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quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Sediado na França, Congresso da Natureza pressiona Brasil a preservar a Amazônia

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O Ministério do Meio Ambiente não enviou representantes para o Congresso Mundial da Natureza, encontro internacional mais importante para debater a situação da biodiversidade do planeta.
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TOPO
Por Lúcia Müzell, RFI

Postado em 09 de setembro de 2021 às 20h15m


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Queimada de floresta amazônica ao lado da BR 163 no Pará deixou grande número de árvores mortas em julho de 2021 (na imagem, sem folhas e esbranquiçadas) — Foto: Marizilda Cruppe/Rede Amazônia Sustentável
Queimada de floresta amazônica ao lado da BR 163 no Pará deixou grande número de árvores mortas em julho de 2021 (na imagem, sem folhas e esbranquiçadas) — Foto: Marizilda Cruppe/Rede Amazônia Sustentável

O encontro internacional mais importante para debater a situação da biodiversidade no planeta pressiona o Brasil a preservar a Amazônia, lar de uma fauna inigualável no mundo. O Ministério do Meio Ambiente, entretanto, não enviou representantes para o Congresso Mundial da Natureza, que acontece em Marselha (sul).

O evento ocorre a cada quatro anos e estava previsto para 2020, mas foi adiado por conta da pandemia de coronavírus. Brasília enviou um diplomata da sua embaixada na capital francesa para acompanhar o congresso, no sul.

Na cerimônia de abertura, o presidente francês, Emmanuel Macron, discursou instantes depois de o fotógrafo Sebastião Salgado clamar pela proteção da maior floresta tropical da Terra. Macron ressaltou a determinação de Paris em encerrar o chamado desmatamento importado – quando a compra de produtos agrícolas por um país gera devastação no país produtor e exportador.

"A França foi um dos primeiros países a propor uma estratégia de combate ao desmatamento importado. Ela se tornou lei e queremos acelerar para que, em nível europeu, tenhamos uma estratégia clara e forte contra o desmatamento importado, explicou Macron. "Isso significa não comprar mais soja ou proteínas quando elas levam ao desmatamento, especialmente na Amazônia, complementou.

Carta aberta de empresas e organizações da Europa é contra privatização de terras na Amazônia
Carta aberta de empresas e organizações da Europa é contra privatização de terras na Amazônia

Impacto econômico do desmatamento

O presidente francês voltou a afirmar que, por razões ambientais, não aceitará o acordo comercial assinado entre a União Europeia e o Mercosul. O tratado pretende livrar de taxas as importações do Brasil – compostas essencialmente por matérias-primas, mas cuja procedência é cada vez mais questionada pelos europeus, inclusive as multinacionais. Macron tem insistido na ideia de soberania proteica da França, outro tópico que ele destacou no congresso da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN).

"Isso tem um impacto muito grande na economia brasileira. Não estamos só falando de uma questão ambiental, e sim para os que comercializam a soja, que terão um impacto grande do que está sendo discutido aqui, disse Roberto Palmieri, gerente de projetos do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), em entrevista à RFI. Ele lidera a comitiva sul-americana da sociedade civil no evento. "A cultura da soja tem se ampliado nos últimos anos. Mas é possível se pensar numa produção de soja e de carne, se pensamos nas culturas mais polêmicas, bem mais sustentável, garante Palmieri.

De quarta a sexta-feira, os membros do IUCN, vindos de 160 países, deliberam sobre como evitar um declínio ainda maior da biodiversidade mundial. Um relatório divulgado esta semana pela instituição demonstrou que 28% das espécies catalogadas correm risco de extinção. Temas como o uso de agrotóxicos, a poluição de plásticos nos oceanos e a degradação dos solos pela agricultura são amplamente abordados, e resultarão em uma série de recomendações, ao final do evento.

