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quarta-feira, 10 de novembro de 2021

No Chile, o deserto do Atacama abriga lixão tóxico da moda descartável do 1° mundo

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Paisagem árida hospeda verdadeiras montanhas de roupas descartadas em diversos países. Consumo excessivo de roupas acentuou problema global de descarte.
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TOPO
Por RFI

Postado em 10 de novembro de 2021 às 10h10m

Post.- N.\ 10.076

Mulheres buscam roupas usadas em meio a descarte no deserto do Atacama, em Alto Hospicio,  — Foto: Martin Bernetti/AFP
Mulheres buscam roupas usadas em meio a descarte no deserto do Atacama, em Alto Hospicio, — Foto: Martin Bernetti/AFP

O deserto do Atacama no Chile abriga um gigantesco lixão clandestino de roupas que se compram, vestem e descartam nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia.

As colinas coloridas de roupas emergem da paisagem desoladora. São montanhas que crescem cerca de 59 mil toneladas por ano entrando na zona franca do porto de Iquique, a 1.800 quilômetros de Santiago.

O consumo excessivo e fugaz de roupas, com redes capazes de lançar mais de 50 coleções de novos produtos por ano, tem feito com que o desperdício têxtil cresça exponencialmente no mundo.

Esse material leva cerca de 200 anos para se desintegrar.

São roupas feitas na China ou em Bangladesh e compradas, por exemplo, em Berlim ou Los Angeles, antes de serem jogadas fora. Milhares de toneladas acabam como lixo escondido no deserto na área de Alto Hospicio, no norte do Chile, um dos destinos finais para roupas "de segunda mão" ou de temporadas anteriores de cadeias de fast fashion.

O Chile é o maior importador de roupas usadas da América Latina. Há quase 40 anos, existe um sólido comércio de "roupas americanas" em lojas de todo o país, que são abastecidas com lotes comprados pela zona franca do norte dos Estados Unidos, Canadá, Europa e Ásia.

“Essas roupas vêm de todas as partes do mundo”, explica Alex Carreño, ex-trabalhador da zona de importação do porto de Iquique, que mora próximo a um lixão de roupas.

Nessa área de importadores e taxas preferenciais, comerciantes do resto do país selecionam os produtos para suas lojas e o que sobra não pode sair da alfândega nesta região de pouco mais de 300 mil habitantes.

O que não foi vendido para Santiago ou foi para outros países (como Bolívia, Peru e Paraguai para contrabando), fica aqui, porque é uma zona franca, afirma Carreño.

Vista aérea de lixão de roupas em Alto Hospicio, no Chile — Foto: Martin Bernetti/AFP
Vista aérea de lixão de roupas em Alto Hospicio, no Chile — Foto: Martin Bernetti/AFP

Na paisagem desértica há manchas de todo tipo de lixo, muitas delas de roupas, bolsas e sapatos. Ironicamente, botas de chuva ou de neve se destacam em uma das áreas mais secas do mundo.

Uma senhora que não quer se identificar tem metade do corpo afundado em uma pilha de roupas e remexe em busca das melhores possíveis para vender em seu bairro.

Em outro lugar, Sofía e Jenny, duas jovens venezuelanas que cruzaram a fronteira entre a Bolívia e o Chile há poucos dias, a cerca de 350 km do aterro, escolhem "coisas para o frio", enquanto seus bebês engatinham nas colinas têxteis: "Viemos olhar para as roupas porque a gente realmente não tem nada, jogamos tudo fora quando voltamos mochilando."

Moda tóxica

Reportagens sobre a indústria têxtil expuseram o alto custo do chamado fast fashion, com trabalhadores mal pagos, denúncias de mão-de-obra infantil e condições deploráveis ​​para a produção em massa das vestimentas. A isso se somam hoje cifras devastadoras sobre seu imenso impacto ambiental, comparável ao da indústria do petróleo.

De acordo com estudo da ONU de 2019, a produção de roupas no mundo dobrou entre 2000 e 2014, o que também mostra que se trata de uma indústria responsável por 20% do total de desperdício de água globalmente.

