Nos últimos 30 anos, o aquecimento no Ártico ocorreu pelo menos duas
vezes mais rápido que no resto do mundo, um fenômeno conhecido como
"amplificação do Ártico".
O novo estudo sugere que o manto de gelo do território agora ganhará massa apenas uma vez a cada 100 anos -
um indicador sombrio de como é difícil fazer crescer novamente as
geleiras depois que elas apresentam uma "hemorragia" de gelo.
Ao estudar imagens de satélite das geleiras, os pesquisadores notaram
que as geleiras tinham 50% de chance de recuperar a massa antes de 2000.
Desde então, as chances vêm diminuindo.
"Ainda estamos drenando mais gelo agora do que o que foi ganho com o
acúmulo de neve em 'bons' anos", disse a autora principal Michalea King,
uma glaciologista da Ohio State University.
13 de junho de 2019 - Com as patas submersas na água de gelo derretido,
cachorros puxam trenó no noroeste da Groenlândia — Foto: Steffen M.
Olsen/Centre for Ocean and Ice at the Danish Meteoroligical Institute
via AP
As descobertas preocupantes devem estimular os governos a se preparar para a elevação do nível do mar, disse King.
“As coisas que acontecem nas regiões polares não ficam nas regiões polares”, disse ela.
Ainda assim, o mundo pode reduzir as emissões para desacelerar a mudança climática, disseram os cientistas.
Mesmo que a Groenlândia não consiga recuperar a massa gelada que cobriu
seus 2 milhões de quilômetros quadrados, conter o aumento da
temperatura global pode diminuir a taxa de perda de gelo.
"Quando pensamos em ação climática, não estamos falando sobre
reconstruir a camada de gelo da Groenlândia", disse Twila Moon, uma
glacióloga do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo, que não esteve
envolvida no estudo. "Estamos falando sobre a rapidez com que o aumento
do nível do mar atinge nossas comunidades, nossa infraestrutura, nossas
casas, nossas bases militares."
Em imagem de 2019, iceberg é visto flutuando em um fiorde próximo à
cidade de Tasiilaq, na Groenlândia — Foto: Lucas Jackson/Reuters
Região estratégica
O degelo do Ártico trouxe mais água para a região, abrindo rotas para o
tráfego marítimo, bem como aumentou o interesse na extração de
combustíveis fósseis e outros recursos naturais.
Mas, além disso, a Groenlândia é considerada estrategicamente importante para os militares dos EUA e seu sistema de alerta de mísseis, já que a rota mais curta da Europa para a América do Norte passa pela ilha do Ártico.
No ano passado, o presidente Donald Trump ofereceu a compra da
Groenlândia, um território dinamarquês autônomo. Mas a Dinamarca, aliada
dos EUA, rejeitou a oferta. Então, no mês passado, os EUA reabriram um
consulado na capital do território, Nuuk, e a Dinamarca teria dito na
semana passada que estava nomeando um intermediário entre Nuuk e
Copenhagen a cerca de 3.500 quilômetros de distância.
Os cientistas, no entanto, há muito se preocupam com o destino da Groenlândia, dada a quantidade de água presa no gelo.
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