"Alguns governos se pautam muito por essas moções, e o governo brasileiro historicamente tinha participações, mas não se assumia como membro da IUCN. Agora, o que aconteceu com o governo atual foi realmente ignorar esse congresso. Num encontro mundial, com tantos países, o Brasil foi o país mais citado na abertura, observa o gerente do Imaflora. 
Constrangimento internacional
Foto aérea mostra área de desmatamento em Rondônia em julho de 2021. — Foto: PF/Reprodução
Foto aérea mostra área de desmatamento em Rondônia em julho de 2021. — Foto: PF/Reprodução

O desmatamento ilegal e outras práticas irregulares em áreas protegidas são o calcanhar de Aquiles do Brasil na área ambiental. Presentes no congresso, grupos indígenas latino-americanos pediram que a preservação de 80% da Amazônia até 2025, com redução drástica do desmatamento e do garimpo, seja uma das moções aprovadas pelos países participantes.

Neste ano, pela primeira vez, os indígenas obtiveram uma condição especial neste congresso, com direito a se pronunciar oficialmente, embora não tenham direito a voto.

A aprovação da moção não gera nenhuma obrigação aos países, frisa Palmieri. "O que ela tem é um impacto político, de dizer que um congresso mundial com todos os países chegou àquela recomendação. Há uma concordância, são dez dias aqui discutindo, debatendo. Não é algo isolado só dos grupos indígenas, detalha. "Gera um constrangimento. A IUCN tem a obrigação de endereçar uma carta a quem cabe, então certamente será endereçada ao governo brasileiro. Ele pode ignorar? Pode, mas é algo que desgasta a relação com outros países que estão aqui e com a própria França, que sedia a IUCN."

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São Paulo é escolhida como a 31ª melhor cidade do mundo por revista inglesa

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Cidade foi a 1ª da América do Sul para os leitores da 'Time Out'. Veja abaixo o ranking, que é liderado por San Francisco (EUA), Amsterdã (Holanda) e Manchester (Inglaterra).
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Por G1

Postado em 09 de setembro de 2021 às 15h10m


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A vista de São Paulo do alto da serra da Cantareira — Foto: Globo Repórter
A vista de São Paulo do alto da serra da Cantareira — Foto: Globo Repórter

Uma cidade em estado constante de fluxo e uma das mais dinâmicas do mundo onde, apesar da pandemia, as mudanças não param: grafites gigantes aparecem nas empenas cegas dos prédios, novos espaços para trabalho criativo surgem e os museus, reabertos, têm mostra de artistas em ascensão.

A revista "Time Out", de origem inglesa, descreveu São Paulo desta maneira e a classificou como a 31ª melhor do mundo em 2021. A cidade é a primeira da lista da América do Sul. Buenos Aires é a segunda e está em 35º na classificação geral.

Grafite de 10 mil m² vai transformar Centro de São Paulo em fundo do mar
Grafite de 10 mil m² vai transformar Centro de São Paulo em fundo do mar

Segundo a revista, o momento em que a pandemia dá sinais de algum alívio em algumas partes do mundo é propício para reconhecer os avanços recentes das cidades.

"Queríamos descobrir quais cidades realmente reagiram neste ano, então perguntamos não só sobre comida e cultura, como sempre, mas sobre projetos da comunidade, espaços verdes e sustentabilidade", diz a revista.

"Nós estávamos atrás de cidades que não estavam apenas pensando sobre o presente, mas também no futuro", completa o texto que precede o ranking de 37 cidades. Ele é o resultado de uma pesquisa com 27 mil pessoas.

