Total de visualizações de página

terça-feira, 27 de abril de 2021

Aumento nas emissões de carbono pode reduzir em 12% volume de chuvas nos 9 países da Amazônia, diz estudo

===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====


Impacto pode ser maior nos chamados 'rios voadores' que o desmatamento total do bioma. Simulações foram feitas em supercomputador do Inpe. Resultado traz alerta para o combate às mudanças climáticas.
===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====
Por Cristiane Paião, Isabela Leite e Viviane Sousa, GloboNews

Postado em 27 de abril de 2021 às 18h25m


|       .      Post.- N.\ 9.783       .      |
|||.__-_____    _____ ____    ______    ____- _||

Arvores na floresta amazônica no Amapá — Foto: Rafael Aleixo/Setec/Divulgação
Arvores na floresta amazônica no Amapá — Foto: Rafael Aleixo/Setec/Divulgação

A elevação dos níveis de gás carbônico (CO2) na atmosfera mundial pode causar uma queda anual de 12% no volume de chuvas nos 9 países que compõem o bioma amazônico nas próximas décadas, se o aumento não for urgentemente controlado.

É o que apontou um estudo internacional publicado na revista "Biogeosciences" por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Técnica de Munique e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

De acordo com os cientistas, uma alta de 50% nos níveis de gás carbônico (CO2) pode ter um efeito na diminuição das chuvas similar ou até mesmo maior ao da substituição de 100% da mata por pastagens, o que equivaleria ao desmatamento total, e diminuiria a precipitação em valores muito acima da variação natural de 5% entre um ano e outro.

Os resultados chamam a atenção para a necessidade de medidas globais e regionais urgentes para conter as emissões de CO2, causadas, sobretudo, pela atividade industrial, transportes e geração de energias não limpas, por exemplo.

Além disso, com a diminuição da transpiração das árvores, por causa excesso do CO2, a temperatura média pode ter um aumento de até dois graus, uma vez que há menos gotículas de água para amenizar o calor.

Esse fator pode iniciar uma cascata de fenômenos que resultam na inibição da formação da chamada convecção profunda (nuvens de chuva muito altas e carregadas de vapor d’água), com efeito contrário: a estiagem.

As simulações foram feitas no supercomputador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe, em Cachoeira Paulista, SP. Nos dois cenários projetados, a redução das chuvas seria causada por uma queda de aproximadamente 20% na transpiração das folhas. As razões para essa diminuição, porém, são diferentes em cada uma das situações.

Como as folhas das árvores possuem em sua superfície aberturas microscópicas, chamadas de estômatos, que captam o CO2 para a fotossíntese, esse processo fica prejudicado com o excesso de gás carbônico. É como se, com o excesso de alimento, a planta ficasse em um desequilíbrio que, ao invés de ajudar, só atrapalha. Os estômatos se abrem e captam a quantidade necessária do gás, ao mesmo tempo em que emitem vapor d’água. No cenário com mais dióxido de carbono no ar, as folhas ficam menos tempo com os estômatos abertos. Com isso, emitem menos vapor e diminuem a formação de nuvens e, portanto, de chuvas.

Vista aérea de área desmatada na floresta amazônica. — Foto: Reuters/Ueslei Marcelino
Vista aérea de área desmatada na floresta amazônica. — Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

Como o CO2 é um insumo básico da fotossíntese, quando ele aumenta na atmosfera há um impacto na fisiologia das plantas, o que pode ter um efeito cascata sobre a transferência de umidade das árvores para a atmosfera [transpiração], formação de chuvas na região, biomassa da floresta e uma série de outros processos, explica David Montenegro Lapola, professor do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, que liderou o estudo.

Agora, os pesquisadores querem testar outros modelos computacionais para comparar os resultados simulados. Novos experimentos vão ser feitos pelo projeto AmazonFACE ("Free-Air Carbon Dioxide Enrichment", na sigla em inglês). Instalado ao norte de Manaus, ele vai aumentar a concentração de gás carbônico em pequenas parcelas de floresta, a fim de verificar as reais mudanças fisiológicas e atmosféricas causadas pelo aumento do dióxido de carbono. O objetivo é tentar projetar possíveis alterações e, se antecipar, ao cenário climático previsto para este século, explica o pesquisador da Unicamp.

Créditos de carbono

A pesquisa traz ainda o alerta de que, mesmo que o Brasil encontre parceiros em números suficientes para a compra e venda do chamado mercado de carbono, a floresta amazônica poderia simplesmente não dar conta de reter o CO2, por causa do impacto em termos de mudanças climáticas, que já começou a chegar. Tema bastante discutido nos últimos dias, o carbono brasileiro foi colocado como essencial para a política ambiental pelo presidente Jair Bolsonaro durante o discurso desta quinta-feira (22), na Cúpula de Líderes sobre o Clima, organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a compra e venda do gás – um dos maiores vilões do efeito estufa – mas este assunto desperta debates entre os cientistas.

