Pessoas se organizam dentro da cápsula central do Titan, modelo de submersível da empresa OceanGate — Foto: Reprodução/OceanGate
Pessoas se organizam dentro da cápsula central do Titan, modelo de submersível da empresa OceanGate — Foto: Reprodução/OceanGate

Em média, o submersível feito de fibra de carbono e titânio demora cerca de 2 horas para descer até o naufrágio.

A empresa não deixa claro quanto tempo a embarcação fica pairando sobre o que restou do Titanic, o que se sabe é que a quantidade de oxigênio utilizada para a viagem é segura o suficiente para 5 pessoas viajarem por até 4 dias.

O veículo se move a uma velocidade de 3 nós (5,5 km/h) e é impulsionado por quatro propulsores Innerspace 1002.

Segundo a OceanGate, o projeto ousado e inovador consegue mergulhar até uma profundidade 4.000 metros com segurança.

Submarino que leva turistas para ver o Titanic desaparece no AtlânticoSubmarino que leva turistas para ver o Titanic desaparece no Atlântico

Uma expedição turística para ver os destroços do Titanic a bordo de um submersível como esse desapareceu no Oceano Atlântico neste domingo (18).

A OceanGate, empresa responsável pela viagem, confirmou a falta de comunicação com as pessoas dentro do submersível. A programação para a submersão estava programada para às 6h10 do domingo no horário local.

Funcionários da Guarda Costeira dos EUA e do Canadá estão trabalhando em conjunto nas buscas pelos viajantes.

Até a última atualização desta reportagem a embarcação não havia sido encontrada.

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Cientistas de 12 países abrem 'túnel do tempo' em cidade do AC para estudar como era a Amazônia há 65 milhões de anos

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Poço de 2 mil metros é perfurado no município acreano de Rodrigues Alves, no interior do Acre. Projeto internacional, com participação da USP, quer extrair amostras geológicas com até 65 milhões de anos do subsolo para entender melhor a história evolutiva da floresta.
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Por g1 AC — Rio Branco

Postado em 20 de junho de 2023 às 08h15m

 #.*Post. - N.\ 10.834*.#

Cientistas abrem ‘túnel do tempo’ em cidade do AC para estudar passado remoto da Amazônia
Cientistas abrem ‘túnel do tempo’ em cidade do AC para estudar passado remoto da Amazônia

Uma equipe internacional de pesquisadores iniciou, na sexta-feira (16), a perfuração de um poço de dois quilômetros de profundidade na cidade de Rodrigues Alves, no interior do Acre. Se tudo der certo, o poço vai ser uma espécie de túnel do tempoe revelar como era a vida na Amazônia até 65 milhões de anos atrás, logo após a extinção dos dinossauros.

A iniciativa envolve cerca de 60 pesquisadores, de 12 países, de acordo com a Universidade de São Paulo (USP), uma das instituições brasileiras envolvidas na pesquisa. Segundo os cientistas, trata-se do mais amplo programa de pesquisa já organizado para estudar a origem e a evolução da Amazônia.

O objetivo é entender como a floresta se formou, como ela se modificou ao longo do tempo e o que pode acontecer com ela daqui para frente, caso as condições ambientais e climáticas às quais ela foi exposta no passado venham a se repetir no futuro — algo muito provável de acontecer já nas próximas décadas, segundo as previsões climáticas do presente.

Leia mais:

Local onde o túnel é escavado na cidade de Rodrigues Alves, às margens do Rio Juruá — Foto: Rayza Lima/Rede Amazônica
Local onde o túnel é escavado na cidade de Rodrigues Alves, às margens do Rio Juruá — Foto: Rayza Lima/Rede Amazônica

Para contar esse trecho da pré-histórica os cientistas vão coletar fragmentos do subsolo da floresta, extraídos de duas localidades, nas bordas leste e oeste da Amazônia brasileira. Começando por esse poço de 2 mil metros no município de Rodrigues Alves, às margens do Rio Juruá, no norte do Acre.