Veja abaixo a classificação geral:

  1. San Francisco
  2. Amsterdã
  3. Manchester
  4. Copenhage
  5. Nova York
  6. Montreal
  7. Praga
  8. Tel Aviv
  9. Porto
  10. Tóquio
  11. Los Angeles
  12. Chicago
  13. Londres
  14. Barcelona
  15. Melbourne
  16. Sydney
  17. Xanghai
  18. Madri
  19. Cidade do México
  20. Hong Kong
  21. Lisboa
  22. Boston
  23. Milão
  24. Cingapura
  25. Miami
  26. Dubai
  27. Pequim
  28. Paris
  29. Budapeste
  30. Abu Dhabi
  31. São Paulo
  32. Joanesburgo
  33. Roma
  34. Moscou
  35. Buenos Aires
  36. Istambul
  37. Bangcoc

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Animais estão sofrendo mudanças corporais por causa do aquecimento global, sugere pesquisa

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Cientistas australianos descobriram que, com o aumento das temperaturas, pássaros com bico maior tendem a ser favorecidos, porque conseguem dissipar melhor o calor – mas alertam que nem todos os animais serão capazes de se adaptar às mudanças climáticas.
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Por G1

Postado em o9 de setembro de 2021 às 14h20m


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A cacatua-de-gangue ('Callocephalon fimbriatum') é uma das espécies apontadas pelos cientistas como as que sofreram mudanças no corpo por causa do aquecimento global. — Foto: Luke Durkin/Wikimedia
A cacatua-de-gangue ('Callocephalon fimbriatum') é uma das espécies apontadas pelos cientistas como as que sofreram mudanças no corpo por causa do aquecimento global. — Foto: Luke Durkin/Wikimedia

Pesquisadores australianos constataram que alguns animais – principalmente pássaros – estão sofrendo mudanças corporais por causa do aquecimento global.

Os cientistas Sara Ryding e Matthew Symonds, da Universidade Deakin, em Melbourne, examinaram, com outros colegas, estudos feitos sobre o corpo de várias espécies ao longo de décadas.

Em uma revisão publicada no dia 7 na "Trends in Ecology & Evolution", da revista "Cell", eles concluíram que, com o aumento das temperaturas do planeta, os pássaros que têm bico maior tendem a ser favorecidos, porque conseguem dissipar calor de forma mais eficiente.

Isso porque o bico dos pássaros é vascularizado, ou seja: tem corrente sanguínea. Quanto mais quente fica do lado de fora, mais o animal direciona o fluxo sanguíneo para o bico – para dissipar mais calor. Dessa forma, consegue manter a temperatura corporal estável (como os humanos fazem ao suar).

A cacatua-de-gangue ('Callocephalon fimbriatum') é uma das espécies apontadas pelos cientistas como as que sofreram mudanças no corpo por causa do aquecimento global. — Foto: Peter B Kraehenbuehl/Wikimedia
A cacatua-de-gangue ('Callocephalon fimbriatum') é uma das espécies apontadas pelos cientistas como as que sofreram mudanças no corpo por causa do aquecimento global. — Foto: Peter B Kraehenbuehl/Wikimedia

Por causa desse mecanismo, quanto maior for o bico do pássaro, mais rápido ele consegue se resfriar. Isso significa que os pássaros que têm bico maior conseguem se adaptar melhor ao aumento da temperatura externa.

(Não significa, entretanto, que os pássaros estejam desenvolvendo, "de propósito", bicos maiores para se adaptar ao calor).

Espécies afetadas

Segundo Ryding e Symonds, as mudanças aparecem em várias espécies de pássaros. Na Austrália, por exemplo, eles apontam estudos anteriores mostrando que o tamanho do bico de cacatuas-de-gangue (Callocephalon fimbriatum) e de papagaios-ruivos (Psephotus haematonotus) aumentou entre 4% e 10% desde 1871.

O papagaio-ruivo ('Psephotus haematonotus') é outra espécie apontada pelos pesquisadores como uma das que passaram por mudanças corporais por causa do aquecimento global. — Foto: patrickkavanagh/Wikimedia
O papagaio-ruivo ('Psephotus haematonotus') é outra espécie apontada pelos pesquisadores como uma das que passaram por mudanças corporais por causa do aquecimento global. — Foto: patrickkavanagh/Wikimedia

Na América do Norte, o junco-de-olhos-escuros (Junco hyemalis) mostra uma associação entre o aumento do tamanho do bico e os extremos de temperatura relativa de curto prazo em ambientes tipicamente frios.

