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Especialista aponta as principais dificuldades das empresas privadas para inovar
Ainda tem muito o que melhorar. Do ponto de vista público, já gasta razoavelmente o que os países do tamanho do Brasil gastam. O problema é que as empresas nacionais gastam muito pouco em inovação em proporção ao PIB. Se você quer chegar a gastar 2% em inovação, então praticamente tem que dobrar o gasto privado.
Está é uma questão complicada. Duas coisas são importantes de serem analisadas: o ambiente macroeconômico precisa ser mais estável, ter menos incertezas. Existe um problema sério no Brasil em relação às taxas de juros e de câmbio também. Há muita volatilidade e isso dificulta muito a empresa como um todo, imagina para a inovação! Uma empresa que tem esses problemas tem mais dificuldade e até vontade de investir.
E como o governo poderia estimular esses investimentos privados?
É nisso que o Brasil precisa mudar. É preciso que haja o investimento público, para que os setores privados queiram também reinventar esses produtos, readaptá-los. Isso é inovação. O Brasil melhorou, tem realizado mais compras neste sentido. Já temos nossos pólos, mas você conta nos dedos as empresas que fazem grande inovação: Embrapa, Marcopolo, Petrobras. Elas têm realizado mais compras neste sentido, mas ainda não existe essa interação público-privada em inovação, como nos países desenvolvidos.
O senhor poderia citar um exemplo deste nosso sistema deficiente?
Por exemplo, o setor de telecomunicações. A privatização modernizou o setor, mas não trouxe inovação. Realmente, para o consumidor conseguir linhas, o serviço poderia ser privatizado. Mas a Embratel, que detinha grande parte das linhas de fibra ótica, não poderia. Hoje, só existem multinacionais no setor de telecomunicações. Os satélites que realizam as ligações aqui são internacionais.
Estas multinacionais modernizam o serviço, modernizam algumas infra-estruturas, mas elas pegam tudo pronto. Modernizar não significa inovar. Falta no Brasil, essencialmente, uma visão, uma definição clara de que eu tenho que aumentar a produtividade, e fazer com que ela reverta para dentro do pais. Todo mundo fala em câmbio. O problema do Brasil, porém, não é a balança comercial, mas o grande buraco na balança de serviços, os fluxos de capital. Há deficit de US$ 60 bilhões, os fluxos de tecnologia, pagamento de royalties.
Precisamos de grandes sistemas de logística no Brasil, precisamos de software. A base da inovação é a engenharia, temos que investir mais nesta área também. Estamos melhorando, mas precisamos melhorar muito, muito mais.
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