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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Gramado sintético: quem permite e quem proíbe nas principais ligas do mundo

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Gramados naturais ou híbridos são maioria nos principais centros do futebol mundial; Holanda vetou uso de piso artificial com programa de ajuda financeira para manutenção de campos
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Por Emilio Botta — São Paulo

Postado em 20 de Fevereiro de 2.025 às 11h20m

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“Se tivesse padronização de grama natural, não teria discussão”, sobre gramado sintético 
 "Se tivesse padronização de grama natural, não teria discussão”, sobre gramado sintético 

A utilização de gramado natural ou sintético não é uma discussão restrita ao Brasil. Nas principais ligas ao redor do mundo, o tema é debatido e causa divergências sobre a qualidade dos campos, o custo de manutenção e sua influência no desempenho do jogo.

Mas há um consenso nos campeonatos mais valorizados do planeta: o uso de grama artificial é restrito. Todos os clubes que disputam as primeiras divisões de Inglaterra, Espanha, França, Itália e Alemanha utilizam grama natural ou híbrida (quando se pode ter algum material sintético na composição do gramado natural).

Na Espanha, a partir de 2031, não poderão ser instalados novos campos de grama artificial com partículas de enchimento considerados microplásticos de dimensão inferior a cinco milímetros.

O país não proíbe o uso de grama sintética, mas incentiva e define regras para a manutenção de gramados naturais ou híbridos dentro de um padrão de aceitação para jogos da LaLiga. 

Estádio Dino Manuzzi, do Cesena, da Itália, tem gramado sintético  — Foto: Getty Images
Estádio Dino Manuzzi, do Cesena, da Itália, tem gramado sintético — Foto: Getty Images

No caso da Itália, apesar de não existir proibição da Série A, nenhum dos clubes usa grama sintética nas principais divisões. A exceção fica para o estádio Dino Manuzzi, do Cesena, que tem gramado totalmente artificial. O clube ocupa a oitava colocação da Série B italiana. 

Além da França e da Alemanha, a Holanda recentemente vetou os gramados sintéticos. A partir da temporada 2025/2026, os clubes da Primeira Divisão do país concordaram em padronizar os estádios com grama natural.

Desde 2018, a Holanda incentiva com ajuda financeira a manutenção de gramados naturais. O movimento fez com que o Heracles, time fundado em 1903, mudasse para o gramado natural depois de 21 anos usando grama artificial em seu estádio.

A Liga dos Campeões, principal competição de clubes do mundo, não veta o uso de gramado artificial em jogos válidos até a decisão do título. No entanto, a final do torneio só pode ser realizada em grama natural. A exceção ocorreu na decisão do título da temporada 2007/08 entre Manchester United e Chelsea, que se enfrentaram no estádio Luzhniki, na Rússia, que possui grama sintética. 

Na atual edição do torneio, apenas um clube possui gramado artificial. O Young Boys, da Suíça, acabou eliminado com oito derrotas em oito jogos. Na temporada passada, ao enfrentar o clube, o técnico Pep Guardiola não escondeu a insatisfação por ter de jogar em um gramado sintético.

– A grama natural é melhor, porque 99,9% dos times que jogam em alto nível jogam em grama natural, do contrário a Uefa e a Fifa decidiriam jogar em gramados sintéticos. É senso comum – disse o treinador espanhol. 

Young Boys x Manchester City jogaram em gramado sintético pela Champions do ano passado  — Foto: REUTERS
Young Boys x Manchester City jogaram em gramado sintético pela Champions do ano passado — Foto: REUTERS

Os gramados sintéticos são mais comuns em países com climas extremos, seja de frio ou calor. Rússia, Ucrânia, Emirados Árabes, Catar e Arábia Saudita, por exemplo, possuem mais estádios com gramados sintéticos por causa da melhor possibilidade de manutenção. 

Gramados nas principais ligas europeias
  • Premier League: grama natural ou híbrida (exceção para a disputa da FA Cup, já que gramado sintético é liberado para clubes a partir da 5ª Divisão);
  • Série A (Itália): não há restrição, mas apenas um clube das Séries A e B utiliza gramado sintético;
  • Bundesliga: grama natural ou híbrida
  • LaLiga: não há restrição, mas clubes usam grama natural ou híbrida;
  • League 1 (França): grama natural ou híbrida;
  • Argentina: não há proibição, mas todos os clubes da primeira divisão usam grama natural ou híbrida;
  • Conmebol: segue a regra da Fifa;
  • Champions League: não há restrição (final em grama natural).
O que diz a Fifa?

A Fifa estabelece três diferentes gramados que são autorizados para a prática do futebol ao redor do mundo: natural, relva natural com reforço híbrido e relva sintética/artificial.

