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Ambos são donos de áreas na margem do rio, mas têm opiniões opostas.
Um defende o meio ambiente e o outro, o desenvolvimento da economia.
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Local onde construção da barragem está prevista em Piracicaba (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
Dois empresários donos de propriedades na região que será atingida simbolizam o duelo entre os favoráveis e os contrários ao projeto e representam a completa oposição de opiniões. Ambos devem lucrar com o complexo de empreendimentos, mas enquanto um é “frontalmente contra” a barragem, o outro apoia e diz que “não aguenta mais o argumento dos tuiuiús”.
Contra a barragem
Carlos Eduardo de Magalhães é presidente da Companhia Barreiro Rico e administra a fazenda de mesmo nome que tem 4,5 mil hectares, sendo que 2,5 mil são de mata protegida e reserva ambiental. Na propriedade, que tem 17 quilômetros de margem com o Rio Piracicaba, será construída a barragem e devem ser abertas estradas para viabilizar a instalação da eclusa.
Além do lucro com as desapropriações da área de margem, o empresário estima que 9 milhões de metros quadrados da propriedade, hoje usados para o plantio de cana-de-açúcar e a criação de gado, vão se tornar ideais para a construção civil. O loteamento das áreas pode tornar a empresa bilionária.
Árvore numerada durante pesquisa sobre espécies
no Barreiro Rico (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
no Barreiro Rico (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
"Se realmente for instalada a barragem, minhas terras se valorizam e eu vou construir condomínios, prédios, hotéis, abrir ruas, avenidas. O lucro que poderei obter é além do que eu sonhei como salário e a empresa vai triplicar de tamanho. No entanto, vai ser péssimo para a natureza. O que vai sumir de bicho será um absurdo", afirma.
Os 2,5 mil hectares de área protegida que estão dentro da propriedade de Magalhães tornam a fazenda da companhia a maior reserva legal particular do estado de São Paulo. A reserva é mencionada em dezenas de teses de mestrado, já recebeu centenas de pesquisadores e estudos ao longo dos anos atraídos pela vasta fauna e flora. A área é próxima ao Tanquan, o "mini-pantanal" paulista que irá literalmente por água abaixo com a construção da barragem.
O Barreiro Rico reúne jaguatiricas e onças pardas. É o único lugar no estado que reúne cinco espécies de primatas, além de dezenas de espécies de aves. “Segundo uma pesquisa da IUCN, que é uma entidade de referência mundial sobre a conservação da natureza, há 22 tipos de aves e oito espécies de mamíferos ameaçados de extinção”, relatou Magalhães.
Área loteável em fazenda é de nove milhões de
metros quadrados (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
metros quadrados (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
O empresário também aponta eventuais prejuízos financeiros ao patrimônio público. “Falam que a obra custará R$ 600 milhões, mas o primeiro Estudo de Impacto Ambiental (Eia-Rima) feito em 1999 pela Universidade de São Paulo aponta um valor bem maior. Eu fiz uma correção baseada na inflação entre o período do estudo e hoje e os custos
ultrapassam R$ 1 bilhão, sem contar o número enorme de desapropriações.
Tudo isso para 40 quilômetros de hidrovia? Será que não seria melhor fazermos uma ferrovia?”, completou.
Apesar de mostrar toda a propriedade à reportagem do G1, Carlos Eduardo Magalhães recusou-se a ser fotografado. "Já estou aparecendo demais, daqui a pouco vão achar que eu sou candidato a algum cargo e eu não sou", disse.
Favorável à construção
Egídio Mauro defende a construção de barragem e de porto em Piracicaba (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
O outro lado da moeda é representado pelo proprietário de terras no distrito piracicabano de Ártemis, Egídio Mauro. Agrônomo e ex-vereador de Piracicaba, o entusiasta da obra é proprietário de ao menos dois quilômetros de margem de rio onde devem ficar os barcos e o futuro porto. Desde a época em que ocupava uma cadeira na Câmara, Mauro estudou a fundo a construção da barragem.
“Eu já fui ver barragens no Mississipi e em Nova Orleans, nos Estados Unidos, sem falar na França. No Brasil, subi a hidrovia Tietê-Paraná de barco até São Simão (GO), onde a maioria da carga que virá para Piracicaba é embarcada. Vejo essa barragem e o porto como uma chance de desenvolvimento”, afirmou.
Mauro lembra ainda do porto fluvial que havia em Ártemis nos anos 50. “Esse bairro surgiu por causa do porto. Nós temos vocação para isso, faremos o escoamento de toneladas de mercadorias por aqui e depois pela ferrovia.
Vamos tirar caminhões das estradas. O que me incomoda é que o
argumento de quem é contra continua sendo os tuiuiús, essa questão ecológica.
O Ministério Público está acompanhando, tem que cobrar as compensações ecológicas e buscar uma solução para o problema, mas temos que apoiar o desenvolvimento”, completou.
Na propriedade de Mauro, onde hoje há plantio de cana, ele diz que poderá abrigar empresas que desejarem se instalar. “Já tive contato com empresas e quero ser parceiro delas quando o porto chegar aqui.
Não tenho essa propriedade por especulação, se não tiver porto eu
continuo a viver bem, mas quero que ele venha pelo desenvolvimento da população.”
Rua Décio Monte Alegre, 20
Bairro Santa Cruz -Valente - Bahia - Brasil.
Funcionamento:
das 05:00 às 00:30
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