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quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Cientistas detectam bolha de gás quente em torno de buraco negro no centro da Via Láctea

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Em maio deste ano, imagem do Event Horizon Telescope mostrou pela primeira vez Sagitário A*, buraco negro supermassivo a mais de 26 mil anos-luz da Terra.
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Por g1

Postado em 22 de setembro de 2022 às 13h10m

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A órbita do ponto quente em torno de Sagitário A*. — Foto: EHT Collaboration, ESO/M. Kornmesser (Acknowledgment: M. Wielgus)
A órbita do ponto quente em torno de Sagitário A*. — Foto: EHT Collaboration, ESO/M. Kornmesser (Acknowledgment: M. Wielgus)

Cientistas do observatório ALMA (Atacama Large Millimeter Array), um dos maiores complexos astronômicos do mundo, descobriram sinais de um "ponto quente em órbita de Sagitário A*, o buraco negro no centro da nossa Galáxia.

"Acreditamos que isso seja uma bolha de gás quente em torno de Sagitário A*, numa órbita semelhante em tamanho à do planeta Mercúrio, mas que completa uma volta em cerca de 70 minutos. Para que isso aconteça a velocidade a que se desloca tem que ser enorme, cerca de 30% da velocidade da luz!, explicou em um comunicado Maciek Wielgus do Instituto Max Planck de Rádio Astronomia, na Alemanha.

Segundo os pesquisadores, a descoberta foi feita durante os trabalhos de apuração do consórcio internacional de cientistas, que divulgou a primeira foto do buraco negro supermassivo a cerca de 26 mil anos-luz da Terra.

Em maio deste ano, o Event Horizon Telescope (uma rede colaborativa de astrônomos, astrofísicos e cientistas que trabalham com nove radiotelescópios espalhados pelo globo), mostrou a primeira imagem de Sagitário A*, mas para a surpresa da equipe de cientistas, havia mais pistas escondidas nas medições obtidas apenas com o ALMA.

Veja localização do buraco negro — Foto: NASA
Veja localização do buraco negro — Foto: NASA

Ainda de acordo com os cientistas, os resultados do estudo corroboram investigações anteriores feitas por outros telescópios que detectaram uma explosão de energia de raios-X emitida a partir do centro da nossa galáxia.

O que é mesmo novo e interessante é o fato destas explosões estarem, até agora, apenas claramente presentes em observações infravermelhas e de raios-X de Sagitário A*. Estamos, pela primeira vez, vendo fortes indicações de que pontos quentes que orbitam o buraco negro também estão presentes em observações de rádio, disse Wielgus.

Imagem inédita de buraco negro no centro da Via Láctea é divulgada por cientistasImagem inédita de buraco negro no centro da Via Láctea é divulgada por cientistas

Os pesquisadores esperam, agora, poder observar com o EHT o clarão de energia que rodeia Sagitário A* e entender cada vez melhor a dinâmica de funcionamento do buraco negro.

Talvez um dia estejamos confortáveis o suficiente para dizer que 'sabemos' o que se passa em Sagitário A*, acrescentou o pesquisador.

O ALMA, rádio-observatório de 66 antenas que fica no deserto do Atacama, no Chile, faz parte do Event Horizon. — Foto: A. Marinkovic/X-Cam/ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)
O ALMA, rádio-observatório de 66 antenas que fica no deserto do Atacama, no Chile, faz parte do Event Horizon. — Foto: A. Marinkovic/X-Cam/ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)

Em 2019, com essa mesma espécie de radiotelescópio que simula o tamanho da Terra, os astrônomos do projeto divulgaram a primeira imagem de um buraco negro já registrada, o Pōwehi, localizado no centro da galáxia Messier 87.

Um buraco negro é uma espécie de abismo cósmico que atrai para si tudo o que se aproxima dele – a uma determinada distância.

Nem mesmo a luz escapa de ser atraída por esses objetos. Por isso que os buracos negros são, de fato, negros.

E isso acontece porque a atração gravitacional desses corpos é extremamente forte.

  • VÍDEO: Como é o som de um buraco negro? Nasa divulgou 'sonificação' com ondas sonoras reais de um

Nasa divulga som de buraco negroNasa divulga som de buraco negro

Quais são os tipos de buracos negros?

Existem três tipos catalogados pelos astrônomos: buracos negros estelares, buracos negros intermediários e buracos negros supermassivos.

Os buracos negros estelares são os menores. Eles são formados quando uma estrela massiva morre, numa explosão chamada de supernova. Uma estrela massiva geralmente tem uma massa (a quantidade de matéria de um objeto) entre 10 e 100 vezes maior que o Sol.

Já os intermediários – entre 100 e 100 mil vezes a massa do Sol – não são muito comuns. É tão difícil encontrá-los que alguns cientistas questionam se esses de fato existem. Mas, no ano passado, um grupo de pesquisadores apresentou um trabalho sobre a descoberta de um deles.