O projeto de perfuração prevê estudar a origem e evolução de clima, relevo e hidrologia da região Amazônica e sua importância para o clima global. Desde que a máquina foi instalada, iniciou-se a atividade e é previsto o mínimo de 90 dias. Todo esse material está sendo armazenado aqui em Rodrigues Alves, a partir do final da atividade, nós vamos levar para a USP e de lá e será enviado para a universidade nos Estados Unidos, onde será preservado e analisado pelos pesquisadores participantes do projeto. Como é um projeto de perfuração Transamazônica, nós estamos aqui no Acre, como se fosse a nascente do rio, explicou Isaac Bezerra, gerente do projeto que está no interior do Acre. 
Segundo poço

Em seguida, segundo a USP, será perfurado um poço de 1,2 mil metro de profundidade numa ilha fluvial do município de Bagre, no Pará, ao sul da Ilha do Marajó. A previsão é que cada poço leve cerca de três meses para ser perfurado, com equipes trabalhando 24 horas por dia, sete dias por semana.

Os fragmentos cilíndricos que vão ser retiradas têm até seis metros de comprimento, contendo uma amostragem vertical das diversas camadas de rocha e sedimento que compõem o subsolo da floresta. Cada uma dessas camadas, por sua vez, contém uma série de evidências físicas, químicas e biológicas que os cientistas podem analisar em laboratório para inferir como era o mundo à época em que aquela camada estava na superfície. Fazendo uma analogia, é como se você enfiasse um canudo em bolo para tirar uma amostra das suas camadas e descobrir do que cada uma delas é feita.

Essas rochas e sedimentos funcionam como um arquivo da história da Amazônia, disse o professor André Sawakuchi, do Instituto de Geociências (IGc) da USP, que coordena o braço brasileiro da iniciativa.

O Projeto de Perfuração Transamazônica (TADP, na sigla em inglês) é uma iniciativa do International Continental Scientific Drilling Program (ICDP) — um programa internacional de apoio a projetos de perfuração científica, com sede na Alemanha —, realizada em colaboração com a National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos; o Smithsonian Tropical Research Institute, sediado no Panamá; e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no Brasil.

Ainda segundo divulgado pela USP, o custo previsto da perfuração é de aproximadamente 4 milhões de dólares. A Fapesp contribuiu com um quarto desse valor, mais um investimento de R$ 1 milhão em bolsas de pesquisa e recursos para logística, aquisição de materiais e outras despesas.

Poço de 2 mil metros é perfurado no município acreano de Rodrigues Alves — Foto: Rayza Lima/Rede Amazônica
Poço de 2 mil metros é perfurado no município acreano de Rodrigues Alves — Foto: Rayza Lima/Rede Amazônica

Perfuração científica

O trabalho de perfuração — ou sondagem, na linguagem mais técnica — vai usar uma combinação adaptada de equipamentos normalmente empregados para a prospecção de minérios e de óleo e gás natural — duas coisas que os pesquisadores esperam não encontrar de jeito nenhum, pois criaria uma série de complicações adicionais para o trabalho, incluindo riscos de segurança.

Não podemos de maneira alguma permitir que haja um vazamento de gás no poço, explicou André Sawakuchi ao jornal da USP. O pesquisador, segundo a universidade de São Paulo, está no Acre para coordenar o início dos trabalhos, ao lado dos colegas estrangeiros. A empresa contratada para fazer a sondagem é a Geosol, de Belo Horizonte.

Em vez de uma broca tradicional, que vai triturando a rocha à medida que avança na perfuração, a sondagem, neste caso, é feita com uma coroa vazada, que desce cortando a rocha pelas beiradaspara preservar a integridade das amostras no centro do tubo.

Cada testemunho terá entre cinco e nove centímetros de diâmetro, dependendo das condições de perfuração. Logo que saem do poço, as amostras são entregues aos pesquisadores para serem inspecionadas, catalogadas e repartidas em pedaços menores, de 1,5 metro de comprimento.

