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Série de reportagens em homenagem ao aniversário da capital federal trazem outros ângulos do lago que é cartão postal da cidade. Em 1959, barracos que pertenciam a operários na Vila Amaury foram inundados.===+===.=.=.= =---____--------- ---------____------------____::_____ _____= =..= = =..= =..= = =____ _____::____-------------______--------- ----------____---.=.=.=.= +====
Por Marília Marques, G1 DF
Postado em 20 de abril de 2021 às 09h20m
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Imagens subaquáticas mostram ônibus submerso no Lago Paranoá
Construída para servir como um acampamento provisório, a extinta Vila Amaury abrigou 16 mil operários da construção de Brasília. O local que, até o ano de 1959 acomodava bares, restaurantes e até um miniparque de diversões, foi submerso e, hoje, está debaixo do Lago Paranoá – cartão postal da capital federal.
Imagens subaquáticas do lago dão o tom da segunda reportagem especial da série do G1 sobre os 61 anos de Brasília, comemorados na quarta-feira (21). Um vídeo feito por uma equipe de mergulhadores (veja acima) mostra ruínas do local e até um ônibus submerso.
A gravação, realizada em 2017, foi cedida pelo Arquivo Público do Distrito Federal e faz parte de uma exposição virtual do órgão. Apesar de não haver precisão sobre como o veículo foi parar sob a água, mergulhadores afirmam que o ônibus é da década de 1980 e está a 27 metros de profundidade.
À época da inundação, os trabalhadores da vila foram informados que, quando a obra da barragem do Lago Paranoá fosse encerrada e as comportas fechadas, precisariam sair do acampamento. Apesar do acordo, houve resistência por parte das famílias.
Durante oito meses, em 1959, as águas avançaram mansas e lentas sobre a terra seca. Por isso, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) precisou ordenar que os habitantes deixassem a região. Segundo historiadores ouvidos pelo G1, "a água já atingia a altura dos joelhos das pessoas".
Imagens subaquáticas mostram ruínas da Vila Amaury e pertences submersos no Lago Paranoá
Foi neste contexto de apreensão que muitas famílias da Vila Amaury foram transferidas para Taguatinga, Gama e Sobradinho – região construída para abrigar esses moradores.
Como as comportas da barragem foram fechadas no período em que as chuvas começavam a ficar mais fortes, o lago encheu muito rapidamente, e não houve tempo para remover os barracos da vila e limpar a área que seria inundada. Por isso, 62 anos depois, ainda é possível encontrar ruínas das edificações, pertences e brinquedos da época submersos no Lago Paranoá.
Operários trabalham na construção do Lago Paranoá — Foto: Arquivo Público-DF/Divulgação
Vila Amaury
O nome da vila homenageia um funcionário da Novacap, Amaury Almeida – engenheiro que participava da obra de construção de Brasília. Na época, ele conduzia o movimento pró-moradia e era o responsável por organizar a chegada dos novos migrantes e alojá-los.
Se a vila ainda existisse, hoje estaria situada no declive aos fundos do Iate Clube de Brasília e do Grupamento de Fuzileiros Navais, na Asa Norte.
Construção das comportas do Lago Paranoá — Foto: Arquivo Público-DF/Divulgação
O lago que nem sempre existiu
A construção da barragem do Lago Paranoá começou em 1957, sob responsabilidade da construtora americana Raymond Concrete Pile of the Americas. Porém, o constante atraso nas obras impedia a concretização da promessa de campanha, feita em 1955 pelo presidente Juscelino Kubitschek, de que a inauguração de Brasília ocorreria em abril de 1960.
Por isso, à época, Juscelino rescindiu o contrato e transferiu o comando da construção da barragem para a Novacap, que dividiu o trabalho com as construtoras Camargo Corrêa, Rabello e Engenharia Civil e Portuária.
Para Kubistchek, era inconcebível a inauguração da nova capital do país sem o lago, segundo relatos guardados no Arquivo Público do DF.
"Como inaugurar Brasília sem o lago tão amplamente anunciado e que, além do mais, seria a moldura líquida da cidade?"
Mergulhadores entram em ônibus submerso no Lago Paranoá — Foto: Arquivo Público do DF/Coleção Fluid/Divulgação
Assim, por entre as matas recortadas, um vale de vegetação torta se torna um imenso canteiro de obras, sendo desbravado por operários vindos de todos os cantos do Brasil e fazendo do Lago Paranoá, hoje, um local de diversão, esporte e afeto para muitos brasilienses.
Capivaras do Paranoá
As capivaras habitam as margens do Lago Paranoá desde 1970, segundo relatos que constam no Arquivo Público do DF.
Pesquisadores afirmam que, por serem animais generalistas e não estarem em risco de extinção, elas competem com o homem pelo uso do espaço. E por isso, no calor, as vizinhas de gramado não pensam duas vezes em aproveitar as piscinas de moradores da região da orla.
Ilhas do lago
Uma das três ilhas do Lago Paranoá, em Brasília — Foto: Arquivo Público-DF/Divulgação
O Lago Paranoá possui três ilhas, que são chamadas de Paranoá, Retiro e dos Clubes.
A Ilha do Paranoá é a maior do arquipélago e mede 1,54 hectares, com cerca de 110 metros de largura, segundo documentos registrados no Arquivo Público. Fica situada nas proximidades dos trechos 4 e 5 do Setor de Mansões do Lago Norte.
A Ilha Retiro está localizada nas proximidades do trecho 7 do Setor de Mansões do Lago Norte e possui área de 1 hectare, com altitude de 1.004 metros, distante 85 metros da margem do Lago Paranoá.
A Ilha dos Clubes é a menor e possui cerca de 6 metros quadrados. Fica situada próximo à ponte JK. As ilhas Paranoá e Retiro são declaradas como reserva ecológica por uma lei distrital de 1997.
Ponte JK
Imagem aérea da ponte JK, em Brasília — Foto: Arquivo Público-DF/Divulgação
Inaugurada em 15 de dezembro de 2002, a ponte Juscelino Kubitschek – a ponte JK ou Terceira Ponte –, impressiona pela beleza e arquitetura monumental. A estrutura tem 1,2 km de extensão e é considerada um dos mais belos cartões postais da capital federal.
O projeto que deu forma à estrutura foi escolhido dentre os trabalhos apresentados no Concurso Nacional de Estudos Preliminares de Arquitetura, em dezembro de 1998.
A ponte foi projetada pelo arquiteto carioca Alexandre Chan, que recebeu em 2003, durante a International Bridge Conference, a medalha Gustav Lindenthal, pelas qualidades estéticas e harmonização ambiental.
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