Percentual de famílias com dívidas subiu para 67,5%. Já a taxa de famílias com contas em atraso entre as endividadas aumentou para 26,7%.
Por G1
03/09/2020 11h20 Atualizado há 2 horas
Postado em 03 de setembro de 2020 às 13h25m
O endividamento e o índice de inadimplência entre as famílias
brasileiras atingiram em agosto o maior patamar em mais de 10 anos,
segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira (3) pela Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O percentual
de famílias com dívidas no país subiu para 67,5% em agosto – novo
recorde histórico da série iniciada em janeiro de 2010, superando a
máxima anterior registrada em julho (67,4%). No comparativo anual, o índice registrou aumento de 2,7 pontos percentuais.
O indicador considera dívidas os compromissos assumidos com cheque
pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja,
empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro.
O
total de famílias com dívidas ou contas em atraso e, portanto,
inadimplentes, aumentou para 26,7% em agosto, contra 26,3%, em julho,
atingindo a maior proporção desde março de 2010 (27,3%). Em comparação com o mesmo mês do ano passado, a proporção cresceu 2,4 pontos percentuais.
Já a parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar
suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam
inadimplentes, passou de 12%, em julho, para 12,1% agosto. No mesmo
período de 2019, o indicador estava em 9,5%.
Percentual de famílias inadimplentes — Foto: Economia G1
Percentual de famílias inadimplentes — Foto: Economia G1
Percentual de muito endividados recua
Entre os destaques positivos, a proporção das famílias que se
declararam muito endividadas caiu de 15,5% em julho para 14,6%, a
primeira queda desde janeiro. Na comparação anual, porém, ainda houve
alta de 0,8 ponto percentual.
Entre as famílias endividadas, 21,4% afirmaram ter mais da metade da
renda mensal comprometida com o pagamento destas dívidas. Foi a terceira
queda mensal consecutiva do indicador, que chegou a alcançar 22,4%, em
abril.
Ou seja, embora mais endividadas, a parcela média da renda comprometida
com dívidas diminuiu entre as famílias, favorecendo a capacidade de
pagamento.
A pesquisa mostra que o endividamento atinge mais as famílias de menor renda.
Para as que recebem até 10 salários mínimos, o percentual subiu em
agosto para 69,5%, contra 69%, em julho. Em contrapartida, entre as
famílias com renda acima de 10 salários, a proporção caiu para 57,8% em
agosto, ante 59,1%, em julho.
Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, as famílias com maior
renda têm aumentado a poupança em detrimento do consumo, principalmente
de serviços, enquanto a necessidade de crédito segue maior para as
famílias com renda mais baixa.
Principais dívidas
Com relação aos tipos de dívida, o cartão de crédito, historicamente o
mais apontado pelas famílias como a principal modalidade de
endividamento, foi o único que apresentou crescimento em agosto, subindo
para 77,8%, ante 76,2% em julho. Na sequência, aparecem os carnês
(17,3%) e o financiamento de veículos (10,6%).
Tempo de dívida
O tempo médio de comprometimento com dívidas entre as famílias, que
vinha aumentando desde abril e chegou a 7,4 meses em julho, caiu para
7,3 meses em agosto. Do total de família endividadas, 21,6% responderam
estarem comprometidas com dívidas até três meses, enquanto 34,2%, por
mais de um ano.
Já o tempo médio de atraso na quitação das dívidas entre os
inadimplentes subiu para 61,6 dias em agosto, ante 61 dias apurados em
julho.
"Indicadores recentes têm mostrado que a recuperação gradual da economia se iniciou a partir de maio e junho, mas ainda permanecem incertezas sobre a sustentabilidade da retomada no médio prazo, especialmente associadas ao cumprimento das metas fiscais. Deve-se considerar ainda que a proporção de consumidores endividados no país é elevada. Nesse sentido, é importante seguir ampliando o acesso ao crédito com custos mais baixos, como principalmente possibilitar o alongamento de prazos de pagamento das dívidas, para mitigar o risco do crédito no sistema financeiro", destacou a CNC.
Pandemia gerou descontrole financeiro e endividamento para muitas famílias
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