No caso do gramado artificial ou sintético, a entidade máxima do futebol tem um programa de qualidade estabelecido para gramados de futebol, e somente produtos que estejam em conformidade com este programa devem ser considerados como grama sintética adequada.

Gramado sintético: solução ou problema? O EE acompanhou alguns testes 

Gramado sintético: solução ou problema? O EE acompanhou alguns testes 

O programa indica fabricantes licenciados com gramados sintéticos projetados para garantir que atendem aos requisitos de desempenho de jogo, segurança, durabilidade e garantia de qualidade, exigindo testes de desempenho dentro do padrão estabelecido. São três níveis de certificação:

  • Fifa Quality Pro: projetado para futebol profissional com uso típico de até 20 horas por semana;
  • Qualidade Fifa: projetada para futebol municipal, recreativo e comunitário, com uso típico de 40 a 60 horas por semana;
  • Fifa Básica: padrão básico que atende aos critérios básicos de desempenho e segurança, ao mesmo tempo em que garante acessibilidade.

Ou seja, os clubes profissionais precisam estar certificados no "Fifa Quality Pro" para terem autorização para o uso do gramado sintéticos em seus estádios. Palmeiras, Botafogo, Athletico-PR e Atlético-MG informaram que possuem a certificação e que seus gramados seguem os padrões estabelecidos pela Fifa.

Todos os jogos das Copas do Mundo de todas as categorias em 2025 (incluindo o Mundial de Clubes), 2026 e 2027 terão campo com padrão de 105x68m e grama natural

A Fifa estabelece requisitos básicos para a instalação de gramados artificiais, que estão dentro dos padrões para a obtenção dos certificados para a utilização do piso nos estádios para jogos profissionais. Veja abaixo: 

  • Camada de formação: plataforma sobre a qual o campo será construído deve ser estável, e os contornos do projeto para o campo de jogo serão refletidos nesta camada de formação;
  • Drenagem de tubos: para coletar e remover a água que se move através do perfil do campo;
  • Sub-base: agregado aprovado, permeável (não ligado) fornece uma camada de base estável para o campo de jogo, que também atuará como um meio de coleta para água de drenagem. Uma membrana geotêxtil divide a sub-base e a camada de formação;
  • Camada de nivelamento: existem duas opções básicas para a camada de nivelamento: uma ou mais camadas de macadame betuminoso poroso (Bitmac) ou asfalto, criando uma base projetada o ligada; material agregado graduado, que pode ser nivelado, para criar uma base não ligada. 
Exemplo de estrutura de gramado sintético no padrão da Fifa — Foto: Reprodução/Fifa.com
Exemplo de estrutura de gramado sintético no padrão da Fifa — Foto: Reprodução/Fifa.com 

Por fim, a Fifa recomenda a escovação regular, a remoção de detritos da superfície (folhas, excremento de pássaros, lixo etc), uma esteira de arrasto e uma rampa de rolamento de esferas, além da desinfecção para reduzir a propagação de bactérias.

A entidade também reforça a necessidade de resfriar o gramado antes das partidas por conta do aquecimento em dias com clima mais quente.

A Fifa entende que não é possível estabelecer apenas um tipo de gramado como padrão para jogos de futebol ao redor do mundo. Isso porque condições climáticas e financeiras impedem que a padronização mantenha uma equiparação entre clubes e países mais ricos e mais pobres. Por isso, a entidade oferece alternativas que considera justas para a qualidade dos gramados ao redor do mundo.

Gramado sintético no Brasil

Levando em consideração os grandes clubes brasileiros que disputam as Séries A e B do Campeonato Brasileiro, quatro estádios possuem atualmente gramado sintético: Allianz Parque, Ligga Arena, Nilton Santos e MRV Arena. 

Gramado sintético Ligga Arena, do Athletico — Foto: José Tramontin/athletico.com.br
Gramado sintético Ligga Arena, do Athletico — Foto: José Tramontin/athletico.com.br

Palmeiras, Athletico, Botafogo e Atlético-MG se posicionaram sobre as críticas ao gramado sintético. Os três primeiros clubes já utilizam o piso há mais tempo, enquanto o Galo está em fase final da troca depois de não ter conseguido manter um bom padrão com a grama natural desde a inauguração da sua arena.

O Corinthians, elogiado por ter um dos melhores gramados do Brasil, utiliza a grama mista: 96% de grama natural com 4% sintético - as fibras sintéticas não têm função estética, elas servem apenas para a raiz da grama agarrara fibra, dando mais estabilidade ao gramado, tendo função no solo e não na superfície. 

Gramado da Neo Química Arena passou por reforma em 2022; clube deve trocar totalmente o gramado neste ano  — Foto: Divulgação World Sports
Gramado da Neo Química Arena passou por reforma em 2022; clube deve trocar totalmente o gramado neste ano — Foto: Divulgação World Sports 

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