Só a perfuração do Acre, portanto, deverá gerar mais de 1,3 mil 'amostras. Isso é muitas vezes mais do que qualquer coisa que foi feita até hoje para entender essa origem da Amazônia na perspectiva geológica, afirmou André Sawakuchi.

Isaac Bezerra é gerente do projeto em execução no interior do estado — Foto: Rayza Lima/Rede Amazônica Acre
Isaac Bezerra é gerente do projeto em execução no interior do estado — Foto: Rayza Lima/Rede Amazônica Acre

Outras perfurações

O pesquisador lembrou ainda que muitas perfurações já foram feitas na Amazônia pela Petrobras e outras empresas no passado, mas nunca com finalidades científicas, seguindo os protocolos necessários para esse tipo de pesquisa. Como é o caso do buraco central que fica no Parque Nacional da Serra do Divisor e, atualmente, é um dos principais pontos turísticos da região.

As literaturas apontam que o buraco foi feito em meados de 1939 pelo Conselho Nacional de Petróleo, que fazia buscas pelo produto do lado brasileiro. Porém, o buraco, de mais ou menos 700 metros, acabou rompendo o lençol freático e virou um olho d’água que jorra uma água com cheiro forte de ferro.

O material de referência usado pelos cientistas no atual estudo é da década de 1970, coletado pelo Serviço Geológico do Brasil para a prospecção de jazidas de carvão. Pesquisadores vinculados ao projeto, conforme a USP, terão exclusividade de acesso ao material num primeiro momento. Depois, as amostras vão ser abertas a toda a comunidade científica nacional e internacional.

Projeto quer extrair amostras geológicas com até 65 milhões de anos do subsolo para entender melhor a história — Foto: Rayza Lima/Rede Amazônica
Projeto quer extrair amostras geológicas com até 65 milhões de anos do subsolo para entender melhor a história — Foto: Rayza Lima/Rede Amazônica
De volta às origens

O projeto original previa cinco locais de perfuração, mas o encarecimento de vários itens e serviços nos últimos anos obrigou os pesquisadores a reduzir o plano para dois. Ainda assim, são dois pontos estratégicos, que já permitirão contar muita coisa sobre o passado da Amazônia.

Como as camadas de solo se sobrepõem ao longo do tempo, elas seguem uma ordem cronológica: quanto mais profunda a amostra, mas antiga ela é. Tanto no caso do Acre quanto do Marajó, os cientistas calculam que a perfuração os levará à fronteira do fim do período Cretáceo e início da Era Cenozoica, 65,5 milhões de anos atrás, quando a Terra estava emergindo de uma sequência cataclísmica de eventos que levou à extinção de grande parte das espécies existentes à época — tanto da flora quanto da fauna, incluindo quase todos os dinossauros — e reconfigurou os ecossistemas do planeta como um todo.

Um dos itens mais importantes que ela e outros pesquisadores esperam extrair dos testemunhos são amostras de pólen fossilizado das diferentes plantas que compuseram a flora amazônica ao longo desses milhões de anos, fornecendo evidências diretas de como a biodiversidade da floresta evoluiu no decorrer do tempo, em sincronia (ou não) com fenômenos geológicos, ambientais e climáticos.

Os novos testemunhos, porém, devem permitir reconstruir essa história com um nível de detalhamento maior.

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Dólar engata sequência de quedas e bolsa sobe com a volta do investidor local; entenda o cenário

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Ibovespa, principal índice acionário do país, subiu quase 10% nas duas últimas semanas, enquanto o dólar caiu mais de 5% e está cotado no menor patamar em um ano. Analistas, porém, ainda estão cautelosos para cravar que o Brasil é 'a bola da vez' nos mercados.
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Por Bruna Miato, g1

Postado em 20 de junho de 2023 às 07h10m

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Sede da B3, em São Paulo — Foto: B3/Reprodução
Sede da B3, em São Paulo — Foto: B3/Reprodução

A notícia de que a agência de classificação de risco S&P Global Ratings elevou a nota de crédito do Brasil de estável para positiva deu ainda mais fôlego para um mercado que já vinha animado.