Os pássaros também não são os únicos afetados: partes do corpo de mamíferos também estão aumentando de tamanho.

No musaranho-mascarado (Sorex cinereus), o comprimento da cauda e da perna aumentou significativamente desde 1950, apontam os pesquisadores. E, no grande-morcego-de-folha-redonda (Hipposideros armiger), o tamanho das asas aumentou 1,64% no mesmo período.

Mudanças corporais e aquecimento global: na América do Norte, o junco-de-olhos-escuros (Junco hyemalis) mostra uma associação entre o aumento do tamanho do bico e os extremos de temperatura relativa de curto prazo em ambientes tipicamente frios.  — Foto: Cephas/Wikimedia
Mudanças corporais e aquecimento global: na América do Norte, o junco-de-olhos-escuros (Junco hyemalis) mostra uma associação entre o aumento do tamanho do bico e os extremos de temperatura relativa de curto prazo em ambientes tipicamente frios. — Foto: Cephas/Wikimedia

"A variedade de exemplos indica que a mudança de forma está acontecendo (...) em uma variedade de animais, em muitas partes do mundo. Porém, mais estudos são necessários para determinar quais tipos de animais são os mais afetados", escreveram os dois cientistas para o site "The Conversation". 
Alerta

Mas os pesquisadores também fazem um alerta: nem todos os animais serão capazes de se adaptar dessa forma às mudanças climáticas.

"Embora nossa pesquisa mostre que alguns animais estão se adaptando às mudanças climáticas, muitos não irão. Por exemplo, alguns pássaros podem ter que manter uma dieta específica, o que significa que não podem mudar o formato do bico. Outros animais podem simplesmente não ser capazes de evoluir com o tempo", disseram, no mesmo texto.

Eles apontam que, embora seja importante prever como os animais selvagens vão se adaptar às variações no clima no futuro, a melhor maneira de protegê-los é "reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa e evitar o máximo possível o aquecimento global".

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Alta da gasolina pesa, e inflação oficial fica em 0,87% em agosto, maior taxa para o mês desde 2000

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Combustível exerceu o principal impacto de alta sobre o IPCA do mês passado, com alta de 2,80%. No ano, gasolina acumula alta de 31,09% e o etanol, de 40,75%.
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Por Daniel Silveira e Laura Naime, G1

Postado em 09 de setembro de 2021 às 09h35m


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Disparada do preço da gasolina puxam alta da inflação em agosto — Foto: Ronaldo Ragali/RPC
Disparada do preço da gasolina puxam alta da inflação em agosto — Foto: Ronaldo Ragali/RPC

A inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, ficou em 0,87% em agosto, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Puxada pelo aumento do preço da gasolina, esta foi a maior taxa para um mês de agosto desde 2000, embora levemente abaixo dos 0,96% registrados em julho.


Com o resultado, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 9,68%, a mais alta desde fevereiro de 2016, quando ficou em 10,36%. No ano, o IPCA acumula alta de 5,67%.

Desde março, o indicador acumulado em 12 meses tem ficado cada vez mais acima do teto da meta estabelecida pelo governo para a inflação deste ano, que é de 5,25%.

O IBGE destacou que, em agosto, o indicador acumulado em 12 meses ficou acima de 10% em 8 das 16 regiões pesquisadas.

Inflação acumulada em 12 meses se distancia cada vez mais do teto da meta do governo — Foto: Economia/G1
Inflação acumulada em 12 meses se distancia cada vez mais do teto da meta do governo — Foto: Economia/G1

Inflação fica em 0,87%, maior taxa para agosto desde o ano 2000
Inflação fica em 0,87%, maior taxa para agosto desde o ano 2000

Inflação disseminada

A inflação está cada vez mais disseminada, ou seja, atingindo cada vez mais itens de consumo do brasileiro. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE para a composição do IPCA, oito registraram aumento de preços em agosto.