Não vai adiantar nada se nós não pararmos a emissão do carbono e o desmatamento, porque não existe atmosfera brasileira, a atmosfera é de todos os países, substâncias que são lançadas em países distantes rapidamente chegam aqui e também impactam as nossas florestas, então, se nós apostarmos em crédito de carbono, mas não tentarmos barrar as mudanças climáticas, não haverá crédito de carbono para vender, porque a floresta vai parar de absorver carbono na atmosfera, destaca Lapola.

Alerta para São Paulo

De acordo com especialistas, o desmatamento da Amazônia tem impacto direto em outras regiões e biomas do país. Provocando, inclusive, a escassez de chuva no sudeste por causa do impacto nos chamados rios voadores, que deslocam a humidade em correntes de ar, situação que reacende o sinal de alerta no estado de São Paulo, na medida em que os níveis dos mananciais começam a cair.

Na região metropolitana da capital paulista, os dois principais reservatórios estão com o nível de armazenamento mais baixo do que em 2013, ano em que começou uma das maiores crises hídricas de São Paulo. O Sistema Cantareira, o maior do estado e o mais importante para a grande São Paulo, está com 51% da capacidade de armazenamento. Em 2013, estava com 63% nesse mesmo período. Já o Alto Tietê, segundo maior do estado, opera com 59,3%, e em 2013 estava com 67,2%.

Atualmente, o volume armazenado nos 7 sistemas de mananciais de São Paulo é de 1.141,97 hm³ (milhões de metros cúbicos), abaixo de 2013 – quando eram 1268,24 hm³. Isso, já contando o novo sistema São Lourenço, que não existia em 2013 e foi inaugurado em 2018. De acordo com dados do Inmet, neste mês de abril choveu 49,4 milímetros, o que representa cerca de 40% dos 82,1 mm da média histórica para o mês. Contudo, no Sistema Cantareira, choveu apenas 8,5mm, ou seja, 10% do esperado para o mês, de um total de 83,1 mm.

Por tudo isso, alguns especialistas estão preocupados com uma possível crise em 2022. É muito importante que a população perceba que a mudança climática decorrente do desmatamento da Amazônia não é uma aposta para o futuro, não é algo que pode acontecer, isso já está acontecendo, ressalta Pedro Cortês, geólogo, especialista em recursos hídricos e professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP.

Vista aérea feita com drone da Represa do Jaguari, partindo da cidade de Jacareí, no interior paulista, que compõe o Sistema Cantareira — Foto: Nilton Cardin/Estadão Conteúdo
Vista aérea feita com drone da Represa do Jaguari, partindo da cidade de Jacareí, no interior paulista, que compõe o Sistema Cantareira — Foto: Nilton Cardin/Estadão Conteúdo

De acordo com o pesquisador, está chovendo menos no Sistema Cantareira nos últimos 10 anos porque as chuvas que o abastecem dependem da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCA), e dos rios voadores que vem da Amazônia e irrigam com chuvas as regiões Sudeste e Sul do Brasil. Essas chuvas têm origem na Amazônia como um todo, incluindo a parte internacional do bioma que tem sofrido fortemente impactos ambientais. Com isso, o Sistema Cantareira, segundo ele, tem apresentado déficit nos gráficos. Uma possível saída, seria, para ela, que as autoridades competentes trabalhassem mais ativamente prognósticos climáticos que indicassem redução de chuvas inclusive no verão. Além disso, também seria prediso estimular a população a economizar água por meio de campanhas mais incisivas, adotando novamente a política de bônus, por exemplo, para quem economizasse água.

Ao longo dos últimos 10 anos nós pagamos mais caro pela conta da energia elétrica que é gerada nas termelétricas ao invés das hidrelétricas, e isso repercute também no abastecimento na região metropolitana de São Paulo e em outras regiões. Ou seja, nós já temos o prejuízo que é monetizável em relação ao desmatamento da Amazônia, então, seria necessário interromper esse processo e não só isso iniciar um processo de recuperação das áreas degradadas para evitar que esse feito se intensifique, conclui Cortês.