Neste mês, com base no fechamento do dia 19, o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira (B3), já subiu quase 10%, e está muito próximo dos 120 mil pontos.

O dólar, por sua vez, acumula queda de mais de 5%, menor patamar em um ano e abaixo dos R$ 4,80. Na última sexta (16), inclusive, o banco Goldman Sachs reduziu suas projeções para a moeda americana em 2023, considerando que deve fechar o ano a R$ 4,40.

Segundo especialistas ouvidos pelo g1, o sentimento positivo com o mercado brasileiro nas últimas semanas pode ser explicado, sobretudo, pelos seguintes motivos:

  • 🏦 a volta do investidor local aos ativos de risco, principalmente o institucional;
  • 🌎 a permanência dos investidores estrangeiros no mercado doméstico;
  • 📉 a desaceleração da inflação acima do esperado;
  • 📝 uma maior clareza sobre os rumos da política fiscal no país;
  • 💰 a perspectiva de que a Selic, taxa básica de juros, deve começar a cair em breve;
  • 🗽 a perspectiva de que a trajetória dos juros nos Estados Unidos também deve desacelerar.

A volta do investidor local combinada à permanência do estrangeiro no mercado doméstico tem sido o principal impulsionador para o bom desempenho observado nos últimos dias. E a renovação desse interesse, por sua vez, se deve às perspectivas envolvendo a inflação, os juros e a política fiscal no Brasil, além dos rumos da política monetária nos Estados Unidos.

Com a inflação mais controlada, a expectativa é que o Banco Central do Brasil (BC) comece a reduzir a taxa Selic. Se os juros ficam menores, a renda fixa passa a entregar uma rentabilidade também menor e isso favorece a migração de recursos para ativos que podem compensar essa redução. Entre eles, o mercado de ações.

A definição de um novo arcabouço fiscal ainda contribui com essas projeções, pois traz a perspectiva de que os gastos do governo estarão mais controlados — ponto positivo para a expectativa de inflação e, consequentemente, para os juros.

Por fim, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) interrompeu seu ciclo de alta nas taxas de juros em sua última reunião e, apesar de alertar que pode voltar a subi-las se a inflação se mostrar mais persistente, aumentou o apetite por ativos de riscos por parte dos investidores.

Isso porque, se os juros sobem por lá, a renda fixa no país também fica mais atrativa. Porém, como os títulos públicos americanos são considerados os mais seguros do mundo, uma alta nas taxas dos Estados Unidos leva a uma saída dos investidores de mercados emergentes, como o Brasil.

Neste sentido, o otimismo com a bolsa e a moeda brasileira voltou a levantar um questionamento entre os investidores: o mercado nacional é a bola da vez, quando comparado ao exterior? Veja mais detalhes a seguir.

Relator do arcabouço fiscal no Senado diz que o Fundo Constitucional do DF está mantidoRelator do arcabouço fiscal no Senado diz que o Fundo Constitucional do DF está mantido

Quem está investindo no Brasil hoje?

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, destaca que, no começo do ano, quem sustentou o mercado nacional foi estrangeiro, com as expectativas que tinham quanto ao novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em contrapartida, o que se vê agora é um retorno do investidor local, que voltou a investir no país com a percepção de que os rumos da economia podem ser mais positivos do que o esperado.

Os principais investidores do Brasil atualmente são os estrangeiros, com cerca de 53,9% do mercado. Os investidores institucionais locais (que são os bancos, empresas ou pessoas com grandes fortunas), têm 27,7% de participação, e os investidores pessoa física, 13,9%. Os dados são de um levantamento da XP.

