Cidade da Sibéria atingiu 38 graus no sábado. Muitos estudiosos alertam que 2020 pode se tornar o ano mais quente da história.
Por BBC
Postado em 24 de junho de 2020 às 09h35m
Postado em 24 de junho de 2020 às 09h35m
Cidade da Sibéria, no Circulo Polar Ártico, registra 38°C
As temperaturas no Círculo Polar Ártico provavelmente atingiram no sábado a maior temperatura já registrada na história, com escaldantes 38 graus na cidade siberiana de Verkhoyansk, na Rússia.
O recorde ainda precisa ser confirmado, mas ele parece ser 18 graus maior do que a média de máximas para o mês de junho.
Verões quentes não são incomuns no Círculo Polar Ártico, mas os últimos meses têm tido temperaturas altas fora do normal.
O Ártico parece estar se aquecendo duas vezes mais rápido que a média global.
Verkhoyansk, que abriga cerca de 1,3 mil pessoas, está dentro do Círculo Polar Ártico, em um lugar remoto na Sibéria. O local tem temperaturas extremas, que podem ir de uma média de -42 graus em janeiro a uma média de 20 graus na estação quente.
Este ano, uma onda de calor persistente está preocupando os meteorologistas. Em março, abril e maio, o serviço de meteorologia Copernicus Climate Change noticiou que a temperatura média esteve 10 graus acima do normal.
Esse gráfico da BBC mostra as temperaturas altas no Ártico — Foto: BBC
Esse gráfico da BBC mostra as temperaturas altas no Ártico — Foto: BBC
Neste mês, partes da Sibéria chegaram a registrar 30 graus, enquanto no mês passado, a localidade de Khatanga, também no Círculo Ártico na Rússia, registrou o recorde de 25,4 graus.
"Os recordes de temperatura estão sendo quebrados em todo o mundo, mas o Ártico está se aquecendo mais aceleradamente do que em qualquer outra parte", diz Dann Mitchell, professor de ciências atmosféricas da Universidade de Bristol, no Reino Unido.
"Então, não é surpreendente ver recordes sendo quebrados nesta região. Veremos mais disso no futuro próximo."
Por que devemos nos preocupar com aquecimento no Ártico?
O aquecimento no Ártico está provocando o derretimento da chamada permafrost - camada que antes ficava permanentemente congelada abaixo do solo.
Isso está preocupando os cientistas porque o derretimento da permafrost faz com que gases como dióxido de carbono e metano, que estavam presos ali, sejam liberados na atmosfera.
Esses gases do efeito estufa podem aquecer ainda mais o planeta e causar mais derretimento, em um círculo vicioso de retroalimentação.
As temperaturas altas também fazem com que o gelo na superfície derreta em um ritmo mais acelerado, fazendo com que o nível do mar cresça.
Também existe retroalimentação neste caso, porque a diminuição da superfície branca do gelo faz com que o mar absorva mais calor. Isso provoca ainda mais aquecimento.
O impacto de incêndios florestais também é um fator. No verão passado, houve incêndios no Ártico.
Apesar de comuns no verão, as altas temperaturas e os ventos fortes foram mais graves do que o normal.
Geralmente eles começam em maio e chegam ao seu ápice em julho e agosto, mas este ano já no final de abril esses fenômenos estavam dez vezes maiores na região de Krasnoyarsk, na Sibéria, comparado com o ano passado, segundo o ministro de Emergências da Rússia.
Este será o verão mais quente da história?
2020 certamente é um forte candidato para isso. A maior parte do norte da Europa e da Ásia teve uma primavera moderada e um verão com temperaturas até 10 graus acima do normal, em alguns lugares.
O ano mais quente já registrado foi 2016, que ainda está apenas levemente na frente de 2020.
Isso não deve surpreender ninguém.
"Nós perturbamos o equilíbrio de energia do planeta inteiro", alerta o professor Chris Rapley, da University College London (UCL).
Ano após ano vemos recordes de temperatura sendo quebrados, diz o cientista.
"Isso é uma mensagem de alerta da própria Terra. Nós a ignoramos por nossa conta e risco."
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