Resposta da Sabesp

A Sabesp informa que não há risco de desabastecimento neste momento na Região Metropolitana, mas reforça a necessidade do uso consciente da água em qualquer época. Composto por sete mananciais (Cantareira, Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia, Rio Grande, Rio Claro e São Lourenço), o sistema é integrado, permitindo transferências rotineiras entre regiões e dando mais segurança ao abastecimento. Isso é possível porque obras vêm sendo realizadas desde a crise hídrica, com destaque para a Interligação Jaguari-Atibainha (que traz água da bacia do Rio Paraíba do Sul para o Cantareira) e o novo Sistema São Lourenço. Além das obras e ações, campanhas sobre o uso consciente são veiculadas ao longo do ano. Nesta quarta (21/4), o Sistema Integrado opera com 58,7% da capacidade, nível similar, por exemplo, aos 63,5% de 2018, quando não houve problemas. A projeção da Sabesp aponta níveis satisfatórios para passar pela estiagem (maio a setembro), mas, mais uma vez, a Companhia reforça a necessidade de uso consciente.

------++-====-----------------------------------------------------------------------=================---------------------------------------------------------------------------------====-++------

O plano trilionário para capturar CO2 do ar e esfriar a Terra

===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====


Para fazer isso, seria necessária uma nova e gigantesca indústria global — mas como ela funcionaria? Essa resposta pode ser chave para evitar um futuro trágico por causa das mudanças climáticas.
===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====
TOPO
Por Frank Swaine, BBC

Postado em 27 de abril de 2021 às 15h25m


|       .      Post.- N.\ 9.782       .      |
|||.__-_____    _____ ____    ______    ____- _||

A Carbon Engineering está planejando construir, no Texas, a maior usina de captura direta de ar do mundo — Foto: Carbon Engineering via BBC
A Carbon Engineering está planejando construir, no Texas, a maior usina de captura direta de ar do mundo — Foto: Carbon Engineering via BBC

O ano é 2050. Saia do Museu do Petróleo da Bacia do Permiano, no Estado americano do Texas, e dirija em direção ao norte atravessando a vegetação castigada pelo sol, onde algumas bombas de óleo remanescentes compõem a paisagem, e você vai se deparar com um palácio cintilante.

A terra aqui é espelhada: as ondas azul-prateadas de um imenso painel solar se estendem em todas as direções.

Ao longe, eles esbarram em uma parede cinza colossal de cinco andares de altura e quase um quilômetro de comprimento. Atrás deste muro, você avista as tubulações e pórticos de uma fábrica de produtos químicos.

Conforme você se aproxima, vê que a parede está se movendo — ela é inteiramente composta de ventiladores enormes que giram em caixas de aço. Parece um aparelho de ar-condicionado gigantesco, soprando em proporções inacreditáveis.

De certa forma, é exatamente isso. Você está olhando para uma usina de captura direta de ar (DAC, na sigla em inglês), uma das dezenas de milhares do tipo em todo o mundo. Juntas, elas estão tentando resfriar o planeta sugando dióxido de carbono do ar.

Esta paisagem texana ficou famosa pelos bilhões de barris de petróleo extraídos de suas profundezas durante o século 20. Agora, o legado desses combustíveis fósseis — o CO2 em nosso ar — está sendo bombeado de volta para os reservatórios vazios.

Se o mundo deseja cumprir as metas do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 °C até 2100, paisagens como esta podem ser necessárias em meados do século.

Mas voltemos por um momento até 2021, para Squamish, na Província canadense de British Columbia, onde, em contraste com um horizonte bucólico de montanhas nevadas, estão sendo feitos os últimos retoques em um dispositivo do tamanho de um celeiro coberto com uma lona azul.

Quando entrar em operação, em setembro, o protótipo da usina de captura direta de ar da Carbon Engineering começará a remover 1 tonelada de CO2 do ar todos os anos.

A usina piloto da Carbon Engineering em British Columbia, no Canadá, será o modelo para usinas de DAC muito maiores — Foto: Carbon Engineering via BBC
A usina piloto da Carbon Engineering em British Columbia, no Canadá, será o modelo para usinas de DAC muito maiores — Foto: Carbon Engineering via BBC

É um pequeno começo, e uma usina um pouco maior no Texas está em andamento, mas esta é a dimensão típica de uma usina de DAC hoje.

"As mudança climática estão sendo causadas pelo excesso de CO2", diz Steve Oldham, executivo-chefe da Carbon Engineering. "Com a DAC, você pode remover qualquer emissão, em qualquer lugar, a qualquer momento. É uma ferramenta muito poderosa."

A maior parte da captura de carbono se concentra na limpeza das emissões na fonte: purificadores e filtros em chaminés que evitam que gases nocivos atinjam a atmosfera.

Mas isso é impraticável para pequenas e numerosas fontes pontuais, como os cerca de 1 bilhão de automóveis do planeta. Tampouco pode combater o CO2 que já está no ar. É aí que entra a captura direta.