O mesmo relatório indica que apenas a produção de um par de jeans consome 7.500 litros de água e destaca que a fabricação de roupas e calçados gera 8% dos gases de efeito estufa, e que a cada segundo é enterrada ou queimada uma quantidade de tecidos equivalente a um caminhão de lixo."

Mulheres procuram roupas em meio a descarte em Alto Hospicio, no deserto do Atacama — Foto: Martin Bernetti/AFP
Mulheres procuram roupas em meio a descarte em Alto Hospicio, no deserto do Atacama — Foto: Martin Bernetti/AFP

Nos lixões têxteis do deserto chileno, é possível topar com uma bandeira dos Estados Unidos, um par de saias, ver uma "parede" de calças com etiquetas e até pisar em uma coleção de suéteres com motivos natalinos tão populares nas festas de Natal em Londres ou Nova York.

"O problema é que a roupa não é biodegradável e contém produtos químicos, por isso não é aceita nos aterros municipais", disse Franklin Zepeda, fundador da EcoFibra, empresa de economia circular com unidade produtiva em Alto Hospicio, que produz painéis isolantes com base nessas roupas descartáveis.

No subsolo, há mais roupas cobertas com a ajuda de caminhões, na tentativa de evitar incêndios causados pelos produtos químicos e tecidos sintéticos que a compõem.

Mas roupas enterradas ou expostas também liberam poluentes no ar e nos corpos d'água subterrâneos típicos do ecossistema do deserto. A moda, como se vê, é tão tóxica quanto pneus ou plásticos.

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IPCA: inflação oficial fica em 1,25% em outubro e atinge 10,67% em 12 meses

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Foi a maior alta para um mês de outubro desde 2002. Gasolina foi a vilã da inflação no mês com uma alta de 3,10%, e salto em 12 meses chega a 42,72%.
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Por Darlan Alvarenga, g1

Postado em 10 de novembro de 2021 às 09h45m

Post.- N.\ 10.075

IPCA: inflação sobe 1,25% em outubro, a maior alta para o mês desde 2002
IPCA: inflação sobe 1,25% em outubro, a maior alta para o mês desde 2002

Puxado pela alta da gasolina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, acelerou para 1,25% em outubro, após ter registrado taxa de 1,16% em setembro, mostram os dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Foi a maior variação para um mês de outubro desde 2002 (1,31%)", destacou o IBGE.

Com o resultado, a inflação acumula alta de 8,24% no ano e de 10,67% nos últimos 12 meses, acima do registrado nos 12 meses imediatamente anteriores (10,25%). Trata-se do maior índice para um intervalo de 1 ano desde janeiro de 2016 (10,71%).

IPCA - inflação oficial mês a mês — Foto: Economia G1
IPCA - inflação oficial mês a mês — Foto: Economia G1

O resultado veio acima do esperado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de uma taxa de 1,05% em outubro, acumulando em 12 meses alta de 10,45%.

Segundo o IBGE, os principais vilões da inflação em outubro foram a gasolina, a passagem aérea, o tomate, a energia elétrica e o automóvel 0 Km.


Gasolina sobe pelo 6º mês seguido

Todos os 9 grupos de produtos e serviços pesquisados subiram em outubro, com destaque para os transportes (2,62%), principalmente, por conta dos combustíveis (3,21%).

A gasolina subiu 3,10% e teve o maior impacto individual na inflação de outubro, respondendo por 0,19 ponto percentual da alta do IPCA no mês. Foi a sexta alta consecutiva nos preços do combustível, que acumula 38,29% de variação no ano e 42,72% nos últimos 12 meses.

"A alta da gasolina está relacionada aos reajustes sucessivos que têm sido aplicados no preço do combustível, nas refinarias, pela Petrobras", afirmou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.

Além gasolina, houve aumento também nos preços do óleo diesel (5,77%), do etanol (3,54%) e do gás veicular (0,84%).

A energia elétrica (1,16%) voltou a subir, embora a variação tenha sido menor que a de setembro (6,47%). Em 12 meses, a alta acumulada é de 30,27%. Já o gás de botijão (3,67%) teve a 17ª alta consecutiva, acumulando elevação de 37,86% em 12 meses.