Isso mostra que os estrangeiros são os grandes "donos" do Ibovespa, mas não significa que o investidor internacional investe muito no Brasil, explica o analista CNPI Vitor Miziara. Na verdade, o montante destinado ao país ainda representa uma pequena fração dos investimentos globais e esse valor pode oscilar muito com base em uma série de fatores, inclusive externos.

Isso aconteceu no mês de maio, por exemplo: apesar do bom desempenho do Ibovespa, o fluxo de capital estrangeiro foi negativo, com uma saída de cerca de R$ 4,2 bilhões dos ativos domésticos. Segundo Lucas Serra, analista da Toro, esse movimento foi puxado, sobretudo, pelos riscos envolvendo a renegociação do teto da dívida americana, que deixou os investidores receosos.

Guerras, crises políticas, pandemias e a própria movimentação dos juros nos países desenvolvidos, principalmente os Estados Unidos, são motivos externos que podem impactar a entrada de dinheiro estrangeiro no Brasil. Momentos de instabilidade fazem com que o mercado dê preferência para ativos seguros, minimizando as perdas.

Em contrapartida, no acumulado de 2023 até o mês passado, o fluxo internacional continua positivo em R$ 9,5 bilhões, enquanto as projeções para junho já indicam um retorno do estrangeiro.

Já os investidores institucionais voltaram a alocar seus recursos no Brasil e o país registrou uma entrada de R$ 2 bilhões, com a melhora na perspectiva para a política fiscal e as projeções de quedas nos juros (leia mais abaixo).

Conforme explica Jennie Li, estrategista de ações da XP, o que isso mostra na prática é que o bom desempenho do Ibovespa nas últimas semanas pode ser explicado como uma combinação entre tudo o que os investidores estrangeiros já aplicaram neste ano, apesar da queda em maio, e a volta do investidor nacional à bolsa de valores.

Inflação, juros e arcabouço fiscal

A inflação já começa a dar sinais melhores para o país. Na última divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,23% em maio, muito abaixo das expectativas de mercado e com uma forte desaceleração em relação aos meses anteriores.

A principal consequência disso é o aumento das expectativas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC comece um ciclo de corte de juros já nos próximos meses. Hoje, a taxa Selic está em 13,75% ao ano.

Miziara comenta que as projeções para a taxa de juros já em 2024 apontam para 11% ao ano e essa perspectiva de queda foi uma das principais responsáveis por trazer de volta os investidores institucionais para a bolsa brasileira.

"Com a queda de juros, o investidor brasileiro vai procurar formas de trazer mais rentabilidade à carteira. A bolsa é uma saída para aproveitar a queda de juros, e também pelo desempenho das ações. Com juros menores, há um menor custo financeiro em dívidas, o que pode gerar mais lucros para as empresas", explica o analista.

O outro ponto importante tanto para a volta dos investidores internos como para a maior atração dos estrangeiros é o arcabouço fiscal.

Jennie Li, da XP, destaca que a proposta apresentada pelo governo não é a ideal do ponto de vista dos economistas e outros especialistas do mercado, mas que já traz uma maior visibilidade para a questão da importância do controle dos gastos públicos. Isso já anima os investidores, que entendem que o controle dos gastos traz uma tendência de inflação também controlada.

Daniel Moura, especialista em mercado de capitais, compartilha da mesma visão e complementa: "Ao que tudo indica, a nova regra é mais permissiva, porém permite uma continuidade da melhora fiscal que tivemos nos últimos anos. Em resumo, se o Brasil seguir com boas reformas, principalmente onde se trata do fiscal, tem tudo para se tornar a bola da vez".

Setor de serviços vai poder discutir alíquotas diferentes durante tramitação da reforma tributária, diz Tebet
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O Brasil é a 'bola da vez'?

Segundo Moura, "dos países emergentes, sem dúvidas, o Brasil continua como um bom investimento tanto para o investidor do mercado interno quanto externo".