Se o mundo quer evitar mudanças climáticas catastróficas, migrar para uma sociedade neutra em carbono não é suficiente.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) alertou que limitar o aquecimento global a 1,5 °C até 2100 exigirá tecnologias como a DAC para "implantação em larga escala de medidas de remoção de dióxido de carbono" — larga escala, neste caso, são vários bilhões de toneladas a cada ano.

O empreendedor Elon Musk prometeu recentemente US$ 100 milhões para desenvolver tecnologias de captura de carbono, enquanto empresas como Microsoft, United Airlines e ExxonMobil estão fazendo investimentos de bilhões de dólares nesta área.

"Os modelos atuais sugerem que vamos precisar remover 10 bilhões de toneladas, ou gigatoneladas, de CO2 por ano até 2050 e, no fim do século, esse número precisa dobrar", diz Jane Zelikova, cientista do clima da Universidade de Wyoming, nos Estados Unidos.

No momento, "não estamos removendo praticamente nada". "Precisamos começar do zero".

A usina da Carbon Engineering em Squamish foi projetada como uma plataforma de testes para diferentes tecnologias. Mas a empresa tem um projeto para uma usina muito maior nos campos de petróleo do oeste do Texas, que capturaria 1 milhão de toneladas de CO2 por ano.

"Uma vez que estiver pronto, é como uma forma, você simplesmente constrói réplicas dessa usina", diz Oldham.

Ele admite, no entanto, que o volume de trabalho pela frente é vertiginoso. "Precisamos extrair 800 gigatoneladas da atmosfera. Isso não vai acontecer da noite para o dia."

Céu azul

A instalação da Climeworks perto de Zurique, na Suíça, vende o CO2 que captura para as estufas de produtores de hortaliças da região — Foto: Alamy via BBC
A instalação da Climeworks perto de Zurique, na Suíça, vende o CO2 que captura para as estufas de produtores de hortaliças da região — Foto: Alamy via BBC

A ciência da captura direta de ar é simples. Há várias maneiras de fazer isso, mas o sistema da Carbon Engineering usa ventiladores para puxar ar contendo 0,04% de CO2 (níveis atmosféricos de hoje) por meio de um filtro embebido em solução de hidróxido de potássio — produto químico conhecido como potassa cáustica, usado na fabricação de sabão e vários outros produtos.

O hidróxido de potássio absorve CO2 do ar. O líquido é canalizado para uma segunda câmara e misturado com hidróxido de cálcio, a cal usada na construção civil, que se prende ao CO2 dissolvido, produzindo pequenos flocos de calcário.

Esses flocos são peneirados e aquecidos em uma terceira câmara, de calcinação, até que se decomponham, liberando CO2 puro, que é capturado e armazenado. Em cada etapa, os resíduos químicos são reciclados.

Com as emissões globais de carbono continuando a aumentar, a meta climática de 1,5 °C parece cada vez menos provável de ser alcançada sem intervenções como essa.

"O número de coisas que teriam que acontecer sem a captura direta de ar é tão extenso e variado que é altamente improvável que sejamos capazes de cumprir o Acordo de Paris sem ela", diz Ajay Gambhir, pesquisador sênior do Instituto Grantham para Mudança Climática da Universidade Imperial College London, no Reino Unido, e um autor de um artigo sobre o papel da DAC na mitigação do clima.

O IPCC apresenta alguns modelos de estabilização do clima que não dependem da captura direta de ar, mas Gambhir adverte que eles são "extremamente ambiciosos" em suas previsões sobre os avanços na eficiência energética e a disposição das pessoas em mudar seu comportamento.

"Passamos do ponto em que a redução das emissões precisava ocorrer", acrescenta Zelikova. "Estamos confiando cada vez mais na DAC."

A DAC está longe de ser a única maneira de o carbono ser retirado da atmosfera. Ele pode ser removido naturalmente por meio de mudanças no uso da terra, como o plantio de florestas.

Mas é algo lento e exigiria grandes extensões de terras valiosas — reflorestar uma área do tamanho dos Estados Unidos, segundo alguns estimam, e aumentar o preço dos alimentos em cinco vezes no processo.

E, no caso das árvores, o efeito da remoção do carbono é limitado, uma vez que elas acabarão morrendo e liberando o carbono armazenado, a menos que possam ser derrubadas e queimadas em um sistema fechado.

O tamanho do desafio para a remoção de carbono usando tecnologias como a DAC, em vez de plantas, não é menor.

O artigo de Gambhir calcula que simplesmente manter o ritmo das emissões globais de CO2 — atualmente, 36 gigatoneladas por ano — exigiria construir cerca de 30 mil usinas de DAC de larga escala, mais de três para cada central elétrica a carvão em operação no mundo hoje.