O único grupo com deflação em agosto foi o de saúde e cuidados pessoais. Segundo o IBGE, esse índice foi puxado pela queda de 0,43% nos itens de higiene pessoal e pelos planos de saúde, que recuaram 0,10%.

A disseminação da inflação fica ainda mais evidente quando se observa o índice de difusão do IPCA, que passou de 64% em julho para 72% em agosto - desde dezembro do ano passado ele não superava o patamar de 70%, destacou o IBGE.

O índice de difusão é um indicador que reflete o espalhamento da alta de preços entre os 377 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE. Ou seja, em agosto a inflação impactou 271 itens daquela cesta.

Veja o resultado para cada um dos grupos pesquisados:

  • Alimentação e bebidas: 1,39%
  • Habitação: 0,68%
  • Artigos de residência: 0,99%
  • Vestuário: 1,02%
  • Transportes: 1,46%
  • Despesas pessoais: 0,64%
  • Educação: 0,28%
  • Comunicação: 0,23%
  • Saúde e cuidados pessoais: -0,04%
Gasolina é a 'vilã' da inflação em agosto

Os combustíveis foram os 'vilões' da inflação em agosto, com destaque para a gasolina. Segundo o IBGE, a alta foi de 2,96%, acima dos 1,24% do mês anterior.

Só a gasolina, com alta de 2,80%, foi responsável por 0,17 ponto percentual da inflação mensal, sendo o item com o maior impacto individual sobre o índice. Etanol (4,50%), gás veicular (2,06%) e óleo diesel (1,79%) também ficaram mais caros no mês.

O preço da gasolina é influenciado pelos reajustes aplicados nas refinarias de acordo com a política de preços da Petrobras", disse em nota o analista da pesquisa, André Filipe Guedes Almeida.

Almeida destacou que "o dólar, os preços no mercado internacional e o encarecimento dos biocombustíveis são fatores que influenciam os custos, o que acaba sendo repassado ao consumidor final".

No ano, a gasolina acumula alta de 31,09%, o etanol 40,75% e o diesel 28,02%.

"Em oito meses, o preço da gasolina sofreu alta em sete deles. Somente em abril houve queda no preço dela, de 0,44%", destacou o pesquisador.

O que faz os preços da gasolina e diesel subirem?
O que faz os preços da gasolina e diesel subirem?

Peso dos transportes volta a superar o da alimentação

Puxado pelos combustíveis, o grupo dos transportes teve alta de 1,46% em agosto, exercendo a maior influência sobre o IPCA entre os grupos pesquisados.

Tiveram alta também, aqui, veículos próprios (1,16%), com alta de 1,98% nos automóveis usados, 1,79% nos novos, e 1,01% em motocicletas. Já os transportes públicos tiveram queda média de 1,21%, sob influência de uma queda de 10,69% nos preços das passagens aéreas.

A pressão dos preços dos combustíveis tem sido tamanha que, em agosto, o peso do grupo de transportes voltou a superar o da alimentação na composição do IPCA e, por isso, o de maior impacto no orçamento doméstico.

De acordo com o analista da pesquisa, os transportes tiveram o maior peso entre os nove grupos pesquisados entre outubro de 2019 a maio de 2020. Desde então, a alimentação vinha sendo a de maior impacto na inflação, representando 19,97% do IPCA, enquanto os transportes respondiam por 19,85%.

Em agosto, porém, os transportes passaram a responder por 20,87% do IPCA, enquanto a alimentação, 20,83%.

Alimentos seguem em alta

Os preços dos alimentos não deram trégua para os consumidores em agosto. Com alta de 1,39% (mais que o dobro da alta de 0,60% registrada em julho), o grupo de alimentação e bebidas foi o segundo de maior impacto sobre a inflação do mês.