Isso acontece porque boa parte dos países semelhantes ao Brasil está passando por algum tipo de instabilidade. Rússia e Ucrânia, por exemplo, continuam em guerra. Argentina e Turquia vivem um momento de forte inflação e outros problemas econômicos graves.

No entanto, a economista Carla Argenta, da CM, destaca que, em relação a outros países emergentes que vivem uma situação melhor, o mercado brasileiro ainda não desponta como protagonista. A maior concorrência atualmente vem do México.

No que diz respeito às moedas, por exemplo, o real é a quinta com a maior valorização frente o dólar em um ano, segundo levantamento realizado por Henrique Castro, professor de finanças da FGV. Já no acumulado de 2023 até aqui, a moeda brasileira só fica atrás do peso mexicano.

Confira, na tabela abaixo, as variações das principais moedas em relação ao dólar.

Já no que diz respeito ao mercado de ações, o principal índice acionário do México, o Mexbol, também ganha vantagem frente o Ibovespa. Em 2023, até o último dia 15, o índice mexicano subiu cerca de 12,15%, enquanto o brasileiro teve alta um pouco menos expressiva, de 8,51%.

Carla Argenta explica que esses números refletem que o investidor estrangeiro tem apetite por ativos de risco em países emergentes, mas os que se destacam são aqueles que oferecem mais segurança.

Nesse sentido, um consenso entre os especialistas ouvidos pela reportagem é que, para que o Brasil continue recebendo investimentos e se consolide como a escolha preferida, é necessário acertar os rumos da política fiscal, inflação e juros.

"A visão do mercado está mais otimista com o Brasil. Já temos um arcabouço fiscal que não permitirá descontrole nos gastos, a inflação está arrefecendo, tornando os ativos de riscos mais atrativos e com um início de corte de juros na Selic iminente", pontua André Fernandes, líder de renda variável da A7 Capital. "Além disso, o PIB está surpreendendo, as empresas ainda estão entregando bons resultados e muitas delas ainda estão negociando a múltiplos atrativos." 
O que esperar adiante?

Segundo os especialistas, apesar do momento mais positivo e de boas perspectivas para os próximos meses, ainda há uma série de incertezas no radar.

A principal delas é em relação ao andamento das reformas econômicas pretendidas pelo governo, sendo o destaque o novo arcabouço fiscal, que deve ser votado nesta semana pelo Senado. Por enquanto, não há expectativas de que ocorra alguma grande mudança no texto. Mas alguma surpresa que pudesse reduzir o potencial de controle das contas públicas tende a impactar negativamente o mercado.

Frederico Nobre, líder da área de análise da Warren, comenta que outro ponto de atenção é a reforma tributária, "que caso não for bem orquestrada, pode reduzir as expectativas de lucro das empresas (da bolsa brasileira)", tornando-as menos atrativas.

A última questão que pode ajudar ou prejudicar na valorização do Ibovespa e do real é a política monetária dos Estados Unidos.

Lucas Serra, da Toro, destaca que em sua última reunião, o Fed manteve seus juros inalterados — em um patamar entre 5% e 5,25% o ano — e teve um discurso alinhado ao que era esperado, afirmando que novas altas podem acontecer caso a inflação volte a subir com muita força no país.

"Com isso, o mercado pode ter uma maior percepção de que os Estados Unidos chegaram ou estão bem próximos da sua taxa de juros terminal. Isso, por sua vez, tende a destravar valor para investimentos em renda variável de uma forma geral, incluindo para a bolsa brasileira", explica.

Os outros especialistas concordam e é unânime a visão de que, com um maior controle das altas nos juros na maior economia do mundo, o mercado brasileiro tende a se beneficiar — e vice-versa.

Assim, outro consenso é que a bolsa brasileira continua barata — ou seja, que analisando a sua relação entre risco e retorno, as ações têm um bom potencial para valer mais — e que as chances de que o Brasil continue recebendo investimentos, locais ou estrangeiros, é grande, a depender do andamento das questões apresentadas até aqui.

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