A construção de cada usina custaria até US$ 500 milhões — chegando a um custo de até US$ 15 trilhões.

Cada uma dessas unidades precisaria ser abastecida com solvente para absorver o CO2. O abastecimento de uma frota de usinas grande o suficiente para capturar 10 gigatoneladas de CO2 por ano vai exigir cerca de 4 milhões de toneladas de hidróxido de potássio, o equivalente a uma vez e meia todo o fornecimento anual global deste produto.

E uma vez que essas milhares de usinas forem construídas, elas também vão precisar de energia para funcionar.

"Se esta fosse uma indústria global absorvendo 10 gigatoneladas de CO2 por ano, você estaria gastando 100 exajoules, cerca de um sexto da energia global total", diz Gambhir.

Estimular o crescimento de hortaliças em estufas pode se uma aplicação para o CO2 capturado do ar pela DAC — Foto: Alamy via BBC
Estimular o crescimento de hortaliças em estufas pode se uma aplicação para o CO2 capturado do ar pela DAC — Foto: Alamy via BBC

A maior parte dessa energia é necessária para aquecer a câmara de calcinação a cerca de 800 °C — quente demais para a energia elétrica sozinha, então, cada planta de DAC precisaria de um aquecedor a gás e de uma boa fonte de gás.

As estimativas de quanto custa capturar uma tonelada de CO2 do ar variam amplamente, de US$ 100 a US$ 1 mil por tonelada.

Oldham diz que a maioria dos números é excessivamente pessimista — ele está confiante de que a Climate Engineering pode remover uma tonelada de carbono por apenas US$ 94, especialmente quando se tornar um processo industrial difundido.

Um problema maior é descobrir para onde enviar a conta. Incrivelmente, salvar o mundo acaba sendo algo muito difícil de vender, comercialmente falando.

A captura direta de ar resulta, no entanto, em uma mercadoria valiosa: milhares de toneladas de CO2 comprimido.

Isso pode ser combinado com o hidrogênio para produzir um combustível sintético neutro em termos de carbono. E poderia então ser vendido ou queimado nos aquecedores a gás da câmara de calcinação (onde as emissões seriam capturadas e o ciclo continuaria novamente).

Surpreendentemente, um dos maiores clientes do CO2 comprimido é a indústria de combustíveis fósseis.

À medida que os poços secam, não é incomum espremer o óleo restante do solo pressionando o reservatório usando vapor ou gás em um processo chamado recuperação aprimorada de petróleo.

O dióxido de carbono é uma escolha popular para isso e vem com o benefício adicional de reter esse carbono no subsolo, completando o estágio final de captura e armazenamento de carbono.

A Occidental Petroleum, que se associou à Carbon Engineering para construir uma planta de DAC em larga escala no Texas, usa 50 milhões de toneladas de CO2 todos os anos na recuperação aprimorada de petróleo.

Cada tonelada de CO2 usada dessa forma vale cerca de US$ 225 somente em créditos fiscais.

Talvez seja apropriado que o CO2 presente no ar acabe sendo devolvido ao subsolo dos campos de petróleo de onde veio, embora possa ser irônico que a única maneira de financiar isso seja buscando ainda mais óleo.

A Occidental e outras empresas esperam que, ao bombear CO2 no solo, possam reduzir drasticamente o impacto do carbono do petróleo: uma operação típica de recuperação aprimorada sequestra uma tonelada de CO2 para cada 1,5 tonelada que libera de óleo fresco.

Portanto, embora o processo reduza as emissões associadas ao petróleo, ele não equilibra as contas.

Outras alternativas

Mas há outros usos que podem se tornar mais viáveis ​​comercialmente. A Climeworks, empresa de captura direta de ar, tem 14 unidades de menor escala em operação sequestrando 900 toneladas de CO2 por ano, que vende para uma estufa para estimular o crescimento da plantação de picles.

E agora está trabalhando em uma solução de longo prazo: uma usina em construção na Islândia vai misturar CO2 capturado com água e bombeá-lo até 500 ou 600 metros abaixo do solo, onde o gás reagirá com o basalto ao redor e se transformará em pedra.

Para financiar isso, ela oferece às empresas e aos cidadãos a possibilidade de comprar crédito de carbono, a partir de meros 7 euros por mês. Será que o resto do mundo pode ser convencido a fazer isso?

"A DAC sempre custará dinheiro e, a menos que você seja pago para isso, não há incentivo financeiro", diz Chris Goodall, autor de What We Need To Do Now: For A Zero Carbon Future (O que precisamos fazer agora: para um futuro com carbono zero, em tradução livre).

A Climeworks pode vender créditos para pessoas virtuosas, firmar contratos com a Microsoft e a Stripe para tirar algumas centenas de toneladas de carbono por ano da atmosfera, mas isso precisa ser aumentado em um milhão de vezes, e requer que alguém pague por isso.