Localização dos telescópios que compõem a rede EHT. — Foto: ESO/M. KornmesserLocalização dos telescópios que compõem a rede EHT. — Foto: ESO/M. Kornmesser

Por fim, os supermassivos habitam o centro da maioria das galáxias do Universo, e geralmente surgem após a formação de suas galáxias, engolindo tudo o que veem pela frente. Como o próprio nome sugere, eles são um dos objetos mais pesados do espaço, com massas que variam de milhões a bilhões de massas solares.

O que há dentro do buraco negro?

Esse é um dos grandes mistérios da ciência. Nas palavras da cientista Andrea Gehz – que investiga buracos negros e foi uma das vencedoras do Nobel de Física de 2020 pelo seu trabalho – ninguém sabe.

"Não temos nenhuma ideia do que há dentro do buraco negro – eles são o colapso do entendimento das leis da física", declarou Gehz.

O astrofísico Jakob van den Eijnden explica que muitas coisas permanecem desconhecidas quando o assunto é buraco negro. Um campo de estudo ativo, por exemplo, é o que investiga o que acontece com um material quando ele cai num buraco negro: como é, quais são suas propriedades e por que parte desse material é lançado para o espaço na forma de jatos.

"De fato, esses processos que acontecem perto do horizonte de eventos são difíceis de observar e, portanto, pouco compreendidos", observa o pesquisador.

O que é o Sagittarius A* e onde ele está?

O Sgr A* é um buraco negro supermassivo, 4 milhões de vezes mais massivo do que o Sol. Ele também tem um diâmetro cerca de 18 vezes maior do que a nossa estrela.

Ele está estacionado na constelação de Sagitário, que é visível nos hemisférios norte e sul (a constelação, não o buraco negro).

Sua descoberta foi revelada para a comunidade científica pelos astrônomos Bruce Balick e Robert L. Brown, nos anos 1970, inicialmente como uma fonte de rádio brilhante no centro da Via Láctea.

  • VÍDEO: Fantástico explica como foi feita, em 2019, a primeira imagem de um buraco negro.

Entenda como foi feita a primeira imagem de um buraco negroEntenda como foi feita a primeira imagem de um buraco negro
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Patinho Feio: como funcionava o primeiro computador brasileiro, criado há 50 anos

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Com mais de 60 kg e apenas 4 kb de armazenamento, dispositivo criado na USP foi batizado em alusão ao Cisne Branco, projeto de computador da Unicamp. O aniversário de meio século do aparelho começa a ser comemorado nesta quinta-feira (22) pela Escola Politécnica.
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Por Victor Hugo Silva, g1

Postado em 22 de setembro de 2022 às 06h35m

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Primeiro computador brasileiro, Patinho Feio foi inaugurado em 24 de julho de 1972 — Foto: Reprodução/USP
Primeiro computador brasileiro, Patinho Feio foi inaugurado em 24 de julho de 1972 — Foto: Reprodução/USP

Há 50 anos, em uma época em que quase não havia profissionais capacitados para isso no país, cerca de 15 pesquisadores criaram o primeiro computador brasileiro. O aparelho ficou conhecido como Patinho Feio na Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), onde foi desenvolvido.

O Patinho Feio tinha apenas 4 kilobytes de armazenamento (um simples disquete tem 360 vezes mais espaço). Não contava com tela, mouse, nem a maioria das funções dos computadores de hoje. Mas serviu para dar início à indústria brasileira de equipamentos digitais.

"O Patinho Feio foi uma semente da indústria digital brasileira a partir de um protótipo viável", disse Lucas Moscato, professor aposentado de automação industrial e robótica da Poli-USP e um dos criadores do computador, em entrevista ao g1.

O dispositivo foi resultado de um esforço de engenheiros, professores, estagiários e estudantes de pós-graduação da faculdade.

"A gente teve alunos excelentes. Muitos ficaram trabalhando conosco na Poli, outros alimentaram a indústria de computadores que começou a surgir no Brasil", destacou Edith Ranzini, professora da Poli-USP e uma das quatro mulheres que participaram do projeto, ao g1.

O 50º aniversário do dispositivo começa a ser comemorado nesta quinta-feira (22) na Poli-USP. Nos próximos meses, serão realizadas exposições e visitas programadas de estudantes para mostrar os avanços da tecnologia e destacar a importância dos investimentos na universidade pública.

O primeiro computador brasileiro foi um projeto do antigo Laboratório de Sistemas Digitais da USP, hoje chamado de Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais. Inaugurado em 24 de julho de 1972, ele começou a ser desenvolvido dois anos antes.

Relembre reportagem sobre computadores criados na USP:

USP desenvolve microcomputador do tamanho de uma moedaUSP desenvolve microcomputador do tamanho de uma moeda

O dispositivo foi criado depois do pedido da Marinha para a construção de um computador nacional que pudesse ser utilizado em seus navios. O aparelho seria feito na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que chamou seu projeto de Cisne Branco.

