Em 12 meses, houve perda do ritmo de recuperação, com o crescimento acumulado passando de 0,9% em julho para 0,6% em agosto.
Por Darlan Alvarenga, G1
Postado em 11 de outubro de 2019 às 15h00m

O volume do setor de serviços recuou 0,2% em agosto, na comparação com o mês anterior, após avançar 0,7% em julho, segundo divulgou nesta sexta-feira (11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reforçando a leitura de maior fraqueza da economia 2019.
Trata-se da quinta queda mensal no ano e do resultado mais fraco para meses de agosto desde 2017, quando houve queda de 0,8%. A queda em agosto foi puxada principalmente pelo menor volume de transportes (-0,9%) e dos serviços prestados às família (-1,9%).
Na comparação com agosto do ano passado, a queda foi ainda maior, de 1,4% – a quarta taxa negativa no ano.
"No acumulado do ano, os serviços avançaram 0,5%, mas com ligeira perda de dinamismo frente aos primeiros sete meses de 2019 (0,8%). No acumulado dos últimos doze meses, ao avançar 0,6%, o setor perde ritmo em comparação a junho (0,7%) e a julho (0,9%)", informou o IBGE.
Resultado mensal do setor de serviços
Em %, na variação sobre o mês anterior
Fonte: IBGE
Considerando toda a série histórica, iniciada em 2011, o volume de serviços do país ainda se encontra 12,1% abaixo do recorde, alcançado em novembro de 2014.
“A variação negativa de 0,2% é moderada, mas as cinco taxas negativas foram mais intensas do que as positivas, fazendo o setor de serviços ficar 1,5% abaixo do nível de dezembro de 2018”, afirmou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Já a receita nominal (sem desconto da inflação) do setor, que recuou 0,1% em agosto, frente ao mês anterior. Na comparação interanual, houve alta, de 2,3%. Dessa forma, a receita de serviços registrou aumento de 4,1% no ano e de 3,9% em 12 meses.
Volume de serviços no acumulado em 12 meses
Variação em %
Fonte: IBGE
Desempenho por setores
Desempenho por setores
Na passagem de julho para agosto, houve queda em 3 das cinco atividades, com destaque para o setor de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-0,9%), que elimina integralmente o ganho de 0,8% acumulado entre junho e julho.
Os demais recuos ocorreram nos setores de outros serviços (-2,7%) e de serviços prestados às famílias (-1,7%). As únicas altas foram registradas pelos serviços de informação e comunicação (0,4%) e profissionais, administrativos e complementares (0,5%).
Para o gerente da pesquisa, o desempenho dos transportes é o principal responsável pelas quedas tanto na comparação interanual como frente ao mês anterior; uma vez que essa atividade responde por cerca de 30% no setor de serviços: “transportes estão em queda em todas as comparações, incluindo os índices acumulados no ano e em 12 meses. Sua grande aderência com a atividade industrial explica esse comportamento”, disse Lobo.
O IBGE informou também que índice de atividades turísticas caiu 4,2% frente ao mês anterior, após alta de 0,2% em julho. Na comparação com agosto de 2018, a atividade recuou 2,9%.
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Volume de serviços de alimentação caiu em agosto, segundo o IBGE — Foto: Reprodução/ TVCA
Veja a variação do volume de serviços em agosto, por atividade:
- Serviços prestados às famílias: -1,7%
- Serviços de alojamento e alimentação: -2%
- Outros serviços prestados às famílias: -1,8%
- Serviços de informação e comunicação: 0,4%
- Serviços de tecnologia da informação e comunicação: 0,4%
- Telecomunicações: -0,6%
- Serviços de tecnologia da informação: 1,7%
- Serviços audiovisuais: 2,2%
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: 0,5%
- Serviços técnico-profissionais: -1,6%
- Serviços administrativos e complementares: 0,2%
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: -0,9%
- Transporte terrestre: -1,3%
- Transporte aquaviário: 0,3%
- Transporte aéreo: -5,2%
- Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: -0,8%
- Outros serviços: -2,7%
Das 27 unidades da federação, 19 tiveram retração no volume de serviços em agosto, com, destaque para São Paulo (-1,0%), Rio de Janeiro (-0,9%), Distrito Federal (-3,3%), Minas Gerais (-1,0%), e Ceará. Já as maiores altas vieram do Espírito Santo (2,8%) e da Bahia (1,3%).
Recuperação lenta e perspectivas
Recuperação lenta e perspectivas
Os indicadores econômicos já divulgados sobre o mês de agosto mostram um desempenho misto da economia, reforçando a leitura de recuperação ainda lenta da economia, em meio ao desemprego ainda alto, fraca demanda, estoques elevados e de incertezas para novos investimentos.
A produção industrial cresceu 0,8% em agosto, interrompendo 3 meses seguidos de queda, conforme divulgado na semana passada. No ano, entretanto, o setor ainda acumula queda de 1,7%.
Já as vendas do varejo ficaram praticamente estáveis, com variação de 0,1% em agosto, na comparação com o mês anterior. Em 12 meses, entretanto, houve desaceleração, com a alta acumulada passando de 1,6% em julho para 1,4% em agosto.
A taxa de desemprego no Brasil ficou estável em 11,8 % no trimestre encerrado em agosto, atingindo 12,6 milhões de pessoas.
A projeção do mercado financeiro para estimativa de alta do PIB deste ano permanece em 0,87%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, ainda abaixo do ritmo de crescimento de 1,1% registrado em 2017 e 2018. Para 2020, a previsão de crescimento do PIB continua em 2%.