"Há subsídios para carros elétricos, financiamento barato para usinas solares, mas você não vê isso para DAC", diz Oldham.

"Há tanto foco na redução de emissões, mas não existe o mesmo grau de foco no resto do problema, o volume de CO2 na atmosfera. O grande impedimento para a DAC é que a ideia não está nas políticas".

Zelikova acredita que a DAC seguirá um caminho semelhante ao de outras tecnologias climáticas e se tornará mais acessível.

"Temos curvas de custo bem desenvolvidas que mostram como a tecnologia tem o custo reduzido muito rapidamente", afirma.

"Superamos obstáculos semelhantes com a energia eólica e solar. O principal é implementa-las ao máximo. É importante que o governo apoie a comercialização — ele tem um papel como primeiro cliente, e um cliente com o bolso cheio de dinheiro."

Instalações na Islândia pretendem mineralizar o CO2 para mantê-lo fora de circulação na atmosfera como uma solução de longo prazo — Foto: Sandra O Snaebjornsdottir via BBC
Instalações na Islândia pretendem mineralizar o CO2 para mantê-lo fora de circulação na atmosfera como uma solução de longo prazo — Foto: Sandra O Snaebjornsdottir via BBC

Goodall defende um imposto global sobre o carbono, o que tornaria caro emitir carbono, a menos que os créditos fossem adquiridos.

Mas ele reconhece que essa ainda é uma opção politicamente impopular. Ninguém quer pagar impostos mais altos, especialmente se os efeitos do nosso estilo de vida de alta demanda energética — incêndios florestais crescentes, secas, inundações, aumento do nível do mar — forem vistos como sendo arcados por outra pessoa.

Zelikova acrescenta que também precisa haver um diálogo mais amplo na sociedade sobre quanto devem custar esses esforços.

"Há um custo enorme nas mudanças climáticas, nos desastres naturais induzidos ou exacerbados. Precisamos acabar com a ideia de que a DAC deveria ser barata". 
Risco e recompensa

Mesmo se concordarmos em construir 30 mil usinas de DAC em escala industrial, encontrar os materiais químicos para opera-las e o dinheiro para pagar por tudo isso, ainda não estaremos fora de perigo.

Na verdade, podemos acabar em uma situação pior do que antes, graças a um fenômeno conhecido como dissuasão da mitigação.

"Se você acha que a DAC estará lá no médio a longo prazo, você não fará tanta redução de emissões no curto prazo", explica Gambhir.

"Se a ampliação der errado — se for difícil produzir o adsorvente, ou se degradar mais rapidamente, se for mais complicado tecnologicamente, se acabar sendo mais caro do que o esperado —, então, de certa forma, por não ter agido rapidamente no curto prazo, você efetivamente se vê encurralado em um caminho de temperaturas mais altas."

Os críticos da DAC apontam que grande parte de seu apelo reside na promessa de uma tecnologia hipotética que nos permite continuar vivendo nosso estilo de vida rico em carbono.

Mesmo assim, Oldham argumenta que, para algumas indústrias difíceis de descarbonizar, como a da aviação, os créditos que financiam a DAC podem ser a opção mais viável.

"Se for mais barato e mais fácil retirar o carbono do ar do que parar de voar, talvez seja esse papel que a DAC desempenha no controle de emissões."

Gambhir argumenta, por sua vez, que não é uma situação do tipo "isso ou aquilo". "Precisamos reduzir rapidamente as emissões no curto prazo, mas, ao mesmo tempo, desenvolver a DAC com determinação para ter certeza de que poderemos contar com ela no futuro."

Zelikova concorda: "A DAC é uma ferramenta fundamental para equilibrar o orçamento de carbono, de forma que o que não podemos eliminar hoje possa ser removido mais tarde."

Enquanto Oldham busca expandir a Carbon Engineering, o fator primordial é provar que a DAC em larga escala é "viável, acessível e disponível".

Se ele for bem-sucedido, o futuro do clima do nosso planeta pode mais uma vez ser decidido nos campos de petróleo do Texas.