Veja o resultado para cada um dos grupos pesquisados:

  • Alimentação e bebidas: 1,17%
  • Habitação: 1,04%
  • Artigos de residência: 1,27%
  • Vestuário: 1,80%
  • Transportes: 2,62%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,39%
  • Despesas pessoais: 0,75%
  • Educação: 0,06%
  • Comunicação: 0,54%

A inflação sobre os serviços pesquisados pelo IBGE acelerou de 0,64% em setembro para 1,04% em outubro.

IPCA - Inflação oficial acumulada em 12 meses — Foto: Economia G1
IPCA - Inflação oficial acumulada em 12 meses — Foto: Economia G1

Preços de passagem aérea e transporte por aplicativo disparam

Ainda nos transportes, os preços das passagens aéreas saltaram 33,86% em outubro, frente a setembro. Em 12 meses, a alta chegou a 50,11%

A depreciação cambial e a alta dos preços dos combustíveis, em particular do querosene de aviação, têm contribuído com o aumento das passagens aéreas. A melhora do cenário da pandemia, com o avanço da vacinação, levou a um aumento no fluxo de circulação de pessoas e no tráfego de passageiros nos aeroportos. Como a oferta ainda não se ajustou à demanda, isso também pode estar contribuindo com a alta dos preços, explica Kislanov.

Outro destaque foi o transporte por aplicativo (19,85%), cujos preços já haviam subido 9,18% em setembro.

Os preços dos automóveis novos (1,77%) e usados (1,13%) também seguem em alta e acumulam, em 12 meses, taxas de 12,77% e 14,71%, respectivamente.

Tomate sobe 26%

Entre os alimentos, os destaques de alta foram o tomate (26,01%) e a batata-inglesa (16,01%), o café moído (4,57%), o frango em pedaços (4,34%), o queijo (3,06%) e o frango inteiro (2,80%). No lado das quedas, houve recuo nos preços do leite longa vida (-1,71%) e do arroz (-1,42%).

Inflação afeta 67% dos itens pesquisados

A inflação foi mais disseminada em outubro do que em setembro. O índice de difusão passou de 65% para 67%. O indicador reflete o espalhamento da alta de preços entre os 377 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE.

Todas as áreas pesquisadas tiveram alta na inflação em outubro. Os maiores índices foram os da região metropolitana de Vitória e do município de Goiânia, ambos com 1,53%. Em São Paulo, a taxa foi de 1,34%.

Economista analisa resultado da inflação
Economista analisa resultado da inflação

Inflação acima da meta e projeções

O resultado mantém pressão sobre o Banco Central para novas altas na taxa básica de juros (Selic). "A surpresa do mês acima do projetado confirma leitura desafiadora da inflação, pressionada tanto pelos repasses em curso dos elevados custos de produção quanto pelo efeito da aceleração dos preços dos serviços", avaliou, em nota, a economista da XP Tatiana Nogueira.

Na última pesquisa Focus do Banco Central, os analistas do mercado financeiro aumentaram de 9,17% para 9,33% a expectativa para a inflação de 2021.

O centro da meta de inflação em 2021 é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%. Com isso, a projeção do mercado já está acima do dobro da meta central de inflação (7,5%).

Para 2022, o mercado financeiro subiu de 4,55% para 4,63% a estimativa para o IPCA. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

A piora nas projeções para os indicadores econômicos acontece em meio às manobras e propostas para driblar o teto de gastos, para abrir espaço no orçamento para bancar o Auxílio Brasil de R$ 400 no ano eleitoral de 2022.

O mercado projeta atualmente uma Selic em 9,25% ao ano no fim de 2021. Entretanto, para o fim de 2022, os economistas subiram a expectativa para a taxa Selic para 11% ao ano, o que pressupõe novas altas no juro básico da economia.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referência para reajustes de salários e benefícios previdenciários, subiu 1,16% em outubro, contra 1,20% em setembro. Foi o maior resultado para um mês de outubro desde 2002, quando o índice foi de 1,57%.

No ano, o indicador acumula alta de 8,45% e, em 12 meses, de 11,08%, acima dos 10,78% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e superior ao IPCA.

Novo índice mostra que inflação castiga os mais pobres
Novo índice mostra que inflação castiga os mais pobres

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