Veja os alimentos que mais encareceram em agosto:

  • batata-inglesa: 19,91%
  • café moído: 7,51%
  • frango em pedaços: 4,47¨
  • frutas: 3,90%
  • carnes: 0,63%

Com a pressão destes alimentos, muito consumidos na mesa dos brasileiros, mais que dobrou, também, a inflação sobre a alimentação no domicílio, que passou de 0,78% em julho para 1,63% em agosto.

No lado oposto, a cebola e o arroz se destacaram entre os produtos que registraram queda de preços em agosto - respectivamente, de -3,71% e -2,09%.

Já inflação sobre a alimentação fora do domicílio acelerou ainda mais, ficando em 0,76% em agosto - cerca de 5 vezes maior que a de julho, de 0,14%. Essa alta se deve, sobretudo, ao aumento no preço médio do lanche (1,33%) e da refeição (0,57%), cujos preços haviam subido, respectivamente, 0,16% e 0,04% no mês anterior.

Alta da conta de luz perde força, mas ainda pressiona

Vilã da inflação do mês passado, a alta da energia perdeu força em agosto, subindo 1,10% (em julho, a alta foi de 7,88%) – mas seguiu pressionando as contas.

O resultado é consequência dos reajustes tarifários em Vitória, Belém e em uma das concessionárias em São Paulo. Além disso, a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos, vigorou nos meses de julho e agosto, afirmou André Filipe Almeida.

Os preços do gás encanado (2,70%) e do gás de botijão (2,40%) também subiram.

Inflação dos serviços desacelera em agosto

O IPCA calculado especificamente sobre os serviços no país desacelerou de 0,67% em julho para 0,39% em agosto.

Segundo o analista da pesquisa, André Almeida, essa desaceleração se deu por conta das passagens aéreas, cujos preços médios tiveram queda de 10,69% em agosto, depois de terem subido 35,22% no mês anterior.

Entre os principais aumentos de preços no mês destacam-se o aluguel de veículos (6,61%), os serviços de streaming (6,39%).

Em 12 meses, o IPCA de serviços acumula alta de 3,93%.

Inflação em alta em todas as regiões

A pesquisa mostra ainda que todas as 16 regiões do país pesquisadas pelo IBGE tiveram inflação em agosto. Em seis delas, o indicador ficou acima da média nacional.

A maior taxa foi registrada em Brasília, de 1,40%, influenciada pelas altas nos preços da gasolina (7,76%) e da energia elétrica (3,67%).

Já a menor taxa foi observada na região metropolitana de Belo Horizonte (0,43%), por conta da queda nos preços das passagens aéreas (-20,05%) e da taxa de água e esgoto (-13,73%).

Brasília registrou, em agosto, a maior taxa de inflação entre as regiões pesquisadas pelo IBGE — Foto: Economia/G1
Brasília registrou, em agosto, a maior taxa de inflação entre as regiões pesquisadas pelo IBGE — Foto: Economia/G1

Para calcular o IPCA de agosto, O IBGE comparou os preços coletados no período de 29 de julho a 27 de agosto de 2021 com os preços vigentes no período de 29 de junho a 28 de julho de 2021.

Meta de inflação e perspectivas

A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que foi elevada no início de agosto para 5,25% ao ano.

As estimativas do mercado financeiro já estão longe das metas do BC: na última pesquisa Focus, que reúne as projeções dos analistas, a inflação esperada para este ano já chegava a 7,58%.

Já a expectativa dos analistas para a taxa Selic no fim do ano está atualmente em 7,63%, o que pressupõe que haverá novas altas nos próximos meses.

Na ata de sua última reunião, o Comitê de Política Monetária do Banco Central avaliou que a inflação ao consumidor continua se revelando "persistente", indicando uma nova alta de um ponto percentual no juro básico da economia em sua próxima reunião, marcada para 21 e 22 de setembro.

Para 2022, a inflação também dá mostras de estar fora do esperado: o mercado financeiro estima uma taxa de 3,94%. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se oscilar de 2% a 5%.

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