------++-====-----------------------------------------------------------------------=================---------------------------------------------------------------------------------====-++------

A verdadeira razão pela qual as estátuas do Egito têm os narizes quebrados

===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====


A passagem de milhares de anos torna inevitável o desgaste de qualquer obra, mas por que há tantas estátuas cuja única parte que faltava era o nariz? Elas não são assim por acaso.
===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====
TOPO
Por BBC

Postado em 27 de abril de 2021 às 13h15m


|       .      Post.- N.\ 9.781       .      |
|||.__-_____    _____ ____    ______    ____- _||

Pesquisa revelou que a ausência dos narizes, como nesta cabeça de uma estátua de um rei da Trigésima Dinastia (por volta de 370 aC), não era casual — Foto: Getty Images/Via BBC
Pesquisa revelou que a ausência dos narizes, como nesta cabeça de uma estátua de um rei da Trigésima Dinastia (por volta de 370 aC), não era casual — Foto: Getty Images/Via BBC

Por várias décadas, este foi um mistério não solucionado entre especialistas e entusiastas do Antigo Egito, uma das civilizações mais antigas e duradouras do mundo.

À primeira vista, parece algo esperado: a passagem de milhares de anos torna inevitável o desgaste de qualquer obra. Mas por que havia tantas estátuas imaculadas em que a única parte que faltava era o nariz?

Representações bidimensionais também apresentam o mesmo tipo de danos, como nesta, da 19ª Dinastia, por volta de 1200 a.C., em homenagem ao deus Ptah — Foto: Getty Images/Via BBC
Representações bidimensionais também apresentam o mesmo tipo de danos, como nesta, da 19ª Dinastia, por volta de 1200 a.C., em homenagem ao deus Ptah — Foto: Getty Images/Via BBC

Talvez porque, afinal, se algo corre o risco de quebrar, é aquela parte proeminente, a mais exposta.

Veja um vídeo sobre a descoberta, no início de abril, de uma cidade soterrada no Egito.

VÍDEO: Imagens mostram sítio apelidado por arqueólogos como 'Pompeia do Egito'
VÍDEO: Imagens mostram sítio apelidado por arqueólogos como 'Pompeia do Egito'

No entanto, se for assim, como explicar que obras de representação bidimensional geralmente apresentem os mesmos danos?

O assunto deu origem a suposições, incluindo uma hipótese amarga que continua recorrente, embora tenha sido refutada: a de que teria sido uma tentativa dos colonialistas europeus de apagar as raízes africanas dos antigos egípcios.

Tutancâmon com a coroa azul (sem nariz), século 14 aC. Tutancâmon reinou entre 1333 e 1323 a.C. e ele era um faraó da 18ª Dinastia do Antigo Egito — Foto: Getty Images/Via BBC
Tutancâmon com a coroa azul (sem nariz), século 14 aC. Tutancâmon reinou entre 1333 e 1323 a.C. e ele era um faraó da 18ª Dinastia do Antigo Egito — Foto: Getty Images/Via BBC

No entanto, especialistas afirmam que essa teoria é infundada, entre outras razões porque os narizes não são a única evidência física dessas origens. E eles concordam que, apesar dos muitos horrores do imperialismo, este não seria um deles.

Então, o que poderia ter acontecido?

Poderes divinos

A resposta mais confiável neste ponto se resume em uma palavra: iconoclastia (do grego Eikonoklasmos, que significa "quebra de imagens").

Estátua egípcia: imagem mostra que falta o nariz — Foto: Getty Images/Via BBC
Estátua egípcia: imagem mostra que falta o nariz — Foto: Getty Images/Via BBC

Não estamos falando dos seguidores da corrente do século 8 que rejeitaram o culto às imagens sagradas, destruíram-nas e perseguiram aqueles que as veneravam. Nesse caso, o termo é usado de forma mais ampla para se referir à crença social na importância da destruição de ícones e outras imagens ou monumentos, muitas vezes por motivos religiosos ou políticos.

E faz muito sentido quando você considera que, para os antigos egípcios, as estátuas eram o ponto de contato entre os seres divinos e os terrenos.

Os antigos egípcios acreditavam que as imagens poderiam abrigar poder sobrenatural, como explica Edward Bleiberg, o curador sênior de arte egípcia, clássica e do antigo Oriente Médio do Museu do Brooklyn nos Estados Unidos.

Bleiberg explorou a questão motivado pelo fato de que a indagação mais comum dos visitantes do museu era "por que seus narizes estão quebrados?". Ele explica que as palavras "escultura" e "escultor" enfatizam que as imagens estão vivas.

A palavra "escultura" significa literalmente "algo criado para viver", enquanto um escultor é "alguém que lhe dá vida".

Objetos que representavam a forma humana, em pedra, metal, madeira, argila ou mesmo cera, podiam ser ocupados por um deus ou um humano que faleceu e se tornou um ser divino, podendo assim atuar no mundo material.

Isto se conta sobre Hathor, a deusa do amor e da fertilidade, em uma inscrição nas paredes do templo de Dendera, provavelmente construído pelo Faraó Pepy I (2310-2260 a.C):

"(…) Voa do céu para entrar no Horizonte de sua Alma [isto é, seu templo] na Terra, voa em direção ao seu corpo, se une à sua forma."