Então, os engenheiros da USP, que também projetavam um computador, chamaram a sua iniciativa de Pato Feio, que viria a ser chamado no diminutivo. "Foi realmente uma brincadeira que gerou o nome. O Patinho Feio teve essa ligação com o que o pessoal da Unicamp propôs fazer", explicou Moscato.

O Cisne Branco da Unicamp não vingou e o G10, um sucessor do Patinho Feio, viria a ser utilizado em sistemas de navegação de alguns navios da Marinha.

Bispo Dom Ernesto de Paula na inauguração do Patinho Feio, em 1972 — Foto: Jorge Murata/USP
Bispo Dom Ernesto de Paula na inauguração do Patinho Feio, em 1972 — Foto: Jorge Murata/USP

Como funcionava?

O Patinho Feio era controlado por um painel com botões e chaves liga-desliga que enviavam códigos binários (0 e 1) para rodar pequenos programas.

O dispositivo também usava um sistema de entrada e saída com periféricos, ou seja, aparelhos que ficam conectados à máquina. Nesse projeto, os acessórios serviam para salvar e iniciar programas.

Esses programas eram salvos em fitas perfuradas impressas em teletipo, uma espécie de máquina de escrever que enviava e recebia mensagens por telégrafo. Depois, uma máquina leitora podia ler essas fitas e executar os programas.

Na época em que foi desenvolvido, o Patinho Feio era considerado um minicomputador. Mas ele pesava cerca de 60 kg e, como destacou a professora Edith, tinha o tamanho de dois frigobares.

"Um 'frigobar', do lado esquerdo, é para as fontes de alimentação, para você ver como ele consumia energia", relembrou. "O outro é a parte do Patinho Feio propriamente dito, é aquele em que há um painel verde".

Painel do Patinho Feio tem botões e chaves liga-desliga que eram usados para enviar comandos — Foto: Divulgação/USP
Painel do Patinho Feio tem botões e chaves liga-desliga que eram usados para enviar comandos — Foto: Divulgação/USP

Para que servia?

Como tinha pouca memória, o Patinho Feio rodava apenas pequenos programas de demonstração. Ele seguia instruções para criar listas e copiar textos, além de realizar contas de soma e subtração, por exemplo.

Então governador de São Paulo, Laudo Natel compareceu à inauguração do Patinho Feio, em 1972 — Foto: Jorge Murata/USP
Então governador de São Paulo, Laudo Natel compareceu à inauguração do Patinho Feio, em 1972 — Foto: Jorge Murata/USP

A ideia era testar o que tinha sido aprendido nas aulas sobre sistemas digitais, incluídas no curso de Engenharia da Computação da Poli-USP um ano antes da inauguração do computador.

"O importante na época era demonstrar a capacidade de desenvolver um equipamento confiável que funcionasse e permitisse que os engenheiros que ali haviam trabalhado pudessem progredir fazendo outros equipamentos ou indo até para a indústria", diz Moscato.

Segundo Edith, o objetivo "era estudar como fazer um módulo de entrada e saída, como ligar mais um periférico. O foco não era tanto que programa fazer, era dotar o Patinho Feio de mais recursos de infraestrutura básica para depois o pessoal rodar programa".
O que veio depois?

O segundo computador do grupo de engenheiros da USP foi o G10, produzido para a Marinha. Ele serviu de base para o primeiro computador comercial brasileiro, chamado de MC 500 e fabricado pela Cobra (Computadores e Sistemas Brasileiros).

Lucas Moscato, um dos criadores do Patinho Feio, em demonstração do computador — Foto: Jorge Murata/USP
Lucas Moscato, um dos criadores do Patinho Feio, em demonstração do computador — Foto: Jorge Murata/USP

O conhecimento obtido com o Patinho Feio ainda ajudaria pesquisadores em outros projetos, que incluíram sistemas de controle de trens, apoio a motoristas em rodovias e de central telefônica.

"Outras indústrias nasceram a partir daí e muita coisa aconteceu por 25 anos até meados dos anos 1990, quando a opção brasileira foi pela agricultura, deixando um pouco de lado a indústria", avalia Moscato.

Os dois engenheiros ouvidos pelo g1 destacam que a indústria brasileira não estava preparada para a abertura comercial no início dos anos 1990, que aumentou a presença no país de equipamentos de empresas estrangeiras. Para eles, é preciso fortalecer o setor no brasil.

Edith alerta ainda para o problema de fuga de cérebros do país. "Tem uma série de coisas que, para serem feitas, precisam de indústria por trás. Mas algumas, por exemplo, desenvolvimento de software, precisam de cabeças. E elas estão indo embora, tem muita gente indo para o exterior", afirma.

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