Nem mesmo a bela Cleópatra (69 a.C-30 a.C) foi poupada — Foto: Getty Images/Via BBC
Nem mesmo a bela Cleópatra (69 a.C-30 a.C) foi poupada — Foto: Getty Images/Via BBC

Nesse caso, a deusa imbui uma figura tridimensional, mas no mesmo templo fala-se sobre como Osíris (um dos deuses mais importantes do Egito Antigo) se funde com uma representação em relevo de si mesmo:

"Osiris... vem como um espírito ... Ele vê sua forma misteriosa representada em seu lugar, sua figura gravada na parede; entra em sua forma misteriosa, apoia-se em sua imagem."

Uma vez ocupadas, as imagens tinham poderes que podiam ser ativados por meio de rituais. E também podiam ser desativados por danos deliberados.

Mas por que fazer isso?

Os motivos eram muitos, desde raiva e ressentimento contra os inimigos que queriam ferir neste mundo e no próximo, ao terror da vingança do defunto sentido pelos ladrões de túmulos, bem como o desejo de reescrever a história ou sonhos de mudar toda a cultura.

Quando o pai de Tutancâmon, Akhenaton, que governou entre 1353-1336 a.C, quis que a religião egípcia girasse em torno de um deus, Aton, uma divindade solar, ele enfrentou um ser poderoso: o deus Amon.

Sua arma foi a destruição de imagens.

A situação foi revertida quando Akhenaton morreu e o povo egípcio retomou o culto tradicional: templos e monumentos em homenagem a Aton e o falecido Faraó foram, desta vez, os que enfrentaram a destruição.

Mas devemos lembrar que não eram apenas os deuses que podiam habitar as imagens, mas também os humanos que tinham morrido e, após a longa e tortuosa jornada até o Salão da Dupla Verdade, demonstrado sua decência no Julgamento da alma, convertendo-se em seres divinos.

Saber que seus ancestrais continuam a acompanhá-lo apesar da morte pode ser reconfortante... mas também preocupante, principalmente se você for alguém poderoso e não quiser que o passado o ofusque.

E as lutas pelo poder costumam deixar cicatrizes.

Quando Tutemés III, que governou de 1479 a 1425 a.C, quis ter certeza de que seu filho o sucederia, ele tentou apagar sua antecessora e madrasta Hatshepsut da história, destruindo a evidência física de sua existência. E ele quase conseguiu.

Preocupação constante

Esses exemplos podem dar a impressão de que isso só aconteceu em casos extremos, mas a destruição de representações de divindades ou humanos era tão comum que, como documentou o egiptólogo Robert K. Ritner, era uma preocupação constante no Egito Antigo.

Entre os vários textos que expressam essa preocupação está um decreto real do Primeiro Período Intermediário (cerca de 2130-1980 a.C):

"Quem em toda esta terra fizer algo nocivo ou perverso às suas estátuas, lajes, capelas, carpintarias ou monumentos que se encontrem no recinto de algum templo, Minha Majestade não permitirá que sua propriedade ou a de seus pais permaneçam com eles, ou se junte aos espíritos da necrópole, ou permaneça entre os vivos."

Os ataques contra os túmulos eram igualmente graves e temidos.

Um homem chamado Wersu de Coptos, que viveu durante a 18ª Dinastia (por volta de 1539-1295 a.C), registrou uma ameaça que dizia:

"Quanto a qualquer um que ataque meu cadáver na necrópole, e que tire minha estátua de meu túmulo, [o deus do sol] Rá o odiará. Ele não terá água do altar de [deus] Osíris, ele nunca passará sua propriedade para seus filhos."

E o nariz?

As mutilações tinham então a intenção de restringir o poder e isso poderia ser feito de diferentes maneiras.

Se você quisesse evitar que os humanos representados fizessem oferendas aos deuses, você poderia remover o braço que era comumente usado para tal tarefa: o esquerdo.

Se você quisesse que o deus não os ouvisse, você removia as orelhas da divindade.

Se sua intenção era acabar com todas as possibilidades de comunicação, separar a cabeça do corpo era uma boa opção.

Mas talvez o método mais eficaz e rápido de realizar seus desejos fosse remover o nariz.

"O nariz era a fonte do fôlego, o fôlego da vida; a maneira mais fácil de matar o espírito interior era sufocá-lo removendo o nariz", explica Bleiberg.

Alguns golpes de martelo e cinzel e o problema estava resolvido.

O paradoxo, afinal, é que essa compulsão de destruir as imagens é a prova de como elas foram importantes para aquela grande civilização.

------++-====-----------------------------------------------------------------------=================---------------------------------------------------------------------------------====-++------